16. Τσεκούρι
A tensão do clima podia ser cortada por uma adaga e a que Jade segurava era ideal pra situação. Ela era longa, com lâmina levemente curva feita de ferro estígio, perfeita para ataques de curta distância. Clarissa se arrependia de estar tão próxima à semideusa.
— Por que esperaram tanto para nos contar?
— Não sabíamos como, não é fácil anunciar uma profecia.
— Adaptação de uma antiga profecia. — corrigiu Jade.
— Certo. Nós só não queríamos preocupar os campistas...
— Algo vai acontecer e agora temos menos tempo para nos preparar, graças a vocês dois.
— Jade, você não quer dizer isso.
— Tanto faz.
A semideusa saiu do chalé carregando sua adaga, em forma de chave, em seu bolso. Quando Jade recebera seu segundo presente divino, não compreendeu, por que sua mãe estava lhe entregando uma arma de forma tão repentina. Agora ela entendia, o momento era perfeito e Hécate estava ciente.
Jessica relia a profecia tentando interpretá-la. Tudo parecia muito machadiano e ela certamente odiava Dom Casmurro.
— "Sem enfoque em sua face mal iluminada", seria uma referência a magia negra?
Belissário assentiu receoso, odiava profecias, já ouvira muitas histórias trágicas, a grande maioria envolvendo Apolo.
— A antiga profecia se referia a algum semideus trazendo a magia, não é?
Belissário assentiu.
— Trazendo como?
— Não sei e mesmo se soubesse, é impossível evitar profecias.
O Chalé ficou silencioso, apenas se ouvia o som do frigobar. O papel pesava nas mãos de Jessica, o peso de décadas de espera prestes a se libertar.
— O livro. — disse Thomas.
Belissário levantou os olhos.
— Qual livro?
— O livro roxo está envolvido?
Clarissa inclinou a cabeça pensativa.
— Púrpura é sinônimo de roxo. O livro está envolvido, não?
Belissário assentiu comprimindo os lábios. Thomas sentiu o peso da profecia em seus ombros. Ele sentia-se culpado por ter atraído sua mãe ao Acampamento.
— Não — disse Clarissa — Não faz essa cara, a culpa não é sua, Circe te manipulou.
Thomas apenas balançou a cabeça, não concordava com Clarissa, mas decidiu não discordar na frente dos outros.
— Gente — Luna adentrou o chalé com a roupa chamuscada — Conan e Jade estão lutando contra monstros?
— Você está nos perguntando?
— Não — ela balançou a cabeça — É complicado, venham.
A filha de Hécate os guiou até o lago. O céu estava coberto por névoa cinza densa, os vultos não pareciam se importar, eles atacavam os dois semideuses. A adaga de Jade os desfazia em fumaça, graças ao ferro estíge, eles não se reconstituíram.
— Meus deuses. — disse Clarissa boquiaberta.
— Ajudinha? — pediu Conan.
Thomas invocou seu cetro, seus olhos estavam roxos, ele citou feitiços que destruíram os fantasmas. Raios de luz saíram das palmas de Clarissa, cegando os inimigos. Jessica tentava prendê-los com suas plantas, mas nada funcionou.
A loira xingava em grego, ela demorou a perceber que falava em grego e acabou se distraindo. Um vulto se aproximava a sua esquerda.
— JESSICA. — Jade gritou matando o vulto próximo a loira.
— Eu estou bem. Ei, eu sei falar em grego!
— Nós todos sabemos. — disse Conan.
Jessica encarou os vultos, que não paravam de chegar pelo leste. Ela sentia-se incapaz de pará-los, seus amigos pareciam lidar com a situação. Outros semideuses se aproximaram com armas. "Armas", pensou Jessica.
A loira correu até o chalé principal e pegou emprestado um machado usado na decoração.
— Jessica? — perguntou Belissário.
Ela o ignorou e saiu correndo. Não era seguro correr com uma arma em suas mãos, mas Jessica parecia não se importar, ferro estígio era tudo que ela queria.
— A-ha. — disse ela golpeando um vulto.
— O que você...
— Τσεκούρι. — disse Jessica sorridente — Machado em grego.
Jade cortava os vultos com sua adaga, Clarissa cegava-os enquanto dançava pelo campo de batalha. Thomas usava seu cetro para finalizar os últimos.
— Acabou?
Eles encararam o céu, nenhum sinal de novos vultos, a fumaça sumira, deixando o céu azul. O chão estava limpo, como se nada houvesse acontecido.
Murmúrios surgiram entre os semideuses. Jade estava nervosa, ela procurou pelo olhar de Jessica e sorriu ao perceber a loira a olhando.
— Nós temos que contar. Eu já errei antes em atrasar essa conversa e não deu muito certo.
— Clara, o Bel tem que contar, ele é o líder.
— Eu não o vi lutando pelo acampamento.
Os semideuses se calaram, Belissário não tinha ido defender o seu acampamento. O sentimento de insegurança os sufocava, Conan levantou-se.
— Vamos organizar uma fogueira. Belissário terá de contar.
Os semideuses se entreolharam. Jade levantou-se.
— Tô dentro, os outros deveriam saber do risco que o acampamento está correndo.
— ... ou o mundo! — Clarissa levantou-se dramaticamente.
— Menos, não é nenhum Cronos.
— Hécate é da época dos titãs, às vezes...
— Até você, Girassol?
Jessica corou, não havia conversado com Jade sobre o dia anterior. Ela acreditava ter sido efeito do excesso de medicamentos
— Vamos fazer a fogueira. — Thomas levantou-se.
Jessica e Luna se levantaram e o grupo dispersou-se.
— Você achou um machado. — disse Jade.
— É, eu tenho uma arma agora.
— Ele é igual ao do chalé do Bel.
— Hm, não acho.
A morena riu.
— Só espero que ninguém surte.
— Um pouco difícil depois do que aconteceu hoje.
Jade deu de ombros.
— ATENÇÃO, UM MINUTO DA SUA ATENÇÃO.
Belissário estava flutuando sob água, Clarissa a controlava e se esforçava para não rir das piadas de Thomas.
— Muito obrigado por estarem me ouvindo — o acampamento inteiro estava observando o seu líder flutuando sobre água, algumas risadas eram ouvidas na platéia — O assunto de hoje, infelizmente, é sério.
Os risos cessaram, os semideuses se entreolharam. "Os fantasmas?" "Você acha que foi Hades?" "Por que ele está flutuando na água?"
— Sim, em parte é sobre o acontecimento de hoje — ele limpou a garganta — As nossas barreiras não estão fracas. Pelo contrário, eu as fortaleci enquanto estava no chalé, o que me fez chegar a uma conclusão. Alguém daqui de dentro atraiu-os.
Conan encarou Jade.
— Sim, a profecia está se realizando.
Clarissa esperava gritos e pessoas arrancando os cabelos, mas eles apenas abaixaram as cabeças, tristes, o que doeu em Clara.
Autora: Eu amo Machado de Assis. O fato da Jessica odiar Dom Casmurro é só pra ter humor no texto♡
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