Capítulo 11
Capítulo 11
Certo, eu era muito ruim em não bisbilhotar. Eu tentei todas as portas que estavam fechadas enquanto Estebán estava fora, mas elas estavam todas desapontadoras ou trancadas. Quando as portas do elevador finalmente se abrissem, eu ficaria feliz em vê-lo.
Em vez disso, um cara pequeno com cachos castanho-avermelhados e pele de um rico ocre marrom saiu saltando, carregando uma bolsa de grife no braço esquerdo. Ela fez uma pausa para olhar para mim por cima de suas grossas molduras azuis e franziu os lábios azuis. — Oh garoto. Bany disse que eu teria muito trabalho com você, mas ele não disse que era tão ruim — disse ele com um forte sotaque europeu que não era tão espanholado quanto de Estebán. Francês, talvez.
Eu me levantei do sofá e limpei a poeira do meu jeans, bem ciente de que eu provavelmente estava causando a primeira impressão que ele tinha preparado para o pequeno homem. — Você deve ser o alfaiate. Eu sou...
— Danilo, eu sei. — disse ele, seu lábio curvando um pouco enquanto ela olhava para a minha mão. Ele finalmente pegou e sorriu com pena. — Enchanté. O nome é Leonard, mas você pode me chamar de Leon.
— Prazer em conhecê-lo, Leon. Então você é o uh, alfaiate de matilha?
Ele riu, colocando sua bolsa na mesa de café. — Eu sou um alfaiate que faz parte da matilha, mas até mesmo Estebán não paga o suficiente para eu cortar exclusivamente o pano para este bando selvagem.
— Bem, desculpe você está tendo que trabalhar em tão pouco tempo.
Ele me ignorou, tirando uma fita métrica da bolsa. — Não seja bobo, não estou criando nada do zero. Basta dar uma olhada em você para que eu possa fazer as alterações adequadas. Tire suas roupas, por favor.
Eu pisquei. —Eu...
— Nada que eu não tenha visto antes, cher. Agora suas roupas. Tire-as. —Relutantemente, comecei a desabotoar minha camisa e ele suspirou. — Isso não é um show de strip-tease e você não é o único compromisso que tenho hoje. Então, eu não me importaria se fosse mais rápido.
— Certo. Desculpe. —eu murmurei, tirando minha camisa, seguida pelo meu jeans. Leonard fez uma pausa, olhando para mim.
— Bem, você tem um bom corpo sob essa camiseta folgada, não é?
— Eu pensei que você disse que não queria um show de strip.
Ele sorriu inocentemente, de pé na minha frente. — Abra os braços.
Eu obedeci, tentando não me sentir como um manequim em exibição enquanto ele tomava minhas medidas. Leon notou a tatuagem preta no meu bíceps e arqueou uma sobrancelha.
Não foi a primeira vez que eu fui autoconsciente sobre o desenho. Eu fiz a tatuagem assim que saí da casa da minha mãe. Foi mais uma birra, um desafio, um jeito de dizer para mim mesmo que já não seguia mais as regras dela. Mas diabos, eu era jovem e estava ansioso pela minha independência então eu cumpri a sessão de tortura nas mãos de um tatuador que estava mais bêbado do que eu.
— Então, você, mm, se transformar em um lobo, também? — Eu perguntei, ansioso para distraí-lo de perguntar sobre a tatuagem.
— Toda lua cheia desde que eu tinha quatorze anos — ele respondeu, parando. — Você nasceu aqui em São Paulo mesmo? Adoro o sotaque paulista. Mesmo quando eles próprios acham que não tem nenhum.
— Sim. Nasci aqui mesmo — respondi.
— E um humano. — Ele meditou. — Não costuro para um humano faz alguns anos.
— O último sobreviveu?
Ele riu como se eu tivesse acabado de contar uma piada hilária e deu um golpe de provocação no meu braço antes de colocar o equipamento de volta na bolsa. — Não se preocupe, cher, eu vou ter algo pronto para você vestir na corrida de hoje à noite.
— Corrida? Eu pensei que fosse uma festa.
Ele fez uma pausa no elevador, voltando-se para me encarar enquanto colocava os óculos de volta no nariz. — Oh céus. Bany realmente não contou muito a você, não é? Eu suponho que ele ainda esteja um pouco irritado com tudo o que aconteceu nesses últimos dias em seu território. Sua esposa não está muito feliz, também — ele murmurou.
— Você conhece as histórias que envolvem as matilhas rivais e minha mãe? — Eu perguntei esperançosamente.
—Todos nós fizemos. Eu só não sei o qual era o objetivo final de Alana... — ele bufou. — Que ela descanse em paz, é claro.
— Uh ...
— Oh, eu sei que os seres humanos são tão apegados a família quanto os lobos. — disse ele com um suspiro simpático, apoiando sua bochecha em sua mão delicada. — Mas você deve entender, querido, nada é tão pessoal aqui. Todos nós temos o nosso lugar dentro da matilha é importante manter a ordem. Isso inclui Estebán.
— E que minha mãe tinha a ver com isso? Ela não era um lobo.
O olhar de Leonard se suavizou. — Ela não sabia o seu lugar. — ela disse de uma forma que soava mais como tristeza do que presunção. — Se ela tivesse, ainda estaria viva. Se você quiser meu conselho, aprenderá com o erro dela e ajudará seu irmão a tomar o devido lugar quando chegar a hora.
As portas se abriram e Estebán saiu. Sua aparência não pareceu uma surpresa para Leon como aconteceu comigo. — Leonard. — disse Estebán, acenando para ele.
— Tudo pronto, cher. — disse Leon, apertando o braço dele enquanto trocava de lugar com e entrando no elevador. Com um sorriso travesso, ele acrescentou — Foi um prazer conhecer você, Danilo. Estou honrado por ter feito uma prévia antes de todo mundo.
As portas do elevador se fecharam, deixando que eu olhasse para Estebán em busca de respostas. — O que foi aquilo?
— Esse era Leonard sendo Leonard — ele respondeu, indo para a cozinha para se servir de um copo de bebida. Eu nunca vi alguém beber tanto quanto Estebán. Então, novamente, ele era enorme, provavelmente precisaria uma banheira cheia de vodka para deixar ele ficar bêbado.
— Ele disse algo sobre a corrida desta noite. Eu pensei que você disse que era uma festa.
— Não, eu disse que ia te apresentar ao bando. A matilha Stevenko faz festas, mas isso não é realmente o nosso estilo.
— Então, o que é uma corrida?
Estebán fez uma pausa como se minhas perguntas o irritassem e ele precisasse regenerar sua paciência. — Lobos são criaturas simples, mesmo que nossa sociedade não seja. Quando celebramos, quando nos lamentamos. Quando precisamos nos unir, nós caçamos.
Minha garganta começou a apertar de novo, da mesma forma que quando Estebán se mostrou para mim como um lobo naquele beco no centro da cidade. — Vocês fazem o que? — Seu olhar vazio era toda a resposta que eu precisava. —Cristo! Que porra está errado com você?
— Somos homens e somos bestas, Danilo. — ele disse calmamente. — Você perguntou como poderíamos viver aqui, entre as presas, e esta é a resposta.
— Então, torna-se mais civilizado se você fizer isso de uma forma planejada? — Eu exigi.
— Eu nunca afirmei que fosse civilizado, nem que tenhamos qualquer interesse em sermos civilizados. Não de acordo com seus padrões. — Ele tomou outro gole de Vodka. — Ajudaria se eu dissesse que a presa da noite é um estuprador em série?
— Sério? — Tentei usar um tom sarcástico. — Nós temos leis por um motivo.
— A lei não conseguiu condená-lo nas três vezes que o prenderam. Tenho certeza de que a lei não está fazendo nada para ajudar suas vítimas a dormirem mais à noite. Uma era da idade do Zeca.
Meu estômago revirou. Ele sabia como corroer minhas defesas morais. — Não é sobre ser desprezível ou não. Eu posso pensar que ele merece morrer e ainda pensar que é fodido que vocês usem seres humanos em uma caça.
— Se te consola, ele receberá uma arma carregada e será lançado na floresta. Você não será obrigado a assistir, apenas me acompanhar e conhecer o restante do grupo.
— Certo. Porque todo mundo precisa de um terno chique para assistir a um derramamento de sangue.
— Eu sei que isso vai ser difícil para você, mas tente manter em mente que quanto mais rápido você se adaptar ao modo como as coisas são, mais você será capaz de ajudar Zeca. Você quer isso, não é?
Eu quero Zeca o mais longe possível de vocês, psicóticos. — Sim. — eu falei com toda a falsa convicção que eu sentia.
— Bom menino. — ele provocou, deixando de lado seu copo enquanto passava por mim. —Tente relaxar até hoje à noite. Não há sentido em se estressar.
O assistente de Leonard veio trazer minhas roupas algumas horas depois, e eu ainda não me sentia como se tivesse preparado adequadamente para ter aperitivos e conversar com os lobisomens antes de partirem para esquartejar alguém por esporte. Não que eu tenha tido um problema com o alvo escolhido, mas ainda assim. Havia algo sobre isso que era tão ... inumano.
Era uma merda fodida.
No momento em que eu estava vestido e esperando que Estebán me levasse para onde diabos estávamos indo, eu tinha percebido que não era a violência que me incomodava. Era o fato de que eu começava a fazer parte disso. Eu me consolava com o conhecimento de que eu estava fazendo aquilo para minha segurança, para ter o Zeca de volta, já que era o "amante humano" do Alfa.
Estebán saiu do quarto e eu me levantei, pronto para dizer que não iria nessa corrida e foda-se. A visão dele me impediu, provando que ele poderia tirar meu fôlego em mais de uma maneira. Eu me odiei por reagir desse modo, mas o homem era um maldito deus descendo para agraciar os mortais com sua presença. Seu cabelo comprido e escuro estava caído, deslizando sobre os ombros largos, onde se camuflava em seu terno preto. Era o mesmo corte e tecido que o meu, mas de pé, lado a lado, éramos as versões pirateada do Paraguai (eu) e importada da Europa (ele) do mesmo produto.
Ele me olhou como se estivesse tentando decidir se minha aparência era ou não aceitável. Quando ele estendeu a mão para escovar um pouco do meu ombro, eu vacilei instintivamente, e o olhar presunçoso em seus olhos me fez pensar se ele fez isso de propósito. — E eu aqui me preocupando se Leonard iria vestir você com couro e lantejoulas apenas para me irritar.
— Uma máscara de Jason seria mais apropriado. — eu resmunguei, seguindo-o para o andar de baixo.
Ele me ignorou, é claro.
—Você ainda tem meu telefone, certo?
— Vítor tem isso. Ele está monitorando isso para todas as chamadas recebidas, é claro. Só um número chamou umas duas vezes. Deixou também uma mensagem de "me liga pra saber que você está bem". Você não é muito popular.
— Bem, é melhor ter um amigo verdadeiro do que um monte de puxa-saco. — Deve ter sido o Maurício, preciso dar um jeito de dizer a ele que, apesar de tudo, estou bem.
— Confie em mim, minha matilha tem orgulho de seu Alfa. Eu sou um bom líder e temos poucos conflitos desde que eu assumi.
Ele tinha um ponto. Estebán Zayas cumpria suas promessas e era muito protetor em relação ao seu povo. Mesmo que isso custe a liberdade de um humano fraco como eu.
— Você não acha que eu deveria pelo menos estar por perto, para o caso de Zeca ligar?
—Confie em mim, eles não vão deixar Zeca te ligar. Se alguém ligar, será Kazis, e eu não vou correr o risco de deixar você falar com ele. — Estebán respirou fundo. — Eu vou ser um disco quebrado até que essa verdade afunde — disse já sem muita paciência. — A melhor coisa, a única coisa que você pode fazer para ajudar Zeca é...
— Jogue pelas suas regras, adapte-se ao seu mundo.— eu murmurei. — Entendi.
— Espero clareza entre nós. — Ele tomou uma estrada que com certeza não levava a nada bom e cerca de quinze minutos depois, estávamos no lendário meio do nada sem outro carro à vista. Altas árvores ladeavam a pista dos dois lados. Parecia uma paisagem de sonho.
— Onde está todo mundo?
— Eles vieram a pé. — ele respondeu, estacionando bem longe da estrada. — Um dos betas tem um sítio aqui perto e o pessoal da matilha se reúne lá antes de depois nas noites de corrida.
— Certo — eu murmurei. Eu vi os faróis através das árvores e percebi que só poderia ser outro lobo com um humano para transportar. Eu não tive pena da presa de hoje à noite, nem de longe. Até onde eu estava preocupado, ser caçado e rasgado por um bando de lobisomens irados era um destino muito melhor do que qualquer estuprador infantil merecia, mas era um lembrete de que essas pessoas eram tudo menos humanas. Eles eram predadores e eu era uma presa.
Tudo o que eu pude fazer foi esperar que os lobos Stevenko fossem um pouco mais civilizados, mas dado o que eles fizeram com minha mãe, isso parecia absurdo.
— Venha — ordenou Estebán, voltando ao hábito de me dar ordens como se eu fosse um dos seus cães.
Eu parei e levou dez segundos para ele perceber que eu não o estava seguindo. O luar mostrava a impaciência em seu rosto pálido. — O que é agora?
— Eu estou jogando por suas regras. Eu estou fazendo essa coisa fodida, estou tentando chegar a um acordo com tudo o que aconteceu até agora —eu disse, dando um passo em direção a ele. — Mas, você tem que me dar uma folga e parar de me tratar como se eu fosse o seu maldito animal de estimação. Eu entendo isso em seus olhos, sou menor do que sujeira porque sou humano e porque trabalho em um 'trabalho de merda', mas você pagou pela noite, você sabia das consequências melhor do que eu. Você e eu estamos no mesmo barco, amigo, então que tal você parar de fingir que está muito melhor?
Estebán ouviu em absoluto silêncio, e seu movimento repentino foi tão rápido que eu estava completamente despreparado. Ele me colocou contra uma árvore, sua mão tão apertada em volta da minha garganta que eu mal conseguia respirar, antes mesmo de ter a chance de piscar. — Fingir que sou melhor? — Ele provocou. — Você é humano. Você é tão fraco que eu não posso nem foder você de verdade, te marcar com meus dentes.
Ele agarrou meu pulso com a outra mão e cavou as unhas em profundidade. Deixei escapar um grunhido abafado, mas consegui não gritar, já que eu tinha certeza de que seria apenas o destaque do dia dele. Suas unhas cortaram minha carne com tanta facilidade que eu tinha certeza que ele tinha a habilidade de mudá-las parcialmente, mesmo que ele ainda parecesse humano em todos os lugares, menos nos olhos. Eles brilhavam com malícia enquanto puxavam meu sangue para a superfície e o limpavam na palma da minha mão antes de segurar minha mão para ter certeza de que eu podia ver. — Veja a facilidade que eu tenho em arrancar sangue de você. Se eu quisesse, você já estaria morto e não me dando todo esse trabalho.
— Foda-se. — eu cuspi, olhando a cara da morte que queimou nos seus olhos. O ódio naquele olhar que doía fisicamente. Talvez tenha sido isso que fez dele um Alfa.
Ele me segurou lá, tirando o fôlego de mim, e eu poderia dizer que ele estava pensando em apenas estalar meu pescoço naquele momento. Eu podia sentir o poder em suas mãos e sabia que ele podia, sem nem suar. Em vez disso, ele me soltou e caí de joelhos, ofegante.
— Limpe-se. — disse ele, endireitando a gravata. —Você parece patético.
Eu tossi, limpando a palma da minha mão na grama molhada. Eu usei a árvore para me ajudar a levantar e tomei um momento para recuperar o fôlego. Quando o fiz, ele já tinha ido embora, mas eu podia ver as luzes das tochas através das árvores. Eu esfreguei meu pescoço e esperei até ter certeza de ter me composto para segui-lo.
Estebán ficou em silêncio, olhando para mim com a mesma expressão sombria nos rostos do resto de sua matilha. Seu comportamento me fez temer por um momento que eu era a presa da noite e tudo o mais tinha sido apenas um artifício para me trazer aqui.
Não que fosse necessário. Estebán Zayas já havia provado que ele poderia facilmente me dominar. Se eu fosse a pessoa que eles decidiram caçar afinal, não havia razão para esconder isso. Apenas quando eu estava pensando se sair correndo agora contava como suicídio, Zayas se virou para todos eles. — Agora irmãos e irmãs. Venha tomar sua forma antes da lua e cumprimente seu novo irmão.
Ele disse as palavras com tanta amargura que ele tinha que estar zombando de mim. Parei de me importar quando a matilha caiu de joelhos, um após o outro, e a mudança aconteceu diante dos meus olhos.
Se eu não tivesse congelado no lugar com horror, eu teria corrido. Pelo menos a maioria deles eram lobos reais, ainda que enormes, em vez da fera bípede em que Estebán se transformava.
De repente, os lobos correram para mim e eu gritei, pronto para correr quando a voz de Estebán me silenciou. — Fique parado.
Eu fiquei. Não porque eu quisesse, mas porque a voz dele não me dava escolha. Eu estremeci quando a multidão de lobos pressionou ao meu redor, seus narizes frios contra minhas mãos, minhas pernas, sob minhas mangas. Suas caudas balançavam como cães, mas havia algo na maneira como me investigavam que parecia tudo menos amigável.
Somente quando o último dos lobos saiu eu desmoronei como se o feitiço de Estebán tivesse finalmente quebrado. Eu podia sentir ele me observando enquanto eu ofegava em minhas mãos e joelhos, voltando a realidade e que eu não morri. — Que diabos foi isso? — Minha voz estava tensa, e havia alegria em seu olhar quando eu finalmente olhei para ele.
— Isso foi as boas-vindas da matilha Zayas — ele respondeu, com os braços cruzados. — Eles precisavam conhecer o seu perfume.
— Por quê?
— Então, eles vão ser capazes de encontrá-lo no caso de você tentar fugir. — Ele se virou, tirando a gravata enquanto caminhava para se juntar a eles. — Fique aqui. Não deve demorar mais de uma hora, e eu não recomendo tentar encontrar o caminho de volta para o carro por conta própria. Todos eles foram instruídos a não tocar em você, mas você sabe como os lobos são quando se agitam e cheiram a presa. Coisas acontecem.
Nenhuma chance de me mover um centímetro. Eu esperei para respirar até que ele estivesse fora de vista e vomitei meu almoço no chão de terra. No momento em que os gritos angustiados da presa humana encheram o ar, eu estava apenas tossindo bile e sangue.
Estebán estava certo sobre uma coisa. Esta noite tinha sido uma iniciação à matilha que eu nunca esqueceria, e agora eu sabia tudo o que eu sempre quis saber sobre lobisomens. Ou sobre ele. Ou quase tudo...
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