Capítulo 40
Um bumbo.
O som que JK ouvia atentamente naquele momento se assemelhava bastante com o de um bumbo.
Ele encarou curioso o rosto do médico que sorria divertido.
— Esse...— arqueou as sobrancelhas para JK. — É o coração do seu filho batendo.
Jungkook ficou estático. Não conseguia acreditar que um coração tão pequeno podia bater tão rápido.
Ele ouvia as batidas com bastante atenção. Fechou os olhos e aquele som parecia até melodia para em seus ouvidos.
Ele sentiu quando Shivani apertou carinhosamente sua mão. Nem havia se dado conta de que fora ele quem entrelaçou seus dedos nos dela.
Ao abrir os olhos Shivani o encarava sorridente. Estava feliz, mesmo que seus olhos estivessem marejados.
Ele se deu conta de que estava igualmente feliz ao ouvir aquilo quando sentiu uma lágrima escorrer por seu rosto.
Jamais imaginou que algo tão pequeno pudesse ser capaz de gerar tamanha alegria. Nunca pensou que aquela consequência o faria se sentir tão orgulhoso.
Shivani não conseguia evitar de se sentir feliz com a proximidade de Jungkook. A presença dele alimentava seu coração. Temia que ele a deixasse novamente como fez há alguns meses, mas era tão bom tê-lo ao seu lado em todas aquelas descobertas.
Estar com ele a cada evolução de seu bebê era a coisa mais amorosa que ela poderia viver. Saber que ele estava ali por livre e espontânea vontade era ainda mais gratificante. Fazia seu coração bater mais forte.
Mas ao se deitar todas as noites sempre se questionava se na manhã seguinte ele poderia acabar partindo de novo. Então todo aquele brilho se perdia em meio a essas questões.
Voltando para casa, dentro do carro, ela encarava sua mão ainda na dele. Não queria que aquele ato lhe desse tantas esperanças, mas o que poderia fazer para não se sentir de tal forma?
Ele puxou a mão dela na dele para seu colo e a cobriu com a outra. Era um gesto tão significativo para ela que sentia vontade de chorar só de imaginar que tudo poderia ser apenas ilusões de seu coração apaixonado.
Ele tirou a mão de cima da dela, e de esguelha ela viu quando ele pegou o celular do bolso. Atendeu rápido e disse apenas um "sim?" para quem estivesse do outro lado da linha.
A maior parte do tempo em que esteve no telefone, JK apenas ouvia a outra pessoa e finalizou a ligação com um "deixe tudo pronto que estarei lá assim que possível!".
Ele guardou o celular no bolso e encostou no banco, suspirando alto.
— Droga!
Shivani não se metia nos assuntos de JK. Fosse com relação ao trabalho ou pessoais. Ainda assim, ousou perguntar.
— Está com problemas? — só se deu conta da pergunta quando ela saiu de sua lábios. — Desculpe, eu não deveria...
— Eu terei que viajar a trabalho. — disse desgostoso.
Shivani apertou os lábios para não sorrir, só não entendia o porquê daquele sorriso, se era por ele ter lhe dado alguma "satisfação" ou pelo alívio de saber que se tratava de trabalho.
— Eu não queria ter que ir. Sei que seu estado ainda demanda cuidado e eu não queria me afastar de você agora.
Ela o encarou esperançosa. Ele estava mesmo se preocupando com ela, não queria ir, não queria deixá-la, não queria ficar sem ela.
— Jungkook...
— Eu sinto muito, não tenho como adiar. Surgiram alguns imprevistos na filial da...— ele parou de imediato e sorriu para ela. Quando sua mão que ainda estava pegada na dela, lhe apertou vagarosamente, ela soube que ele teve alguma ideia.
No quarto de Shivani, a Sra Milth e Amélie praticamente corriam de um lado para o outro apressadas. Tentavam deixar a mala dela pronta com tudo o que ela precisaria nos poucos dias que ficaria na Índia.
Fazendo um suspense que estava incomodando demais Shivani, JK pegou o celular outra vez e fez uma chamada. Ele ligou para o médico que tinham acabado de sair. Ele queria saber se as condições de Shivani lhe restringiam a viajar. O médico lhe informou que era sempre bom tomar o máximo de cuidado possível, já que a gravidez dela era delicada pelo estado de saúde em que ficou quando o feto começou a se formar. Não era uma gravidez de alto risco, no entanto, quanto mais cuidado ela pudesse ter, menores seriam as chances de um aborto.
Porém, o médico prescreveu a JK os cuidados que precisavam ser minuciosos. Sendo assim, ela poderia viajar, desde que fosse da forma mais confortável possível.
JK ligou logo depois para Mandie e lhe pediu que fretasse um jatinho mais adequado para comportar sua esposa.
Já que não tinha certeza de quantos dias ficaria na Índia, e os pais de Shivani ainda não puderam vir depois da descoberta da gravidez e indo com ele, sua supervisão ficaria sempre atenta, decidiu que a levaria consigo.
Ela não disse nada com a decisão que ele tomou. Sentiu-se feliz por ele ter feito tudo o que podia para levá-la consigo.
Olhando para a governanta que fechava a sua mala, ela sequer prestava realmente atenção no que acontecia ali.
Ele quer que eu esteja com ele. Ele quer estar ao meu lado a todo momento. — era só o que permeava sua mente no momento.
Jungkook estava na porta da cabine particular do jatinho, observando Shivani dormir. Se aproximou e sentou ao lado dela. Passou levemente os dedos pelos cabelos dela. Sentia muita falta da sua Shivani. Mas não desistiria de um dia ainda tê-la de volta.
— Eu vou amá-la todos os dias, assim como ele pediu que eu fizesse. Mesmo que ainda não esteja pronta para me perdoar. Eu não vou desistir de você. Não depois dele ter aberto mão de mim para que existisse um nós, Shivani. — sussurrou baixinho.
JK estava começando a se arrepender de ter levado Shivani junto consigo depois dela ter reclamado de enjoos. Ainda que ela dissessee que estava bem, ele achou que havia sido precipitado. Mas ele perdeu os argumentos depois dela ressaltar que mesmo com os pés bem firmes no chão, o enjoou ainda lhe acometia em algumas ocasiões.
Eles chegaram à índia no início da madrugada. Não querendo acrescentar mais nenhuma dose de loucura nessa viagem, Jungkook optou por ficar em um hotel próximo ao aeroporto. Pela manhã, depois de devidamente descansados, eles viajariam para a cidade vizinha, onde residiam os pais de Shivani.
O Sr Kurmar estava fora do país, mas a mãe de Shivani ficou eufórica ao saber que sua filha estava indo lhe visitar.
Shivani ficou muito entusiasmada quando JK pediu apenas uma suíte no hotel. Pensou por um momento que, de alguma forma, eles dividiram a cama naquela noite, como costumava ser há alguns meses. Um virado para o outro, trocando experiências e confidências até pegarem no sono.
Não foi o que aconteceu.
JK passou a maior parte do tempo no telefone, trabalhando. E quando o cansaço lhe venceu, ele adormeceu no sofá.
Shivani acordou com os primeiros raios de sol, estava ansiosa para estar em casa. Saiu do quarto e viu JK largado no sofá. Parecia cansado.
Ela se aproximou, sentou no chão e o observou por alguns minutos. Ela o achava tão lindo enquanto dormia. Não que não fosse quando acordado, mas por vê-lo tão despreocupado, tão calmo e sereno. Ela sentia falta do JK que ele costumava dar a ela.
Durante o dia, Shivani foi para casa de seus pais. JK teve que ir à sede da filial.
Ela foi recebida com muito carinho e festa por todos que a aguardavam. Estavam felizes em saber que a família estava crescendo. Shivani não pode deixar de sentir certa melancolia. Seus familiares estavam orgulhosos, mas ainda se perguntava se em algum momento, JK também se sentia assim.
Jungkook teve um dia difícil. Algumas das peças que estavam sendo enviadas para a filial não estavam sendo autorizadas à entrada no país, e ele precisou ir pessoalmente para resolver essa questão, o que lhe demandou um dia inteiro. As novas montagens estavam atrasadas por causa desse contratempo no recebimento das peças.
No final do dia JK foi para casa dos sogros. Todos lhe aguardavam.
Ao chegar, uma grande festa estava acontecendo. Shivani estava sentada a uma mesa no centro, havia muita comida e música.
Ele não estava com cabeça para festividades naquela noite, mas era uma tradição milenar de seu país.
Haviam semanas que JK não via Shivani impecavelmente maquiada e usando o saari típico de sua cultura. Estava deslumbrantemente linda. Ele sorriu orgulhoso quando foi guiado até outra mesa e apenas a observou.
Algum tempo depois ela notou que ele havia chegado e seus olhares se encontravam vez ou outra. Ela estava feliz em vê-lo ali. O jeito como seu coração batia intensamente no peito a cada sorriso que ele dava, a fazia suspirar.
Ambos comeram, ela mais do que ele, já que a comida típica dali a agradava muito e sua fome era persistente nos últimos dias.
Ele não comeu muito. Não que estivesse desagradável, apenas seu paladar que não estava acostumado com aquele tempero.
Pouco tempo depois, Jungkook queria muito poder aproveitar do tempo livre para descansar. Havia tido um dia cansativo.
Seguindo as instruções de sua mãe, Shivani o levou até o quarto que dividiríam naquela noite. Não foi surpresa para nenhum dos dois que seria preparado apenas um quarto. Assim como não seria estranho para nenhum deles dividir o cômodo um com o outro. Já fizeram isso outras vezes, apesar de as circunstâncias serem bem diferentes.
Jungkook adentrou o cômodo depois de Shivani.
Ela lhe indicou o banheiro e onde estava guardada sua mala. Ele não demorou nada para abri-la e pegar uma muda de roupa e partir para o banho. Precisava muito que a água quente relaxasse seu corpo.
Enquanto JK tomava banho, Shivani arrumou a cama para se deitarem. Retirou as desnecessárias 11 almofadas de cima da cama e as colocou sobre um sofá próximo a uma soleira. Trocou de roupa e foi para a cama. Sentia-se igualmente cansada.
Antes dela se deitar, JK saiu do banheiro, passando a toalha pelos cabelos molhados.
— Não existe nada melhor que um banho depois de um dia como esse! — afirmou ainda passando a toalha nos cabelos.
— Imagino que seu dia tenha sido exaustivo. — comentou ela.
— Sem dúvida! — colocou a toalha no pescoço e segurou ambas as pontas com as mãos. — Pelo menos resolvi o problema. — ele suspirou aliviado ao olhá-la com um sorriso satisfeito no rosto.
— Isso significa que iremos para casa?
— Podemos ficar mais um pouco, se você quiser.
— Sério? — perguntou com um brilho no olhar.
— Seríssimo! — ela ficou tão feliz ao ouvir aquilo que JK não teve como evitar de ser contagiado com seu entusiasmo.
— Obrigada! — agradeceu tímida.
Ele ficaram alguns segundos em silêncio, não sabiam exatamente o que estavam esperando um do outro, apenas queriam interagir. Aquilo sim, era recíproco.
Mas como nenhum dos dois iniciou uma conversa, Shivani puxou as cobertas. Jungkook entendeu aquilo como um sinal de que ela preferia dormir.
Ele deixou a toalha sobre a cabeceira inferior da cama, pegou uma das almofadas, a jogou no chão e se agachou. Não precisaria de uma coberta, sentia calor. Sequer havia vestido a camisa ao sair do banheiro. O clima ali não lhe agradava muito, já que ele não era muito fã do calor.
— O que está fazendo? — ela sentou na cama o observando sobre o tapete.
— Imaginei que não... Bem, que preferiria ter mais espaço na cama.
— Não pode dormir no chão! — ela puxou mais as cobertas da cama, lhe abrindo espaço para se deitar a seu lado. — Na índia só dormimos no chão quando estamos de luto.
— Jura? — ficou confuso. — Por que?
— Não me faça perguntas difíceis de explicar a essa hora.
— Tudo bem. — ele pegou a almofada e devolveu no sofá. Foi até a cama e se sentou. — Obrigado. — recostou-se na cabeceira.
Enquanto ela arrumava as cobertas, ele a observava pacientemente.
— O que houve com seus ombros? — encarava curioso as marcas sobre os ombros dela.
As marcas eram finas e bem demarcadas na pele. Ela já havia se acostumado com aquele desconforto nas últimas semanas. Ela olhou de soslaio para o local e deu de ombros.
— Acho que preciso de sutiãs novos.
— Isso foi...
— Sim. Meus seios aumentaram, consequentemente ficaram mais pesados, então precisarei me adaptar. — ela sentiu o corpo retesar com o toque dele no local.
Levemente ele passou os dedos sobre as marcas. Foi extremamente cauteloso para não incomodá-la mais do que já devia estar com aquele desconforto.
— Eu sinto muito. — foi complacente.
— Não se preocupe, isso é mais comum do que se imagina.
Ele se aproximou mais dela e ainda encarava o local com atenção, enquanto seus dedos deslizavam sobre os ombros dela.
Sem sentir nenhuma resistência dela ao seu toque, ele encostou mais o rosto e beijou o local. O corpo dela arrepiou com tamanho cuidado ao qual ele a tocava com os lábios.
Jungkook beijou do ombro até as costas dela, onde terminavam as marcas. Fez a mesma coisa do outro lado. Shivani só conseguiu fechar os olhos e apreciar seu ato de carinho e cuidado.
Ele sentiu o corpo dela relaxar sob seu toque leve. Se aproximou mais, quase tocando seu peito nas costas dela. Beijou outra vez a pele maculada dela. Porém, dessa vez no sentido contrário. Beijou primeiro suas costas e foi subindo até o ombro. Ele sentia nos lábios que aquele gesto a arrepiava. Prosseguiu.
Suavemente colocou a mão na cintura dela e deslizou até sua barriga, colocando seu peito quente contra as costas dela enquanto subia com beijos leves do ombro dela até o pescoço.
De olhos fechados, Shivani sentia o corpo pedir por mais contato. Era difícil não desejar mais do carinho que ele lhe proporcionava.
A outra mão dele subiu pelo braço dela, alcançou seu pescoço e sutilmente tocou seu queixo, virando o rosto dela. Beijou também sua bochecha e em uma lentidão gritante tocou os lábios dela.
Era um ato de sedução que inevitavelmente a fez ceder. Queria tê-lo, não havia dúvida. Ele também conseguia sentir o quanto ela o desejava.
A deitou vagarosamente em seu braço e a outra mão a puxou pela cintura. Sua língua ousava perturbar os pensamentos dela, também queria mais do que aquele contato proporcionava.
Quando ele a deitou na cama e fez menção de sobrepor seu corpo ao dela, seu corpo entrou em alerta.
Ele é seu marido, quer apenas o que você pode lhe dar como uma boa esposa submissa.
Todo o resto se esvaiu, se perdeu, se desfez.
Não importava quão carinhoso ele fosse, ela ainda temia que de sua boca, a qualquer instante, saísse a frase eu sou seu marido, tenho esse direito.
Ela queria ser dele, ainda mais que ele fosse dela. Mas com quantas outras pessoas ele pode ter estado no tempo em que passou fora?
Na viagem dos dois, ele rapidamente encontrou alguém que pudesse satisfaze-lo, então a quantas outras ele pertenceu naqueles quase dois meses em que esteve longe dela?
Essas questões arrastavam seu coração para limbo. Não conseguia se sentir mais do que um mero objeto.
— Jungkook...— colocou as mãos no peito dele, afastando-o. Ele a encarou ansioso. — Eu tive um dia cansativo também, gostaria muito de descansar.
Não era bem uma imposição, sabia que não podia se negar ao seu marido, mas apelou para o lado compreensivo dele. E conseguiu.
— Ah, certo...— ele se afastou mais, estava confuso, mas não insistiu. Sentou-se sobre as pernas e coçou a nuca. — Desculpe, eu...
— Tudo bem. — disse hesitante, não estava acreditando que ele realmente não a obrigaria a ser dele naquela noite. — Eu só...não me sinto muito bem para...
Ela não mentiu de fato, não se sentia bem em se entregar a ele como gostaria. Seus pensamentos a torturavam, mesmo que seu corpo não quisesse outra coisa além de ser dele. Só usou um motivo mais propício.
— Venha. — ele arrumou os travesseiros para que ela se acomodasse. Aquele gesto a deixou mais confusa. — Deite-se e procure descansar.
Ela se ajeitou e se cobriu. Ele saiu da cama, se aproximou outra vez dela e deixou um beijo em sua testa.
— Durma bem.
Ele caminhou até o banheiro, entrou e fechou a porta.
Ela sentou-se na cama e não entendia bem o que havia acontecido ali.
Mesmo depois de recusa-lo, ele ainda foi atencioso e carinhoso consigo. Já não sabia mais se aquele Jungkook era o mesmo da viagem ou se voltou a ser o Jungkook que ela sempre conheceu.
Dois dias depois eles já tinham a viagem de volta para a Coréia acertada para o dia seguinte.
Como não era sempre que o CEO das montadoras Jeon estava naquele país, a filial preparou um jantar para os associados e colaboradores com a presença dele.
Todos os funcionários que estavam em trabalho temporário por lá, estariam presentes nesse jantar. Isso incluía Ian.
Naquela noite Shivani estava acompanhando Jungkook.
Ele estava com um grupo de associados enquanto ela estava com suas esposas ou respectivas acompanhantes. Ele a observava de longe, não perdia uma oportunidade de estar de olho nela.
O que o deixava mais tranquilo era ver que ela estava bastante entrosada e sorridente. Não era um evento do qual ela apenas estava tolerando.
Antes de irem para suas mesas e o jantar ser servido, ele fez um breve discurso agradecendo o trabalho e emprenho de cada um, assim como os motivou a continuar com o ótimo trabalho que estavam fazendo.
Ao ser encaminhado para sua mesa por uma assessora que ele não lembrava sequer o nome, ele procurou entre as pessoas por Shivani. Não a encontrava.
Sentou-se na mesa reservada para ele e Shivani ainda ouvindo o que a assessora dizia. Quando ela finalmente capturou sua atenção para um documento que tinha nas mãos, Shivani se aproximou da mesa.
— Jungkook, olha só quem encontrei!?
Ele a encarou sorridente, mas seu sorriso morreu ao ver quem estava ao lado de sua esposa. Ainda bem que estava sentado, caso contrário, não conseguiria se manter sobre as pernas.
— Jimin-ssi?
— Boa noite, Jungkook! — forçou um sorriso.
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