Capítulo 7
Capítulo 7
Eu já tinha sentido aquela energia de comando.Aquela compulsão que me fazia obedecer seus comandos. E se isso me assustounaquela noite no clube, hoje me deixou puto. Como ele se atrevia a mexer comigonum momento como esse? Minha preocupação e estresse começara a se transformarem outro sentimento.
A raiva transbordou, permitindo-me recuperar o controle sobre o meu corpo. Eu tomei esse momento de liberdade e fui para cima dele, mas ele pegou meu punho e apenas a força dele empurrando para trás fez meu pulso estalar. — Chega. — ele repreendeu enquanto dor ardente pulsava na minha articulação. Eu não sabia se estava quebrado ou apenas deslocado, mas o controle dele me envolveu, tornando impossível gritar. Era como se alguém tivesse jogado um cobertor sobre o meu livre arbítrio, mantendo-o amarrado e sufocado.
Essa única palavra foi o suficiente para me tornar impotente, e eu o odiava ainda mais por isso. Eu também me odiava. Estebán pegou minha mão e meu antebraço, e eu vi o que ele faria em seus olhos antes que ele fizesse isso, mas eu estava impotente para dizer a ele para parar também. Ele estalou meu pulso de volta no lugar e a dor me fez estremecer, mas desta vez, não foi o suficiente para quebrar o seu contato.
— Eu posso dizer que você desconfia de que eu estou envolvido diretamente com tudo está acontecendo com você. Tenho certeza que seu amigo lhe disse que eu pessoas estavam perguntando por mim, mas deixe-me poupar algum tempo e energia. E não fui eu quem matou sua mãe, e eu não fui eu quem levou Zeca. — ele disse calmamente, me soltando.
Minha mão caiu para o meu lado, mas eu ainda não conseguia me mexer, só reagir aos movimentos dele. Ele deve ter visto as perguntas no meu rosto, porque ele acrescentou: — O estado em que você está agora é um pouco parecido com a paralisia do sono. Mesmo que você esteja consciente, as vibrações da minha voz são capazes de colocar suas ondas cerebrais em um estado beta, deixando você incrivelmente suscetível a comandos verbais. Em suma, você está experimentando os efeitos de um transe.
Eu estava tentando prestar atenção ao que ele estava dizendo, mesmo que fosse uma besteira completa, mas eu estava distraído com o fato de que cada palavra da sua boca trazia as palavras na página da carta para a vida de uma forma que eu nunca quis experimentar. Ele era tão presunçoso, tão alfa. Eu podia ouvi-lo dizer aquelas palavras para seus antigos amantes, zombando de mim ao mesmo tempo em que tentava ser de um modo tosco sedutor. Mostrando o quão forte e provedor ele era.
— Por que diabos eu deveria acreditar em você? — Eu exigi. Falar era um desafio, e tive a sensação de que só era capaz porque ele estava me deixando. Brincando comigo.
— Porque você nunca mais verá seu irmão se não fizer. — disse ele em uma voz que soava como um encolher de ombros. — As pessoas que o pegaram são muito piores do que eu e, acredite em mim, encontrá-las está muito além do nível salarial daqueles policiais idiotas que estão lá embaixo.
— Prove. — eu gritei.
— Eu não tenho que fazer nada, mas desde que você perguntou tão bem. — ele zombou, tirando algo do bolso. Ele jogou para mim. — Pegue.
Minhas mãos arrebataram o objeto no ar, provando que eu estava muito mais coordenado sob seu comando do que sou normalmente. Eu olhei para baixo para perceber que estava segurando uma pilha de fotografias. A maioria deles eram polaroides, e o primeiro era apenas uma foto de minha mãe exatamente do jeito que eu me lembrava dela. Ela não mudou muito ao longo dos anos, apenas algumas linhas ao redor dos olhos de anos de sorrir. A maior diferença que se destacou para mim foi o quanto esse sorriso era maior na fotografia. Como isso realmente parecia genuíno.
A fotografia seguinte era parecida, só que mamãe estava ao lado do homem ligeiramente familiar. Ele tinha os braços ao redor de sua cintura e sua perna foi chutada atrás dela como um casal de filmes antiquados prestes a dar aquele beijo hollywoodiano. Eles pareciam tão felizes pra caralho. Tão loucos um pelo outro, profundamente apaixonados. Eu senti como se tivesse engolido pedras, mas algo me forçou a continuar folheando aquelas fotografias antigas, e não era a voz mágica de alfa que me fez ver uma por uma.
Havia uma dúzia de fotos como essa. Alguns eram da minha mãe e esse homem, outros eram dela com um grupo de outras pessoas felizes, sorridentes e bonitas. Nenhum deles parecia recente, mas a qualidade tornou difícil dizer. Quando finalmente tive o suficiente, olhei para ele. — O que diabos isso deveria provar?
— Alana era a protegida de Gustav. — ele respondeu. — Eu sei que você não quer ouvir isso, mas eu teria me matado antes de colocar um dedo nela. Se você entende, e eu quero dizer realmente entende, com a parte de você que sabe coisas que você não deveria saber, e não seu ego; você sabe que isso é verdade.
Era estranho ouvir o nome da minha mãe, eu sempre me recusei a chama-la assim, se eu fizesse quebraria o único laço de mãe-filho que tinha com ela. Mas, fiz o que ele disse e, afastei meu ego, e para meu desgosto, ele estava certo. — Como eu sei que não é só você me fazendo lavagem cerebral?
— Você não sabe, mas se você não tem fé suficiente em seus próprios instintos, não há nada que eu possa fazer sobre isso. — disse Estebán, encolhendo os ombros. — De qualquer forma, por que eu estaria se tivesse feito essas coisas?
Foi um ponto decente que não me fez odiá-lo menos. — Se você não pegou Zeca, quem foi?
— As mesmas pessoas que mataram Alana. — disse ele, seus olhos afiando com um brilho assassino que me fez realmente acreditar nele, tão pouco quanto eu queria. — Ainda não tenho cem por cento de besteira, mas acredito que foi o alfa da matilha de Gustav.
Demorou um segundo para que se estabelecesse. Essas pessoas seriam meus avós e do Zeca. — Besteira.
Certo, mamãe nunca tinha falado muito sobre sua vida familiar, e eu sabia do clima que ficava quando esse assunto surgia, eu desconfiava pelo jeito que ela me tratava que o relacionamento com a família do pai do Zeca não era rosa, mas havia uma diferença entre não se dar bem e assassinato.
— Há coisas que você não entende e coisas que eu não tenho tempo para explicar para você aqui. Agora, você pode vir comigo, ou podemos perder mais tempo que poderia ser gasto encontrando seu irmão.
— Por que você se importa com o que acontece com ele? — Eu exigi. — Se você não tem nenhuma ligação com mamãe, por que você se importa com isso?
Aqueles olhos eram a única parte dele que era expressiva, e eles assumiram uma tristeza que veio como um choque. — Porque ele meu irmão é filho de Gustav? Você dava pra ele também?
Eu esperei ele dizer mais, mas ele não disse. Em vez disso, ele caminhou até a porta. — Vou esperar do lado de fora por cinco minutos. Embale o que você precisa ou fique aqui e aceite que você nunca mais verá o Zeca. A escolha é sua.
Com isso, ele saiu e ouvi seus passos ecoando nas escadas. Levei um segundo para perceber que estava livre para me mover e fazer o que queria, e peguei meu telefone para ligar para a polícia, ou para o Maurício. Acabei não ligando para ninguém.
Isso era insanidade. Era mais louco ainda que eu estava pensando em ir com ele, e ainda assim ... Sim, eu ainda tinha a marca dele no meu corpo. Ainda assim... sei lá... eu poderia me isolar em um país distante... Merda.
Ou Estebán era responsável pelo desaparecimento de José Carlos e ele estava mentindo, ou ele estava certo e ele era o único que tinha a chance de encontrá-lo. De qualquer maneira, todas as respostas apontavam para ele.
Peguei a mala em cima do guarda-roupa e joguei minhas coisas sem nem ver o que era. Coloquei meu celular no bolso e saí atrás dele. Seu carro preto estava esperando no meio-fio e ele estava inclinado sobre ele, um cigarro pendurado na boca.
— E aqui eu pensando que você passaria os cinco minutos inteiros num impasse. Já que demorou quase uma semana para decidir me procurar. — ele disse, abrindo a porta. Ele pegou a mala de mim antes que eu pudesse detê-lo e jogou-a nas costas. — Entre.
Como ele sabia da minha decisão de aceitar a proposta de seu bilhete era uma incógnita para mim. Eu hesitei em princípio antes de abrir a porta. — Se você está me enganando...
— Você vai o que? — Ele desafiou, ligando o carro. — Me bloquear nas redes sociais? Me matar? Você pode tentar, Danilo, mas desde a noite no Black Collar você está ligado a mim, querendo ou não.
Foi o desafio de um homem que sabia que não tinha chance de perder. Eu olhei para ele. — Você me deve respostas. Por que os pais de Gustav queriam matar minha mãe?
— Eu não lhe devo nada. — ele zombou sem olhar para mim. — Além disso, você não acreditaria em mim se eu lhe dissesse a verdade.
— Não dói se você tentar. Vou manter minha mente aberta.
— Tudo bem. — Ele jogou o final de cigarro pela janela e eu suspirei aliviado desde que a fumaça estava me fazendo tossir. — Gustav era um shifter recessivo, não tinha a habilidade de se transformar no seu lobo. Isso em nosso mundo é tão ruim ou pior do que ter olhos heterocromáticos. E ele foi considerado um pária pelo seu pai e alfa da matilha. Ele me procurou pedindo abrigo e eu dei. Foi quando ele conheceu Alana. Quando o alfa Stevenko soube, colocou um preço sobre sua cabeça. Ele sumiu depois disso. Para proteger Alana.
— Não seria mais fácil se ele tivesse falado com a polícia? — eu murmurei.
— Nosso tipo não respeita suas leis. Eles vão pagar pelo que fizeram, mas não do modo convencional.
— Seu tipo?
Ele olhou para mim de novo, como se estivesse tentando decidir alguma coisa. — Eu não sou humano, Danilo Melo. Nem Gustav. E sei que pode ver isso por si mesmo. Ainda não entendo totalmente seu dom, mas sei que pode nos ver por quem nós somos por trás do véu.
Agora foi a minha vez de rir. — Certo. Você sabe, por um segundo, você realmente me fez ir. Eu realmente pensei que você poderia ser algo diferente, tipo um híbrido feito em laboratório.
— Há aqueles que acham divertido usar o estranho humano que tropeça em nosso mundo e vê a verdade do que somos. — observou ele. — Eu não sou um deles.
Ele desviou de sua rota e entrou numa ruela sem saída. Eu agarrei a alça sobre a minha cabeça e agarrei pela minha vida. — Jesus Cristo — eu gritei . — Que porra você tá fazendo?
O carro parou assim que entrou no beco e Estebán saiu, batendo a porta atrás dele. Eu assisti através do para-brisa em perplexidade, pronto para assumir o volante e fugir dali e me trancar em casa.
Eu estava rasgado, dividido entre ir atrás dele, e dar o fora. No final, mesmo que eu provavelmente pudesse morrer, optei por segui-lo de qualquer maneira. Se houvesse uma chance que ele pudesse me ajudar a recuperar meu irmão, não importava se ele fosse completamente insano. Não importava se ele era o homem apaixonado pelo amante da minha mãe (?). Isso era muito surreal. Só importava que ele era meu único caminho para a única pessoa que eu podia chamar de família.
Saí do carro e segui-o pela calçada, pisando em algumas baratas pelo caminho. Se esse filho da puta achava que eu ia desistir do Zeca por causa do terrorismo psicológico que estava fazendo era melhor ele me conhecer melhor. Eu olhei ao redor, quem passasse na entrada da rua já não nos veria aqui.
Teria ele me trazido até aqui para se livrar da minha carcaça? Isso foi algum tipo de piada para ele?
Uma possibilidade mais sombria me ocorreu. Quando eu estava prestes a voltar para o carro, ouvi. O rosnado. O chão tremeu com as vibrações e quando me virei, encontrei-me cara a cara com algo que só existia em filme de terror C. Uma criatura que devia ter bem uns dois metros de altura. Eu nunca tinha visto um shifter lobo nessa forma antes. Parecia antinatural. Sua cabeça era afiada e lupina, com as orelhas peludas cobertas pelo mesmo casaco marrom escuro que cobria o resto do corpo musculoso. Parecia que alguém havia enfiado a cabeça de um lobo no corpo de um monstro, ligeiramente debruçado sobre as patas traseiras. Os shifter que costumo ver pareciam lobos, um pouco maiores do que o animal selvagem, mas tinham a forma de lobo. Não isso que via agora.
Lobisomem. A palavra flutuou na superfície dos meus pensamentos por um tempo, mas eu não consegui aceitar que estava vendo isso. Teria sido muito mais fácil aceitar que eu estava tendo uma alucinação.
Que tipo de monstro do submundo eu fui me meter. Estou muito fodido.
**
olá lobinhes,
Bem.. o poder de ver coisas de Danilo não era tão infalível quanto ele pensava. e Estebán é mais do que aparenta dentro do submundo sobrenatural.
Danilo pode confiar em Estebán para encontrar seu irmão? E que tipo de relação eles podem desenvolver com todo esse rancor, desconfiança e imposição?
Vamos apertar os cintos que essa viagem vai ser off-road.
Na mídia: Within Temptation com a música What have you done.
bjokas e até a próxima att.
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