20. Corra
Jade acordou assustada, suas mãos tremiam. Apenas um nome vinha em sua mente, infelizmente não era a resposta que ela tanto almejava.
— Jessica — ela murmurou olhando para a cama da loira. Logo abaixou a cabeça.
Três noites haviam se passado, nas três Jade havia tido pesadelos. Típico de semideuses. O mesmo do telhado, uma caverna escura e uma voz, ela nunca a alcançava. A voz a chamava de fraca, e, era assim que ela se sentia.
Ela engoliu os soluços. Jessica a consolava em seus pesadelos do dia a dia. Mas ela não estava por perto para esses. A filha de Hécate se encolheu na cama, sentia-se impotente, totalmente desprotegida.
Ela ainda ouvia a voz sussurar em seu ouvido. Dessa vez não era a do sonho, mas sim a do coma. "Jade, eu vou ajudá-la, com uma condição".
Jade havia concordado. Mas não se lembrava qual era a condição. Ela sentia que não era boa, mas ao menos, deveria ser razoável, tendo em vista a sua barganha. "Agora que já sabe da profecia, precisarei do seu favor, buscarei logo, não tenho tanta pressa".
Mas Jade tinha, estava ansiosa. O que ela havia prometido? A sua vida? A vida de alguém? Não. Ela nunca faria isso. Não por uma estúpida profecia. Era inaceitável.
O sol nascia preguiçoso, parecia tímido, saindo de seu esconderijo aos poucos. A luz não chegava na parte de Jade, mas ela podia vê-la iluminando a cama de Jessica.
Esse nome ainda ressoava em seus ouvidos, o que a manteve sã durante sua mini aventura no coma fora a lembrança dela. Não havia como Jade agradecê-la, ela havia ido embora, era uma caçadora agora. Não hesitou, quis seguir seu sonho. Se Jade não tivesse sido tão covarde, talvez elas estivessem juntas.
— Bom dia, o sol já nasce lá na fazendinha — Clarissa cantarolava baixinho enquanto caminhava até o banheiro.
A morena se fingiu de morta na cama, não queria conversar, odiava a alegria da filha de Íris pela manhã. Era insuportávelmente radiante.
Os raios solares atravessavam a antiga janela de Jessica e iluminavam sua cama por completo. À essa hora, a semideusa estaria se arrumando para começar o dia.
Jessica encarou as Caçadoras. Todas vestidas com roupas prateadas. Ela examinava seu cabelo, agora em uma trança única. Ela não se sentia a mesma naquelas vestimentas, se estranhava profundamente.
— Temos dezenas de caçadores silvestres no setor norte. Iremos dar uma lição neles e ensiná-los a parar de caçar.
As meninas comemoraram. Jessica sentiu-se renovada. Amava a causa ambiental, talvez isso a animasse. Não foi como ela havia imaginado, as caçadoras surraram os homens, sem ao menos entrevistá-los antes.
A loira sentia-se suja olhando os corpos ensanguentados no chão. Ela fazia flores crescerem ao redor deles, na tentativa de dá-los um funeral decente.
— O que está achando do seu terceiro dia? — perguntou Thalia.
— Incrível — mentiu Jessica.
— Você não parece gostar. Quem é a pessoa?
— O quê?
— Algumas caçadoras revogam o título por odiarem arcos, outras o ar livre, outras por amarem alguém — Thalia a olhou. — A pessoa é uma semideusa?
Jessica corou, era péssima em disfarçar.
— Ela é.
— Acampamento luar?
Jessica assentiu.
— Te rejeitou?
— Ela entrou em coma.
— E você a abandonou por isso?
Jessica sentiu suas costas pesarem.
— Jade provavelmente não gosta de mim.
— Ela é sua amiga. Quando acordar e não te ver, vai estranhar.
— Vai demorar meses para ela acordar.
Thalia deu de ombros.
— Só estou te avisando antes que seja tarde demais.
Jessica engoliu a seco. A culpa a preencheu. Será que havia escolhido certo? Ou havia sido irracional?
Clarissa abraçou Thomas, ambos coraram. Jade passou a zombar de suas reações.
— Novo casal?
— O quê? Não!
— Haha. Sei — continuou Conan.
— Quando é o casório? — instigou Luna.
— Vocês não sabem de nada — protestou Thomas.
Os semideuses riram.
— Vocês ouviram isso? — perguntou Jade.
— O quê?
— O sussuro — disse Jade com a voz falhando.
— O que disse?
— Corra.
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