Capítulo 28
Capítulo 28
— Como vamos contar ao Zeca e ao Vítor?
Foi a primeira coisa que eu falei desde que Estebán me levou para uma casa ainda no interior, não sei dizer ao certo a cidade. Eu não sabia se ele era dono do lugar ou se pertencia a um de seus muitos 'amigos', mas eu ainda estava muito abalado para me importar.
Eu matei Serena. Serena estava viva há algumas horas, e agora ela não estava porque eu tinha atirado nela. Como eu deveria contar com isso? Como eu deveria fazer algum sentido disso?
Como eu iria encarar Vítor depois disso?
E Zeca ... se Serena não mentiu Alexey era seu pai biológico.
Estebán considerou minha pergunta em contemplação silenciosa por alguns segundos. — Vamos dizer a eles que fui eu — ele finalmente disse.
— O que?
— Vítor e Zeca já não morrem de amores por mim. Eu matei Alexey e posso muito bem assumir a morte de Serena.
Toda vez, toda a maldita vez que eu pensava que era impossível para o meu coração abrir mais para ele, o bastardo tinha que ir e provar que eu estava errado. — Não estamos fazendo isso. A vida toda minha mãe mentiu ou omitiu coisas do Zeca. Eu não vou pelo mesmo caminho — eu murmurei. — Por outro lado, ele já te odeia. Se achar que você matou Serena e Alexey por conta de uma tradição ele vai querer vingança ou coisa assim de alfas. Temos que falar do contexto. Do que eles armaram.
— Um ponto justo. Suponho que isso significa que você vai contar a verdade sobre a paternidade dele.
Eu pensei sobre isso. Ele tinha lido minhas emoções além do choque, mas era uma boa pergunta. — Ele ficou um mês com eles. E possível que ele já desconfie...
— Mas saber com certeza é diferente, não é? — Ele disse em um tom compreensivo, sentando ao meu lado no sofá para esfregar meus ombros. Alívio tomou conta de mim como águas curativas. Eu estava muito mais propenso ao efeito do seu toque nesse estado, e só podia imaginar se era por causa do cio ou da exaustão. — Você não tem que dizer a ele. Certamente não é da minha conta. Talvez eu pudesse ter essa conversa com o Zeca, se você realmente quer que ele saiba.
Eu balancei a cabeça. — Não. Eu tenho que fazer isso eu mesmo. Ele merece isso de mim.
Estebán se inclinou e pressionou seus lábios na minha bochecha. Deusa, seu toque era tão bom. Ele curou cada parte de mim suas mãos e lábios deslizando, mesmo que fosse apenas temporariamente. Eu gostaria de poder colocar minha alma em suas mãos, porque essa era a única maneira que parecia que seria certo e completo.
— Eu não posso acreditar que isso está acontecendo — eu disse baixinho. — Todas essas coisas.
Ele passou os braços em volta de mim por trás e me puxou para perto, colocando minha cabeça sob o queixo. — Vamos encarar isso, Danilo. Eu falhei muito no meu dever em protege-lo. Não percebi o quanto ela estava mentalmente doente. Ela me jogou contra o bando de Stevenko e nós um contra o outro.
— Para quê? — Minha voz falhou, mas eu não consegui me fazer soar forte quando senti que estava desmoronando. — Eu ainda não entendo o que a fez fazer isso.
— Eu acho que entendo. É a mesma razão pela qual eu lutei tanto contra os meus sentimentos. Ela reconheceu cedo que, se ela não lutasse pelos seus próprios interesses, ninguém mais faria, e ela vivia todos os dias de sua vida por esse princípio. Ela não se importava com quem ela machucava, apenas o que os outros podiam fazer por ela. Eu sei porque eu era do mesmo jeito, antes de você. E o Zeca.
Eu engoli em seco, recostando-me contra ele. — Você não é nada como Serena — murmurei.
Ele me beijou. — E você merece mais do que posso dar, mas tenho medo de não ter evoluído o suficiente para deixar você ir agora que tenho você.
— Eu não estou reclamando — eu disse com um pequeno sorriso. Desvaneceu-se assim que a dor se instalou novamente. — Você sabe o que é fodido?
— Hmm? — Ele perguntou, acariciando minha coxa enquanto ele me segurava em seus braços.
— Eu sempre me senti como a pior pessoa do mundo quando mamãe morreu. Eu não senti nada que eu deveria sentir. Senti a raiva e a perda, claro, mas não a dor, por mais que tentasse. Eu pensei que estava apenas em negação e que isso seria um processo, mas agora... eu não sei.
— Ela marcou você — disse Estebán pensativo. — O vínculo entre vocês era fraco porque você é humano e ela também. Ela elevou o vínculo de vocês para algo mais do que só mãe e filho. Por isso você sente um dever de pai com o Zeca.
— Foda-se — eu respirei. — E por que dói tanto agora? Depois de tudo o que ela fez, é por isso que finalmente sinto a dor que deveria ter sentido quando fui reconhecer o corpo?
Ele passou os braços mais apertados em volta de mim. — Isso vai acabar — ele sussurrou. —Todos os dias, vai ficar um pouco mais fácil, e eu vou ajudá-lo através disso.
Eu balancei a cabeça, tocando sua mão. — Eu sinto muito, Estebán.
— Pelo quê? — Ele parecia genuinamente confuso.
— Por matá-la. Eu sei porque aconteceu, mas sei que você ainda a amava.
Ele não disse nada por um longo tempo. Se ele se afastasse de mim, eu entenderia. Isso me mataria, doeria mais do que a dor e a culpa que sentia agora com a morte de Serena, mas eu mereceria e suportaria com dignidade. Em vez disso, Estebán me virou para encará-lo, pressionando a palma da mão no meu pescoço como tantas vezes fazia quando queria minha atenção. Eu não tinha certeza se era simplesmente um gesto de lobo ou apenas sua necessidade de reivindicar a parte mais vulnerável de mim com seu toque, mas de qualquer forma, isso me fez tremer.
— Eu te amo — Foi a primeira vez que ele disse isso, mas suas palavras foram tão deliberadas e seu olhar tão cheio de emoção que eu não pude duvidar. — E ela quase tirou você de mim. Eu a teria matado se você não tivesse, mesmo que ela me levasse junto com ela. Você é meu companheiro, Danilo. Meu destinado. Nada menos do que a própria morte pode estar entre nós, e eu vou lutar contra isso também.
— Destinado? — Eu perguntei em descrença.
Seu olhar se suavizou. — Eu não achei que fosse possível. No começo, eu odiei tanto você por me fazer sentir coisas que não deveria. Consegui explicar a intensidade com a qual fui atraído por você como uma inversão do ódio para amor. Eu não sei como você é um ômega, ou como você é meu, mas as razões não importam.
— Estebán ... — Comecei a protestar, até que ele me beijou e me vi capaz de aceitar coisas que meu coração teimoso e inseguro era muito frágil para se manter por conta própria. Eu retornei o beijo, os dedos roçando seus traços aquilinos para me lembrar deles, então eu não precisaria abrir meus olhos e romper o beijo. Sozinho, a intensidade das mudanças que se apossaram de mim era esmagadora e desagradável, mas em seus braços eram novas, emocionantes e intrigantes.
Quando meu cio reacendeu, eu queria mais. Eu queria despertar totalmente para este estado para o qual eu estava tão mal preparado porque sabia que ele me manteria seguro. Corpo, alma e mente. O fogo de nosso vínculo expulsou minha culpa, minha dor e a vergonha até que tudo o que restou foi o animal todo-abrangente pelo qual eu me apaixonei.
Ele me empurrou de costas e colocou seu peso em cima de mim. Eu me enterrei contra ele, não mais me importando com o quão necessitado e desesperado eu parecia. Não havia sentido em esconder a verdade, e pelo menos agora eu sabia por que o desejava tão ferozmente. Eu era seu ômega, e ele era a resposta para todas as perguntas dentro de mim, a cura para cada dor e a fraqueza que eu tinha me cansado de resistir. Mesmo assim, sua paixão me energizou e me senti quase imortal em seus braços.
Mais uma vez, seus dentes arranharam meu pescoço e eu queria a mordida mais do que nunca, mesmo sabendo que isso iria me matar. Cada carícia, beliscão e grunhido afastavam cada último fragmento de lógica. Quando ele me beijou em vez disso, devo ter gemido em derrota, porque ele riu roucamente no meu ouvido.
— Eu não sei como eu duvidei do que você era — ele comentou, removendo nossas roupas casualmente como se estivesse arrancando as pétalas de uma rosa enquanto eu continuava tentando puxá-lo de volta para mais. Eu estava febril demais para que ele percebesse que atrasá-lo estava apenas prolongando o alívio. — Fique quieto — ele repreendeu gentilmente enquanto eu guiava sua mão até meu pau. Eu precisava do seu toque, mesmo que a ponta dos dedos dele me empurrou perigosamente perto de um clímax insatisfatório. Ele pareceu notar que eu estava muito cansado para contato direto e trabalhou um dedo em mim. Isso só provou ser outro tipo de tortura, então eu agarrei seu pulso e o fiz desistir. Ele olhou para mim em confusão enquanto eu me levantava e manobrava seu corpo de volta para a mesma posição em que ele tinha me metido.
Eu sabia que se ele fosse o único a assumir a liderança, ele insistiria na preparação que eu não precisava, provocando e torturando em sua tentativa de ser gentil. Consciência tocou a luxúria em seu rosto enquanto eu o escarranchava e ele se apoiou em seus cotovelos, permitindo-me descer em seu pênis em meus próprios termos. Doeu muito mais do que antes, mas o alívio de tê-lo dentro de mim valeu a pena.
Eu agarrei o elástico que prendia seu cabelo e assisti-lo desenrolar contra o sofá cor de vinho enquanto ele ofegava de prazer. Uma vez que eu finalmente consegui encaixar todo o seu pau na minha bunda, suas unhas arranharam meus lados até que eles tiraram sangue e enquanto ele gemia meu nome, eu o beijei com força para engolir o doce som dele. Pela primeira vez, fui eu que tirei o fôlego dele e nunca me cansaria disso. Eu o montei tão agressivamente quanto fodia com qualquer outra pessoa e percebi o que significava ser Alfa e Ômega em um entendimento instintivo que ultrapassava as palavras que nossa linguagem não tinha tempo para formar, todas emaranhadas umas com as outras.
Estebán me arrebatou com suas mãos e sua língua, e quando ele virou nossas posições para me foder nas minhas costas, eu estava mais do que feliz em trocar a liderança. Ele sempre foi um pouco cuidadoso comigo, e ele ainda era, mas havia algo diferente dessa vez. Quando ele empurrou para dentro de mim, seu punho emaranhado no meu cabelo enquanto ele se inclinava sobre o meu corpo se contorcendo para beijar meu pescoço nu, era como se ele finalmente tivesse se dado permissão para pegar o que ele queria sem se preocupar que ele me quebrasse. Para pegar o que eu precisava desesperadamente dar a ele.
Seu nó inflou contra a minha próstata e meu pau disparou fluxos quentes de sêmen branco em seu peito. Eu esperava que os vizinhos não fossem tímidos porque os gritos de clímax que saíram da minha boca eram absolutamente imundos. Estebán rosnou e me agarrou para me manter em posição enquanto seus quadris se martelavam em mim, suas bolas golpeando meu traseiro trêmulo com força. Seu orgasmo me infundiu com sua energia e seu cheiro, e pela primeira vez, eu pude sentir isso permeando tudo. Reivindicado, por ele. Para meu alfa, minha alma gêmea, meu mundo.
Estebán estremeceu com a liberação e prendeu meu corpo contra o dele enquanto eu me envolvi em torno dele e respirei-o avidamente. Se fosse possível fazer tudo de novo logo em seguida, eu teria feito apenas do jeito que ele sussurrou meu nome, como se tivesse todo o significado de um soneto.
— Isso foi ... — Eu não conseguia pensar na palavra. Sempre foi incrível, mas havia outra coisa dessa vez. Algo mais que eu não conseguia colocar numa frase e não tinha certeza se queria.
— Sim — ele sussurrou de acordo, acariciando meu pescoço. Toda vez que ele se movia, seu nó pressionava no lugar certo e me fazia tremer.
— Por quê?
Eu sabia que ele entendia minha pergunta. Ele me beijou novamente e tocou seus lábios no meu ouvido. — Porque é a lua cheia e, para colocá-lo em termos científicos, os ômegas sempre ficam incrivelmente excitados.
Eu bufei. — Por que não durou desse jeito da última vez?
— Eu não sei — ele admitiu. — É apenas parte do que vamos ter que descobrir.
Sua resposta me satisfez o suficiente e eu relaxei em seus braços para aproveitar a sensação de satisfação dele dentro de mim enquanto estávamos atados. Minha felicidade me possuiu e eu decidi que poderia viver sem saber as respostas imediatamente. Especialmente se a investigação envolver mais experimentos como esse.
**
Voltar para São Paulo e para a matilha foi um momento agridoce. Por um lado, havia uma parte de mim que estava convencida de que eu nunca mais os veria, e quando Estebán me levou de volta ao prédio que se destacava como uma pedra azul contra o céu cinzento, me senti em casa. Por outro lado, tive a tarefa nada invejável de contar ao meu irmão a verdade sobre as mortes de sua mãe e de seu pai. Não seria fácil.
Estebán insistiu em que eu visitasse a médica primeiro, não importava quantas vezes eu lhe assegurasse que não estava ferido. Eu sabia que ele estava, pelo menos em parte, tentando me dar uma desculpa para adiar a conversa com Zeca. Em breve, teríamos que lidar não apenas com o enterro de Serena, mas informar a matilha Stevenko suas mortes a matilha Macaster sobre leilões ilegais de ômegas em seu território. Algo me dizia que isso não vai acabar muito bem.
Raquel olhou para nós dois como se tivéssemos loucos, enquanto Estebán explicava tudo o que havia acontecido. Não que eu pudesse culpá-la. Tudo soou absurdo para mim e eu vivi aquilo.
— Um ômega humano? — Ela murmurou, balançando a cabeça como se não pudesse se convencer de que era uma possibilidade. — Eu não sei, Estebán.
— Ele é meu companheiro — disse Estebán. —E não só porque eu o marquei.
— Isso é subjetivo, com todo o respeito. — Ela foi provavelmente a única pessoa que teve a coragem de dizer isso a ele, mas tudo o que ele fez foi carranca. —Vou ter que fazer mais exames.
— Existem exames para esse tipo de coisa? — Eu perguntei ceticamente.
— Não exatamente, mas eu ainda vou recorrer até o último que puder pensar antes de aceitar isso como uma possibilidade.
Pelo menos ela era honesta. — Quantos desses vão doer?
Raquel sorriu. — Como você está se sentindo depois da caçada?
— Morto — eu admiti. Sua desvio em responder era bastante revelador do que eu estava querendo saber.
— Eu vou te dar mais soro — disse ela. — Isso deve ajudá-lo enquanto estou trabalhando em uma teoria.
— Você tem uma? — Estebán exigiu.
— Ainda está bem crua, mas se Danilo foi marcado por um Alfa e depois fez uso de soro feito com saliva de lobisomem, eu suponho que é possível que ele tenha manifestado algumas qualidades latentes— ela pensou. — A mudança tornou-se pronunciada após o uso do soro, não é?
— Isso mesmo.— respondeu Estebán.
— Você está dizendo que eu sou mestiço de lobo? — Eu perguntei, perplexo.
Raquel encolheu os ombros. — A hibridização é possível, mas é rara. Eu suponho que você pode ter tido um ancestral lobo distante em algum lugar na árvore genealógica.
— Alana deve ter algum gene. Isso explicaria porque atraía tantos lobos para sua cama— murmurou Estebán. — Talvez alguém que abandonou sua matilha para estar com um humano.
— É meu palpite — disse Raquel.
Estebán suspirou. — Apenas faça o que puder. Eu quero que isso tenha prioridade máxima.
— Eu tenho um bando inteiro para cuidar, você sabe — ela respondeu categoricamente.
— Não mais. Estou trazendo outro médico para assumir o dia-a-dia.
Ela grunhiu sua desaprovação e saiu do consultório.
— Você sabe — eu disse, olhando para ele, — Você poderia tentar não fazer todos no bando me odiarem.
— Eles vão viver — disse Estebán.
— O que significa se eu tiver sangue de lobo? — Eu perguntei com cautela, não tendo certeza se deveria estar nervoso ou aliviado. Eu sabia que estava ficando cansado de receber notícias surpreendentes.
— Eu não sei. Mas isso explicaria muitas coisas.
— Sim — eu murmurei, incapaz de acreditar que eu realmente quis dizer isso. Em um ponto, isso apenas levantou mais perguntas do que respostas. Isso levantou a questão de se eu estava fadado a morrer de doença pulmonar, afinal de contas, mas essa não era uma conversa para a qual eu tinha energia emocional. Ainda não. Não quando havia outras conversas mais urgentes. —Vamos. Devemos ir dizer a Zeca e Vítor que estamos de volta.
Estebán me estudou com preocupação. — Você tem certeza? Você está exausto. Se você quiser, posso ir sozinho.
— Isso é algo que precisamos fazer juntos — eu disse, pegando sua mão. Eu não sabia quanto tempo 'juntos' seria uma opção, então eu iria aproveitar ao máximo enquanto durasse.
***
O alívio de Zeca para me ver durou pouco quando ele percebeu a apreensão que Estebán e eu estávamos sentindo. Ele não estava brincando sobre sermos companheiros destinados, e o vínculo entre nós agora era prova suficiente. Era como se a lua cheia tivesse aberto uma outra dimensão que eu não conhecia, e era ao mesmo tempo assustadora e incrível.
Agora, era hora de encarar o desastre.
Expliquei, em sua maior parte, e Estebán me deixou, apenas interrompendo a defesa em meu nome quando ele achou que eu estava sendo muito duro na minha releitura. Zeca escutou e eu não pude dizer se ele estava apenas em choque, ou em silêncio porque estava zangado demais para falar e colocar seus sentimentos em palavras. Ele parecia com mamãe, ela sempre foi propensa a se fechar quando estava chateada, e quando terminei, tudo que eu podia fazer era esperar que Zeca não me odiasse para sempre ou a Estebán.
Se ele fizesse, eu entenderia.
As lágrimas encheram seus olhos finalmente e transbordaram junto com a culpa em meu coração. — Eu sinto muito, Zeca — eu sussurrei, muito envergonhado de falar no volume máximo. — Eu sei que isso não significa muito, mas eu...
Ele se levantou e Estebán se encolheu, como se estivesse pronto para detê-lo se tentasse atacar. Em vez disso, ele jogou os braços em volta de mim e começou a soluçar. Eu também. Através de tudo, eu consegui evitar quebrar na frente dele, não importa o que estava acontecendo em nossas vidas, mas eu não conseguia mais fazer isso. Eu o segurei e nós dois choramos como se fosse o funeral novamente, e eu acho que era.
Foi uma morte, foi uma traição e foi um novo começo para ele. Eu sabia que, tanto quanto ele tentaria amar seu pai biológico, havia uma parte de Zeca que estava aliviada. Eu tinha visto o terror em seus olhos quando cheguei à parte da história em que um arma foi apontada na minha cara, e percebi então que ele estava com tanto medo de perder o que ainda sentia como família.
Depois que finalmente nos refizemos, Zeca foi o primeiro a falar inteligivelmente. — Eu não te culpo — disse ele trêmulo. — Nem Estebán.
— Zeca, eu...
— Não — Seu olhar ficou triste quando pegou minha mão. — Eu sei que você só defende a mamãe e esse suposto pai porque você está tentando me proteger. O que ela fez com você, o que ela fez para nós dois, é apenas uma prova disso. Eu não estou com raiva porque ela morreu por um motivo torpe, eu estou com raiva que ela poderia ter evitado tudo isso. — Zeca se irritou. Eu conhecia sua raiva e a dor que causou isso. Eu acabei de inventar desculpas para uma mulher que não merecia. — Perder a mamãe vez foi difícil, mas a pior parte foi sentir ... — Ele parou, como o que ela queria dizer, a envergonhou profundamente.
— Alívio — eu ofereci.
Os olhos de Zeca se arregalaram em choque.
— Eu sei como soa, e talvez seja por isso que nós dois ficamos tanto tempo sem dizer isso — murmurei. — Alana foi cruel. Mesmo antes de sabermos a verdade, ela deixou cicatrizes em nós que vão estar lá por um longo tempo. Não quer dizer que não existia um tipo de amor. De um jeito estranho.
Zeca cobriu a boca e eu percebi que ele estava tentando não começar a chorar de novo. Eu esperava que tivesse sucesso, porque se ele começasse, eu ia também.
— Está bem. Sentir o que quer que você esteja sentindo — eu disse a ele. — Nós vamos descobrir isso juntos.
Ele assentiu, olhando para Estebán. Ele nos deu espaço, mas foi um pilar sólido de apoio durante a conversa mais difícil que eu já tive. — Então — disse ele, recuperando a voz. — Eu acho que já sei de onde eu tenho o meu temperamento.
Ele deu-lhe um leve sorriso, parecendo calmo por fora, embora eu pudesse dizer que estava pelo menos tão nervoso com a reação de Zeca quanto eu. — Eu gostaria de poder oferecer-lhe algumas palavras de conforto sobre como fica mais fácil de lidar com a idade.
— Obrigado — ele murmurou. Eu poderia dizer que Zeca teve dificuldade em pronunciar essas palavras.
O rosto de Estebán estava vazio de confusão. — Pelo quê?
— Por trazer meu irmão para casa — disse ela, acenando para mim. — E por cuidar dele quando eu estava ... você sabe.
Seu olhar suavizou com compreensão. Ele era tão diferente quando falou com Zeca. Sim, meu irmãozinho fez dezesseis anos e ainda estava aprendendo a lidar com hormônios de lobo, transição e o escambau. Eu finalmente deixei-me respirar, sabendo que quando eu fosse embora, porque eu iria em algum momento, ele o protegeria e eles estariam lá um para o outro.
— Temos pelo menos uma outra coisa em comum — disse Estebán. — Eu amo muito seu irmão. Eu não espero que ser seu tutor legal me dê qualquer direito de especial tratamento ou a sua confiança, mas espero que possamos começar a construir um relacionamento baseado nisso.
Zeca sorriu um pouco. —Sim.
— Desde que a caçada acabou, você está livre agora — ele meditou. — Ou pelo menos você é tão livre quanto um Alfa pode ser.
— Não sou livre o suficiente para cancelar essa festa de boas-vindas, eu suponho? — Ele perguntou esperançosamente.
Estebán riu. — Receio que não. Se assim for, eu teria jogado essa carta há muito tempo.
Zeca gemeu. — Acho que seria melhor acabar logo com isso.
— Eu pensei que você poderia dizer isso — respondeu ele. — Leonard tem planejado isso desde que você chegou, então tenho certeza que o prazo curto não será um problema.
— Esta não é uma coisa de roupas formais, né? — Eu perguntei esperançoso.
Estebán revirou os olhos. — Você vai encontrar uma maneira de gerenciar se você tem que usar gravata por uma noite.
— Um empate, tudo bem. Uma gravata borboleta é limite rígido pra mim.
Zeca riu. — Você está lutando uma batalha difícil.
— Você provavelmente está certo — concordou Estebán.
— Vocês dois não começam a me atacar agora — eu bufei. Internamente, nunca fiquei mais aliviado. Eles estavam se dando bem.
Estebán sorriu para Zeca. — Nós provavelmente deveríamos começar a levar suas coisas, já que você não está mais ... bem, de castigo.
— Sobre isso — disse Zeca. — Eu estava meio que esperando poder ficar aqui. Quero dizer, sem os guardas.
— Aqui? — Eu ecoei. — Por quê?
— Sem ofensa, mas eu não estou realmente interessado em dividir um apartamento com vocês e um filhote semi selvagem.
Suspirei. Espero que Alessandro não esteja dando muito trabalho a Leonard. Ele era a única pessoa em quem eu confiava para cuida-lo, mas deixou claro que não tinha planos de ser babá depois desse evento. — Eu não sei como me sinto sobre você se mudar. Você tem dezesseis anos. Você é um bebê.
Zeca olhou fixamente para mim. — Em dois anos vou me comprometer com um companheiro ou companheira. Se eu não aproveitar minha liberdade agora, nunca vou aproveitar.
— Ele tem razão — disse Estebán. No momento em que virei minha cabeça para encará-lo, ele ergueu as mãos em deferência imediata. — Mas, isso é com vocês dois.
— Eu acho que você poderia, em uma base experimental — eu murmurei. —Mas isso depende de você voltar à escola, tirar boas notas e ficar longe de problemas.
— Certo — disse ele imediatamente.
Estebán e Zeca começaram a falar sobre a escola secundária local e minha mente cansada desligou. Provavelmente era uma coisa boa para meu irmão se acostumar com um pouco de independência. Eu não conseguiria segurá-lo para sempre. As chances eram que eu não poderia nem segura-lo por mais um ano.
**
A conversa com Vítor foi bem diferente. Expliquei tudo o que aconteceu naquele quarto de hotel. Como a mãe dele traiu as duas matilhas. E a revelação que Alexey era seu companheiro destinado. Vítor ficou com a expressão em branco. Indecifrável. Depois me deu um olhar frio, como sempre. E saiu.
Estebán me tranquilizou dizendo que possivelmente a traição da mãe foi doeu mais do que sua morte. Parece que Vítor e Serena não se davam bem e já não se falavam fazia uns anos. Bem, ele conhece o filho que tem e decidi relaxar e confiar em seu julgamento.
Agora faltava enfrentar a festa de apresentação de Zeca. E tentar ficar vivo o máximo que podia.
***
Olá lobinhes!
E agora? 😯
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Bjokas e até a próxima att.
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