25% - moral da história
Quando as festividades de final de ano passaram e um novo ano se iniciou, chan notou como tudo em sua vida tinha mudado drasticamente.
Não só seu relacionamento com changbin que tinha dado uma nova direção em sua vida, mas ele sentia que havia mudado. Do dia para noite começou a se interessar por arte e arquitetura, alterando toda mobília da residência, preferindo por cores novas e ambientes mais abertos e ventilados, apesar de ainda fazer um pouco de frio. Queria mostrar a si mesmo que o passado e tudo de ruim que tinha acontecido havia ficado para trás, e nada podia voltar a assombrá-lo, mesmo quando ainda se sentia sufocado pelos fantasmas do passado. Até tinha parado de fumar, mostrando uma grande evolução e se tornando orgulhoso de si mesmo. Ele trocou os papéis de parede da sala e reorganizou toda mobília, deixando apenas a cozinha fora do seu planejamento porque gostava dela do jeito que sempre foi. Felix o ajudou a escolher tudo e quando janeiro terminou, sentia que morava em uma nova casa. Que pertencia a um novo lugar.
Seus pais regressaram a Austrália pouco tempo depois de toda sua arrumação, foi uma despedida temporária, já que o bang prometeu visitá-los nas férias de verão. A relação dos seus progenitores com changbin estava indo bem, principalmente com vanessa, que se apegou ao garoto como se fosse seu próprio filho. Chan via ela passar mais tempo com o seo do que com ele, e não possuía nenhum tipo de ciúmes disso, gostava de saber que o ruivo via que estava sendo aceito naquela família. As inseguranças dele diminuíram bastante desde que vanessa começou a chamá-lo para cozinhar juntos nos fins de semana, mostrando ao coreano todas as especiarias que ela aprenderá com os avós.
As visitas de morgana se tornaram bem relativas após o divórcio, assim, pelo menos uma vez no mês a mulher aparecia para buscar felix para um passeio. Chan preferia se manter distante dela em relação a suas aparições, falando apenas o necessário, ainda sentia desconforto com sua presença, por mais inexpressivo que tentasse parecer. À noite, quando via changbin, gostava de desabafar com o menor, dizer tudo que tinha o afligido durante o dia. Era a única forma de se reconfortar de suas dores. O ruivo sempre fazia o possível para deixá-lo confortável após seus desabafos, e não se sentia inferior ou vulnerável. Com changbin, chris se sentia bem em apenas ser ele mesmo.
O dia em questão chan tirara para comprar os materiais escolares do filho, saindo com o menorzinho e sana para uma divertida aventura em uma papelaria famosa no shopping da região comercial da cidade. Enquanto deixava felix ir explorar a loja, chris focou em fazer anotações de preços, changbin tinha pedido para ele anotar algumas coisas da papelaria, já que também precisava comprar o material escolar de jeongin. Então, com um bloquinho de notas na mão, ele saiu fazendo lembretes no papel colorido que tinha achado nas suas coisas.
— então, como tá indo as coisas com seu namorado? — sana indagou, observando o moreno abaixar em uma prateleira para checar o preço dos lápis de pintar.
Ainda não tinha pedido oficialmente o ruivinho em namoro, mas eles se autodeclararam namorados desde o dia em que o divórcio saiu, e changbin não parecia apressado para tornar aquilo oficial. Ele dizia que somente estar ao lado do australiano já era o bastante, mesmo sem aliança ou qualquer outra coisa que pudesse comprovar o relacionamento deles. Contudo, algumas semanas atrás, em seu surto com arte e coisas referentes, chan acabou fazendo uma pulseira de miçangas para o rapaz, tinha as iniciais deles e as cores preferidas do menor, e desde então o fotógrafo não a tirava de jeito nenhum, esbanjando o presente especial para todos verem.
— tá tudo indo bem. — ele respondeu, guardando meia dúzia de lápis e borracha dentro da cestinha, procurando por felix rapidamente, o vendo na área de cadernos, folheando alguns. — por que a pergunta? — olhou para a japonesa, que deu de ombros.
— sei lá, percebi que vocês não saem muito juntos, só queria saber se não tem nada de errado acontecendo. — voltou a segui-lo entre os corredores estreitos do estabelecimento.
— nós saímos juntos sim. — pontuou, ajeitando o óculos na extensão do nariz, pronto para checar mais alguma coisa.
— tô falando de vocês dois sozinhos, não com os meninos. — ela disse, como se fosse óbvio. — qual é, maninho? Quando foi a última vez que vocês dois, e só vocês dois, saíram em um encontro? — chris tardou ao responder. — vou deduzir que vocês nunca saíram em um encontro com esse seu silêncio.
— changbin não se incomoda em sair com os garotos, então nunca pensei que ele quisesse sair só comigo. — tentou se explicar, repensando sobre todas as vezes que chamou o ruivo para sair e incluiu os meninos. Não havia nenhum sinal de desagrado com os passeios em que o quarteto tinha às vezes, changbin se mostrará sempre de bom humor e acessível quando chan pedia, em nome de felix, para eles quatro saírem.
— vocês estão juntos, óbvio que ele quer sair só com você. — sana deu um tapinha no ombro do amigo, como se tentasse fazê-lo enxergar a verdade perante seu nariz. — tenho certeza que o changbin gosta de sair com felix, mas você é o namorado dele, tem coisa que só vocês dois podem fazer, sem os garotos. — sibilou a última parte, tentando fazer o mais velho entender.
— o que você sugere então? — se virou na direção dela, em espera de algum plano mirabolante, pois sabia que ela tinha um.
— vocês vão sair pra alguma balada ou bar hoje. — chris tentou protestar, mas sana fora mais rápido em interrompe-lo. — eu vou ficar com os meninos, então relaxa e sai pra curtir um pouco com seu namorado, okay? Pode confiar em mim, já cuidei do lilix milhares de vezes quando você saia com aquela jararaca, e o jeongin não me parece do tipo malcriado, tenho certeza que consigo cuidar dele também.
Chan repensou sobre a proposta e no final acabou cedendo, para felicidade da japonesa que o abraçou e prometeu que seria uma ótima babá. O moreno não tinha dúvidas quanto a isso, mas fora inevitável não expressar um sorriso ansioso. Não sabia se aquilo daria certo.
Depois que terminou de comprar o material de felix e fazer as anotações para changbin, o trio saiu para almoçar ali mesmo no shopping, e ao entardecer, regressaram ao condomínio. Durante toda viagem de volta, o moreno não conseguiu parar de pensar sobre aquele encontro, não tinha ideia de onde levar o fotógrafo, queria que fosse algo especial onde ele poderia se divertir, mas saíra para baladas e coisas referentes pouquíssimas vezes durante sua estádia na cidade. Dentre todo aquele tempo que morará em Seul, podia contar nos dedos todas as vezes que saiu para se divertir em um programação feita para adultos, e morgana sempre acabava bebendo demais, então ele não podia ficar alcoolizado — por mais que não gostasse de bebidas alcoólicas ou se embebedar — ou se divertir.
Sana passou a localização de bares e clubes noturnos que ele pudesse levar changbin, escolhendo um onde o ambiente parecia mais casual e reservado. Um pouco mais tarde, quando o céu ainda estava entre o azul escuro e o anoitecer completo, changbin chegou do trabalho com jeongin e passou em sua casa. Chan tentou achar uma forma de efetuar o convite para o encontro. Estavam juntos a mais de três meses, mas ainda não era tão confiante para chamar o rapaz para sair, pois nunca precisou fazer isso, era sempre o ruivo quem o chamava para fazer algo, seja para almoçar em um restaurante novo ou uma doceria que ele gostava bastante e estava tendo promoção para casal e o rapaz o usava para conseguir desconto.
— hm, bin. — chamou sua atenção, cutucando o braço dele nervosamente. O ruivo estava no sofá brincando com jeongin, felix e sana no videogame, ocupado demais para notar a confusão tomar conta dos pensamentos do seu namorado.
— pode falar, anjo. — disse, ainda sem olhá-lo, fixo no jogo de corrida que tentava ganhar de sana. A dupla parecia imersa demais em sua competitividade, tanto que chris ficou ainda mais nervoso em ter que intervir, mas se não falasse agora não teria coragem nunca.
— você pode vir aqui rapidinho, por favor. — pediu, ainda sem jeito para abordar aquilo.
Changbin rapidamente o olhou, ignorando o jogo e todo o resto. Por conta disso, sana ganhou a corrida, exclamando feliz a sua conquista junto de jeongin e felix, que estavam torcendo para a rosada. Em contrapartida, o ruivo estava mais ocupado em tentar desvendar o que tinha de errado com chris apenas o olhando analítico, e ele até podia descobrir, mas chan realmente queria que ele viesse até a cozinha para conseguir falar sem desmaiar. Precisava parar aquele formigamento na barriga, estava tão nervoso que queria desistir.
— joga no meu lugar, filhote. — entregou o controle ao filho, se erguendo ao ajeitar a roupa amarrotada.
Ele seguiu o australiano até o outro cômodo da residência, parando ao seu lado perto do balcão da pia e do fogão. Chan respirou fundo e se virou para o rapaz, caindo de amores quando fitou seu rostinho contorcido numa expressão desconfiada. Ele era adorável com aquele ar minucioso e cabreiro. Diminuiu o espaço entre seus corpos e amaciou sua bochecha com a palma, o encarando de pertinho para se acalmar. Aquilo sempre o ajudava.
— você só me chamou aqui pra me agarrar? — changbin estreitou os olhos escuros, segurando no pulso do rapaz que ainda o acariciava.
— como descobriu? — recebeu um soquinho fraco no peito, rindo pela reação tímida do menor. — tô brincando, amor. — abaixou levemente o rosto, ainda sorrindo, brevemente selando sua boca num selinho demorado. Changbin fechou os olhos, as mãos descendo até a roupa do moreno, agarrando o tecido de algodão contra os dedinhos gordinhos. — binnie, você quer sair comigo? — fez o pedido ainda agarradinho com ele, os narizes próximos compartilhando o pouquinho de espaço que tinham.
— você precisou de três meses e meio pra me chamar pra sair pela primeira vez, nem imagino o tanto de tempo que vai levar pra você me pedir em namoro de verdade. — brincou, rindo contra seus lábios cor de pêssego.
— estou trabalhando nisso, me dê pelo menos uns cinco anos.
— não precisa ter pressa, nós temos todo o tempo do mundo. — o beijou brevemente, como um dos selinhos prolongados que chan gostava de lhe dar.
— então, você aceita? — retornou ao tópico. — seria um lugar tranquilo, a gente pode voltar pra casa cedinho, pra não deixar os meninos com sana por muito tempo. Sinto falta dos nossos filhos quando passo muito tempo longe deles. — se encantou pelo sorriso ladino e charmoso que changbin deu, ficando até um pouco incapaz de raciocinar o que tinha acarretado naquilo.
— gosto quando você diz "nossos filhos". — ele admitiu tímido, seu dedo fazendo círculos pelo peito coberto do mais velho por uma camiseta cinza sem estampa. — e eu aceito.
—as oito horas parece um bom horário pra você?
— um ótimo horário. — confirmou, o abraçando antes de voltar para sua jogatina. Ele tinha uma corrida para ganhar de uma certa japonesa.
Agora tinha outra preocupação para lidar, o que vestir.
(...)
Sana e felix estavam sentados na cama de casal de christopher enquanto viam o rapaz jogar peças de roupas em cima do colchão, perto das suas pernas. O moreno já tinha tomado banho, feito a barba e até mesmo deu um jeito no cabelo esvoaçado, o deixando menos cheio possível, já que não colocava nada para alisar há algum tempo. Simplesmente não via vontade e gostava do seu cabelo cacheado, por mais estressante que ele pudesse se tornar às vezes. Agora, com uma hora e meia até o encontro, chan ainda não tinha nem ideia do que vestir.
— o que vocês acham dessa camisa? — ergueu uma camiseta polo preta com detalhes dourados, havia uma pequena coruja bordada também em dourada, no lado direito do peito. Comprara essa camisa em uma viagem, a usando em apenas ocasiões especiais, como reuniões do colégio que trabalha e coisas referentes.
— é bonitinha. — felix disse, meio borocoxô com a escolha do mais velho. Chan abaixou a peça, convencido a escavar mais em seu guarda roupa, mas sana o parou ao ficar de pé.
— essa camisa tá ótima, maninho! — exclamou, tentando convencê-lo a parar de ser tão seletivo. — com essa calça preta e essa jaqueta você vai ficar lindo. — tirou as peças do montinho de roupas em cima da cama, optando pela calça preta que usava poucas vezes por ser apertada demais e uma jaqueta quentinha. Não estava frio dentro da residência, e apesar do inverno já estar passando, não queria arriscar passar a noite no frio. — vai lá se trocar, vamos te esperar aqui pra dar nota. — empurrou o amigo em direção a saída do quarto, o mandando para o banheiro. Com um roupão branco cobrindo seu corpo, chan saiu meio receoso do cômodo.
Se vestiu rapidamente e retornou ao quarto, encontrando felix brincando de pedra, papel e tesoura com sana. Chris parou em frente ao espelho da penteadeira, se olhando brevemente, a calça estava realmente apertada, principalmente em suas coxas, e pelos céus, não lembrava da camisa ser tão pequena, se erguesse os braços, ela subiria facilmente, a jaqueta realmente veio a calhar, com ela podia cobrir a barriga que teimava em aparecer por conta da camiseta minúscula. Se virou para seus juízes e eles pareciam satisfeitos.
— falta uma coisa! — felix saiu do quarto correndo, voltando em instantes com uma maletinha e um pente azul. — vamos dar um jeito nesse cabelo, papai. — ele balançou o pente, determinado. Sana sorriu pela empolgação do menino, se juntando a ele na missão de contornar aquele furacão que residia na cabeça do bang.
Chan apenas se rendeu a eles, vendo que protestar contra um felix bang nunca dava certo. Conhecia bem o filho que tinha, e com incentivo de sana ele não pararia de jeito nenhum. Por isso, rendido a sua atual situação, o australiano se sentou no colchão macio bem na beirada, deixando que eles brincassem o quanto quisessem com seu cabelo, penteando para cá e passando um spray grudento para lá. Quando inquietamente parou de olhar pro relógio de pulso que usava, felix e sana tinham terminado e faltavam apenas dez minutos para o ruivo surgir. Torcia para que seu cabelo não tivesse ficado um ninho de pássaros, já que não fora permitido bisbilhotar o que a dupla fazia.
O bang mais novo entregou um espelho a chan, que analisou toda a bagunça que tinham feito, e uau, não estava péssimo, dizia que foi até um ótimo trabalho, ficando orgulhoso do seu filho por vê-lo tão empolgado e ainda assim conseguir fazer um bom trabalho. Ele agradeceu a sua dupla de cabeleireiros e decidiu apenas deixar o cabelo repartido de lado como eles fizeram, focando agora em se perfumar e terminar de colocar os acessórios, como brincos e colar. Assim que olhou novamente para seu relógio, já era a hora e ele nunca se sentiu tão nervoso na vida.
Já estava com o pé no último degrau da escada quando a campainha foi tocada três vezes, como changbin costumava fazer. Ele atravessou a sala de estar com sana e felix sorridentes logo atrás, enquanto seu estômago virava do avesso de ansiedade. Falaria isso para seu psicólogo, com certeza não seria normal. Chan abriu a porta depois que respirou fundo três vezes, a ventania do lado exterior invadindo a residência aquecida, e por mais frio que pudesse parecer agora, ver changbin vestido casualmente causou um choque elétrico que desestabilizou sua estrutura.
O ruivo usava uma camisa de banda simples e bonita, junto com uma calça jeans cinza com as laterais um pouco mais claras, em linhas horizontais, fora o cinto que segurava a camiseta por dentro. Seu cabelo avermelhado continuava bagunçado como sempre fora, por mais que soubesse quanto seu amado lutava para manter o penteado o mais arrumado possível. Segurando em uma das mãos, ele possuía uma jaqueta preta grande, um tanto parecida com a de chan, com a única diferença que ela tinha um desenho feito a mão atrás, de algum movimento alternativo que o menor seguia.
Chan podia garantir que tinha se apaixonado por changbin mais uma vez.
— licença pombinho, preciso pegar minha nova criança. — sana empurrou chris para o lado, pegando na mão de jeongin que ainda estava entre o pai e o australiano, já que os dois tinham entrado em seu próprio mundo. — agora podem ir pela sombra, e não precisam ficar preocupados em voltar cedo. Nós vamos nos divertir muito hoje, não é, meninos? — a mulher indagou aos dois garotos, que esbravejam um animado sim em harmonia. — aqui suas chaves, meu querido. Vão em paz. — fechou a porta na cara de christopher depois que ele pegou o chaveiro com as chaves.
Chan olhou para changbin e eles trocaram uma breve risada. Timidamente, o moreno se aproximou do menor, tocando ambas bochechas com as mãos trêmulas de ansiedade, por mais que o comichão desagradável já estivesse indo embora. Ele olhou no fundo dos olhos do ruivo, dando um sorrisinho bobo em seguida. Changbin também sorriu, mesmo com o rosto esmagado pelas mãos grandes do australiano.
— você tá lindo. — chris disse, esfregando levemente seu nariz no dele. Changbin corou, fechando os olhos bem apertadinhos pelo contato. — você é tão lindo. — sussurrou apenas para o menor ouvir, beijando o biquinho que ele fazia pelo apertão.
— eu quem deveria falar isso, você tá incrível. Sou o maior sortudo do mundo por você ser só meu. — changbin o abraçou pela cintura, trazendo o corpo corpulento para o seu. Chan sorriu, abraçando o garoto. — você devia usar essa camisa mais vezes. — disse baixinho, a mão boba serpenteando pela pele quente da barriga do australiano. A camisa tinha subido quando ele ergueu os braços para aninhar changbin em seu peito.
— seu sem vergonha.
— apenas admiro o homem gostoso que tenho. — ele sorriu, convencido que suas palavras eram puritanas. Chan apenas revirou os olhos, retribuindo o sorriso bobo.
A dupla finalmente prosseguiu seu caminho, indo em direção ao carro do seo. Ele quem dirigiria essa noite. Chan colocou o endereço do clube noturno no GPS, e eles seguiram caminho até o local enquanto conversavam por cima da música que tocava no rádio. Quando chegaram, o ruivo deixou o carro numa vaga, e desceu junto com chan, ambos homens encolhidos dentro dos seus próprios casacos. A rua que levava ao bar não estava lotada, por sorte, a fila nem ao menos chegava em dez pessoas, por mais que o barulho dentro do clube estivesse agitando o chão de concreto do lado de fora. Com os pés vibrando, os dois rapazes entraram no ambiente, notando logo de cara um grande salão, onde pessoas dançavam entusiasmadas ao som de um DJ.
Chan correu os olhos pelo local, localizando onde ficava o balcão de bebidas, onde possuía uma dúzia de mesas mais para o canto, perto das luzes neon e sofás de estofamentos amarelos. O casal caminhou até um dos sofás vazio, ocupando ele, notando como o lugar parecia muito grande. Changbin se arrastou pelo estofamento para dar lugar ao bang, o sofá ficava atrás de uma mesa e no canto da parede, como se fosse uma cabine de lanchonete dos anos 80. Era confortável.
— você quer beber alguma coisa? — chan sussurrou no ouvido do menor, vendo ele bater os dedos na mesa ao ritmo da música eletrônica.
— sei não, hein, da última vez que bebi em uma festa acabei engravidando minha melhor amiga. — disse com humor. Chan notou que aquele assunto era uma piada interna do ruivo e da mãe de jeongin. Às vezes ficava preocupado se podia rir ou não, embora o menor nunca mostrasse nenhum tipo de desconforto quanto a isso.
— ainda bem que a gente usa preservativo. — brincou, vendo o ruivinho rir e se encolher envergonhado. — vou buscar algo levinho pra gente, não gosto muito de beber. — avisou, recebendo um selinho antes de ir até o balcão de bebidas.
Observou o menor do balcão, ele tirava fotos do local, talvez para mostrar seus amigos mais tarde ou apenas postar em algum lugar. Changbin realmente amava fotografia. Com as bebidas em mãos, chan voltou até a mesa, contornando a pista de dança para não ocorrer nenhum acidente, e isso significa reviver seu trauma de andar com bebidas na mão no meio de uma multidão atrás de sua ex esposa. Ocupou o assento de antes, entregando ao ruivo sua bebida colorida que pouquíssimo teor de álcool, não queriam exagerar, principalmente changbin que iria dirigir na volta. A princípio, chan não tinha planos de sair do seu confortável sofá espaçoso amarelo para ir até a pista de dança, mas assim que o menor terminou seu drink, ele levantou subitamente, um sorriso cegante em seus lábios manchados de vermelho da bebida e do gloss que usava.
Adventure Of A Lifetime ressoava nos caixas de som ao redor da pista de dança, com o DJ agitando a multidão de jovens, os envolvendo na melodia da música estridente. Changbin puxava chan pela mão até o furdunço, tendo cuidado para o moreno não se perder. No meio, onde ele podia sentir ser atingido por várias pessoas agitando seus corpos no ritmo da música, nada parecia muito importante quando se tinha um seo changbin com uma camisa de alguma banda que provavelmente o australiano não conhecia se mexendo e pulando na mesma vibração que a música que tocava. Ele parecia tão livre, tão liberto. Podia ficar apenas o observando, mas sabia que seu namorado não deixaria.
— vamos lá, hyung! Dance! — changbin segurou em seus ombros, mexendo o corpo travado do mais velho, que riu envergonhado.
Devagar e com muita vergonha, chan começou a mexer os pés, e changbin o acompanhou energético, segurando em sua cintura para guiá-lo. Aos poucos, começou a perceber que não importava se estava dançando bem ou não, todos pareciam muito absortos em seus próprios mundos e ritmos, então tentou não ligar muito para toda aquela multidão e só focar em quem realmente importa, changbin. O ruivo brilhava em contraste com as luzes piscantes, alternando entre várias, espalhando sua claridade pelo salão parcialmente escuro. Tomou cuidado onde o seo estava indo, não queria que ele se machucasse ou que alguém tirasse proveito da sua diversão, mas desta vez decidiu se divertir também, nem que seja um pouquinho. Ele agarrou changbin pela cintura e balançou seus corpos juntos, e o menor riu, jogando a cabeça para trás, igual aos braços, a letra da música conhecida pelo rapaz saindo por sua boca em um tom desafinado, mas bonito para chan.
Quando I Got You começou a tocar, changbin pediu para sentar, mostrando uma nítida exaustão: sua testa brilhava pelo suor, havia fios vermelhos grudados por seu rosto e ele estava ofegante. Chan o conduziu pela multidão, voltando até a mesa que eles antes ocupavam. O deixou rapidinho, indo buscar uma garrafa de água gelada, está que dividiram quando se amontoaram no sofá amarelo. O ruivo ainda tinha aquele sorriso energético nos lábios enquanto olhava para a pista, desviando ligeiramente para o homem ao seu lado que bebia goles longos diretamente do gargalo da garrafa plástica. Chan estava tão cansado que não sentia as pernas corretamente, todo seu sangue parecia correr por seu corpo em altas frequências, seu coração batia no ritmo da música que tocava, veloz e preocupante.
— amor. — changbin o chamou rindo, seus lábios formando ruguinhas pelas bordas pelo sorriso que vinha junto. — você tá bem?
— não tenho mais idade pra isso. — falou dramaticamente, jogando-se contra estofamento.
— você tá velhinho, mas ainda dá um caldo. — chan o olhou indignado, mas desmontou rapidamente quando o ruivinha se jogou ao seu lado, a cabeça encostada na sua para descansar.
— será que os meninos estão bem? — indagou, mais para si mesmo do que para o homem ao seu lado.
— aposto que sim. — respondeu changbin, a mão passeando pela coxa de christopher sem malícias, era apenas um costume. — tô com saudade dos nossos bebês. — ele ergueu o queixo na direção do bang, que o olhou de soslaio. — vamos pra casa… depois dessa música! — o ruivo novamente se animou quando No Lie começou a tocar, puxando chris do seu breve descanso.
Quando saíram da boate já era onze e meia, mais tarde do que chan planejava, mas agora ele não estava tão preocupado com isso. O moreno ficou responsável em dirigir na volta, não por changbin estar bêbado, mas por escolha própria. O ruivo parecia exausto depois de dançar tudo aquilo, queria deixar seu garoto descansar um pouco. Ao entrarem no condomínio já era meia noite, apesar do trânsito livre. Chan deixou o carro do menor em frente a garagem e desceu junto com ele, indo em direção a sua moradia. A primeira coisa que viu quando entrou em casa com o tênis na mão e um changbin risonho atrás foi sana dormindo esparramada no sofá enquanto um programa qualquer passava na televisão, parecia uma competição de bolo ou algo parecido, o australiano não parou pra observar, pois subiu as escadas com o ruivo rapidamente para não perturbar o sono da sua amiga.
No andar de cima, jeongin e felix dormiam agarradinhos na cama de solteiro. Chris deixou que changbin fosse até seu quarto, e entrou no do filho para arrumá-lo na cama. O garoto estava prestes a cair e levar o seo junto. Assim que fez o que era necessário para colocar o bang de volta na cama, saiu do quartinho fechando a porta devagar, seguindo a luz do único cômodo além do banheiro e o quarto de felix.
Chan encontrou changbin deitado em sua cama, a camisa para fora da calça e o cinto jogado ao lado, ele parecia um tonto feliz da vida, como se aquela tivesse sido a melhor noite da sua vida. Chan o acompanhou em seu momento de insanidade, deitando do seu lado na cama espaçosa com cheiro de amaciante e perfume de flores, que emanava de changbin, por mais suado que ele estivesse. A dupla precisava de um banho urgentemente. O moreno admirou changbin em silêncio, mais uma vez encantado por sua beleza e maneira adorável de agir, mesmo descabelado, meio grogue de sono e com os lábios entreabertos, puxando o ar suavemente, chris poderia considerá-lo o homem mais bonito do mundo sem pensar duas vezes. Para ele, changbin era mais do que merecedor desse título.
— se nossa vida fosse um livro de romance meio brega e chatinho de ler no começo, qual seria a moral da história? — o ruivo indagou de repente, a voz fraquinha por tanto gritar e os lábios ainda vermelhos pelos beijos que trocaram durante as danças e os drinks sem álcool que dividiram quando lembravam de se hidratar.
— tá insinuando que nosso romance chegou ao fim? — perguntou de volta com as sobrancelhas franzidas. Changbin o olhou e sorriu, se arrastando preguiçosamente até ter sua testa grudada na dele, com suor e tudo mais. Não era importante, eles estavam felizes assim.
— nosso romance nunca vai chegar ao fim, chris. — afirmou, sem espaço para dúvidas. Chan fechou os olhos quando seu nariz roçou no dele, um toque simples que fez suas mãos formigarem.
— acho que a moral da história é, não podemos desistir de ser felizes. — ele entrelaçou os dedos nos de changbin, os olhos ainda fechados. — quando te conheci, estava decidido que minha vida continuaria aquela mesma mesmice, onde eu viveria pelo resto da vida sendo infeliz e amargurado, apenas porque tive medo de tomar uma decisão. Porque tive medo de magoar alguém e me sentir culpado pelo resto da vida com isso. Mas, com você, aqui e agora, parece que faz tanto tempo. Você me trouxe a felicidade, e tenho medo disso acabar, por mais que lá no fundo algo me diga que não vai, que isso é duradouro. Que você nunca sairia do meu lado.
— eu não vou. — ele sussurrou rente a sua boca. — porque eu te amo e você, depois do meu filho, é tudo que eu mais amo no mundo. — o beijou devagar, sem pressa ou agonia, queria aproveitar um pouco o ósculo, por mais breve que pudesse ser.
— então esse é o momento no livro que a gente diz que se ama e tudo acaba? — brincou, abrindo lentamente os olhos, mirando no ruivo, que mantinha um sorriso divertido. — mas, eu também te amo, changbin, te amo tanto que isso até me assusta às vezes. — admitiu baixinho, mesmo que só tivesse eles dois no quarto. Changbin apertou sua mão, e ele retribuiu o toque, sorrindo bobo. — obrigado por ser minha felicidade.
— obrigado por não desistir de mim.
📌
e assim marcamos o final de moral of the story.
não tenho palavras para agradecer a todos que leram, comentaram e votaram na história, o crescimento e o reconhecimento dela foi todo mérito de vocês, muito obrigado por todo apoio em decorrer dessa história, sou muito grato aqueles que até mesmo somente olharam e leram a história.
espero que futuramente vocês continuem lendo minhas histórias e me apoiando.
vejo vocês em futuros projetos e até mais !
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