Capítulo 43
⚠️ Atenção ⚠️
Esse capítulo contém menção de suicídio, se você, leitor, tem esse tema como gatilho, alta sensibilidade ou não gosta do tópico, sugiro que não leia.
Oi, galerinha.
Mil perdões pela demora, mas estive, realmente, sem tempo nos últimos dias para poder escrever. 😩
Me sinto frustrada quando chego do trabalho, depois de mais um dia corrido e não consigo proporcionar a vocês um capítulo digno. 🥹
Prometo tentar adaptar meu dia a dia com a escrita, pois como já estamos no finalzinho, não posso deixar vocês tanto tempo sem uma atualização. 🤭
No demais, boa leitura. 🤗
Jungkook chegou ao hospital 17 horas depois que saiu de Londres. A viagem foi um inferno, devido a uma tempestade de verão, todos os vôos tiveram que ser suspensos. Nem mesmo os particulares tinham autorização para decolar.
A apreensão de JK para chegar, e o atraso inesperado em sua partida, só o deixou ainda mais irritado.
Para piorar, ele não conseguia fazer nenhuma chamada para aparelho móvel, apenas para fixo.
Sem saber para qual hospital Shivani havia sido levada, ele só conseguiu falar com Mandie, assim, obteve pelo menos o número de telefone do local. O que não ajudou muito.
Ele conseguiu, através de uma recepcionista, saber pelo menos em que quarto ela estava. Durante o tempo em que falou com a recepcionista, insistiu para que pudesse falar com a acompanhante de sua esposa, a Sra Milth. Mas a moça não podia fazer muito mais, não era uma linha particular, então ela não poderia simplesmente ir até o quarto e chamá-la para que falasse com ele.
Seu vôo foi autorizado a decolar, e ele ficou mais de 15 horas sem poder contatar outra pessoa durante a viagem. Assim que o jatinho pousou, ele pegou seu celular, tirou do modo avião e ligava insistentemente para o celular de Shivani. Ela não atendia. Sequer a Sra Milth lhe foi útil nesse momento, já que ela também não atendeu.
A passos largos, Jungkook entrou no hospital sem passar pela recepção. Não tinha necessidade de qualquer informação, já sabia bem o andar e o número do quarto em que ela estava. Entrou no elevador e apertou o botão do 12° andar. Esperou impacientemente que aquele cubo de metal o levasse até lá. Encarava fixamente o visor sobre as portas e nunca havia notado que os segundos poderiam demorar tanto entre um e outro.
Quando as portas finalmente se abriram, ele praticamente correu pelo corredor da direita, tamanha era sua ansiedade em vê-la. Já se considerava um maldito por ter ido viajar e não ter estado com ela com um momento como aquele.
Virou em outro corredor com os olhos vasculhando os números estampados em cada porta. Parou abruptamente ao ver o Sr e a Sra Kurmar ao lado de uma das portas. Era o quarto em que Shivani estava.
No entanto, o que fez o corpo dele gelar instantaneamente foi ver seu sogro abraçando a esposa que chorava copiosamente. Ali ele soube que havia acontecido algo ruim.
Ele hesitou nos passos seguintes, temia absurdamente a realidade que encontraria ao entrar naquele cômodo.
Ele já sabia que a gravidez de Shivani era de risco, sabia que a qualquer instante tudo poderia dar errado, que a tristeza poderia entrar em sua vida outra vez e não ter previsão para ir embora.
Nas últimas semanas ele pôde acompanhar de perto todo o entusiasmo de Shivani, o quanto ela esperava pelo nascimento da filha, o quanto ela se preparava para aquele dia. Agora, a poucos passos de uma porta, ele via todo aquele brilho ser sugado de sua vida.
Shivani havia atribuído o significado de felicidade à chegada daquela criança. Agora, em meio ao calafrio que percorria seu corpo e as mãos que fechavam firmemente os punhos para evitar que elas temessem, ele sabia que seria devastado pelo sentimento de impotência, inutilidade e dor, por uma perda que tanto ele, quanto ela, não estavam prontos para encarar.
O Sr Kurmar viu JK se aproximando devagar. Apertou mais os braços em volta de sua esposa e as lágrimas molharam ainda mais seu rosto.
O olhar dele era de uma profundeza que JK nunca havia visto antes. Chegou a se assustar com tudo o que tinha dentro deles. Havia remorso, culpa, dor, fracasso. Ainda tinha um estranho vislumbre de arrependimento. Jungkook não entendia exatamente o que todos aqueles sentimentos não ditos tinham em comum com a situação que estava acontecendo.
Porque ele o encarava de tal forma? Porque havia tudo aquilo no olhar dele se sequer tiveram a oportunidade de ter uma vida ao lado da Mahya?
Talvez fosse pelo fato de sua filha nunca poder lhe dedicar tudo o que guardava dentro de si para aquela vida que gerava. Talvez fosse por ser uma vida que se perdia diante de muitas outras que não mereciam ver como o mundo tinha um lado lindo de se apreciar. Ou talvez, em seu mais profundo íntimo, ele não tenha sido o pai amoroso e dedicado que Shivani precisava, e assim, ela decidira ser com a primogênita do Jeon. Ela já havia dito inúmeras vezes a JK como sentia falta de ter seu pai consigo, como gostaria de um dia ser completamente diferente do que ele foi para ela. Esse talvez seja o peso que ele carregava agora, saber que sua filha queria uma infinidade de momentos para estar ao lado de sua Mahya, sendo tudo o que ele não foi para ela. No entanto, esse momento se perdeu para sempre.
Jungkook parou em frente a porta, hesitou ao colocar a mão na maçaneta. Sentiu a mão do Sr Kurmar sobre seu ombro e ouviu o choro reprimido de sua sogra ao notá-lo parado ali.
Ele olhou para o Sr Kurmar e ele apertou a mão em seu ombro, sem lhe dizer uma única palavra. Sabia que não era necessário. Palavra alguma poderia prepará-lo para o encontraria depois daquela porta.
Jungkook respirou fundo e abriu a porta. Esperava ver Shivani se desmanchando em lágrimas assim que a porta fosse aberta. Mas ele viu apenas o médico ali parado. Uma enfermeira cobria Shivani até a altura dos seios com um lençol. Ela não se movia, parecia calma, tranquila, desacordada.
Ele sabia bem que era um momento difícil para ela, e só conseguia ter uma leve noção de tudo o que ela deve ter passado nessas últimas horas. Jamais ousaria dizer que sabia o que ela estava passando.
- Sr Jeon? - a voz do médico era baixa. Estranhamente calma.
- Sim?
- Sinto muito, Sr Jeon, tentamos tudo o que estava ao nosso alcance, mas não conseguimos salvá-la. - JK conseguia sentir a compaixão nas palavras dele. - Depois do nascimento da criança, ainda conseguimos mantê-la estável por 3 horas, mas ela voltou a ter hemorragia e não conseguimos reverter seu quadro a tempo. - o Jeon mal piscava ao encarar o rosto de sua esposa.
- O que disse? - virou-se para o médico, parecia entorpecido.
- Sinto muito por sua esposa, Sr Jeon.
JK respirou fundo, tentou assimilar as palavras do médico, mas sua mente estava uma bagunça.
Nós não perdemos a Mahya, nós não perdemos a Mahya... Eu perdi a... Shivani?
- Shivani está...- seus olhos voltaram a se fixar na expressão serena dela sobre a cama. - Morta?
- Eu sinto muito. - lamentou o médico.
O corpo de Jungkook estava caindo em um abrindo sem fim. Era como se um buraco tivesse sido aberto sob seus pés e o imenso vazio e sugasse por completo para o centro de um breu completo.
- Shivani...- JK deu um passo em direção a cama. Era como se seus pés estivessem presos a um vasto terreno de areia movediça. A cada passo que dava, mais ele afundava. - Shivani...
Seu rosto estava pálido, seu peito doía, o ar lhe sufocava. As lágrimas desceram sem permissão por seu rosto, sua cabeça latejou e ele gemeu com a pressão que esmagava seu coração.
- Shivani...- sussurrou mais uma vez.
O médico e a enfermeira saíram e JK sequer notou.
Seus olhos não a deixava, no entanto, a única coisa que conseguia ver eram os momentos em que ela sorria.
Imaginar que aquele sorriso jamais seria seu de novo era inacreditável. Ter a certeza que a vida que permaneceu naquele corpo, hoje já não pertencia mais ao seu mundo, era inconcebível.
Ele chegou até a cama, passou sua mão por baixo do lençol e alcançou a mão dela.
Estava fria. Enfim desmoronou.
- Não, não...você não pode ir! - murmurava sozinho. - Você não pode me deixar...você não pode nos deixar.
Jungkook estava em um estado de colapso interno. Apesar das lágrimas que insistiam em brotar de seus olhos, seu rosto expressava a incredulidade em aceitar aquela realidade.
- Shivani...- apertou a mão dela na sua. - Amor...por favor, eu sei que você não foi embora. Diga alguma coisa. - sorriu inerte. - Diga que ficará tudo bem, hum? Diga que vamos sair daqui logo e cuidaremos de nossa Mahya juntos. - envolveu a mão fria dela entre as suas, fechou os olhos e a levou até seus lábios, deixando um beijo casto em seus dedos. - Por favor...você não pode me deixar. Eu não conseguirei viver sem você. Por favor, por favor...- abriu os olhos e a observou por alguns segundos.
Não havia um único movimento dela. Seu peito não subia e descia tragando o ar para seus pulmões. Não havia nenhum milimétrico movimento de suas pálpebras, não havia sequer uma fresta de vento movendo sutilmente uma mecha de seu cabelo. Não havia mais um coração batendo ali, não havia mais vida nela. Não havia mais Shivani em sua vida.
- Não! - sentou-se na cama, tirou o lençol sobre ela e a puxou para seus braços. - Não! Você não pode me deixar! Não pode! - se agarrou ao corpo sem vida de sua amada, apoiou a cabeça dela em um dos braços e passou a mão por seu rosto. - Eu preciso de você! Eu preciso do seu sorriso, preciso da sua companhia, preciso do seu amor! Não me deixe, não me deixe! - praticamente gritou em desespero. Não se conformava que ela havia partido para sempre. - Shivani! Shivani! - a abraçou novamente, colocando seu rosto entre o ombro e pescoço dela. Ele já não sentia mais o cheiro dela.
Chorou em um desespero descabido. Chorou em agonia e tristeza. Chorou com remorso, culpa, dor e fracasso. Entendeu bem o olhar que seu sogro lhe deu alguns minutos antes.
Ainda agarrado no corpo sem vida de Shivani, JK expeliu em casa lágrima a dor que enraizava seu peito a partir daquele momento.
O dia do casamento deles, a primeira vez que a viu na vida, a primeira vez que teve sua presença, a primeira vez que a viu bela e graciosa, a primeira vez que trancou seu coração para ela. Gostaria de voltar naquele dia e fazer tudo diferente.
A primeira noite de casados, a primeira vez que estivera a sós com ela, e a segunda vez que rejeitou ter a presença dela em qualquer parte de si.
A primeira vez que ela cozinhou para ele, a primeira vez que ela lhe sorriu feliz, a primeira vez que tentou colocá-lo em sua vida de bom grado. A terceira vez que ele recusou deixá-la permear os seus dias.
A primeira vez que partilharam de seu passado, de seus segredos, a primeira vez que ela declarou que seu coração já pertenceu a alguém. Foi ali a primeira vez que ele abriu espaço para uma Shivani inteira.
Todas as primeiras vezes deles juntos, todos os momentos em que ele se negava a aceitar que um sentimento crescia lentamente por ela, todas as vezes que o espírito apaixonante dela quis pertencer a ele, era isso que domava seus pensamentos agora. Era o arrependimento lhe tomando por completo por não ter apreciado cada primeira vez que teve com ela.
Os momentos em que poderia estar satisfazendo sua alma ao lado dela, que poderia estar se dando a chance de fazer cada minuto valer a pena. Que poderia tê-la amado mais.
A viagem a Cancún, os sentimentos que poderia ter aceitado sentir e que poderia ter dado a ela.
A maldita viagem que resultou em sua morte.
A culpa.
Ele a obrigou a ser sua esposa, ele a abrigou a ser algo que talvez ela ainda não quisesse. Ele a engravidou, ele a abandonou, ele a fez adoecer, ele magoou seus sentimentos. Ele partiu seu coração. Ele era o culpado por seu corpo agora estar tão gélido.
A pele fria dela revelava sua culpa. A falta de cor em seus lábios demonstrava o quão imprudente ele foi. O ar que não circulava em seus pulmões apontava o verdadeiro monstro que ele foi com ela durante o tempo em que estiveram juntos.
O remorso só evidenciava o fracasso que ele foi como marido para ela.
A culpa esfregava em sua cara o fracasso também como ser humano. E o remorso lhe trouxe uma dor que ele carregaria para o resto de seus dias.
Daquele dia em diante, a culpa, o fracasso, o remorso e a dor seriam permanentes em sua vida. Estava marcado em sua alma como uma tatuagem, uma marca, uma cicatriz. Toda vez que se lembrasse dela, sua alma mergulharia ainda mais fundo em um desses sentimentos.
O choro nada mais era do que muitos arrependimentos em forma de lágrimas. Era como ele pagava por não ter sido diferente, por não ter feito diferente, por não ter aceitado que seus sentimentos eram diferentes.
Na tarde seguinte, sua mãe bateu na porta de seu quarto, avisava a JK que estava na hora de ir para o velório de Shivani. Ouvir aquilo o fez desabar de novo. Ele não respondeu.
Depois de ter passado quase 4 horas ao lado do corpo de Shivani, Jungkook foi para casa. Subiu para seu quarto acompanhado de algumas garrafas de whisky e se trancou lá. Desde então, tudo o que ele fez foi beber e chorar.
Nada daquilo aliviava de alguma forma tudo o sentia, a maneira como suas certezas lhe condenavam, ou como a culpa parecia pesar a cada vez que se recordava que ela nunca mais voltaria para casa. Ainda assim, preferia fingir que sua vida não havia se tornado um imenso vazio intocável.
O que o fazia sentir menos medíocre, era saber que Jimin estava longe dele, que estava bem e vivo. Que ele não teve a oportunidade de foder com vida dele como fez com Shivani.
Jimin havia sido inteligente, preferiu se afastar de toda e qualquer possível desgraça que o Jeon pudesse lhe arrastar. Conviver com a dor de um coração partido deveria ser bem mais fácil do que perder a vida em prol dos erros de um alguém egoísta.
As incertezas e egoísmo dele traçaram um caminho doloroso e frio para Shivani, e viver o resto de seus dias envolto em um inferno sentimental e psicológico era pouco, se comparado ao destino que ele deu a ela naquela última noite em Cancún.
Largado no chão do quarto, sem sequer conseguir se levantar de tão bêbado, ele se arrastou até a porta. Com muito esforço conseguiu se pôr de pé. Se escorando pelas paredes, ele saiu do quarto e nunca foi tão difícil chegar ao outro lado do corredor e abrir aquela porta.
Ele se forçou a entrar e bateu a porta em seguida.
Estar ali dentro, inalar o cheiro dela, ver as cores que ela tanto gostava, observar a cama que ela dormia e sentia-la em cada um dos objetos contidos ali, o fez sorrir entre as lágrimas que nasciam em seus olhos extremamente inchados.
Enquanto observava o cômodo, ele caminhou com passos incertos até a cama, nem se deu conta de como havia conseguido chegar lá sem cair.
Passou a mão suavemente pela colcha da cama e por algumas almofadas, achava que essa seria a única maneira de senti-la consigo. Ele queria sentir, ansiava por isso, necessitava tê-la por perto, mesmo que fosse em uma mera ilusão de sua embriaguez.
Ele subiu na cama, engatinhou até o centro e deitou em posição fetal. Puxou uma das almofadas e inalou a fragrância que era tão persistente em seus cabelos.
Recordou-se da última vez que a viu com os cabelos molhados. Havia acabado de sair do banho. Penteava os fios diante do espelho. Vestia uma camisola vinho com um hobby preto por cima. Estava linda, mesmo encarando duvidosa seu reflexo. Ele a elogiou, ela o acusou de ser passivo e um péssimo mentiroso. Ele ficou descrente com as acusações dela, ela sorriu. Ele se levantou e foi até ela, abraçando-a e passando as mãos em sua barriga. Ela deitou a cabeça em seu peito, sem tirar os olhos dele pelo espelho. Ele disse que a amava. Ela também disse que o amava. Eles se beijaram demoradamente e depois fizeram amor em cima da cama que ele chorava sentindo a falta dela agora.
Jimin estava trabalhando quando Taylor chegou para levá-lo para casa. Ainda era cedo, Taylor sabia bem disso, mas gostava de observar Jimin enquanto terminava seu expediente.
A melhor parte do dia dele era quando chegava para pegar Jimin e ele exibia aquele sorriso tímido que fazia seus olhos praticamente sumirem.
Jimin foi até a cozinha, levando os pratos dos últimos clientes. Ele já havia recolhido os cardápios, limpou todas as mesas e já se preparava para ir embora.
- Deixa comigo! - Polly pegou a louça suja das mãos dele e o afastou da pia. - Pode ir.
- Mas eu já estava terminando. - protestou o mais alto. Por incrível que pareça, Jimin era mais alto que alguém que conhecia.
- Taylor já está te esperando há algum tempo, é melhor você ir. Eu termino isso.
- Mas...
- Jimin, vai! - piscou pra ele.
- Tudo bem. - tirou seu avental e pendurou atrás da porta da cozinha.
Ele seguiu em direção às portas de acesso ao salão, mas parou instantaneamente ao ouvir um nome conhecido.
Ele se aproximou da bancada que o cozinheiro limpava e dirigiu sua atenção para a pequena tv que ficava em um dos cantos. Passava um jornal local, e quando se atentou mais nela, viu o nome Jeon no rodapé da tela.
A passos lentos ele chegou mais perto e seus olhos se espantaram ao ler do que se tratava a notícia.
- Shivani está...morta? - não conseguia acreditar.
O fato da família Jeon ser muito conhecida no mundo dos negócios, lhe rendeu uma notícia de grande porte no jornal. Infelizmente não era nada do que Jimin esperava ouvir um dia.
- Você os conhecia? - Polly se aproximou de Jimin ao ver sua expressão incrédula.
Jimin não conseguiu dizer nada, apenas levou as mãos à boca.
A notícia ditava que a esposa do empresário Jeon Jungkook morreu durante o parto do primeiro filho do casal. O enterro havia acontecido naquela tarde, no entanto, a pessoa mais esperada que comparecesse ao velório e enterro, seu marido, não deu às caras no local.
Jimin sentiu o coração apertar e sufocou um soluço ao ouvir a matéria completa.
- Jimin, você está bem? - Polly o puxou pelos ombros e o abraçou forte.
- Eu não acredito que ela está morta! - murmurou no ouvido dela. - Ela parecia estar bem quando...
- Foi ela que te ligou dois dias atrás? - Polly se afastou e o encarou complacente. Jimin chorou mais. Polly não precisou de uma resposta para sua pergunta.
Taylor dirigia calado ao lado de Jimin, sabia que ele não queria conversar naquele momento, então deu a ele o espaço que precisava.
Em casa, Jimin foi para o banho e chorou um pouco mais. Ao voltar para o quarto, Taylor o aguardava na cama. Não sabia o que fazer para consola-lo.
- Eu sinto muito, mini-min. - abraçou Jimin quando ele sentou na cama. - Eu não tinha ideia de que ela era tão importante assim pra você. - colocou a cabeça dele contra seu peito.
- Ela era muito importante para alguém que costumava ser importante pra mim.
Taylor não entendia o raciocínio de Jimin e nem se preocupava em entender na ocasião. Sabia que Jimin era uma pessoa sensível e que aquela notícia o deixou bastante abalado. Ainda mais depois de saber que ele havia falado com a mulher em questão poucos dias atrás.
No dia seguinte, Jimin não conseguiu ir trabalhar, não parava de pensar nas palavras que Shivani havia lhe dito naquela ligação. Relembrar da curta conversa lhe corroía a alma.
Jimin ligou para o trabalho, para Polly e depois para Taylor.
- Como assim você está indo pra Coréia? - Taylor parou o que estava fazendo ao ouvir a notícia que Jimin lhe deu. - Quando você decidiu isso? Quando pretende ir e quando volta?
- Taylor, eu explico melhor pra você depois. Agora eu preciso pegar o primeiro vôo que encontrar. - Jimin corria de um lado para o outro do quarto, pegando tudo o que lembrava de colocar na única mochila que pretendia levar.
- Jimin, você não pode viajar meio mundo de uma hora para outra e só me avisar quando já está fazendo as malas.
- Sinto muito, Taylor, mas eu preciso muito ir.
- O que exatamente você conversou com aquela mulher na última vez em que se falaram?
Jimin parou de guardar as coisas e suspirou triste. Por mais que confiasse em Taylor, não havia lhe contado sobre sua relação passada, menos ainda o que Shivani lhe disse naquela ligação.
- Me desculpe, Taylor, eu preciso ir agora. - antes que ele pudesse protestar, Jimin desligou a ligação e foi trocar de roupa.
Havia cinco dias que Shivani tinha morrido.
Cinco malditos dias que Jungkook ainda estava vivo em um mundo ao qual ela não pertencia mais.
Cinco dias que ele não saia daquele quarto. Cinco dias que não via ninguém, a não ser o próprio reflexo nos estilhaços que ainda restavam do espelho.
O quarto estava todo revirado. Em um acesso de raiva ele não conteve os próprios sentimentos que o consumiam.
Por várias vezes encarou um pedaço do espelho no chão e o segurou entre os dedos. Tudo o que pensava era em acabar com toda aquela dor que sentia. Mas também era covarde demais para levar adiante as paranóias da própria mente.
Ele sabia que nada a traria de volta, nada diminuiria sua culpa nisso tudo, mas sentir aquele objeto perfurocortante rasgar sutilmente a sua pele, lhe dava uma sensação de liberdade. Às vezes, em uma ou duas tentativas, chegou a jurar que podia ouvir a voz dela lhe chamando para ficarem juntos pela eternidade.
Estava ficando louco. Nem mesmo a sobriedade o trazia mais de volta ao mundo real.
A Sra Milth, Amélie e até o Jeonjoon já bateram do outro lado da porta, mas ele sequer respondia uma única pergunta que lhe era feita.
Não tinha mais whisky, não havia mais embriaguez. Só a realidade de uma dor insuportável que massacrava cada vez mais o peito de Jungkook.
Enquanto alguns o denominavam como um coitado que estava sofrendo pela perda da esposa, ele só conseguia se culpar por ela não estar mais ali.
Não era um marido em luto, era apenas um maldito desgraçado que causou a morte da mulher que amava.
No quarto escuro, sentado no chão, encostado na cama, ele ouviu mais batidas na porta. Ignorou novamente.
Sua cabeça martelava no ritmo das batidas que eram desferidas na madeira. Estava desidratado de tanto chorar, não tinha forças para se levantar e mandar quem fazia aquele barulho insuportável, para a puta que pariu. Nem ao menos conseguia gritar para que o deixassem em paz.
O barulho ainda ecoava pelo cômodo.
- Me deixem morrer aqui em paz. - suas palavras não eram mais do que sussurros.
A insistência já estava lhe tirando a paciência.
- Jungkook?! - seu peito bateu mais forte.
- Jimin-ssi...- o nome saiu automaticamente de sua boca.
- Jungkook, você está aí? - bateu mais algumas vezes.
- Jimin-ssi...- soluçou o nome dele com os olhos ardendo demais para ficarem abertos. Não existiam mais lágrimas para expelir.
- Jungkook, por favor, abre a porta! - disse calmamente.
- Jimin-ssi...por favor...- engatinhou pelo cômodo, cortando os joelhos ao passar por cima dos pedaços do espelho espalhados por todo o chão.
- Jungkook, eu preciso que pelo menos me diga se está bem. - Jimin não desistia.
- Ah, Jimin-ssi, por que? - chegou até a porta e sentou encostado ao lado dela.
- Kookie... Por favor, abre a porta. - foi gentil, amável em suas palavras.
- Baby Moon...- com os últimos resquícios de força que ainda tinha no corpo, ele levantou o braço e destrancou a porta.
Jimin abriu a porta com rapidez, entrou e o viu ao lado da porta. Se abaixou e o puxou para seus braços, o envolvendo em seu calor, seu cheiro e sua vitalidade.
Jungkook levantou o rosto e olhou para ele. Forçou um sorriso e obrigou sua mão a seguir seus comandos. Com muito esforço conseguiu colocá-la no rosto de Jimin e sentiu a maciez de sua pele sob sua palma.
- Você é mesmo um anjo, Jimin-ssi! - foram as últimas palavras do Jeon antes de desmaiar nos braços de Jimin.
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