Não diria que sua vida era cansativa, mas com
certeza não se parecia com nada do que imaginava quando ainda era um pirralho de dezessete anos. Heeseung possuía um emprego como professor de filosofia em uma escola consideravelmente próxima da sua casa, era casado a quase seis anos com uma linda mulher e tinha um filho adorável. Diria que era a vida dos sonhos de qualquer homem da sua idade, financeiramente estável e confortável, mas estava longe de ser o que ele realmente queria.

Sem dúvidas amava sua pulguinha, Niki era seu tesouro mais precioso no mundo. E tinha orgulho em dizer que era sim um pai coruja e babão, pois tudo que o pequeno garoto de cinco anos queria, ele faria sem pensar duas vezes. E ele com certeza era o motivo de continuar firme dentro do casamento que fora submetido, afinal, depois de longos anos se sentindo como um pássaro preso em uma gaiola, Heeseung já não sabia o que sentia em relação a sua esposa.

Morgana era um tanto quanto difícil. Tinha uma personalidade forte e sempre estava de mal humor, suas ações maldosas sempre eram refletidas no Lee mais novo por mais que Heeseung tentasse afastá-lo da mulher quando ela saia do controle e descontava seus problemas na pessoa mais próxima. O moreno poderia facilmente aguentar tudo aquilo por estar acostumado.

Esses problemas em sua relação apenas cresciam, e tinha chegado em um nível que Heeseung seguia em frente apenas por Niki. Não estava feliz com Morgana, e mesmo fazendo tudo que ela queria, a loira nunca parecia satisfeita.

Heeseung estava profundamente cansado daquilo, mas não podia pedir divórcio, temia pela má reação do Lee e não queria deixá-lo sozinho, uma vez que sabia que a mulher veria aquilo como um desafio e afastaria dele a única coisa que o mantinha na linha.

Ele já tinha noção que sempre que pensava em tocar no assunto do divórcio, a mulher usava Niki para convencê-lo que aquilo não seria justo com o menor, pois ele não merecia passar pelo trauma que era crescer com os pais separados. E de cabeça baixa, Heeseung apenas seguia engolindo todo seu cansaço para não prejudicar o mais novo.

Hoje era mais um daqueles dias frios que o inverno trazia, embalado em seu casaco grosso, o coreano aspirou o ar congelante do quintal, tinha acabado de chegar do trabalho e sua cabeça latejava. Dar aula para um bando de adolescentes com certeza o levaria a óbito mais cedo do que imaginava quando ainda estava na faculdade. Aproveitou aquele subito silêncio que o final do dia trazia junto com a ausência da sua esposa para fumar um pouco, Niki ainda estava na escola, em prováveis dez ou quinze minutos precisaria ir buscá-lo, então aproveitaria aquele descanso rápido para aliviar a mente antes de ter uma longa noite.

Heeseung acendeu o cigarro e o deixou entre os lábios ligeiramente, aspirando a fumaça antes de soltá-la, o gosto da nicotina inundando seu paladar e ficando entre suas bochechas. Ele fez esse mesmo processo mais três vezes enquanto dava voltas pelo quintal espaçoso, o piso era de grama sintética e tinha uma pequena piscina no canto direito, perto do cercado que dividia sua área de lazer com a do vizinho, a esquerda ficava uma churrasqueira que se bem lembrava, só tinha usado uma vez há muito tempo atrás.

O cigarro em sua boca já estava no final quando sentiu uma forte pancada em sua cabeça, ele se virou assustado coçando o local atingido por uma bola de futebol, do outro lado da cerca branca e baixa, o moreno avistou a figura de um menininho de aproximadamente cinco anos, ele estava logo na frente de um homem baixo de fios castanhos.

Ambos rapazes se olharam rapidamente, antes do moreno dar um tapinha singelo no ombro do menino como se estivesse incentivando ele a ir pedir desculpas.

─── Vamos, Sunnie. ── o rapaz disse em um timbre sério, e o menininho de olhos de raposa obedeceu, dando um curto passo até a cerca com as mãos na frente do corpo.

Heeseung se livrou completamente do cigarro e pegou a bola no chão, coçou um pouco a parte da nuca que ainda doía, mas deu um sorriso simpático ao garotinho que parecia prestes a chorar por ter feito aquilo sem querer. O moreno se abaixou rente a cerca e entregou a bola.

─── Me desculpe, senhor. ── ele pediu baixinho, pegando a bola sem olhar o moreno nos olhos.

Lee sentiu seu coração derreter, aquele menino parecia ser tão doce, ele queria apertá-lo.

─── Não tem problema. ── acariciou seu cabelo castanho tigelinha, sem tirar o sorriso gentil do rosto. O menininho fez bico, e de forma tímida se escondeu atrás das pernas do outro homem, olhando para Heeseung de soslaio.

Ele ficou de pé achando uma graça a reação do garoto e desta vez fitou o rapaz um pouco menor que si, notando a forma como ele afagou o cabelo do menor e sorriu para confortá-lo. Como um "está tudo bem, você fez certo" em sua própria língua. Sabia disso pois sempre fazia aquilo quando o seu menino passava por uma situação parecida, era algo tranquilizador para os menores.

─── Quantos anos você tem? ── Heeseung voltou a tentar puxar assunto com o menino, mas ele parecia muito tímido para responder.

─── Ele tem quatro anos. Mostra pra ele, filhote. ── o de fios medianos incentivou em um aceno, e então o garotinho ergueu quatro dedos ainda usando as pernas dele como seu esconderijo, por mais que não fosse tão efetivo, o rapaz era realmente baixinho.

─── Você tem quase a idade do meu filho. Ele tem cinco anos, assim. ── abriu a mão, mostrando todos os dedos para o menino que balançou a cabeça, ainda acanhado. ─── Qual o seu nome?

─── Sunoo. ── ele tomou coragem para falar novamente, em um tom baixo que Heeseung se esforçou para ouvir. ─── Shim Sunoo. ── tentou novamente, desta vez um pouco mais alto.

─── Você tem um lindo nome, Sunoo. ── ele escondeu o rostinho usando o tecido meio folgado na calça do homem, como um gatinho assustado. ─── Meu nome é Lee Heeseung. E você é? ── Heeseung mirou agora no outro homem, que mantinha a mão sobre os fios castanhos do menininho agarrado em sua roupa.

─── Shim Jaeyun, mas pode chamar de Jake. ── estendeu a mão em sua direção, o cumprimento sendo retribuído rapidamente. Heeseung tentou se manter lúcido quando o Shim mais velho sorriu, ele parecia radiante, apesar da paleta de cores escuras que preenchia sua vestimenta. ─── Seu novo vizinho.

─── Então era vocês que estavam fazendo um barulhão de manhã cedo? ── Jake de repente ficou rubro, e Heeseung realmente tentou não rir. Foi adorável como sua expressão mudou rapidamente, os olhos pequenos ficando esbugalhados e os lábios entreabertos em surpresa.

─── Eu sinto muito, não queríamos incomodar ninguém.

─── Não tem problema. ── ele abanou a mão com desleixo. ─── Mas não nego que foi bem fora do comum ouvir toda aquela barulheira, esse bairro é bem tranquilo, sabe? É difícil ter um rock tocando às sete da manhã.

─── Me desculpa mesmo, é que a gente tava desmontando as coisas da casa e o Sunnie gosta de ouvir música quando faz alguma atividade. ── ele tentou se justificar, gesticulando sem parar. O moreno achou adorável como ele parecia desesperado para dar uma explicação. ─── Eu sinto muito, prometo ser o menos barulhento possível.

─── Não precisa disso tudo, um barulhinho às vezes é bom. E cá entre nós. ── ele se aproximou do Shim como se estivesse prestes a contar uma fofoca. ─── Esse lugar é tão silencioso e calmo que chega a ser assustador. ── disse de forma dramática, arrancando do homem baixinho uma risada curta e sincera. Heeseung o acompanhou, tomando espaço para checar a hora no relógio de pulso que sempre usava. Estava na hora de buscar o Lee. ─── Preciso ir, tenho que buscar meu filho na escolinha.

─── Sem problemas. ── Heeseung ajeitou seu casaco e saiu em passos curtos. ─── Heeseung! ── estancou instantaneamente quando o rapaz o chamou. Ele se virou para Jake que segurava na mãozinha de Sunoo e tinha um sorriso tímido, idêntico ao do menor quando estava envergonhado minutos antes. ─── Você não quer jantar aqui em casa hoje? Como forma de me desculpar por todo o barulho que fiz mais cedo. Pode trazer seu filho e sua esposa caso aceite.

Ele ponderou sobre a proposta ligeiramente, seria bom para Riki fazer um amiguinho próximo, uma vez que tinha dificuldade em socializar com crianças da sua idade. Ele pensou e repensou sobre e no final deu mais um sorriso gentil em direção ao Jake, balançando a cabeça como um "okay" mudo.

Ele não pensou em como a loira reagiria sobre o convite, pois sabia que ela dificilmente aceitaria, então decidiu ignorar que ela também estivesse fazendo parte daquilo e focaria na oportunidade de Niki ganhar um amiguinho novo.

─── Às sete, okay?

─── Tudo bem. ── confirmou sorridente, batendo a sola do sapato na entrada do quintal para se livrar da sujeira antes de empurrar a porta de vidro para o lado e entrar.

notas. 💐

• primeiro de tudo, é importante que saibam que essa fanfic é uma adaptação! a versão original está disponível no perfil do: lovsbangchan 💗

• capinha maravilhosa foi feita por: daegwitars 💗

• não me cobrem atualizações! tenho uma vida corrida fora desse app, mas apareço sempre que posso.

• por hora é apenas isso, espero que gostem, tenham uma boa leitura!

STATUS. EM ANDAMENTO.