20% - você e ele?
Ainda tonto de sono e com o cabelo um ninho de pássaros, christopher desceu até a sala, com o celular na mão com a chamada encerrada. Morgana simplesmente resolveu aparecer depois de três semanas inteiras, avisando que já estava dentro da casa, à espera de felix. Ela queria levá-lo para passear.
Assim que pisou na piso inferior da residência, encarou a australiana sentada no sofá, usava uma camiseta e shorts, o cabelo longo preso a um rabo de cavalo. Seu coração tremeu, pensando há quanto tempo ela estava ali, dentro da sua casa. Tinha esquecido completamente que ela também tinha a chave da porta.
— você não pode simplesmente entrar aqui. — chan disse, caminhando até ela. Morgana ficou de pé e o encarou, como se procurasse por algo. — está me escutando? Me devolva as chaves, não quero que você entre aqui desse jeito. — estendeu a mão, a espera.
— não faça um escândalo por nada. — ela cruzou os braços. — meu filho mora aqui, tenho direito de vê-lo quando bem entender.
— agora ele é seu filho? — ela comprimiu os lábios, desgostosa. — e eu não estou te impedindo de ver felix, apenas quero as chaves da casa de volta. Você não mora aqui, e não pode entrar quando bem entender.
A loira ficou relutante, mas fez o que christopher pediu no final, tirando a chave do bolso e entregando em sua mão.
— satisfeito? — indagou ríspida.
— por que você não respondeu às minhas mensagens? Sabe que quero marcar a data da nossa audiência no juiz, mas você simplesmente desapareceu.
— não te devo satisfação. — chan tentou não revirar os olhos, cansado de toda aquela enrolação. Apenas queria de uma vez resolver aquele divórcio, se livrar daquela pendência que pesava em seus ombros. Queria ser livre de uma vez. — por que está tão apressado com isso? Já arrumou outra mulher para me substituir?
— não seja infantil, apenas quero que isso acabe de uma vez.
— você realmente mudou, christopher.
— não vou ficar discutindo com você hoje. — decidiu pôr um fim naquilo. — sobre felix, o dia não está bom pra sair.
— você tá me privando de ver meu filho? — ela ergueu uma sobrancelha, mostrando que estava perdendo a paciência.
— não, só não quero que você saia com ele por aí sem a menor proteção e ele acabe ficando doente. Você sabe que felix fica doente fácil.
— cuidarei bem dele. — garantiu, mas chan apenas passou a mão sobre a testa, tentando não ter uma dor de cabeça. — ou você prefere que eu fique aqui?
Christopher queria responder que preferia que ela fosse embora, para bem longe, mas sabia que morgana usaria isso contra ele futuramente, então decidiu apenas aceitar essa sugestão, sendo melhor ter os dois onde seus olhos pudessem ver do que em outro lugar.
Havia passado pouquíssimo tempo desde que eles oficializaram o divórcio, mas a situação atual não poderia ser mais estranha. Felix tinha acordado por vontade própria, e agora tentava comer seu cereal colorido com leite enquanto sentia uma nuvem de tensão se apossar da cozinha. Chan tomava café de pé, encostado na bancada, enquanto morgana continuava a falar sem parar, fazendo perguntas e mais perguntas ao bang mais novo, de uma forma que claramente deixava o garotinho desconfortável. Chan sabia que ele não gostava quando era interrompido várias vezes durante a refeição.
— então filho, o que acha de passar um tempinho na casa da mamãe? Não seria legal? — morgana sorriu, segurando no bracinho do sardento. Ele se encolheu pelo aperto, mesmo que não tivesse força colocada, talvez sendo mais como uma reação de proteção. Chan percebeu e logo interveio o contato.
— morgana, deixe ele terminar de comer em paz. — pediu nitidamente impaciente. Ver felix desconfortável piorava sua irritação, uma veia já pulsava em sua testa.
— estou apenas conversando com ele. — ela a olhou com raiva. — por que não nos deixa sozinhos? Acha que vou fazer algo contra meu próprio filho? Não sou o monstro que você imagina, christopher.
— nunca disse que você era um monstro, e também, estou tomando meu café, então faça silêncio. — mesmo que tivesse uma calma impressionante em sua voz, chan por dentro fervia.
Ela enfim decidiu parar de importunar o menino, que terminou de comer rapidamente e saiu da mesa, sendo seguido pela mulher até a sala. Chan deixou a caneca de café sobre a pia, aproveitando para lavar tudo de uma vez antes de ir observá-los na sala de estar, notando que seu garoto ainda estava incomodado com toda aquela demonstração de afeto vindo da mãe. Ela nunca fora tão amorosa assim, pelo menos não depois que o moreninho cresceu e eles se mudaram.
O restante da manhã se passou daquele jeito, e quando chegou a tarde, chan já não suportava a presença da loira. Ele sempre foi muito tolerante em relação a comportamentos, afinal, era professor e deveria saber lidar com adolescentes e suas atitudes irresponsáveis, mas morgana não era uma adolescente rebelde de dezessete anos. Seja lá o que ela estivesse tentando conquistar com toda paparicação que estava fazendo com felix, o moreno já não aguentava mais. E talvez até o próprio garoto não aguentasse.
Apesar do bang gostar de abraços e de contato físico, ele não gostava quando essas ações eram forçadas. Chan o conhecia o suficiente para afirmar com certeza que ele estava odiando tudo que sua mãe fizera até o momento. Não negava que vez ou outra o menor tornava-se à vontade, mostrando para loira todo processo que estava fazendo em seu joguinho preferido, mas às vezes via que ele não queria receber aqueles braços e nem os beijos. E por mais que chan quisesse ir até lá e mandá-la se afastar, não podia. Morgana era uma mulher esperta, sabia que tudo que ela estava fazendo agora tinha um propósito.
Quando o dia já estava chegando ao fim e o azul natural do céu dava espaço para lua e as estrelas, morgana ainda estava lá, jogada no sofá com o menor do seu lado, tentando ensiná-la a jogar Mario Kart. O moreno deu um longo suspiro, sentado na mesa de jantar, de onde tinha uma vista ampla dos dois. Tentou ler durante aquele longo dia, mas estava distraído demais para conseguir prestar atenção na leitura. Se perguntava por onde changbin poderia estar, hoje ele não tinha trabalho, mas ainda assim precisou ir até o interior da cidade visitar os pais. O ruivinho havia prometido voltar a tempo para que eles pudessem passar o fim da noite juntos, projetando algo divertido com os garotos ou apenas fumando no quintal da residência dos bang. Mas até agora, tudo que tinha recebido era uma foto dele e de jeongin no carro, prestes a voltar para casa. Talvez demoraria bastante até seu retorno.
Ou não.
Batidas foram ouvidas, o que fez chan ficar de pé no mesmo instante e caminhar ansioso até a porta. Morgana percebeu isso, como também parou de jogar no exato momento, prestando atenção para onde o moreno ia tão entusiasmado.
— tava tão frio na estrada. — changbin dissera assim que entrou na residência com jeongin ao seu lado. Chan riu ao tirar o casaco do ruivo, pendurado ele no gancho ao lado da porta, repetindo o mesmo ato com o menorzinho que tirava os sapatos para correr até felix.
Quando a dupla de homens chegou a sala de estar, o sorriso que changbin tinha morreu ao perceber morgana sentada no sofá, à vontade. Ele olhou pro bang e depois para ela, segurando na mãozinha de jeongin antes que ele pudesse sair do seu lado. Todo o rosto do seo possuía um tipo de surpresa e decepção que fez o peito do moreno apertar.
— oh, você é o vizinho, não é? — morgana ficou de pé, andando delicadamente até christopher. Chan se afastou no mesmo instante, percebendo o que ela pretendia fazer.
— acho que nunca fomos apresentados corretamente, sou seo changbin. — ele estendeu a mão educadamente, mas a mulher apenas o olhou com desprezo. — bom. — changbin recolheu a mão sem graça, a colocando no bolso da calça. — não sabia que você estaria aqui essa noite.
— hm? O que quer dizer com isso? — ela indagou, fingindo inocência. — é a casa do meu filho, não posso vir aqui?
— claro que pode, não me interprete errado, senhora.
— senhora!? — morgana arregalou os olhos.
— por favor, morgana. — chan se colocou no meio deles, impedindo que a loira desse um chilique. — acho que já tá na hora de você ir embora.
— quero ficar com felix mais um pouco. — ela insistiu. De longe, o menininho balançava a cabeça, pedindo ao pai para dispensá-la logo.
— acho que eu também devo ir embora. — changbin proferiu. — vem, innie. — escorregou a mão do pulso do garoto, entrelaçando seus dedos e partindo em direção a porta, mesmo que o seo mais novo olhasse para felix com um bico enorme, desejando que pudesse ficar.
— changbin, não! Você fica. — chan segurou no braço do ruivo, sem a menor intenção de apertar. — por favor, eu posso explicar tudo isso. Não vai embora. — changbin trocou um olhar rápido com o filho, e então assentiu, decidindo esperar.
Chan suspirou aliviado.
— que tipo de piada é essa? — morgana chamou atenção de chan. — por que você deve alguma explicação a esse cara? Não me diga que… — ela apontou para changbin, e o ruivo virou o rosto desconfortável. — impossível. — uma risada rompeu dela, alta e barulhenta. O moreno a olhou sem entender. — não, não, isso é impossível. Você e ele? — voltou a apontar para o seo, com lágrimas nos olhos de tanto rir. — você se rebaixou a esse ponto, christopher?
— vá embora, morgana! — ele a segurou pelo braço sem medir força, apenas queria mandar a mulher embora de uma vez.
— você tá me machucando! — morgana o empurrou com força, afastando o australiano. — não acredito que você trouxe um homem pra nossa casa. E ainda mais ele! — chan tentou se controlar, todo seu sangue parecia ter corrido até seu rosto, ele estava vermelho de irritação. — isso é nojento. — ela falou com desdém, olhando para changbin que ainda se mantinha acanhado. Jeongin parecia tão irritado quanto o bang.
— quem é nojento!? — o seo mais novo indagou com um grito. — olha lá o que você vai falar do meu appa, sua feiosa!
— jeongin, por favor. — changbin segurou o menino, abraçando ele ao tirá-lo do chão. — tá tudo bem, não liga pra isso.
— eu te disse que esse garoto era problemático. — morgana resmungou, e isso chegou aos ouvidos do ruivo, que no mesmo instante estagnou.
— quem é problemático? Repita. — changbin deu um passo à frente, deixando que jeongin fosse até felix, se escondendo lá com o menino. Sabia o quanto o seo irritado poderia ser assustador, mesmo que ele dificilmente mostrasse esse lado. — você pode falar o que quiser sobre mim, mas lave essa sua boca imunda pra falar do meu filho!
— morgana, vai embora. — chan tentou soar calmo, mas suas mãos coçavam e ele queria trazer o controle da situação de volta. Tudo aparentava estar em ruínas agora, changbin estava com raiva e morgana tinha dito toda aquela besteira sobre o ruivo. Não queria que as coisas tomassem esse rumo. — por favor, eu tô te pedindo, vai embora, você não percebeu tudo que disse? Tenha dignidade e saia daqui. — ele nem ao menos olhou para ela, apenas mantinha fixo a changbin. Sabia que perderia as estribeiras se a olhasse.
A mulher soltou um resmungo, indo até o sofá para buscar sua bolsa e saiu, passando pelo ruivo somente para fita-lo com desgosto.
Tudo ficou silencioso depois que ela saiu, o que trouxe certo alívio para a mente barulhenta de christopher. Ele olhou para changbin e o ruivo ainda estava enfurecido, o jeito que ele apertava os punhos mostrava isso. Chan olhou para os menino, garantindo que eles estavam bem e então dirigiu um olhar rápido para o bang, pedindo para ele subir com jeongib. Ele rapidamente entendeu, chamando o menino mais novo até seu quarto. Quando sobraram apenas os dois, chan foi até changbin, o trazendo para um abraço apertado, mesmo que no começo o menor estivesse relutante em deixar o moreno tocá-lo.
— me desculpa. — christopher pediu, apertando o ruivinho contra seu peito. — é tudo culpa minha, eu não deveria ter deixado ela passar o dia aqui com felix. Eu não deveria ter deixado ela te machucar desse jeito e falar aquilo sobre o innie. Me perdoa, por favor. — sua aflição subiu até a garganta, deixando que seu corpo fosse tomado pelo medo de changbin odiá-lo. Talvez agora fosse o momento que ele perceberia que ficar consigo era uma má ideia, e então o mandaria se afastar definitivamente da sua vida.
Mas chan não queria que changbin fosse embora, não queria que ele o odiasse, por mais que não fosse merecedor dele.
— não entendo porque você se casou com alguém como ela. — ele murmurou deitando a cabeça em seu ombro, as mãos apertando sua camiseta. — fiquei tão irritado porque ela chamou o jeongin de problemático. Por que você casou com alguém como ela? — changbin parecia realmente indignado. — eu devia ter aparecido na sua vida antes dela. — chan não conseguiu evitar rir pelo jeitinho que ele disse aquilo, como um murmúrio irritado. Era adorável.
— deveria mesmo. — o apertou mais um pouco pela cintura, aspirando seu cheiro de rosas. Changbin retribuiu o abraço, ficando na pontinha do pé para se apoiar mais no bang. — com toda certeza deveria.
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esse capítulo não foi um dos melhores, mas de qualquer forma venho avisar que já estamos na reta final.
espero que estejam gostando da história até o momento, vejo vocês na próxima semana !
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