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Capítulo 8

7 meses antes...

           A noite estrelada brilhava sobre a sua cabeça, as constelações parecendo diferentes das que via em Corona. Tombou ligeiramente a cabeça, tentando identificar a Ursa Menor, sem grande sucesso. A mãe é que era boa a mapear estrelas e indicar a sua posição no céu, não ela. Sobre os seus pés, o navio balançava com as ondas que embatiam nele, com suavidade. Uma brisa gélida soprou, arrastando consigo alguns flocos de neve, um deles pousando comicamente na ponta do seu nariz, fazendo-a rir baixinho.

- A noite está linda, não está? - perguntou Rhiara, encarando o rapaz que a observava, tentando passar despercebido - Eu senti-te. Não adianta andares em bicos de pés ou tentares ser uma sombra...

- Eu sou bastante sorrateiro. - protestou Harry, aproximando-se dela com um sorriso - Tu tens essa coisa da Flor Dourada, é batota.

A morena soltou uma risada, estendendo a mão na sua direção. Os dedos entrelaçaram-se e Harry abraçou-a por trás, o queixo pousado no topo da sua cabeça. Flocos de neve caíam sobre as suas cabeças, derretendo contra a pele sempre quente de Rhiara. Sentiu o coração dele bater contra as suas costas, o corpo magro envolvendo-a, a respiração tranquila. Nunca o vira tão calmo, pensou. Ergueu o rosto apenas para o observar, admirando as linhas do seu rosto, os olhos cor de mar, os cílios longos. Ali, com ela, no silêncio da noite, Harry Hook deixara a máscara de pirata louco e galã cair, apenas para ser o rapaz por quem ela se apaixonara: gentil, engraçado, sincero.

- Acho que já escolhi o meu reino favorito. - disse Rhiara, vendo-o baixar os olhos, na expectativa- Este. Arendelle é sem dúvida o reino mais bonito de todos.

- Disseste o mesmo da Atlântida! Cada sítio onde vamos tu gostas mais do que o outro.

- Mentira!

- Verdade!

- É impossível escolher! São todos maravilhosos!

         Os dois riram, divertidos. Falaram sobre tudo: sobre a Rainha Ana, a Floresta Encantada, o engraçado Olaf. Falaram sobre as estrelas, as constelações, um conhecimento que Harry tinha e que surpreendeu Rhiara. Falaram sobre comida, sobre o próximo destino, sobre o que lhes passou pela cabeça. Estavam em viagem há umas semanas e cada dia era mais emocionante que o outro, apreciando a companhia um do outro e conhecendo-se ainda melhor. Os sentimentos entre eles cresciam ao longo da viagem e nenhum dos dois queria que aquele sonho acabasse.

          A noite ia longa quando ficaram em silêncio, apreciando a noite fresca, os flocos de neve, a Aurora Boreal que iluminava o céu. A princesa de Corona soltou um suspiro, encantada com aquelas luzes esverdeadas, púrpura, brancas... Uma mistura perfeita.

- Este. - voltou a dizer, apontando para o céu - Arendelle tem a Aurora Boreal. Já a tinha visto em livros e na televisão mas ao vivo... É lindo. É sem dúvida o meu reino favorito... Desculpa Atlântida!

- O meu lugar preferido do mundo... é onde tu estás.

       Rhiara sentiu as bochechas corarem, agradecendo por estar escuro e ele não poder ver o seu embaraço. Deu-lhe um pequeno encontrão, soltando uma risada baixa ao dizer:

- Pára de ser tão charmoso, deixas-me envergonhada.

         Harry encolheu os ombros, como se não tivesse dito nada demais. Para ele não tinha. Aquilo tinha-lhe sido natural, uma verdade inquestionável, genuíno. Rhiara sorriu. Quantas vezes ele lhe dissera que adorava o facto dela ser tão genuína? Ele não se via a si próprio. Não era capaz de enxergar quem Harry Hook realmente era mas, se havia alguém que era bastante genuíno, era ele. Quando baixava a guarda, o que acontecia maioritariamente perto dela.

- Tenho algo para te contar. - disse, por fim.

       Aquilo estava a sufocá-la desde que recebera a notícia. Retirou o bilhete do bolso, a ponta amarrotada pela forma como fora transportado. Acenou com ele para Harry, que ergueu uma sobrancelha, questionando-a em silêncio. Soltou um suspiro, sentindo o coração acelerar, nervosa.

- A minha mãe mandou-me uma carta...

- Uma carta? Como é que recebeste uma carta quando estás num navio?

- Ah, ela pediu ajuda à Rainha Branca de Neve. - Rhiara encolheu os ombros - Sua Majestade tem um dom particular com pássaros então...

- Recebeste uma carta de um pássaro?

- Não, recebi uma carta da minha mãe que por acaso foi entregue por um pássaro. Na verdade, não é um pássaro, é uma...

- Eu não quero saber qual é o pássaro, minha dama. Diz lá o que se passa.

- Mas tu perguntaste sobre o pássaro!

- Mas agora já não quero saber do pássaro!

- Mas...

- Rhia!

       A morena bufou.

- Deixas-me muito confusa! Continuando... - mordeu o lábio inferior, sentindo as bochechas rosadas - Eu... Eu vou fazer dezoito anos em alguns meses e... É tradição em Corona...

           O pirata aproximou-se dela e Rhiara não foi capaz de continuar. Com um floreado, o rapaz puxou-a para si, rodopiando-a como sempre fazia. A princesa esboçou um sorriso, vendo-o pousar o indicador no seu queixo, erguendo-o para que ela o encarasse.

- O que quer que seja, eu estou aqui. - beijou-lhe a palma da mão, piscando o olho - Sabes que iria até ao fim do mundo por ti, Raio de Sol.

- Vou ser coroada Rainha de Corona no dia do meu aniversário.

         As palavras saíram-lhe de chofre, sem filtro. Arrependeu-se de imediato ao vê-lo empalidecer. Eles sempre tinham consciência de que, em algum momento da sua vida, a diferença entre eles se manifestaria. Harry era um pirata, filho de um dos vilões mais cruéis dos contos de fadas. Rhiara era filha de Rapunzel, princesa de Corona, herdeira do trono. Sabiam também que a relação entre eles dependia de muitas escolhas: dependia que Harry escolhesse ficar ao seu lado, disposto a abandonar a vida no mar e na pirataria para se mostrar digno de ser o seu companheiro; dependia de Rhiara lutar contra a possível desaprovação do povo quando subisse ao trono com Harry junto de si. Dependia de muita coisa. Muitas cedências, principalmente da parte de Harry... e ambos sabiam disso.

       Rhiara soltou um suspiro, pegando-lhe na mão. Acariciou a pele calejada, sentindo-o frio contra a sua pele quente. Aproximou-se dele, as testas de ambos tocando-se, os olhos esmeralda fixos nos azul-água dele.

- Eu não quero saber o que vão dizer. Se o Ben pode ter a Mal ao seu lado, eu posso ter-te a ti. És o meu pirata e nem morta vou abdicar disso. - brincou, engolindo em seco ao ver que ele não sorriu - É de ti que gosto, Harry. Princesa, Rainha, plebeia... Pouco me importa. Ninguém manda no coração e o meu escolheu-te a ti desde o primeiro instante.

- Rhia, eu não... Não posso. - Harry acariciou-lhe a bochecha, pesaroso - Não posso. Não posso estar ao teu lado, ser príncipe ou lá o que seja...

- Não precisas de ser nada disso, não agora! És o meu namorado, uma Rainha não pode ter namorados?!

- Não. - respondeu o pirata, soltando uma risada seca perante a sua inocência - Sabes bem que não.

- Isso é extremamente antiquado e não será válido durante o meu reinado! - protestou Rhiara, com firmeza - Eu posso estar com quem bem entender, isso em nada afeta o meu dever enquanto Rainha.

- Rhiara...

- Harry...

- Tu sabes como as coisas são...

- E sei que, se ninguém mudar as coisas, elas ficam estagnadas para sempre. Alguém tem que fazer a mudança acontecer e em Corona esse alguém serei eu.

         Fitaram-se, em silêncio. A sombra na expressão de Harry dissipava-se, lentamente. Parecia ter algo em mente, mil pensamentos perseguiam-no. Não era a primeira vez que Rhiara o via assim. Não sabia exatamente o momento em que Harry começara a parecer atormentado mas ali estava a prova de que não imaginara nada e que alguma coisa não estava bem com o rapaz.

           Beijou-o suavemente nos lábios, sentindo o sabor a maresia invadi-la. Harry sabia sempre a mar. Talvez fosse porque ambos estavam sempre a mergulhar, nadando pelos mares dos reinos onde passavam, exceto Arendelle. Estava demasiado frio para mergulhar mas tinham aproveitado para patinar no gelo, o que fora igualmente divertido.

           Um pensamento assolou-a. Persistente. Teimoso. Verdadeiro. Aquele sentimento que apenas vira em contos de fadas, que vira nos olhares dos pais ao encararem-se, que via em Ben ao fitar Mal. Prensou os lábios, sentindo o coração bater fortemente contra o seu peito.

- Amo-te. - sussurrou ela, esboçando um sorriso.

Algo aconteceu. Um gatilho, um instante, um pensamento. Ela viu o sangue fugir-lhe do rosto. Ela viu-o engolir em seco, recuar um passo, as mãos escorregando-lhe pelos braços à medida que se afastava. Ela viu o brilho esmorecer dos olhos dele.

          Num segundo, tudo mudou.

- Está tarde. - foi o que ele disse, esboçando um sorriso amarelo - Devíamos descansar, amanhã partimos cedo. Boa noite, Rhia.

        Harry debruçou-se. Rhiara colocou-se em bicos de pés, pronta para o beijar... apenas para sentir os lábios dele pousarem na sua testa. Demorados. Como que... pesarosos. Sem a olhar, afastou-se, negando-se a ver a expressão confusa no rosto da princesa, os olhos esmeralda marejados. Não que ela esperasse uma resposta de volta; na verdade, não estava à espera que ele retribuísse. Pelas impressões que Evie lhe tinha passado sobre como era ser filho de um vilão, aquelas palavras não existiam no seu dicionário. Eles não a diziam e, por isso, os seus filhos desconheciam tal sensação. Não, Rhiara não esperava que ele lhe dissesse de volta, tão pouco esperava que ele soubesse reconhecer que a a amava.

         O que realmente a perturbara fora a sensação de vazio que sentira no peito ao ver Harry afastar-se, desaparecendo no convés. Estava habituada a sentir; a Flor Dourada forçava-a a sentir a dor das pessoas que amava, fosse física ou emocional. Fora isso que a ajudara a salvar Audrey.

       Naquele instante, ela sentiu o vazio dele.

       Rhiara nunca soube o que aconteceu. Não soube se as suas palavras o assustaram, se ele achou que não estava à altura de estar ao lado dela tendo em conta a sua situação. Ela nunca soube o que ele pensara, o que sentira, o que o fizera retrair-se... Nem viria a saber.

         No dia seguinte, Harry já lá não estava.

Ilha dos Perdidos, 8h

A rapariga deitada na rede espreguiçava-se, sonolenta. Esfregou os olhos, bocejando, a mente ainda turva pelo sono e pelo cansaço. Dormira mal. Passara a noite toda às voltas a tentar pensar numa solução, uma nova forma de trazer Gothel à vida. Encontrara uma, de facto, mas parecia ainda pior do que enfrentar o Deus do Submundo e pedir-lhe ajuda. Havia algo que podia tentar, mesmo que as esperanças de resultar fossem poucas.

Soltou um suspiro. Quem ela julgava que era? Já várias pessoas tinham tentado o que ela queria fazer. Três delas estavam agora consigo naquela loucura. Como é que ela iria ser bem sucedida quando toda a gente falhou?

Ela teria de tentar. Ela não tinha escolha. Rangeu os dentes. Cerrou os punhos. Amaldiçoou Gwendolyn em silêncio, pela centésima vez naquelas poucas horas desde que a tinha conhecido. Não tinha escolha.

Ela teria que roubar a Varinha da Fada Madrinha.

Rhiara abriu os olhos esmeralda, virando-se na rede para se pôr de pé. Dirigiu-se de imediato à parte de fora do navio, ciente de que Uma já lá se encontrava. A capitã era a primeira a acordar. Encontrou-a a afiar a espada, os olhos castanhos concentrados na tarefa em mãos, as tranças azuis amarradas no topo da sua cabeça de forma bagunçada. Quando a viu, esboçou um sorriso, o sobrolho franzido ao ver o rosto amassado da princesa.

- Estás com um péssimo aspeto. - afirmou, na sua habitual maneira sincera de ser. Brutalmente sincera.

- Obrigada. - resmungou Rhiara, ela própria amarrando os cabelos castanhos de qualquer maneira - Os rapazes ainda dormem?

- Claro. Gil tem o sono de uma pedra e Harry esteve a beber até cair para o lado. - ergueu uma sobrancelha, vendo a expressão preocupada de Rhiara - Um hábito que ele tem vindo a adquirir desde que vocês acabaram. Achas que há alguma razão em específico para isso? - questionou, lançando o isco, já que continuava sem saber o que realmente acontecera entre aqueles dois.

A morena abanou a cabeça, engolindo em seco antes de responder:

- Não tenho nada a ver com isso. - mentiu, ignorando o olhar de descrença de Uma - Ele é que sabe o que faz. Precisamos de acordá-los, temos muito que fazer.

- Já vais partilhar qual o objetivo desta missão ou vamos continuar a seguir-te cegamente?

- Seguir-me cegamente parece-me uma excelente opção, capitã. - Rhiara sorriu, provocadora - Até ao fim do mundo se tiver de ser. Eu sei que me amas a esse ponto.

- Vai sonhando. Isso era o que tu...

Um som seco ecoou pelo navio. Uma calou-se abruptamente, o corpo dando um solavanco. Os olhos reviraram-se nas órbitas e ela caiu para o lado, inconsciente, fazendo Rhiara gritar:

- UMA!

Atrás da capitã, um homem baixo e entroncado esboçou um sorriso, os dentes podres. Antes que Rhiara pudesse alcançar a espada caída de Uma, uma mão rodeou-lhe a boca e o nariz, sufocando-a com um pano húmido. Com esforço, tentou gritar e sacudir o seu agressor mas não foi capaz de lutar contra a sonolência que sentia à medida que o odor adocicado do pano junto ao seu nariz se entranhava no seu organismo.

Num último instante, ouviu a voz de Harry chamá-la, desesperado.

- RHIARA!

A escuridão tomou-a, afastando-a dele.

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