03
Era início da tarde quando Jimin finalmente entrou na sala de estar da sua luxuosa mansão em Cheongdam-dong.
Embora fosse uma guerreira, tinha os gostos de uma aristocrata, o que, por sinal, fazia sentido. Vindo de uma família de líderes era natural que apreciasse o bem viver. Sua mansão era bem cuidada, repleta de antiguidades e obras de arte. E também era tão segura como a caixa-forte de um banco.
– Que agradável surpresa, minha lider.
Kim Seonwoo, seu assistente, veio do vestíbulo e fez uma profunda reverência. Como de hábito, ele trajava roupas pretas. Estava com Jimin ha muitos anos, o que significava que tinha sua total confiança.
– Ficará em casa muito tempo?
Jimin balançou a cabeça. Não se pudesse evitar.
– Uma hora, no máximo.
– Seu quarto está preparado. Se precisar de mim, senhora, estou às ordens.
Sunoo se inclinou de novo e saiu da sala, fechando a porta atrás de si.
Jimin se dirigiu para a grandiosa escadaria que dava acesso ao piso superior. Enquanto subia, olhou para a tela de mais de dois metros de altura em uma das paredes, uma releitura do que seria o paraíso, segundo o que os humanos acreditavam. Ao final dos degraus havia um longo corredor que conduzia aos suntuosos aposentos.
Quando entrou no seu, foi até a varanda e puxou as pesadas cortinas. O discreto brilho dourado do sol sob as nuvens mal iluminava o recinto. Não que isso ou a venda em seus olhos atrapalhasse qualquer percepção que ela tivesse do cômodo. Em um canto, destacava-se uma enorme cama com lençóis de cetim negro e uma pilha de travesseiros. No lado oposto, um sofá de couro, uma TV e uma porta que levava a um banheiro em mármore negro. Também havia um closet cheio de armas e roupas.
Jimin percebeu a presença de Wonyoung antes que ela adentrasse o aposento. O cheiro do mar, uma brisa fresca, a precediam.
Devo terminar com isso de uma vez, pensou. Estava ansiosa para retornar às ruas.
Tivera apenas um gostinho de luta na noite anterior e agora queria esbaldar-se.
Virou-se.
Enquanto Wonyoung fazia-lhe uma mesura com seu delicado corpo, sentiu um misto de devoção e inquietação emanando dela.
– Minha lider – disse ela.
Jimin observou que estava usando uma levíssima roupa de chiffon branco, e seu longo cabelo castanho escuro se derramava em cascata pelos ombros e costas. Sabia que se vestira para agradá-la, e desejou no mais íntimo de seu ser que não tivesse se esforçado tanto.
Tirou a jaqueta de couro e o coldre peitoral onde levava suas adagas.
Maldizia a própria sorte. Por que ela continuava insistindo naquilo? Tão... frustante.
Mas, pensando bem, considerando a posição que exercia entre os seus semelhantes, talvez ansiassem para que escolhesse uma companheira a altura.
Jimin respirou fundo, sentindo-se cansada.
Se soubessem que nada daquilo a interessava.
Wonyoung deslocou-se nervosamente.
– Lamento incomodá-la, mas imaginei que gostaria de companhia essa noite.
Jimin se dirigiu ao banheiro.
– Não pretendo permanecer aqui por muito tempo.
Abriu a torneira e enrolou as mangas de sua camisa negra. Em meio ao vapor que subia da pia, lavou a sujeira e a morte de suas mãos. Esfregou o sabonete pelos braços, cobrindo de espuma as tatuagens rituais que adornavam a parte externa de seus antebraços. Enxaguou-se, secou-se e retornou para o quarto. Encarou a lupina a sua frente, rangendo os dentes.
Há quanto tempo faziam aquilo? Anos. Ainda assim, Wonyoung sempre precisava de algum tempo para poder se aproximar. Se fosse outra sua paciência se esgotaria num instante, mas com ela era um pouco mais tolerante...
A verdade é que sentia pena dela por se empenhar tanto em agradá-la. Jimin havia dito várias vezes que não tinha interesse em tal compromisso e que ela encontrasse uma verdadeira companheira, uma que não somente dividisse a cama com ela quando necessitasse, mas que também a amasse.
O estranho é que Wonyoung não queria deixá-la, por mais vazia que fosse a relação delas. Provavelmente, temia que nenhuma outra se sujeitaria a lider, que nenhuma saciaria suas necessidades quando fosse necessário e a solidão fosse sua companheira pela eternidade.
Oh, sim: um maldito inconveniente. Jimin permanecia afastada dela a menos que precisasse lidar com suas necessidades, o que não acontecia com frequência devido a sua linhagem. Wonyoung nunca sabia onde estava, ou o que estava fazendo.
Francamente, não entendia como suportava isso... ou a ela.
De repente, sentiu vontade de praguejar. Os acontecimentos recentes pareciam ser um banquete para alimentar seu ego. Primeiro Baekhyun. Agora ela.
Os olhos de Jimin a seguiram enquanto se deslocava pelo aposento, aproximando-se dela lentamente.
– Esteve ocupada, minha lider? – disse ela suavemente, e a lupina pôde sentir seu desejo prevalecendo sobre sua inquietação. Também podia sentir-lhe o afeto.
Ela a verenava, mas Jimin lhe bloqueava tal sentimento.
Sob hipótese alguma se vincularia a ela. Jimin nunca a desejou dessa maneira. Nem mesmo no começo.
– Venha aqui – disse, fazendo um gesto com a mão. – Se veio para me fazer companhia, não deveria demorar tanto a se aproximar.
Wonyoung parou diante dela, o vestido esparramando-se ao redor de seu corpo. O contato de seus dedos na pele dela era quente e ela ergueu seu braço e tocou suas tatuagens com a mão, suavemente, acariciando os negros caracteres que detalhavam sua linhagem no antigo idioma. Como estava tão próxima, Jimin pôde perceber o movimento de sua boca se abrindo, seus lábios beijando com devoção o seu pulso.
Jimin inclinou a cabeça, observando aquela cena. A indiferença lhe sobreveio rápida e forte. Por mais que tentasse corresponder ao que ela lhe oferecia, sabia que jamais conseguiria tal feito. Era incapaz disso.
Quando Wonyoung ergueu a cabeça para encará-la, ela a envolveu com um braço e a puxou contra o deu corpo, decidida a oferecer-lhe a única coisa que podia naquele momento. Seus lábios foram ao pescoço dela enquanto suas mãos a apertavam com força. Estava pensando em levá-la para a cama quando bateram à porta.
Jimin lançou o olhar para o outro lado do aposento, deixou-a ali e se afastou.
Alguma coisa deixara Sunoo muito aflito.
Jimin saiu, fechando a porta atrás de si. Estava prestes a exigir uma explicação que justificasse tal interrupção, quando o cheiro do assistente permeou sua irritação.
Soube, sem perguntar, que a morte havia feito outra visita. E levara Baekhyun consigo.
– Senhora...
– Como foi? – grunhiu. Lidaria com a dor mais tarde. Primeiro, precisava dos detalhes.
– Ah, uma emboscada... – era compreensível que o assitente estivesse profundamente perturbado, o fiapo de voz que lhe saía era tão frágil quanto seu corpo. – Ao sair da casa noturna. Aeri ligou. Viu o que aconteceu, mas não conseguiu agir a tempo.
Jimin pensou no inquisitor que havia liquidado. Desejou saber se ele tinha sido apenas uma distração.
Aqueles desgraçados já não tinham noção de honra. Pelo menos seus precursores, séculos atrás, lutavam como guerreiros. Essa nova geração era composta de covardes que se escondiam por trás da tecnologia.
– Convoque a Irmandade – bradou – diga-lhes que venham imediatamente.
– Sim, é claro. Minha lider... Baekhyun me pediu que lhe desse isto – o assistente lhe estendeu um pequeno envelope –, se a senhora não estivesse com ele quando morresse.
Jimin apanhou o envelope e voltou para o quarto, incapaz de poder oferecer compaixão a Sunoo ou a quem quer que fosse. Wonyoung havia ido embora, o que era bom para ela.
Guardou a última mensagem de Baekhyun no bolso da calça. E extravasou sua ira.
As luzes explodiram e espatifaram-se no chão enquanto um feroz redemoinho girava em torno dela, cada vez mais forte, mais rápido, mais terrível. Ela atirou a cabeça para trás e rugiu.
Precisou de vários instantes para conseguir se acalmar, mas quando reapareceu na sala de estar uma hora depois, já havia recuperado o controle. Suas armas estavam nos coldres e um sobretudo pesava na mão.
Uchinaga Aeri foi a primeira membro da Irmandade a chegar. Seus olhos castanhos brilhavam tão intensamente com a dor e a sede de vingança que ainda que estivesse vendada, Jimin pôde captar um flash de cor.
Enquanto Aeri se encostava em uma das paredes, Song Mingi adentrou o aposento. O cabelo que deixara crescer há pouco tempo fazia-lhe parecer ainda mais sinistro do que o habitual, embora fosse sua atitude no campo de batalha que
que realmente o classificarsse como assustador. Naquela noite, vestia roupas completamente negras e trazia uma expressão fechada em seu rosto.
Em seguida, chegou An Yujin. Havia maneirado o estilo elegante em deferência ao motivo da convocação daquela reunião. Yujin era uma lupina atraente, poderosa, mais forte do que sua aparência deixava transparecer. Também era uma excelente estrategista. Em mais de uma ocasião, a Irmandade recorrera aos seus serviços diante dos conflitos contra a Sociedade dos Inquisidores.
Jung Wooyoung foi o penúltimo a chegar. Com sua aparência atraente e estatura forte, Wooyoung deveria estar acompanhado de beldades, mas se mantinha fiel ao seu voto de celibato. Só havia lugar para um único amor em sua vida, e isso o havia marcado há anos.
– Sua irmã retornou em segurança? – perguntou Jimin.
– Wonyoung está bem.
Antes que ela pudesse fazer algum comentário, Jeon Jungkook adentrou na sala. Que ele estivesse atrasado não constituía surpresa. Jungkook era uma gigantesca e aterradora ameaça para o mundo. Alguém que levava o ódio aos humanos às últimas consequências. O seu rosto de expressão carregada e os cabelos negros o faziam aparentar ser tão perigoso quanto de fato era, de modo que a tendência das pessoas era a de sair de seu caminho.
Sem dúvida, Jungkook era o mais perigoso dos membros da Irmandade.
Cruzando os braços, Jimin passeou o olhar pela sala, observando cada um dos guerreiros, considerando seus pontos fortes, mas, principalmente, suas vulnerabilidades.
A morte de Baekhyun a fez perceber que, embora seus guerreiros provocassem severas baixas às legiões de assassinos, havia poucos membros da Irmandade em oposição a um inesgotável contingente de inquisidores.
Porque era um conceito básico que havia muitos humanos com uma inclinação e talento para matar.
Definitivamente, os números não estavam a favor da raça. Impossível ignorar o fato de que os lupinos não viviam eternamente, que os membros da Irmandade podiam ser assassinados e que o equilíbrio podia ser quebrado de uma hora para outra. A favor de seus inimigos.
A verdade é que a mudança já havia começado. Desde que a Sociedade Inquisidora fora implementada na Coreia do Sul, eras antes, o número de lupinos havia diminuído de tal maneira que só restavam alguns enclaves na população. Sua espécie estava ameaçada de extinção. Embora os membros da Irmandade fossem mortalmente bons no que faziam.
Se Jimin fosse outra tipo de líder, como seu pai, que desejava ser adorado e reverenciado pelas famílias da espécie, talvez o futuro parecesse mais promissor. Mas ela não era como seu pai. Jimin era uma lutadora, não uma líder, saía-se melhor com uma adaga na mão do que sentada, sendo objeto de adoração.
Ainda assim, ela era respeitada e temida. Respeitada porque, sob a sua liderança, seus semelhantes conseguiam ter prosperidade e uma excelente qualidade de vida. E temida porque era poderosa, perigosa e fazia qualquer coisa para manter seu domínio sobre o clã.
Agora, acabara de ser alvo de uma tentativa de assassinato e ainda perdera um membro valioso para a Irmandade.
Foi com uma expressão irada que concentrou-se de novo nos membros do grupo. Os guerreiros lhe devolveram o olhar, embora não pudessem ver os seus olhos. Era óbvio que aguardavam instruções suas.
– Recebi a morte de Baekhyun como um ataque pessoal – disse.
Houve um grunhido abafado de aprovação da parte do grupo.
Jimin puxou da jaqueta a carteira e o celular do inquisidor que havia matado.
– Tirei isso de um inquisidor que esbarrou comigo atrás da casa noturna. Quem quer fazer as honras?
Lançou-os ao ar. Mingi pegou ambos os objetos e passou o celular para Yujin. Jimin começou a caminhar de um lado para o outro.
– Temos que começar a agir outra vez.
– Concordo – aprovou Aeri. Houve um movimento metálico seguido do som de uma faca sendo fincada numa mesa. – Temos de prendê-los onde treinam, onde vivem.
O que significava que os membros da Irmandade teriam de fazer um reconhecimento de área. Os membros da Sociedade Inquisidora eram eficazes no que quesito estratégia. Alteravam seu centro de operações com regularidade, mudando constantemente o local das instalações de recrutamento e treinamento. Por essa razão, os guerreiros lupinos sempre consideraram mais eficaz agir como alvos e lutar contra quem fosse atrás deles.
Vez ou outra, a Irmandade realizava algumas incursões, matando dúzias de inquisidores em uma só noite. Mas esse tipo de tática ofensiva era raro. Os ataques em grande escala eram eficazes, mas também apresentavam algumas dificuldades. Os grandes combates atraíam a polícia, e tentar passar despercebidos era vital para todos.
– Tem uma carteira de identidade – murmurou Mingi. – Investigarei o nome no nosso banco de dados.
– Desnecessário dizer para que trabalhe o mais rápido possível. – Disse Jimin.
Yujin praguejou enquanto examinava o telefone.
– Aqui não há muito. Algumas coisas na memória de chamadas, umas discagens rápidas. Duvido que esse celular seja útil para nossa investigação, mas darei uma atenção a isso.
Jimin rangeu os dentes. A impaciência e o ódio eram um coquetel difícil de engolir.
– Não há maneira de saber se o inquisidor que eliminei esta noite estava aliado ao autor da morte de Baekhyun; assim sendo, penso que temos de limpar completamente toda a área. Matar todos eles sem nos importarmos em sermos discretos.
– Finalmente algo que exija minhas capacidades – se pronunciou Jungkook.
Jimin o encarou com ar irônico.
– Muita gentileza de sua parte se oferecer, Jungkook. Estava contando com isso.
– Deixe comigo.
Jungkook foi para um canto e permaneceu apartado do grupo.
– Onde estará, minha lider? – Perguntou Aeri, delicadamente.
– Pelas proximidades. Tenho uma questão particular com a qual lidar.
Quando os guerreiros se foram, Jimin vestiu a jaqueta. Ao fazê-lo, o envelope de Baekhyun espetou-a e ela o tirou da cintura. Na frente havia uma linha escrita à tinta. Jimin abriu o envelope. Enquanto puxava dele uma folha de papel creme, uma fotografia caiu no chão. Recolheu-a e observou a jovem mulher retratada ali.
Jimin olhou fixamente o papel. Era uma caligrafia contínua, uma mensagem que se viu obrigada a ler.
“Caso ainda não tenha falado com você, peça detalhes a Aeri. Arredores de Hongdae, edificio residencial, apartamento 1B. Seu nome é Kim Minjeong. P.S.: meus bens são seus se ela não sobreviver à idade adulta. Lamento que o fim tenha chegado tão cedo. Baekhyun.”
– Desgraçado – murmurou Jimin.
\[...]
Enquanto Lee Taeyong saia do seu carro e se dirigia à entrada da sua luxuosa residência, captou o cheiro da brisa úmida. Aquele aroma, aquele sublime e denso aroma carregado, impregnava o ar de fim de tarde. Olhou para o céu nublado e constatou que o inverno estava enfim começando.
Que maneira agradável de terminar o dia, pensou Taeyong.
Subiu na escada que dava para a entrada principal e destrancou as portas.
Na noite anterior, a Sociedade Inquisidora marcara um ponto na guerra e havia sido ele o autor de semelhante façanha. Baekhyun fora um lupino incrivelmente poderoso, membro da Irmandade. Um troféu e tanto.
Era realmente uma pena que não restara nada da sua forma lupina para colocar na parede, mas a bala de prata de Taeyong tinha dado conta do recado. A operação havia saído tal como o planejado, perfeitamente executada, anônima e mortífera.
Tentou recordar a última vez em que um membro da Irmandade havia sido eliminado. Com toda certeza, teria sido muito antes que ele passasse a liderar a Sociedade, décadas atrás.
Essa era uma responsabilidade extraordinária. E exatamente o que Taeyong sempre desejara.
Poder era a única forma de louvor que lhe interessava.
Dirigiu-se ao seu escritório a passos largos. O primeiro grupo de treinamento começaria às nove. Tempo mais do que suficiente, portanto, para estabelecer algumas das novas regras que deviam acatar seus subordinados na Sociedade.
Seu primeiro impulso, depois da morte de Baekhyun, foi o de fazer um comunicado, mas isso não teria sido inteligente. Um líder organiza seus pensamentos antes de falar; não se apressaria a subir ao pedestal para ser adorado. O ego, afinal de contas, era a raiz de todo o mal.
Por isso, em vez de fazer alarde como um tolo, havia saído para dar uma volta em Seul e observar as maravilhas do seu mundo.
Agora, sentado à sua mesa, entrara na segura página da Web mantida pela Sociedade e ali deixou claro a conquista que havia conseguido. Ordenou que todos os inquisidores fossem à sua residência às quatro, naquela tarde, sabendo que alguns teriam de viajar, ciente, entretanto, que nenhum se encontrava a uma distância de mais de duas horas de carro. Quem não comparecesse seria expulso da Sociedade e caçado como um animal.
Reunir os inquisitores era evento raro. Naquele momento, seu número oscilava entre cinquenta e sessenta membros, dependendo da quantidade de baixas que a Irmandade infligia em determinada noite e o número de novos recrutas postos a serviço. Todos os membros da Coreia do Sul se encontravam em Seul e arredores. Isso se devia à prevalência dos lupinos na região. Se a população se mudasse, o mesmo faria a Sociedade.
Era dessa maneira há várias gerações.
Antes de se desconectar, postou um relato sobre a eliminação de Baekhyun, porque queria que seus subordinados o tivessem por escrito. Detalhou o tipo de bala usada, o método passo a passo de fabricar uma e a maneira como atirar com eficácia. Uma vez que fosse de prata, era muito fácil. Era só atingir o alvo que, dependendo da linhagem do lupino, ele morreria em segundos.
Para obter aquela vitória instantânea, fora preciso seguir o guerreiro Baekhyun durante um ano, vigiando-o, estudando os seus hábitos. Então, um dia antes, Taeyong encontrou a oportunidade ideal para eliminá-lo.
Depois de se desconectar, recostou-se na cadeira, tamborilando com os dedos. Desde que se unira à Sociedade Inquisidora, o objetivo havia sido reduzir o número de lupinos por meio da eliminação de civis. Esse continuaria sendo o objetivo primordial, lógico, mas sua primeira diretriz seria uma mudança estratégica. A chave para ganhar a guerra consistia em eliminar a Irmandade. Sem aqueles seis guerreiros, os civis ficariam à mercê dos inquisidores, completamente indefesos.
A tática não era nova. Havia sido tentada há gerações e descartada numerosas vezes por seus membros haverem se mostrado muito agressivos ou escorregadios demais para serem exterminados. Mas, com a morte de Baekhyun, a Sociedade ganhava um novo impulso.
E tinham de agir de maneira diferente. Do jeito que as coisas estavam naquele momento, a Irmandade estava aniquilando centenas de inquisidores todos os anos, o que tornava necessário que as fileiras fossem recompostas com membros novos e inexperientes. Os recrutas representavam um problema. Eram difíceis de encontrar, difíceis de introduzir na Sociedade e menos eficazes do que os membros veteranos.
Taeyong balançou a cabeça. Naquela noite, organizaria suas forças.
Se queriam exterminar a Irmandade, precisavam saber onde encontrar seus membros. Isso seria um pouco mais difícil, mas não impossível. Aqueles guerreiros eram cautelosos e desconfiados, sem relacionamentos fora da espécie, mas a população civil de lupinos havia de ter algum contato externo. Afinal de contas, sempre existiam tolos que se envolviam com humanos. Com o incentivo apropriado, estes revelariam aonde iam seus parceiros. Desse modo, descobririam a Irmandade.
Essa era a chave de sua estratégia geral. Um programa coordenado de captura e motivação, concentrado nos lupinos civis e nos raros mestiços que eventualmente fossem encontrados desprotegidos, levaria, finalmente, à Irmandade. Seu plano tinha de ter êxito. Caso contrário, os membros da Irmandade sairiam de seu esconderijo, furiosos por civis terem sido usados brutalmente; ou porque alguém podia dar com a língua nos dentes e seu esconderijo ser revelado.
Taeyong se levantou de sua mesa, parando um momento para observar seu reflexo na janela do escritório. Cabelo escuro, pele clara, olhos castanhos. Não havia mudado nada desde que se unira à Sociedade anos antes.
O futuro desta, entretanto, era muito mais promissor desde que assumira a liderança do contigente.
Ele trancou a porta e saiu. A noite estava apenas começando.
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