Os semideuses corriam sem rumo, completamente desorientados. Apenas sabiam que deviam correr, afinal, a deusa da lua havia sussurado para Jade. Eles adentraram a antiga plantação de Jessica, sendo guiados pela filha de Hécate, destruíram os vegetais já podres devido a ausência de cuidados.

Jade levantou os braços, fazendo uma alta camada de nevoeiro negro os cobrir.

— Podemos parar.

Thomas se jogou no chão.

— Eu tenho mil perguntas — confessou Conan ofegante. — Mas, eu não sei por qual começar.

— Eu sei — disse Clarissa. — O que carambas acabou de acontecer?

Jade não pode evitar de rir com a inocência da amiga ao utilizar "carambas".

— Eu estou tão confusa quanto vocês — o sorriso sumiu de sua face, dando lugar a um olhar perdido. — Apenas ouvi sussuros. Pensei que estivessem ouvindo também.

Os outros campistas negaram.

— Você ainda os ouve?

Jade assentiu. A semideusa franziu o cenho, sua cabeça estava a mil. Tentava se lembrar da promessa.

— Do que fugimos? — perguntou Conan, deitado no gramado.

Jade comprimiu os lábios, não fazia ideia. Mas sentia que deveria confiar nessa voz, nessa deusa.

— Achei vocês — disse Belissário apoiando as mãos nos joelhos, recuperando o fôlego. — O chalé 37 pegou fogo.

— O QUÊ?

— Procurei por vocês pelo acampamento inteiro — ele apoiou as mãos nas cinturas e olhou ao redor, como se visse o lugar pela primeira vez. — Esse lugar é enorme.

— Bel — a voz de Clarissa tremia. — Nosso chalé queimou?

Belissário assentiu com a língua entre os dentes.

— Sim. Na verdade não.

— Sim ou não? É uma pergunta simples — disse Jade ferozmente.

— Uma parte pegou fogo, mas a estrutura está intacta — Belissário abriu a boca, tentando encontrar saliva em sua secura. — Apenas na parte de Jessica.

Os semideuses se entreolharam, surpresos.

— Como?

— Uma vela.

— As velas aromáticas da Clarissa — disse Jade.

— Elas nunca causariam isso.

— Elas causaram, sinto muito Clarissa.

A filha de Íris fechou a cara em um bico. Thomas a reconfortou com um aperto de leve no braço.

— Já controlamos o fogo — disse uma menina ao líder.

— Ótimo, vocês podem voltar pra lá.

— Nós não estávamos no chalé.

— Não? Filhos e abençoados de Hécate que não querem se isolar? Vocês são diferentes.

— Hm. Obrigado? — disse Thomas.

— Eu tô com fome — declarou Conan do chão.

— Eu também — disse Luna levantando-se.

Os outros imitaram seus movimentos e dirigiam-se ao refeitório.

— Você não vem?

— Não, preciso ficar sozinha.

— Você não precisa se isolar só porque o Bel disse.

— Não é por isso Clara — Jade suspirou. — Eu só preciso ficar sozinha.

— Ok, fica bem.

Clarissa apertou o passo para alcançar seus amigos, que a esperavam. Jade olhou a plantação de Jessica e suspirou.

— Eu sinto sua falta Jess.

Ela desviou da terra arada e dirigiu-se ao chalé. A parte da filha de Deméter estava queimada, as paredes pretas, como o chão, porém, o local não cheirava a queimado, o que Jade agradeceu.

A filha de Hécate subiu as escadas, indo ao seu lugar favorito. Jessica invadia seu espaço pessoal bem em suas horas de reflexão, agora, Jade sentia falta das interrupções, das ofertas de comida, das perguntas estúpidas e da loira ao seu lado apreciando aquele local.

Jade sentia-se estúpida em sentir falta dela. Ela se recusava a admitir que tinha sido abandonada, de novo. Primeiro, conhecidos que um dia foram amigos, depois Brie, agora Jessica.

Ela encarava suas mãos, percebeu a energia negra que emanava. Jade se afastou da beira do telhado e grudou na parede. Seu corpo inteiro emava tal energia. Ela não entendia o porque, mas sabia que essa era diferente das demais. Era quente.

— Jade.

A garota levantou os olhos, Jessica estava em sua frente. Seu uniforme de caçadora estava rasgado, velho, perdera a cor. Ela aparentava estar cansada, as olheiras abaixo de seus olhos representavam noites acordadas.

— Girassol... — Jade sussurou.

— Eu desisti, não consegui.

Jade apenas piscava, incrédula.

— Eu agi por impulso, mera emoção e não pensei em ninguém além de mim — ela balançou a cabeça negativamente. — Isso é mentira, eu pensei sim. Achei que fosse melhor para todos, especialmente para você.

— Eu?

— Você não precisa de mim te atrapalhando, você precisa resolver isso. É sua missão Jade, você prometeu.

Jessica se aproximou de Jade e encostou suas testas.

— Me esquece por agora.

— O quê? — Jade se afastou devido ao susto.

Jessica sorriu e se reaproximou da morena.

— Não quero te atrapalhar Jade, me tira da sua cabeça.

O coração de Jade estava acelerado, a pessoa que ela amava estava próxima, mas pedia por distância. Jade estava confusa, o seu silêncio era sua única resposta.

— Brie e eu não queremos que você falhe.

O coração de Jade errou uma batida. Ela se afastou, a sua energia dobrou.

— Quem é você?

— Sou eu — Jessica sorriu.

— Não — lágrimas ameaçavam cair dos olhos da semideusa. — Jessica não sabe sobre Brie. Quem. É. Você?

— Eu amo você, Jade.

Jade usou sua energia para invocar vultos. Lágrimas desciam de seus olhos ao vê-los atacando a mulher que amava.

— Você prometeu... — disse Jessica.

Jade piscou ao ver seus vultos retornando ao seu corpo. O telhado estava vazio. A garota desmoronou no chão.

Eu lendo e percebendo que coloquei paralelos com Catradora ‐sem querer-   :O