Capítulo 39
Depois de contar a Jimin como as coisas se desenrolaram naquele período até chegarem àquele momento cara a cara dos dois, desde que se casou com Shivani, em como se sentiu depois de revê-lo naquele evento da empresa com Ian, como ficou afetado com o encontro dos dois na boate e em como os sentimentos começaram a surgir por Shivani. Como foi a viagem dos dois a Cancún, sua tentativa de se envolver com outra pessoa por estar confuso em relação ao que sentia pela esposa, como se sentiu enciumado ao vê-la com outro até o desespero em achar que poderia perdê-la. Como havia se afastado dela pelo peso do remorso por suas atitudes e em como se sentiu vivo de novo nos braços de seu Baby Moon.
Jimin precisou se segurar para não chorar ao ouvi-lo falar de tudo o que ainda sentia por ele. Mas ficou ainda mais pensativo ao vê-lo se sentir agoniado quando relatou sua postura diante do pedido de divórcio dela.
Jungkook não escondeu nada de Jimin, sabia que ele merecia toda a verdade sobre seus sentimentos pelos dois. Ainda assim, não era fácil para Jimin ouvir cada uma de suas confissões. Mas seu coração já havia se partido com as ações de JK, não tinha mais como ser despedaçado.
Nos últimos dias Jimin refletiu muito sobre tudo o que estava acontecendo. Ele teve tempo para medir tudo e saber o que fazer quando aquele momento chegasse.
Jimin tinha bastante ciência de que JK estava querendo fazer o certo por Shivani, que não queria desgraçar sua vida com aquele divórcio, e por mais doloroso que fosse ouvir, teve certeza de que não se tratava apenas disso, e sim porque ele a amava e não queria vê-la partir.
JK não conseguia segurar as lágrimas, sabia que perderia Jimin depois de todo o seu desabafo. Era ainda pior ver o Park se esforçando muito para não cair no choro junto consigo. Ele se odiava por fazer Jimin sofrer, mas não esconderia nada dele.
— Jungkook...— Jimin o encarou com olhos marejados. — Você a ama? — ele precisava ouvir aquela resposta, só assim conseguiria se sentir satisfeito de alguma forma.
— Jimin-ssi...— fungou temendo dar aquela resposta. — Eu...— viu quando Jimin engoliu seco mas ainda tinha o olhar intenso sobre si. — Sim. — soluçou em silêncio. — Eu a amo.
Jimin levantou a cabeça evitando que as lágrimas rolassem por seu rosto. Enfim sorriu.
Se levantou e foi até JK no outro sofá. Sentou de frente a ele e colocou a mão em seu rosto.
— Eu sinto muito, Jimin-ssi.
— Você está lamentando ter se apaixonado por sua esposa? — secou as lágrimas no rosto do Jeon.
— Eu sei que ouvir isso te magoa.
— Na verdade, — pegou as mãos de JK e as aqueceu nas suas. — eu não estou magoado por ouvir isso, Jungkook. Eu estou...feliz. — Jimin sorriu mesmo com uma lágrima escorrendo em seu rosto. — Depois de tudo o que me contou aqui, de tudo o que você passou durante esses anos sozinho, — secou a própria lágrima. — você ainda encontrou um motivo para ser feliz.
— Me perdoe por isso. Me perdoe por tudo o que lhe causei...
— Jungkook...— colocou as duas mão no rosto dele, tomando sua completa atenção. — Eu perdoou você. — JK suspirou.
Estava feliz por receber o perdão de Jimin, e também aliviado de finalmente poder dizer aquelas palavras. Era difícil demais para o Jeon admitir seus sentimentos por sua esposa. A honestidade nunca lhe fez sentir tão íntegro quanto naquele momento.
— Eu sofri muito quando você foi embora no final do ensino médio...
— Eu sinto muito, Jimin-ssi. Sinto por antes e sinto muito por agora. Eu nunca quis fazer sofrer, acredite em mim.
— Eu sei! — JK o observou esperançoso. — Depois de tudo o que ouvi de você aqui hoje, sei que não está mentindo. Você nunca me prometeu que ficaríamos juntos e que as coisas seriam simples. Eu apenas fui covarde demais para correr atrás de saber qual era a nossa realidade nesse ponto da vida. — voltou a pegar as mãos do Jeon e apertar carinhosamente. — Você omitiu algumas coisas, isso você fez sem pudor, mas o pior de tudo foi você negar esses sentimentos de si mesmo. Eu jamais conseguiria sentir ódio por você ser honesto comigo e consigo.
— Eu sei que você é puro demais para tal sentimento.
— Não sou tão ingênuo quanto pensa, Jungkook. — arqueou uma sobrancelha. — Posso não sentir ódio, mas rancor e repulsa podem surtir o mesmo efeito do ódio. E elas costumam consumir quem os resguarda, não quem os despertou em nós.
— Eu queria poder ter feito as coisas diferentes entre nós.
— Isso faria você amar menos a sua esposa? — JK não consegue responder, apenas encarava as mãos de Jimin junto às suas. — Há coisas que, mesmo que a gente queira ter feito diferente, não mudam de fato.
— Eu não mereço o amor que você sente por mim. — suas lágrimas pingaram nas mãos de Jimin.
— Provavelmente não. — Jimin sorriu melancólico. — Mas eu não posso mudar o que sinto por você, assim como você não pode mudar o que sente por mim e por ela. — JK aperta as mãos de Jimin nas suas e leva até os lábios, deixando um beijo demorado.
— Por que as coisas têm que ser tão difíceis?
— Nada disso tem que continuar sendo assim. Você precisa facilitar as coisas, por mais dolorosas que elas sejam. — JK olha nos olhos dele sem entender suas palavras. — Não persista mais nesse erro, Jungkook. Você precisa ser sincero com ela assim como está sendo comigo. — Jimin enxerga claramente o medo em seus olhos. — Precisa dizer a ela o que sente, precisa lhe contar tudo o que está aqui, — ele coloca uma das mãos no peito de JK, sentindo as rápidas batidas de seu coração. — você não pode mais carregar esses sentimentos como uma dor. O amor é bonito demais para ser tratado como algo tão miserável.
JK chorou mais. Jimin o abraçou forte sentindo o corpo dele tremer com a dúvida que pairava sobre seu futuro.
Tudo o que Jimin queria era poder se encolher em um vazio e chorar piamente até que não lhe restasse uma única lágrima para expelir. Mas precisava libertar seu coração, e também o dele.
— Eu perdoou você, Jungkook. E eu espero que você possa ser muito feliz ao lado dela, de uma forma que nunca se arrependa por seu coração tê-la escolhido para amar.
Com o rosto contra o peito de Jimin, JK chorou alto. Aquelas palavras eram a morte de qualquer possibilidade de um dia poderem ficar juntos. Mas JK sabia que seria doloroso abrir completamente seu coração.
— Ame-a, Jungkook. Ame-a com todo o seu ser. Seja um homem completo ao lado dela. Faça-a feliz como eu sei que me faria se estivesse comigo. Proteja-a com a sua vida. Alegre-a todos os dias, seja compressivo com ela nos momentos em que for difícil entendê-la. Seja o homem dos meus sonhos na vida real dela. Seja sempre esse Jungkook, mas quando não for suficiente, seja o príncipe encantado o qual ela sempre desejou. Seja o imperfeito mais perfeito que ela admiraria.
— Jimin-ssi...— suas mãos agarram com força às roupas do Park.
— Beije-a a todo momento, faça amor com ela todas as noites, mostre seu carinho a todo instante...— Jimin soluçou em meio as palavras embargada pelo choro. — Esteja ao lado dela a cada minuto disponível, e nunca a deixe esquecer o quanto você a ama. Nunca! — o apertou mais em seus braços. — Todos esse anos eu amei o homem certo, porque sei que você pode fazer tudo isso. Mesmo que...— sua voz vacilou. — Todo esse amor que você tem não seja meu.
— Jimin-ssi, eu não queria perder você. Nunca quis. — Jimin o afastou e secou as lágrimas de seus rosto.
— Você nunca vai me perder, coelhinho. Eu estarei nas sua lembranças, nas memórias dos seus sorrisos, na melancolia do seu passado. Estarei sempre com você. Então por favor...— o puxou pela nuca e lhe beijou a testa. — por tudo o que já vivemos juntos...seja feliz!
Jimin amava tanto JK que, chegou a conclusão de que o que lhe fazia sofrer nessa história toda, não era o fato do JK não ser completamente seu, e sim por não se permitir desfrutar de qualquer felicidade e não ser inteiro em qualquer um de seus amores.
Jimin chorava pela despedida, não pela tristeza de seu coração não poder desfrutar daquele amor. No mais profundo de sua alma ele sabia que sua felicidade estava em ver o amor da sua vida sendo feliz. Fosse ao seu lado ou longe dele.
Jimin estava mais do que apenas perdoando Jungkook, estava se libertando de todas as mágoas, angústias e qualquer rancor que seu coração quisesse resguardar. E a cada lágrima ele se desfazia aos poucos de cada um desses sentimentos.
Havia uma semana que Jungkook teve seu último encontro com Jimin. Não era simples encarar o fato de que Jimin se foi e seu coração teria que voltar a viver sem ele.
Nos anos em que esteve longe de seu Baby Moon, ele sonhava que um dia o destino os colocassem juntos outra vez. E aquele sonho se realizou. Mas a realidade de que aquele sonho duraria pouco fez seu coração murchar.
Ele ainda absorvia as palavras de Jimin todas as noites.
Eu estarei nas sua lembranças, nas memórias dos seus sorrisos, na melancolia do seu passado. Estarei sempre com você.
Seja feliz!
Ele tentava todos os dias dar o seu melhor, mas olhar para Shivani e saber que uma parte de seu coração estava morrendo aos poucos ainda era doloroso.
Ele ainda cuidava dela todas as manhãs, a cada consulta médica ele estava ao lado dela, e estava presente quando a viu sorrir de novo depois de tanto tempo. No fundo do seu coração ele prometeu que seria o homem que Jimin pediu que ele fosse. Mas estava incompleto.
Como poderia ser feliz com apenas metade do coração vivo?
Na 13° semana de gestação, Shivani teria mais uma consulta de pré-natal. JK foi até o quarto dela e ao entrar parou logo depois da porta.
Ela estava parada em frente ao espelho, sua barriga que já estava ganhando volume estava exposta e ela passava suavemente a mão nela enquanto sorria para o próprio reflexo.
Era uma cena que deixava JK sem saber como reagir. Ela parecia feliz.
E ela estava. Independente de como as coisas ainda permaneciam incertas entre eles, ela começou a vislumbrar alguns momentos de felicidade com a chegada do bebê.
Se não pudesse ser feliz ao lado do homem que amava, teria ao menos em seus braços um resquício do amor que ela pode lhe proporcionar em uma noite.
As coisas haviam começado do jeito errado. Na verdade, do pior jeito que ela poderia ter imaginado, mas não carregava mais aquela noite com um erro. Ela jamais conseguiria se manter com esse pensamento. Carregava dentro de si o resultado de um momento único que havia dividido com ele. Mesmo que JK só a tenha visto como uma propriedade.
O estranho nisso tudo era que, por mais que ele a tivesse como sua, jamais a tocou novamente. Sempre que pensava no assunto ela se via confusa em muitos porquês. Ainda mais depois dele tê-la deixado e não querer lhe dar o divórcio. Os porquês só aumentavam.
Mesmo que ela não tivesse as respostas para eles, ver seu bebê crescer aos poucos lhe gerava uma esperança de que sua vida ainda poderia ser feliz, contanto que focasse na alegria certa.
Jungkook encostou na porta e cruzou os braços no peito, ainda observando atentamente. Ela se virou um pouco, ainda sem tirar os olhos de seu novo formato. Parecia orgulhosa do tamanho que estava adquirindo.
JK engoliu seco ao se dar conta de que, pela primeira vez, quis muito poder tocá-la também.
Era como se aquele ato lhe gerasse o mais belo sorriso já expressado em seu rosto. E tudo o que ele queria era poder sentir um pouco dessa alegria que transbordava em seus lábios.
O mais curioso disso tudo era ver que ela parecia feliz com a consequência do ato desesperado dele.
Shivani colocou as duas mãos na barriguinha e seu sorriso ficou ainda mais largo. Mas JK notou quando uma lágrima desceu por seu rosto.
Ela está...feliz? — a surpresa fez seus lábios abrirem um sorriso hesitante.
Não sabia se podia confiar na conclusão que tirava por si só. Ele poderia estar enganado, poderia estar vendo coisa onde não existe. Poderia estar apenas desesperado por um momento que fosse além do nada que eles tinham agora.
Ele se aproximou devagar, tinha medo de estar invadindo um espaço do qual ela não quisesse dividir com ele.
Ela o viu através do espelho mas não se moveu. Engoliu seco e seus olhos arderam mais.
— Shivani...— sua voz era um sussurro quase inaudível.
Ela manteve seu olhar nele quando ele parou a um passo de distância dela. Estava tão próximo que ela conseguiu sentir o calor do corpo dele.
— Eu, posso...— ele olhava fixamente para as mãos dela sobre a barriga.
Ela se virou para ele e via o medo explícito em seu olhar.
Ela tirou as mãos da barriga e ele apertou forte os dedos na palma da mão. Ele a abriu e em uma lentidão excruciante aproximou-a da barriga dela.
Ele espalmou a mão no ar e aproximou um pouco mais. Não havia recusa ou hesitação nela, mas ele ainda temia tocar-lhe.
Ele tocou primeiro o indicador e ela suspirou em silêncio. Depois de um minuto inteiro ele estava com a mão completamente em contato com a leve circunferência de sua barriga. Ele exalou forte. Nem havia se dado conta de que prendia a respiração.
Ela o encarava confusa, não tinha ideia do que pensava no momento. Os olhos dele ainda estavam na barriga dela e com os olhos cheios de lágrimas ela viu as dele descer pelo rosto.
Ele soube, soube exatamente o que ela estava sentindo ao tocar ali. Era esperança. Um pequeno e incompleto fragmento de esperança. Ele sorriu melancólico e passou levemente a mão pela pele macia dela.
Felicidade.
Faça-a feliz.
Seja feliz!
Nada nunca fez muito sentido quando Jungkook aceitou se casar com Shivani. Ele sempre se manteve na ideia de que não queria encontrar alguém para lhe dar seu coração. Ele já pertencia a outra pessoa. Nunca pensou ser capaz de encontrar alguma felicidade ao lado de outra pessoa que não fosse o Jimin. Seu coração estava recluso todos aqueles anos, a ideia de que o mundo não girava do mesmo jeito desde que deixou Jimin era persistente.
Mas olha só onde estava agora. Com o coração pertencendo também a outra pessoa. E para sua surpresa, seu coração bateu mais forte outra vez. Tinha menos dor e tristeza agora. Aquela metade vazia e oca agora era apenas um terço.
Jimin sempre teria seu lugar no coração dele, isso não mudaria nunca, porém, mais uma vez seu coração encontrava um novo amor.
Não era somente uma consequência, acabou de se tornar mais um gatilho para ser o homem que Jimin lhe pediu que fosse. Acabou de adquirir mais uma força para não desistir. Mais uma vez seu coração era arrastado pela euforia de um amanhã mais iluminado.
— Eu sinto muito, Shivani...— gemeu as palavras. — Eu sinto muito por tudo. — Shivani se segurou para não desabar no choro. — Eu sinto muito por sempre tê-lo encarado apenas como uma consequência.
— Jungkook...— fungou.
— Eu nunca vou conseguir reparar os erros que cometi, não posso prometer que serei perfeito... Mas vou tentar ser o melhor que eu puder na vida de vocês. Isso eu garanto.
Shivani colocou as mãos na boca para conter o choro, mas seu coração batia rápido demais no peito. Seus pulmões exigiam que ela respirasse o ar da esperança renovada, cada celula de seu corpo necessitava daquelas partículas para sobreviver. Nada poderia ser mais libertador do que ver a luz depois de tanta escuridão.
Ele a puxou e envolveu seus braços em seu corpo que soluçava piamente em busca daquela realidade.
Mesmo sem dizer uma única palavra, ele esperava que o abraço que ela retribuia significasse um passo para o tão esperado perdão. Ele precisava acreditar, necessitava daquela fagulha para não se perder outra vez.
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