12. Circe
Thomas e Clarissa interrogavam Circe sobre a veracidade de João e Maria. A feiticeira estava confusa, mas se sentia tentada a visitar uma casa de doces. Jade brincava com feitiços que Bel havia ensinado.
— Uau, uma adaga grega. — disse Jessica se aproximando da morena.
Jade desfez a ilusão da arma e encarou a loira.
— Você parou de plantar?
Jessica riu.
— Não achei mais nenhuma rachadura.
Jade sumonou uma bola de terra e a jogou, abrindo um buraco, no qual grama brotava do solo.
— Resolvido.
— Bel vai nos matar!
— Praticamente ninguém vem aqui, pode fazer as suas plantações, Girassol.
— Jade, a intenção é boa, mas quebrar o chão do Chalé não.
— Eu discordo — disse Circe — A plantação possui uma variedade muito pequena comparada a infinitude de espécies conhecidas — ela encarou Jessica. — Pode plantar. — a deusa usou charme em sua voz, o que fez Jessica imediatamente voltar a plantar.
— Charme, sério? Isso é jogo baixo.
— Querida, nada é baixo para uma filha de Hécate — ela sentou-se ao lado da morena no sofá empoeirado, o qual nenhuma das duas parecia se importar. — Eu sei no que está pensando.
— Para de usar telecinese.
— Não estou — Circe mentiu. — A magia negra te afeta, não?
Jade tremeu, ela odiava aquele assunto, mas como sabia que a deusa lia seus pensamentos, resolveu assentir.
— É muito melhor quando você usa ao seu favor.
— Você é uma deusa, tem controle sobre os seus poderes, eu não — Jade suspirou. — Os meus ainda estão instáveis.
Circe sorriu, ela via na garota a oportunidade perfeita.
— Eu posso auxiliá-la, ser sua mentora minha querida irmã.
Jade estranhou a gentileza da deusa e balançou a cabeça em negação.
— Hécate disse que devo me tornar forte para controlar a minha magia, ela quer que eu me distancie da magia negra.
Circe suspirou.
— Ah. Hécate ficou ressentida quando me tornei a deusa da magia negra, por isso insiste em inventar histórias.
Jade retorceu os lábios, não convencida.
— Você teme poder? — uma chama dançava em seus dedos — Você poderia se tornar uma imortal, Jade.
Jade grunhiu, achava que a imortalidade transformava os outros em deuses: egoístas e manipuladores.
— Eu sei o que está fazendo, eu não irei cair no seu charme. Você quer me destruir só porque eu tecnicamente estou do lado dos deuses, mas eu não me ajoelharei perante a você.
Circe apenas suspirou.
— Você não quer aprender feitiços que trazem os mortos de volta dos portões da morte? — ela olhou no fundo dos olhos de Jade — Como o Todd, a sua irmã...
Jade lançou um feitiço empurrando Circe do sofá, a deusa encarou o filho com dor.
— Thomas me ajude.
— O que houve? — perguntou Clarissa se aproximando.
Jade se fez de desentendida. Clarissa a olhava curiosa, ela revezava o olhar entre a deusa caída e a semideusa.
Jade caminhou até Jessica, ela continuava plantando novas ervas.
— Vamos sair daqui. — Jade arrastou a loira.
— Eu não consigo.
Jessica continuava plantando.
— Merda! Circe tira o charme dela.
— Eu não usei charme, como se atreve me acusar?
— E depois Hécate é a deusa das três faces?
— Jade! — repreenderam Thomas e Clarissa.
— Seus manipulados — Jade virou para Jessica — Eu consigo usar charme, certo? Hécate também usa.
— Eu acredito em ti.
— Para de plantar caralho.
— Isso é sério Jade? — disse Jessica plantando uma flor de lótus.
— Por favor para? Para se não vai levar um socão.
Jessica continuava plantando, estava exausta. Jade se arrependia de ter feito o buraco.
— Eu não quero que você fique cansada, então para.
Jessica achou fofo a preocupação de Jade. A morena se estressou com o charme de Circe, ela reuniu toda sua raiva em suas palavras.
— Para de plantar Florzinha.
Jade segurou a mão de Jessica, a qual a encarou, o charme havia funcionado.
— Você conseguiu!
— Eu...
Jade se sentia fraca, utilizar charme de dia não era recomendado. Ela se equilibrou em seus pés e caminhou até a deusa.
— Você podia ter machucado ela!
— Eu não fiz nada ir...
— Vá se fuder.
— Jade! — repreendeu Thomas.
— Ela está usando charme em todos, como não percebem?
— Não vale a pena. — disse Jessica com a voz fraca.
Jade notou seu estado. Jessica se esforçava para permanecer em pé, ela apoiava-se em uma estante empoeirada próxima à morena. Jade entrelaçou seus braços.
— Vá se fuder Circe — repetiu e olhou para os amigos. — Melhor saírem daí.
— Não, eu vou ficar com a minha mãe Jade.
— Que seja.
Ela escoltou Jessica até o Chalé, a loira se jogou na cama. Jade bateu em sua cara, havia sido cuidadosa para que a garota não se machucasse e a semideusa simplesmente desabou no colchão.
— Vou ver se encontro alguma poção.
Jade engoliu a seco, havia acabado de sair do Chalé 7 e não pretendia voltar lá.
— Falarei com Bel.
Jessica apenas resmungou com a cabeça no travesseiro, por mais exausta que ela estivesse, seu corpo não se permitia adormecer.
Jade saiu a procura de Belissário, as portas de seu chalé se abriram, ela adentrou preocupada.
— Olá Jade — o líder notou a feição da morena. — O que aconteceu?
— Circe usou charme em Jessica, obrigando-a plantar sem descanso.
— Demorou muito tempo para ela quebrar o feitiço? — disse ele procurando alguma poção em seu frigobar.
— Fui eu quem o quebrou.
Belissário a olhou, estava impressionado.
— Você está bem?
Jade assentiu, sentia suas pernas tremerem, mas não iria demonstrar seu cansaço, precisava ajudar Jessica.
Belissário pegou algo em seu frigobar e partiu para o Chalé 37.
— O que é isso?
— Uma folha de ambrósia, em pequenas porções cura semideuses.
— Não temos tempo para uma poção!
— Não é necessário.
Ele entrou no Chalé, Jessica continuava na mesma posição, seus músculos corporais doíam como nunca. Belissário se aproximou.
O imortal colocou um pedaço da folha na boca da semideusa e fez ela mastigá-lo. Aos poucos a cor caramelo retornava a pele de Jessica, a dor amenizou, não queimava mais, apenas ardia.
— Ambrósia. — disse Jessica virando na cama.
— Você andou lendo livros?
— Os dois — chamou Jade — Não é hora para conversar sobre plantas, deixe a Jessica descansar.
Belissário assentiu.
— Sua vez. — disse o deus entregando o restante da folha para Jade.
— Eu estou bem.
— Não foi um pedido mocinha.
Jade bufou, como sua visão estava turva, decidiu aceitar a folha.
— Alguma das duas quer ir para a enfermaria?
— Não.
Jessica continuava reclamando de dor.
— Só cansaço.
Belissário assentiu se afastando da cama.
— Vá dormir Jade.
— Eu estou bem Bel.
Belissário cruzou os braços. Jade desequilibrou, mas foi segurada por Thomas e Clarissa que adentravam o Chalé.
— Bel, podemos falar com você?
O imortal assentiu colocando Jade para dormir, a garota reclamava, mas estava cansada demais para sair correndo.
— O que foi pudins?
Clarissa deu uma leve risada com o apelido, ela acharia muito graça se não estivesse tão tensa.
— Jade tentou nos alertar e nós não ouvimos — Thomas coçou a nuca envergonhado — Circe estava nos manipulando.
Belissário assentiu, sabia que Thomas era resistente ao charme, mas resolveu não perguntar o que houve.
— Ela nos usou para pegar um livro, queríamos saber se é importante.
— Vocês se lembram da capa?
— Um corvo com o fundo roxo. — disse Clarissa com a mão no queixo.
Belissário sentiu um arrepio, estava acontecendo.
Autora: Não sei o que falar, então...
Shea Coullé winner.
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