Capítulo 45
— Jimin, você vai se atrasar para o trabalho.
— Já estou indo, Ian. — gritou do banheiro.
— Tem certeza que tudo bem você pegar a Annie no ballet hoje? — Jimin saiu do quarto arrumando sua gravata.
— Claro que sim. Não se preocupe com isso. — sorriu para o melhor amigo.
— Muito obrigado! Não sei o que seria de mim sem você.
— Já tivemos essa conversa, Ian. Sabemos que você ainda seria só um deslocado nesse mundo. — brincou ele, arrancando um sorriso brincalhão do amigo.
— Sem dúvida! — abriu a porta. — Agora vamos lá, apesar de ser um dos majoritários da empresa, não pode chegar atrasado, tem que dar o exemplo. — foi a vez de Ian brincar.
Os dois saíram e cada um pegou seu respectivo carro e foram trabalhar.
Jimin estava de volta à Coréia há quase um ano.
Depois de anos dando duro no restaurante na Califórnia, Jimin conheceu um dos clientes que trabalhava para uma empresa de pesquisas astrogeológicas nos Estados Unidos, logo, conseguiu um emprego em sua área de formação.
Estava muito feliz, principalmente pelo fato de todas as suas conquistas serem fruto de sua completa dedicação.
Suas habilidades foram muito bem reconhecidas, assim, foi promovido a cargos superiores a cada ano, chegando a receber um convite para ser sócio na empresa. Ele aceitou, e desde então vinha ganhando cada vez mais notoriedade e associados para o centro de pesquisa.
Há um ano surgiu uma vaga para comandar o centro de pesquisas em Seul, empresa a qual ele havia deixado seu cargo de pesquisador para ir viver na Califórnia.
Não tinha intenção alguma de voltar para lá, mas o destino teimava em colocá-lo naquele lugar.
Não recusou, pelo contrário, aceitou de bom grado. Assim estaria mais próximo de seus pais e de seu amigo Ian.
Comprou um apartamento para seus pais na capital, comprou a parte de Ian no apartamento em que moravam, já que seu amigo agora estava casado.
A viagem de 3 meses de Ian para a índia resultou em um retorno bastante "animado". No mês seguinte, Rachel descobriu que estava grávida.
Esse detalhe fizeram eles apressarem os preparativos da casa nova e adiarem o casamento. Mas no ano seguinte eles oficializaram a união.
Nos anos em que ficou fora do país, Jimin se estabilizou ainda mais. Tanto no profissional quanto no sentimental.
Taylor esteve com Jimin na maior parte desse processo. Quatro anos de namoro foram um suporte incondicional do qual Jimin não tinha ideia que precisava.
No entanto, durante esse tempo, Jimin conheceu os pais de Taylor. No início tudo parecia tranquilo, eles eram muito educados e muito felizes com relacionamento dos dois. Mas ao decidirem ir morar juntos, as coisas mudaram completamente.
Os pais de Taylor não achavam que o filho tinha intenção de levar tão a sério o relacionamento a tal ponto.
Começaram as discussões, os desentendimentos e as "indiretas" para Jimin.
Os pais de Taylor sonhavam que ele se casasse com uma boa moça e lhes dessem muitos netos. Esse era o assunto que mais afetava Jimin. A palavra adoção era como uma ofensa para os mais velhos. Queriam filhos legítimos de seu primogênito.
Jimin se sentia profundamente afetado ao ver Taylor triste por brigar com seus pais pela escolha do parceiro que seu filho havia feito. Então decidiu terminar com ele. Não achava certo um filho se afastar da família por causa de um relacionamento.
Jimin ficou triste por terminar com Taylor, mas não voltou atrás. Agora nenhum sentimento de decepção amorosa o derrubava como antes. Era forte o suficiente para arcar com suas escolhas sentimentais.
No ano seguinte surgiu a oportunidade de trabalhar em seu país. Ele aceitou e agora sentia-se feliz pelas escolhas que fez em sua vida.
Ian também havia subido de cargo nas montadoras Jeon. Viajava com certa frequência para fora do país, e hoje, ele tinha uma viagem marcada para a Austrália.
Rachel conseguiu abrir outras filiais de seu café. Andava sempre muito ocupada. E hoje tinha uma visita de supervisão em uma loja na cidade vizinha. Então a pequena Annie, de quase 6 anos, não teria quem a buscasse na aula de ballet. Então Ian pediu sua ajuda. Ele a buscaria e a deixaria na casa dos pais da Rachel.
Por volta das 15h horas Jimin deixou o escritório e rumou até o estúdio de ballet para buscá-la.
Ele estacionou o carro e seguiu pela calçada até a entrada do estúdio. A poucos passos da porta, ele a viu junto a uma garotinha e um homem que estava agachado e segurava a mão da outra menininha. Elas falavam alguma coisa com ele, a menina de vestido branco parecia bastante animada com o assunto.
— Jiminie! — Annie exclamou animada e correu para abraça-lo.
— Oi, bonequinha! — se abaixou e a pegou no colo, deixando um beijo em sua bochecha rosada.
— Jiminie, podemos tomar sorvete com a minha melhor amiga? — perguntou graciosamente animada.
— Sorvete?
— Sim! De blueberry! — passou as mãozinha sapecas pelo rosto dele.
— Se não houver problemas dela ir, podemos sim!
— Obrigada, tio Jiminie! — ela agitou as pernas e Jimin a colocou no chão. — Vamos lá, ela está nos esperando! — puxou Jimin pela mão. — Mahya, Jiminie vai com a gente!
O coração de Jimin chegou a doer quando a menina correu de encontro a Annie e o homem que estava com ela levantou se virou para ele.
— Jungkook? — sua voz falhou.
— Jimin-ssi? — JK estava igualmente surpreso ao vê-lo.
Ambos ficaram parados encarando um ao outro. Não sabiam o que fazer.
— Jiminie, essa é minha melhor amiga, Mahya! — Annie interrompeu o transe dos dois. — E esse é o Sr Jeon, papai dela. — a menina sorria inocente.
— É, eu sei...— murmurou baixo.
— Você conhece o meu appa? — Mahya sorria igualmente animada.
— Sim, estrelinha, nós nos conhecemos. — JK se pronunciou. — Já fomos...
— Amigos! — Jimin completou. — Na época do colégio. — JK suspirou e desviou o olhar, forçando um sorriso para a filha.
— Appa, isso é muito legal!
— É... Na verdade, nem sempre foi tão...
— Foi muito bom ser amigo do seu appa! — Jimin o cortou. O Jeon lhe encarou em dúvida. — Seu appa foi o melhor amigo que eu já tive! — JK o encarou triste.
Jimin não mentia quando dizia aquilo, não estava remediando tudo o que já havia passado com o com ele, ou tentava encobrir aquela situação inusitada. JK havia sido mesmo o melhor amigo que ele já teve.
Na época do colégio, antes dos sentimentos serem tudo o prendia um ao outro, eles tinha uma amizade sólida e leal. Se deixarem levar apenas pelos sentimentos foi o que desencadeou toda a dor e sofrimento que ambos arcaram.
Se tivessem priorizado, acima de tudo, a amizade que tinham, talvez as coisas tivessem sido mais fáceis.
— Você também foi o melhor amigo que já tive! — declarou.
— É bom ouvir isso, Jungkook!
Jungkook notou que havia algo difernete em Jimin. Não havia aquela aura de decepção e ressentimentos no que dizia. Parecia leve, limpo, livre.
E Jimin realmente se sentia assim. O passado não podia ser esquecido, mudado. Mas se prender a ele era evitar toda e qualquer evolução interna. As escolhas que fez, as vezes que seu coração foi partido e as decepções que já sofreu não pesavam mais dentro dele. Estava melhor do que nunca sem tudo aquilo. Estava feliz, e isso era tudo o que ele sempre quis.
A felicidade era para poucos. E só quem sabia enfrentar os próprios demônios podia alcança-la.
— Então vamos lá? Quem quer tomar sorvete? — Jimin se inclinou e abriu um largo sorriso para as meninas.
— Eu! — as duas disseram em unissono, erguendo as mãos.
Era verão na Coréia do Sul. O sol brilhava forte, as pessoas preferiam estar em locais abertos ou em sorveterias. Aquela, por sinal, estava cheia.
Jimin observava Annie, Mahya e Jungkook escolhendo os sabores dos sorvetes. As meninas sempre muito animadas e Jungkook, parecia igualmente sorridente.
Jimin gostava de vê-lo assim. A coisa mais bonita que havia nele era aquele sorriso magnífico. Suspirou despreocupado.
Se fosse em outra época, Jimin estaria triste ou melancólico, mas agora, ele estava bem. Estava feliz, mesmo que o olhar do JK fosse bem diferente do que seu sorriso emitia.
Os três chegaram a mesa e as meninas olhavam curiosas para o sorvete uma da outra. JK não tinha sorvete.
— Não havia nenhum que fosse do seu agrado? — Jimin puxou conversa.
— Na verdade, eu preferi não tomar sorvete hoje. — respondeu sem encará-lo.
— Ainda prefere torta? — essa pergunta sim capturou por completo a atenção dele. Jimin ainda se lembrava de detalhes de um passado bem longo.
— Sua memória é bem vívida, é bom que não se esqueça de nada que já passou comigo. — o tom do Jeon carregava um seriedade incomum. Jimin não se sentiu afetado, apenas o encarou impassível.
— Não se preocupe com isso. Eu não me esqueço de nada. — disse com uma voz suave.
O olhar deles ficou preso um ao outro por um longo tempo, sem que precisassem dizer nada.
Jungkook sabia que a frase dele também tinha relação com o último encontro que tiveram. Só não entendia como ele conseguia se manter tão desprendido. Ele agia como se nunca houvesse sido magoado, como se nunca tivesse sido ferido. Como se o próprio Jeon não fosse o causador disso tudo.
Já para Jimin, ele conseguia ver bem a confusão nos olhos do Jungkook. Ele também parecia preocupado, inseguro. E principalmente, com medo.
— Você está bem? — Jimin viu quando os olhos dele marejaram. Aquilo lhe deu muitas respostas.
— Appa, podemos tomar mais sorvete? — Mahya interrpeu o contato visual dos dois. Jimin sorriu ao vê-la com as bochechas sujas de chocolate.
— Jiminie, eu também quero mais sorvete! — Annie tinha as bochechas e os dedos coloridos de azul.
— Só se você me prometer que não vai contar para o seu pai. — Jimin inclinou-se sobre a mesa e chochichiu para a menina.
— Um segredo só nosso? — Annie arregalou os olhos e seu sorriso ia de orelha a orelha.
— Um segredo só nosso! — afirmou ele.
— Obaa!
Ela levantou, puxando Mahya consigo e as duas foram escolher um novo sabor de sorvete.
Jungkook evitou falar com Jimin outra vez. Sequer olhava para ele. Jimin respeitou o fato dele não querer conversar e apenas intercalava entre observar as meninas e o ambiente.
Antes de irem embora, as meninas se despediram próximo a porta do carro do Jeon. Jimin esperava por Annie encostado no carro dele com os braços cruzados e observava o jeito afetuoso como as duas meninas se abraçaram.
— Se conhecem há tão pouco tempo e já nutrem um carinho genuíno, uma pela outra. — Jungkook disse ao se aproximar de Jimin.
— Não sei se a inocência nos torna vulneráveis ou mais livres. — puxou os óculos escuros que usava e olhou para as meninas depois encarou o Jeon. Ele preferiu não comentar o assunto. Decidiu ir por outro caminho.
— Muito obrigado por ter sido...legal hoje. Eu sei que você deve me odiar, mas a Mahya se sentiu confortável com o passeio.
— Fico feliz por ela. — se empertigou, arrumando a gravata. — E eu não odeio você. Pelo contrário. — arrumou os óculos no rosto, sem olhar para ele, mas sabia que o Jeon estava bem atento a todos os seus movimentos. — Na maior parte do tempo eu sinto pena de você, Jungkook. Mas não é de um jeito sarcástico ou desdenhoso. E em momentos como esse, — olhou diretamamte para ele, para que não houvesse dúvidas quando ouvisse o que tinha a dizer. — me faz ter completa certeza de que amo a pessoa certa.
Jungkook arregalou os olhos e olhou para um lado e outro, sem enteder se estava ouvindo certo. Engoliu seco.
— O que di-
— Não me faça repetir isso. Sei que você não é surdo. — se virou e abriu a porta traseira. Annie entrou rápido no carro e se acomodou, colocando o cinto de segurança. Jimin fechou a porta. — Quando você estiver pronto para conversar, sabe onde eu moro.
Jungkook ficou imóvel, não tinha muita certeza se aquele momento estava mesmo acontecendo. O que havia acontecido com Park Jimin?
Jimin já não sabia mais para que lado deveria ir.
Rachel dizia esquerda, Ian dizia direita. Ele já estava ficando louco com todo aquele lá e cá dos dois.
— Ótimo! — Jimin caminhou rápido até uma mesa a sua frente. — quando vocês decidirem, me avisem. Eu vou lá fora tomar um ar até decidirem. — ele se afastou dos dois ambos sorriram ao se dar conta de toda a confusão que estavam causando na cabeça do Jimin.
Na quela noite seria a festa de 6 anos da Annie.
Mesmo contratando um buffet completo, Rachel preferia acompanhar tudo de perto.
E com "acompanhar tudo de perto", significava que ela daria palpites em tudo que pudesse. Queria que a festa fosse memorável para a pequena Annie.
— Appa, acha esse vestido bonito?
— Claro, estrelinha. Todos são lindos. — JK está a com Mahya em uma loja de roupas. Ela queria o vestido mais bonito para ir a festa da melhor amiga.
— Acha que a Annie vai gostar dessa cor?
O vestido era vermelho, tinha um longo tule com brilhos ao longo da saia volumosa. Lembrava a Jungkook os Saari que Shivani usava.
Todos tinham que ser excepcionalmente brilhantes. Ela nunca passava despercebida ao usar um. A cada dia que passava, JK via mais traços de sua amada esposa em sua filha. E amava constatar isso.
— Tenho certeza que ela vai gostar. — sorriu confiante.
— Appa, já escolheu sua roupa para ir a festa comigo? — foi então que Jungkook suspirou frustrado.
Desde que sonhou com Shivani, na noite em que prometeu nunca deixar Mahya sozinha, ele tem cumprido e levado à risca cada uma de suas palavras.
Jungkook estava com Mahya na primeira vez que comeu algo diferente, na primeira vez em que falou algo coerente, na primeira vez que andou sozinha. Assim como no seu primeiro dia no maternal, no fundamental e na aula de ballet.
Na verdade, Jungkook havia se tornado um "escravo" do tempo de Mahya. Ele só trabalhava quando ela estava ocupada. Nada no mundo era mais importante que ela.
Seu trabalho estava sempre em segundo plano. Se Mahya tivesse alguma apresentação na escola, no ballet ou no Taekwondo, ele simplesmente não viajava a negócios. Não ousaria perder um único momento importante da vida dela. Ainda se arrependia de não ter estado lá quando ela nasceu.
Jungkook era um homem feliz.
Nem sabia ao certo como ele poderia ter tido essa sorte depois de tudo o caos que causou nas vidas alheias.
No entanto, a noite, em seu quarto, ele sempre se sentia solitário. Nas horas em que Mahya descansava tranquilamente, ele sentia falta de ter alguém para dividir sua cama. Para poder compartilhar um carinho, para dividir seu afeto e rotina diária.
Depois que Shivani se foi, ele se dedicou somente a Mahya e a mais ninguém. Nem a si mesmo.
Sua vida se resumiu a Mahya, um pouco de trabalho e a inúmeras noites encarando o teto sobre a sua cama. Pensava em Jimin, e principalmente em Shivani.
Teve dois amores. Amou ambos com uma intensidade absurda. E os condenou a um sofrimento inimaginável.
Toda vez que sentia falta deles, parava para pensar que merecia estar sozinho, que merecia não ter nenhum dos dois ao seu lado. Que merecia a eterna solidão de um coração cheio de amor e uma cama vazia e fria ao lado.
O amor de Mahya bastava. Tinha que bastar.
Ela era tudo o que ele tinha. Ela era mais do que ele merecia.
— Eu não preciso me preocupar muito com isso, estrelinha. — ele levantou da cadeira em que estava sentado, se aproximou dela e agachou em sua frente. — E você, deveria escolher logo um desses vestidos. Já está ficando tarde e você precisa almoçar.
— Appa, vai me levar para comer no Kali's? — os olhos dela chegaram a brilhar com a expectativa.
— Só se você não demorar muito par escolher um vestido. — passou as mãos pelos longos cabelos negros da filha.
— Eu vou levar este. — ela passou as mãozinhas pelo tule dourado.
— Então vamos ao Kali's! — Mahya deu pulinhos de alegria.
Jungkook sempre disponibilizou para a filha as coisas da cultura hindi. Desde vestimentas à canções, religiões, tradições e, claro, comidas típicas.
Mahya gostava muito da culinária Indiana. Assim como sua mãe. Jungkook pretendia colocá-la em aulas particulares de hindi, mas achava que ela ainda era muito nova para começar. Pelo menos foi o que pensou dois anos atrás. Agora já se questionava mais sobre o assunto.
A festa tinha o tema das princesas da Disney.
Annie estava em um lindo vestido azul com detalhes brancos. Obviamente todo mundo já sabia que a princesa preferida dela era Cinderela .
Balões coloridos e painéis com desenhos de todas as princesas estavam por todas as paredes do local. Em cada extremidade do local havia o "cantinho da foto", onde os convidados podiam tirar fotos com a temática da princesa preferida.
Não era surpresa para Jungkook que a Mahya tirasse fotos no cantinho da princesa Jasmine. Por mais que ela não fosse uma princesa Indiana, se encaixava mais com o que a menina apreciava.
Jungkook estava sentado a mesa, do lado mais afastado do salão. Ia a todos os eventos que Mahya queria, era seu acompanhante, mas não costumava socializar com as outras pessoas. Só aderia aos convites por causa da Mahya. Ela sim precisava estar com coleguinhas e amigos. E JK costumava sair deles feliz por vê-la sempre muito alegre.
Hora ou outra ele via Jimin. Não ousou se aproximar para sequer dizer um "oi". Quanto mais longe ele ficasse de si, melhor para ele.
Assim ele pensava.
Enquanto Mahya brincava, aproveitando a festa com os amiguinhos e com as moças fantasiadas de princesas, contratadas para animar a festa, ele se retirou da mesa e foi ao banheiro.
Em frente a pia, ele lavou o rosto e encarou o próprio reflexo no espelho. Apoiou as mãos nas laterais e baixou a cabeça, inclinando-se sobre ela. Era muito difícil estar no mesmo ambiente que Jimin.
Desde que se reencontraram na semana passada, uma euforia descomunal agitou o peito do Jeon.
Jimin tinha o dom de tirá-lo de órbita sempre que se encontravam. Não tinha como ser diferente agora.
Os sentimentos que Jungkook tinha por ele ainda estavam lá, guardados e intactos, mesmo depois desses 6 anos. Vê-lo interagir com as pessoas em volta, sorrir tão maravilhado e fingir que o Jeon não estava por perto, gerava uma dor aguda dentro de Jungkook.
Ele está melhor assim, longe de mim.
Quanto mais longe ele ficar, maiores são as chances dele não se machucar mais.
— Do jeito que você está se segurando nessa bancada, não sei se chamo uma ambulância ou rezo para que o prédio não esteja desabando. — JK levantou rápido o rosto encarando o reflexo de Jimin. Surpreso, ele se virou para o Park.
— Jimin-ssi? — ele encarou o Jeon de cima à baixo.
— É assim que você se veste para uma festa? Parece que está indo trabalhar. — Jimin se aproximou da pia e lavou as mãos.
JK estava usando uma calça preta social e uma camisa bordô, igualmente social.
Ele olhou para as próprias roupas e depois se virou para o espelho, abrindo um botão próximo do pescoço. Sentia muito calor.
— A Mahya está muito bonita hoje. — Jimin puxou conversa. — Suponho que ela mesma tenha escolhido o vestido.
— Sim, ela gosta desse tipo de coisa. Acho que as mulheres já vêm de fábrica com o pré-requisito "moda". — brincou o Jeon. Jimin gargalhou.
Jungkook olhou para ele e não sabia o que fazer. Era tão bom vê-lo sorrindo daquela forma. Saber que seus sorrisos agora não eram mais reprimidos.
Saber que ele já não o entristecia de qualquer forma.
Encarou o chão melancólico ao se dar conta daquilo.
— Você parece triste. — Jimin encostou na bancada e cruzou os braços. Parecia muito relaxado na presença do Jeon.
— Eu estou bem. — forçou um sorriso e lavou outra vez as mãos, pegando algumas folhas de papel toalha e passando pela nuca. Estava nervoso na presença de Jimin. Tinha medo que alguma coisa desse errado.
— Desde quando passou a mentir para si mesmo?
No início, quando eles se conheceram, Jimin não conseguia enxergar cada um dos sentimentos que Jungkook sentia. Agora, depois de todos esses anos, ele tinha essa capacidade de saber tudo o que se passava dentro do Jeon, apenas olhando em seus olhos. Era estranho não poder guardar nada de alguém que você queria a todo instante se esconder.
— Eu preciso ir. — Jungkook deu um passo em frente, mas Jimin o impediu de sair parando a sua frente.
— Porque eu tenho a impressão de que você está fugindo?
— Não estou fugindo de você. Só preciso voltar pra a festa.
— Eu não disse que está fingindo de mim. — JK engoliu seco. — Eu sei que por mais que tente fugir de mim, nunca conseguirá ficar tempo suficiente para conseguir me esquecer. — Jungkook tremeu com as palavras de Jimin. Ele sabia como mexer com toda a sua estrutura. — Eu sei disso melhor do que ninguém. Eu tentei ficar longe, fugir de você, fugir de mim mesmo, matar o amor que sinto por você, mas o destino não permite que fiquemos longe um do outro. E eu não vou mais evitar, seja lá qual for o plano que ele tenha para nós. — deu um passo em direção ao Jeon.
Jungkook não disse nada, temia que se abrisse a boca para argumentar, todo seu autocontrole fosse por água abaixo. Jimin estar assim tão perto dele, o deixava assustado e ao mesmo tempo, corajoso. Era uma mistura perigosa demais para o Park.
— Não sabia que tinha vidado fã de poesia. — JK se afastou outra vez, dando um passo atrás.
— Há muitas coisas que você não sabe sobre mim agora, Jungkook! — a voz do Park era carregada de mistério completamente novo para Jungkook. — No entanto, você continua o mesmo de sempre. Muito previsível.
— Previsível? — sorriu incrédulo. — Achei que você me conhecesse melhor do que isso.
— E eu o conheço. — deu movente um passo em direção ao Jeon. — Muito bem, por sinal. — JungkooK não conseguia mais se afastar, a parede atrás dele não permitia. Estava acuado. — Tão bem que, sei exatamente o que sente quando estou assim, a menos de um passo de você. — JK engoliu seco de novo, sem desviar o olhar dos olhos de Jimin. — Sei exatamente o que sente quando...— levantou a mão devagar e tocou levemente o rosto de Jungkook. — Eu te toco desse jeito.
A respiração de JK ficou disritmada, ele ofegava baixinho, mas Jimin conseguia sentir a respiração dele em seu rosto.
O toque macio da mão de Jimin em seu rosto era como sentir as nuvens lhe tocando. Era como a pétala de uma flor fazendo carinho em sua pele. Era maravilhoso demais.
— Eu sei que sente a minha falta, eu sei que quer estar ao meu lado o tempo todo. Eu sei que anseia por meus carinhos, por meus sorrisos, por meus toques...— Jimin deslizava a mão pelo rosto do Jeon de forma delicada e o outro apreciava o gesto de olhos fechados. — Sei que me deseja a cada segundo que me olha. — Jungkook o encarou surpreso. — Sei que arde por mim, Jungkook, que me quer na sua cama, que vislumbra meu corpo nu sob o seu. — o peito de JK movia-se rapidamente com a respiração falha, o corpo arrepiava todo a cada frase do Park. — E sei também que imagina constantemente nossos corpos se entregando a completa luxúria. — o olhar penetrante de Jimin havia aberto um buraco no muro da solidão que Jungkook ergueu entre ele e os sentimentos. — E sei, principalmente, — Jimin aproximou seu rosto do dele, olhando fixamente para seus lábios. — o quanto deseja me beijar agora.
Jimin tocou os lábios dele.
Foi tão delicado e preciso, que seus lábios se encaixaram perfeitamente um no outro.
Ele desceu a mão do rosto do Jeon e a encaixou em sua nuca. Depois disso não tinha mais como voltar.
Jungkook colocou as mãos na cintura dele e sem aviso prévio, sem dúvida alguma, sem pestanejar, enfiou sua língua na boca dele, deixando seu corpo arder como brasa aos mínimos toques do outro.
Jimin não hesitava em receber todo o desejo que Jungkook expressava naquele beijo, não resistia às investidas de sua língua ousada e ardilosa. Ele já não temia nada, não ligava para nada, só queria sucumbir aos desejos de seu corpo e alma sendo do Jungkook outra vez.
E mesmo que os sentimentos e desejos ainda fossem iguais, Jimin já não era mais. Aquele contato não o macularia outra vez. Nenhum outro contato seria doloroso, triste ou decadente posteriormente. Ele não se permitia mais mergulhar em tais sentimentos.
Jimin pressionou o Jeon na parede. O Jeon apertou suas mãos na cintura dele. Jimin se esfregou descaradamente no Jeon. Jungkook gemeu com a investida corporal do Park e sentiu suas mãos correndo por seus ombros, braços e peito. Cada toque parecia queimar ainda mais.
— Jimin-ssi, alguém pode entrar e nos pegar desse jeito. — JK encarou a porta do outro lado do banheiro.
— Eu já dei um jeito nisso! — beijava o pescoço do Jeon e seus dedos hábeis desabotoavam sua camisa.
— Você estava planejando iss- — gemeu outra vez ao sentir Jimin deixar uma chupada em seu pescoço.
Jungkook o puxou pela cintura e pressionou sua ereção contra o membro também ereto dele.
A paixão, o desejo, a luxúria e a loucura dominavam todos os sentidos dos dois. Sentimentos há tanto tempo reprimidos, tendem a expulsar a razão em momentos de contato tão intenso.
Jimin subiu suas mãos pelo peito nu do Jeon. Agora foi ele quem gemeu no pescoço do outro ao sentir o calor do corpo dele sob suas mãos.
Porém, ele queria mais. Queria o Jeon sendo completamente seu e não sairia de lá sem isso.
Desceu a mão pelo abdômen dele e adentrou sua cueca, agarrando firmemente meu membro. Jungkook levantou a cabeça e a encostou na parede. Não conseguia fazer outra coisa que não fosse gemer.
A mão pequena e macia de Jimin o torturava por dentro das roupas. Era uma tortura deliciosa. Jimin olhou para ele, ainda imerso no desejo e satisfação de sua mão o estimulando. Sentiu-se imponente diante de um Jungkook tão desarmado.
As mãos de Jungkook subiram pelo corpo de Jimin por baixo de sua camisa. O Park se arrepiou todo. Ele tirou a mão de dentro das calças de JK e beijando outra vez seu pescoço, abriu o zíper de sua calça, expondo sua excitação latejante.
Ao envolver sua mão no pau dele outra vez, JK arfou e parece que foi nesse momento que sua razão voltou a ocupar seu corpo.
— Jimin-ssi...eu não posso fazer isso. — choramingou.
— Mas você quer. E quer tanto quanto eu. — sentiu as mãos o Jeon em seu rosto, o afastando.
— Jimin-ssi, por favor...— desceu a mão até o pulso de Jimin que ainda segurava seu membro extremamente duro.
Jimin se afastou um passo e observou o pau do Jeon sem sua mão.
— Você não quer? Você está me dizendo que não me quer, que não me deseja? É isso? — o encarava impassível.
— Eu não...posso. Não posso fazer isso com você de novo. Eu não quero que se magoe. — não conseguia nem olhar nos olhos do Park.
— Jungkook...— moveu sua mão no membro dele de novo, lhe arrancando um gemido baixo. — Você fica melhor calado. Melhor ainda...— aproximou sua boca do ouvido dele sussurrando. — Você fica muito mais sexy gemendo.
Voltou seus lábios ao pescoço dele e sua mão teimosa masturbava incansavelmente a rigidez do outro.
Jimin sabia, pela sensibilidade do corpo do Jeon que, nenhuma outra pessoa o tocava há muito tempo. Ousava até a ir mais longe. Tinha quase certeza de que seu corpo estava intocado desde que sua esposa faleceu.
Ele estava certo.
As percepções do Park ficaram bem mais aguçadas nos últimos tempos. Assim como a ousadia de fazer do que queria fazer.
Voltou a se afastar, mas sua mão não parava de levar o Jeon ao delírio. Jungkook percebeu um movimento do Park e ao abrir os olhos, ele estava ajoelhado no chão, à sua frente.
— Jimin-ssi, não faça isso! — colocou as mãos no ombro dele para afastá-lo, mas não foi rápido o suficiente.
Jimin passou a língua quente e molhada da base de seu membro até sua glande, umidecendo-o.
JK teve que colocar a mão na própria boca para suprimir o gemido intenso que surgiu em sua garganta.
Jimin fez outra vez e a mão de JK no ombro dele o apertou firmemente. Era um tesão em nível extremo que percorria o corpo do Jeon que ele mal conseguia ficar de pé estando com as pernas tão trêmulas.
Jimin finalmente colocou sua boca no membro dele e chupou levemente sua glande. As mãos de JK foram até sua nuca e seus polegares acarinhavam suavemte as bochechas de Jimin.
Ele ofegava em meio as gemidos e Jimin se sentia orgulhoso em saber que, poderia se passar o tempo que fosse, Jungkook sempre seria dele. Mesmo que só alguns pedaços do que costumava ser um Jeon inteiro.
Jungkook ousou olhar para Jimin. Vê-lo ali, ajoelhado, o chupando de forma tão indecorosa e com uma expressão tão sínica no rosto, não lhe deu outra opção que não fosse fechar o olhos e sentir a língua dele passar lentamente em seu pau e logo em seguida o abocanhar com gula.
— Jimin-ssi, espera. — colocou de volta as mãos no ombro dele, na tentativa de afastá-lo. Jimin não cedeu. — Jimin-ssi! — apertou os olhos com força. Estava muito difícil se segurar. — Jimin-ssi! — alertou uma última vez antes de conseguir afastá-lo o suficiente para sua boca soltar seu pau. — Merda! — encostou a cabeça na parede e ofegou sôfrego.
Manter um ritmo respiratório era bem difícil. Parecia que a sua vida havia sido arrancada do corpo quando gozou.
Olhou para Jimin e abriu a boca para dizer algo, mas não conseguiu.
Jimin estava com o rosto coberto por seu gozo.
— Eu sinto muito. — JK ficou nervoso. — Eu tentei te avisar, tentei...
— Você é mesmo muito gostoso! — Jimin passou a língua pelos lábios, desgustando o sabor do Jeon.
— O quê? — arquejou incrédulo. — Meu Deus, que porra é isso? — o Jeon não era um homem religioso, mas a cena a sua frente o deixou abismado. No entanto, seu pau, ainda ereto, latejou.
— Eu acho que você quer um segundo round! — levantou a mão para pegar outra vez o membro do Jeon.
— Jimin-ssi, para! — pegou o pulso dele. — Você precisa se limpar. — o levantou e o levou até a pia. Jimin enfim lavou o rosto.
— Aonde você está indo? — viu pelo espelho que JK abotoava a camisa e arrumava a calça, fechando o zíper.
— O que houve aqui não devia ter acontecido, Jimin. Não é...— ele suspirou se sentindo culpado e colocou as mãos na cintura, encarando o chão. Sem coragem para olhar pro Jimin. — certo!
— Não seja bobo, Jungkook, foi só um boquete. — JK finalmente o encarou. Mas estava desnorteado com suas palavras. — Não é como se eu nunca tivesse te chupado antes.
Jungkook suspirou outra vez, encarou o teto por alguns segundo e não disse nada. Terminou de arrumar suas roupas e saiu do banheiro.
— Covarde. — Jimin bufou passando papel toalha pelo rosto para seca-lo.
Ao passar pela porta, JK hesitou em voltar para o salão. Se virou para a porta e viu um aviso colado nela.
Banheiro interditado
por tempo
indeterminado.
— Minha nossa! — passou a mão pelo rosto e apertou o próprio queixo. — Que merda foi que eu fiz?! — empertigou-se e seguiu para o salão.
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