DEZENOVE: O Drama da Realeza
— Depois de algumas arrumações tudo ficará perfeito.
Sehun havia levado Baekhyun para conhecer sua cabana, em breve os dois se casariam e o ômega viria morar com ele, e nada mais justo do que deixar que ele já começasse a escolher o que mudaria assim que passassem a viver juntos, afinal, precisava tornar aquela cabana, até então de um alfa solteiro, em um bom lugar para um casal e futuramente para seus filhos.
Baekhyun se sentia estranho sempre que aquele assunto se focava em sua mente. Casar com Sehun, ter filhos com Sehun. Em alguns momentos isso parecia algo tão distante e fantasioso, ou simplesmente sentia que ambos por mais perto que ficassem um do outro, sempre estariam afastados, com suas cabeças cheias de pensamentos que não condiziam nada com um casal prestes a se casar. Esses deveriam ser dias felizes, onde deveriam estar ansiosos, ao invés de tão apreensivos.
— Sehun, você não acha que... — ele queria tanto falar, ser sincero pelo menos daquela vez — Que nós estamos sendo precipitados demais?
O alfa o segurou pela cintura, o colocando sentado sobre a mesa, Baekhyun não conseguiu ter reação a não ser retribuir quando o Oh o beijou. Aquele beijo era tão diferente dos outros, este era rápido, urgente e sem paciência, além das mãos grandes que o seguravam com uma força desnecessária, chegando a machuca-lo.
Sehun puxava suas roupas, deixando Baekhyun ainda mais assustado, estava ficando sem ar e aquele beijo intenso não acabava, o alfa parecia apressado e podia ouvir um som estranho entre seus beijos, quase como um rosnado baixo, que beirava a um gemido. Conseguiu soltar sua boca da de Sehun, o olhando com os olhos alargados, o ômega tremia pelo medo que sentiu ao ser tocado daquele jeito.
Tocou nos ombros do alfa, ele estava quente.
— Sehun, você está muito quente, e os seus olhos eles... — os olhos do alfa estavam vermelhos, só podia significar uma coisa — Você está entrando no cio?
O ômega se desesperou ainda mais quando o mais alto apertou suas coxas, aspirando o cheiro de seu pescoço e se aproximando cada vez mais. Baekhyun tentava se afastar, mas Sehun era forte demais. Que chances um ômega teria contra um alfa no cio?
Sehun empurrou seu tronco na direção da mesa, o fazendo deitar, levantou sua camisa deixando sua barriga à mostra, Baekhyun se sentia ainda mais nervoso. Ele era o seu noivo, não deveria se sentir assim, não haveria mal nenhum passar o cio com ele, ninguém os julgaria por isso. Aliás, era quase uma obrigação, em pouco tempo Sehun seria o seu alfa, seria marcado por ele, seria dele para sempre, por que então não ficarem juntos naquele momento?
O alfa o apertava ainda mais, começando a tirar suas roupas sem nem ter pedido permissão, a respiração dele estava pesada e conduzida por grunhidos, o ômega estava com tanto medo, mas pronto para se entregar e deixar a natureza seguir o seu curso. Afinal, estava fazendo algo bom por seu alfa.
Seu alfa, isso sempre soaria tão estranho.
— Lu Han... — ouviu quando o mais alto gemeu. Isso fez com que Baekhyun estranhasse e o empurrasse com a força que ainda tinha nos braços.
Sehun pareceu tonto.
— Baekhyun... Eu acho que estou...
Antes que o alfa dissesse mais qualquer coisa, o ômega o deixou sozinho, correndo para fora da casa o mais rápido que podia. Sua cabeça estava confusa e uma pergunta martelava com maior força "quem era Lu Han?" e pior ainda "por que Sehun estava o chamando?".
Baekhyun estava com medo, sentia que tinha alguma coisa muito errada acontecendo, e que Sehun estava escondendo algo que poderia pôr de vez um fim naquele noivado que parecia fadado ao fracasso desde o começo. Casar com Sehun? Isso era uma loucura! Onde estava com a cabeça quando pensou que isso daria certo, esse Lu Han certamente era outro alguém na vida do alfa, e por tê-lo chamado era alguém que o Oh preferia muito mais.
Suas lágrimas começaram a borrar sua vista, estava se sentindo magoado e enganado, magoado por Sehun ter escondido alguma coisa muito importante, magoado por ter sido enganado por Sehun esse tempo todo!
Quem diabos era Lu Han?
Esbarrou em algo durante a sua corrida, o que fez com que caísse de bunda no chão, e ainda com os olhos baços pelo choro, Baekhyun deu de cara com a figura ruiva, o responsável por tornar aquilo algo ainda mais complicado. O universo parecia conspirar contra ele naquela tarde de primavera, o fazendo dar de cara justamente com a pessoa que mais o deixava confuso.
Park Chanyeol.
— Está chorando? — o mais alto se abaixo para levanta-lo, mas Baekhyun empurrou sua mão para longe.
— Desde quando você se importa? — cuspiu as palavras, ficando de pé e começando a correr para longe do Park.
E depois de dar alguns passos para longe, o ômega acabou caindo de novo por não estar enxergando mais nada direito, suas lágrimas já banhavam todo o seu rosto, seus olhos ardiam e tudo o que via em sua frente eram borrões e figuras distorcidas, Baekhyun nunca se sentira tão mal assim em toda a sua vida.
Chanyeol o acompanhou novamente, e mesmo que Baekhyun esperneasse e tentasse o tirar de perto, o mais alto o prendeu em seus braços o obrigando a parar. O ômega chorava baixo contra o peito do Park, que o abraçava tentando o acalmar.
— Agora me fale o que aconteceu.
Mas o que ele diria? Que entrou em choque quando seu noivo chamou o nome de outro quando estavam quase trepando? Não podia dizer isso, seria vergonhoso demais, mas se não dissesse, o que diria então? Ele estava correndo e chorando como um louco pelas ruas, e ninguém faz isso sem ter um bom motivo.
— Por favor, eu não...
— Eu vou te levar pra um lugar.
Chanyeol segurou Baekhyun no colo, e o ômega não disse nada. Ele amava tanto Chanyeol, que qualquer coisa que o alfa dissesse ele aceitaria, além de que parte de si estava feliz em ter um pouco de atenção do ruivo, e mesmo que não entendesse ao certo o motivo do alfa estar sendo gentil com ele, o ômega simplesmente não conseguia dizer não e se soltar dele.
Quando se deu conta, já estava sendo colocado em um banco, em uma cozinha simples, e o alfa havia lhe servido um copo com água.
Baekhyun olhou tudo ao redor, não conhecia aquele lugar, mas só era preciso respirar para sentir o cheiro de Chanyeol por toda parte. Era a cabana dele.
— Está mais calmo? — perguntou.
— Sim. — respondeu após terminar de beber a água — Mas por que está sendo gentil comigo?
— Eu não posso ser gentil com você?
— Você me odeia.
O alfa encarou o ômega por um ou dois segundos, para falar a verdade ele não sabia ao certo o motivo de ter se aproximado, apenas não conseguiu se conter quando viu o ômega chorando e correndo daquele jeito, ele teve medo de que algo ruim pudesse ter lhe acontecido, ou alguém pudesse ter tentado fazer algo com ele. Não podia se manter indiferente em situações como aquela, por mais que a maldição gravada em sua pele ainda o infernizasse.
— Achei que alguém tivesse tentado lhe fazer mal. — deu por resposta — Que tipo de alfa eu seria ignorando isso?
Baekhyun olhou para baixo, talvez estivesse começando a nutrir alguma esperança de que algo houvesse mudado, e que Chanyeol havia finalmente aberto os olhos e visto o quanto ele o amava. Mas não, a vida não era simples assim, não para ele.
— Chanyeol, por que você me trata desse jeito? — queria tanto lhe perguntar isso, entender seus motivos, se é que existiam motivos — Eu nunca te fiz nenhum mal, além de que eu-
— Vou embora da alcateia. — o cortou — Já está decidido.
— Mas por que está contando isso pra mim? — perguntou aparentemente muito confuso, por mais triste que estivesse com essa informação, não sabia ao certo o que fazer com ela, Chanyeol não tinha motivo nenhum para estar lhe dizendo isso, muito menos naquele momento — Quer dizer, nós não-
— Eu quero trepar com você antes de ir.
Baekhyun se assustou, seus olhos praticamente saltaram para fora, e seu reflexo foi puxar o tronco para trás, como se desse uma pequena distância entre os dois. Suas mãos estavam suando, ele só podia estar tendo um sonho, ou pesadelo, ou qualquer coisa do tipo.
— Mas por que?
— Porque eu te desejo. — o respondeu, ficando agachado aos pés de Baekhyun, segurou as mãos do ômega, beijando suas palmas e as colocando em seu rosto, como se buscasse o carinho do mesmo. O Byun estava assustado demais para reagir — Você me deseja também, não deseja?
— Eu...
O que Baekhyun iria dizer? Era obvio que ele o queria, faria qualquer coisa só para ter um minuto que fosse com o Park. Mas não entendia aquela estranha aproximação do alfa, o ruivo passou tanto tempo o evitando, já o havia rejeitado e agora estava lhe dizendo isto? Era como se dissesse que não o queria para a vida toda, apenas por uma noite.
E Baekhyun não queria se resumir a apenas isso.
— Baekhyun, você deseja muito mais a mim do que ao seu noivo, por que não passar a noite comigo?
— Porque eu não sou assim.
Baekhyun empurrou Chanyeol se soltando ele, saiu correndo mesmo sem saber ao certo para onde ir. Sua cabeça estava ainda mais bagunçada, sentindo como se tudo estivesse desabando de uma vez sobre ele, e aquilo não era nenhum pouco justo.
Tudo estava fora do lugar.
[... Mordida de Alfa ...]
Quando seu pai os enviou uma mensagem informando que desejava vê-los o mais rápido possível, Kyungsoo sabia que algo errado estava acontecendo, podia sentir seu coração doer, como um aviso prévio de que uma tempestade estava para chegar, e todas as gotas daquela imensa chuva estavam apontadas em direção a ele. A angústia era tanta que o fazia querer vomitar.
Jongin encarou o sogro de forma estranha, um tanto desafiadora, e nesse momento Kyungsoo percebeu que o alfa também sentia uma angústia semelhante a dele. Jongin sabia, sabia que se haviam sido chamados ali era porque algo estava bagunçado, e precisava ser colocado de volta no lugar.
E se ambos tivessem pensado um pouco mais, teriam descoberto tudo logo de cara.
— O médico da vila veio me atender esses dias, e ele acabou comentando sobre o seu problema. — o mais velho começou a tocar no assunto de uma hora para outra, sem nem cumprimenta-los direito, sua expressão estava estranha, eufórica, e bem lá fundo todos ali presentes podiam ver... o medo — Kyungsoo, meu filho, todos estamos cientes de que como futuro líder da alcateia, Jongin precisa de filhos... Filhos alfas.
— Mas eu-
— Não se preocupe, meu querido, eu já resolvi tudo.
E só então Kyungsoo notou a presença de mais alguém na sala, um rapaz, sentado em uma cadeira em um dos cantos da sala, com os olhos voltados para o seu colo, o seu medo era algo sentido por todos eles, era notável o quanto o garoto estava assustado por estar ali, e provavelmente tão confuso quanto Kyungsoo estava naquele momento.
— Minhyuk, seu primo, irá gerar um filho no seu lugar.
Sua boca se abriu, e por dois segundos Kyungsoo sentiu o seu mundo girar. Segurou em um dos pulsos de Jongin, sentindo os músculos tensos do marido.
Precisou o segurar para o alfa não disparasse de uma vez contra seu pai. Quando se deu conta, Jongin já estava quase avançando, com os olhos vermelhos e a pele fervendo pela raiva que passou ao sentir ao ouvir aquilo.
— Como se eu fosse aceitar isso! — ele gritou — Um filho não é algo que se compra em qualquer esquina!
— Não é uma compra! — o alfa mais velho tentou manter a calma — O filho será seu, e Kyungsoo o criará como se fosse dele.
— Mas não vai ser! — o Kim refutou — Eu não vou fazer um filho em mais ninguém que não seja o meu ômega!
— Pense na alcateia! — foi o primeiro momento em que o líder alterou a voz — Você será o próximo líder, Jongin, todos sabem disso, você precisa ter filhos para que todos confiem em você. — o mais velho baixou o tom, queria manter a calma do ambiente, e Jongin parecia que iria explodir a qualquer momento — Além de que, pense no Kyungsoo, se todos perceberem que ele é estéril vão culpa-lo, ou você acha que não houve nenhum tumulto quando todos viram que minha esposa não conseguiria me dar um filho alfa? Tentaram assassina-la muitas vezes para me convencer a ter outro ômega. Você sabe disso, tem idade o suficiente para se lembrar de tudo o que aconteceu, dos ataques, das opressões e de como foi difícil conquistar a confiança de todos novamente. Por favor, Jongin, não jogue toda essa história no lixo, tenha um filho com o beta, ninguém precisa saber de nada, ele ficará escondido dentro de sua casa durante a gravidez e Kyungsoo também, podemos dizer que foi uma gestação de risco e que ele precisava de muito repouso.
— O senhor é muito bom com planos. — o alfa mais novo repontou, com escarnio — Mas eu não posso-
— Jongin, ele está certo. — foi uma surpresa ouvir Kyungsoo falar, sua voz estava baixinha e era obvio que ele tentava engolir um choro — Como a família que lidera a alcateia, nós devemos nos sacrificar em prol dela, e eu estou pronto para fazer isso.
— Mas, meu amor. — o alfa o olhou, seu coração estava doendo.
— Jongin, em casa nós falaremos melhor sobre isso, eu não quero que isso se torne uma briga, não me sinto bem.
Mesmo com o orgulho ferido, Jongin acabou cedendo, deixando a sala acompanhado por Kyungsoo, e sendo seguido pelo beta que até então não havia dito nada. O rapaz andava atrás deles com a cabeça baixa, esperando que a qualquer momento alguém lhe dissesse o que fazer. Seu tio simplesmente havia dito para ir junto.
A verdade era que o beta era quem mais estava sofrendo no meio daquilo tudo, e ninguém sequer havia lhe perguntado nada, nem se queria água, nem se estava com fome e muito menos se aceitava ou não fazer aquilo, seu tio aparecera dias atrás em sua casa, informando para sua mãe que precisava dele, e ela nem perguntou para que, simplesmente o empurrou para fora e mandou leva-lo.
Já havia ouvido falar sobre seu tio, que era líder de uma alcateia, e também já haviam lhe dito que ele era um homem bom, mas quando se tratava dos assuntos de sua tão amada alcateia, ele poderia fazer qualquer coisa sem se importar com quem estava saindo ferido ou não.
E o ferido da vez estava sendo ele.
— Jongin, pra onde você vai? — ouviu quando seu primo perguntou aos berros para o marido, que subia no cavalo e ia embora sem dar nenhuma satisfação.
Ficou confuso, até então os dois pareciam ser um casal que se amava muito, e de repente o alfa vai embora com sangue nos olhos, o ódio que ele estava sentindo parecia ter grudado por todas as paredes que passaram perto.
— Vamos, o Jongin vai fazer uma besteira!
Kyungsoo puxou o beta de uma forma nada delicada, ele estava transtornado. Os dois passaram a correr pela cidade de maneira desenfreada. Minhyuk, confuso, apenas seguia Kyungsoo, enquanto Kyungsoo desesperado esbarrava nas pessoas na rua sem se importar mais com nada.
A verdade era que o ômega sabia para onde Jongin estava indo, e se não chegasse lá o mais rápido possível, algo de muito ruim poderia acontecer, e ele não podia deixar que tudo terminasse daquela maneira tão horrenda.
Seguiram para o consultório do vilarejo, era obvio que o alfa havia ido atrás do médico que havia aberto o bico para entregar a situação de Kyungsoo, pronto para se vingar por os fazer passar por isso. Precisava chegar lá antes que uma desgraça ocorresse. Seus pés doíam, suas pernas estavam cansadas e ele estava muito ofegante, mas mesmo assim não parou de correr.
A porta estava aberta quando eles chegaram, podia sentir o cheiro de sangue se espalhando como brasa pela cabana, além dos sons de uma luta ecoando.
Mas quando se deparou com a cena, não havia luta nenhuma, Jongin estava sentado sobre o homem, socando seu rosto sem pena nenhuma, enquanto o médico completamente ensanguentado tentava se defender da forma que podia, já quase sem força nenhuma.
— Jongin! — o ômega o chamou aos gritos, começando a chorar de forma desesperada — Ele não tem culpa de eu ser vazio por dentro. Sou eu que não pode te dar filhos, você vai me espancar também?!
O ômega saiu correndo para fora, sendo seguido pelo beta.
Jongin ficou sozinho com o médico no quarto, completamente sujo de sangue, enquanto o homem ao seu lado, ainda acordado, o olhava de uma forma que não estava acostumado a ser observado. E ali, com as mãos vermelhas, pela primeira vez Kim Jongin se sentiu um monstro, ele havia sucumbido totalmente à sua natureza animal, deixando seu lado humano dormente, havia agredido alguém que nem sequer levantara a mão para revidar.
O que ele havia feito? Era horrível, aquela cena, aquele cheiro, e tudo por que não era capaz de admitir que não conseguia resolver aquele problema? Por seu orgulho alguém quase morreu, por seu orgulho ele feriu o coração de quem tanto amava.
— Me perdoe... — sussurrou para o homem ao seu lado — Eu agi sem pensar, você não tem culpa de nada.
— Eu mereci. — o homem soltou uma risada engasgada, tentando se levantar — Não deveria ter contado, me metido nos assuntos da família de vocês.
— Não sei se meu casamente vai sobreviver a isso.
— Precisa sobreviver. — o cortou — Sem você o ômega vai morrer.
Jongin se ergueu do chão, ajudando o outro homem a também se levantar. Lavou suas mãos sujas de sangue em uma vasilha com água, usando um pano limpo para limpar suas roupas, o sangue saia com facilidade de cima do couro por ainda não estar seco.
— Resolva isso, futuro líder. — disse o médico, o incentivando.
Ele era um homem bom, o que fazia a culpa de Jongin pesar ainda mais. Acenaram com a cabeça antes do Kim partir.
Jongin voltou pra casa, já estava de noite quando ele chegou, depois de ter passado algum tempo refletindo sobre como se desculparia, se é que existia alguma desculpa para o que havia feito. Suspirou antes de abrir a porta, andando a passos lentos pela casa, procurando por Kyungsoo.
Abriu a porta do quarto, avistando o ômega encolhido na cama.
Se aproximou, sentando próximo a ele.
— Me perdoa. — pediu em um baixo tom, com a culpa lhe pesando nos ombros — Eu fui um monstro.
Kyungsoo não respondeu.
— O médico está bem, também pedi perdão a ele, nós nos resolvemos. Posso me resolver com você também? Quer dizer, Kyungsoo, eu não consigo nem respirar direito sabendo que você pode estar me odiando agora, me sinto péssimo, eu me entreguei ao lado mais animal dos alfas, eu não soube me controlar, eu sou... sou um monstro.
O ômega se sentou, abraçando o alfa e se encolhendo no peito do mesmo, podia ouvir um barulhinho de choro vindo do menor enquanto ele o apertava. O moreno afagou seus cabelos, ambos estavam em péssimo estado emocional, confusos e com medo do que poderia acontecer a seguir.
— Eu te amo, Kyungsoo, eu te amo mais do que qualquer coisa. — o alfa proferiu, recebendo um beijo carinhoso e leve em seus lábios.
Kyungsoo estava trêmulo.
— Eu tive tanto medo, por mais que soubesse que esse dia chegaria, o dia em que eu o veria transtornado, Jongin, eu tive medo de você. — foi sincero com suas palavras — Por favor, não faça mais isso.
— Vou me controlar, eu prometo.
O ômega beijou seu marido mais uma vez, um beijo amargo pelas lágrimas do menor, que mais se parecia com uma despedida, um beijo que ambos até então não haviam provado juntos. E quando Kyungsoo o soltou, seus olhos transbordavam tristeza.
— Vou dormir no outro quarto, já organizei tudo, o beta vai dormir aqui até que engravide.
— Mas-
— Jongin, nós não vamos mais discutir isso. — o ômega ficou de pé, indo na direção da porta — Já estou sofrendo o suficiente.
Kyungsoo saiu do quarto, e não demorou muito para o beta entrar, com uma expressão assustada e olhando tudo ao redor como quem procura uma brecha para fugir. Jongin o encarou, e o garoto voltou seus olhos para o chão, com medo e também com vergonha.
O alfa bateu no colchão ao seu lado, o chamando. E com passos lentos ele se aproximou, sentando-se ao seu lado e ainda com os olhos voltados para baixo, as mãos dele tremiam.
— Eu devo ter idade pra ser seu pai. — o alfa tocou o rosto do beta, que era liso e macio, as feições eram bonitas, ele aparentava ainda ser muito jovem, provavelmente bem mais jovem do que Kyungsoo — Alguém já te perguntou o que você acha disso?
— O Sr. Kyungsoo. — ele sussurrou.
— E o que você respondeu pra ele?
— Que era pela alcateia.
— Isso é a sua verdadeira resposta ou o que o líder Do mandou você dizer?
O beta desviou o olhar, era impossível mentir para Jongin, o alfa o havia desmentido rápido demais. Ele estava certo, aquilo era o que o líder o havia mandado falar, além de que sua mãe o havia ameaçado, lhe dizendo para ser obediente, que se arrependeria se não fizesse aquilo que lhes mandassem fazer.
E Jongin? Jongin ainda se questionava sobre o que fazer. Ninguém ali queria aquilo, mas e a alcateia?
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