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Moondust

Para Cah, a melhor fazedora de playlists (demorou, mas Moondust chegou)

Rapidinho aqui antes de vcs lerem: as tags incluem abo, e eu pesquisei sobre o universo pra escrever, mas tomei a liberdade de criar algumas coisas, então as regras são um pouco diferentes, ok? Não é um abo convencional, vcs vão entender quando lerem :0 essa ideia nasceu da música Moondust, do Jaymes Young, da trilogia de livros da A. G. Howard, O lado Mais Sombrio, e das lendas das peeiras, da península Ibérica <3 Espero que gostem!

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Kim Namjoon entrou na escola sob os olhares dos alunos e andou em direção ao próprio armário de cabeça erguida. As solas gastas dos converses estalaram no chão polido, o ruído agudo preenchendo o silêncio constrangedor que recaia por onde quer que ele passasse. A mochila suja e rasgada pendia num dos ombros e ele usava uma camiseta cujo xingamento descarado escrito em letras garrafais deixava bem claro que ele não se importava com o que falavam sobre ele.

O burburinho de sempre percorreu o corredor, e ele lambeu os lábios, entediado.

Aposto como é um beta...

Não pode ser. Ele tem um cheiro tão forte... O cheiro de um Alfa...

Alfas não cheiram como mar. Quem cheira como mar?

Ele nunca teve um cio. Ele já devia ter tido um, quantos anos ele tem, dezoito?...

Os pais dele são betas, não são?...

Talvez ele tenha um cio tardio...

Não, ele é um beta, com certeza, um beta estranho...

Talvez ele tenha alguma doença...

Talvez ele seja uma anomalia genética...

Namjoon abriu o armário e pegou os livros para a primeira aula do dia. Anomalia genética. Ele tinha que admitir que, de todas as teorias, essa era que mais fazia sentido. Não se importava que falassem descaradamente pelas suas costas, eles estavam certos; ele não era como os outros. Exceto que, diferente do que os outros pensavam, ele jamais vira isso como algo ruim.

Um ano atrás, quando todos os seus amigos tiveram cios e descobriram suas classes, Namjoon teve uma virose que o deixou de cama por uma semana - e só. Nada de ereções doloridas, necessidade descontrolada por sexo ou o traseiro pingando lubrificação. Nada de feromônios, olhos vermelhos ou azuis. Por algum tempo, seus pais realmente acreditaram que ele era um beta, como eles.

Mas logo ficou claro que essa teoria também não era muito certa.

Kim Namjoon não parecia um beta. Seu temperamento era impulsivo como o de um alfa. Quando alguém o irritava, ele modulava a voz e até mesmo os alfas da escola deliberavam. Sua presença era inexplicavelmente tranquilizadora para betas e ômegas, e ele certamente era grande e forte como um alfa, membros longos, músculos naturais e ombros largos.

Ele também não podia ser um ômega, porque não respondia ao chamado de nenhum alfa no cio nem tinha interesse por betas. Mas ele era bem favorável à ideia do ninho e seu temperamento era agradável na maior parte do tempo.

Não era um adolescente problemático, ia a festas, tirava notas boas, tinha amigos, embora até mesmo eles tivessem se afastado no último ano depois que descobriram que o garoto estranhamente não se encaixava em nenhuma classe. Namjoon entendia que não era por mal, o caso é que eles não sabiam muito bem o que esperar dele e, afinal, alfas andam com ômegas e betas e ele não era nenhuma das três coisas.

Enfiou os livros na mochila e, quando ergueu o cabeça, sentindo de repente o peso de um olhar sobre si, encontrou a outra única pessoa que rivalizava consigo na escola - em termos de bizarrice.

Park Jimin estava encostado ao pé da escada, usando as habituais calças pretas justas, coturnos e a camiseta branca da Gucci por baixo da jaqueta de motoqueiro repleta de tachas e piercings. Chupava um pirulito, a boca rosada franzindo em torno da haste de plástico e os dedos a girando para lá e para cá cheios de anéis prateados. A forma como ele puxava a cabeça do pirulito até que seus lábios cheios e rosados estivessem perfeitamente em volta da bolota brilhante era irresistivelmente obscena.

O cabelo rosa algodão doce caía ao redor de sua testa em camadas sedosas, cortados rente na nuca e expondo o pescoço alongado. Ele era pequeno para a média dos garotos da escola, mas sua presença era poderosa, impossível de ignorar.

Namjoon sentiu a garganta secar; Jimin não só devolveu seu olhar como a escuridão neles pareceu dobrar de intensidade, hipnóticos. Ele sorriu enigmaticamente, as bochechas altas apertando os olhos em fendas, língua envolvendo o pirulito com malícia.

Park Jimin era o extremo oposto de Namjoon. Recém chegado na escola, ele tinha caído exatamente no ano de Kim Namjoon e, desde sua chegada, coisas estranhas aconteciam, pequenos acidentes envolvendo alfas briguentos, e Namjoon não queria culpar Park Jimin por tudo, mas algo lhe dizia que o cio inesperado de MinHee, a ômega do segundo ano, teve a ver com ele.

Quer dizer, o aconteceu depois disso. A garota foi levada para a enfermaria, mas trazida de volta para a aula cinco minutos depois, o cio tendo simplesmente desaparecido. Havia boatos de que ela tinha tomado supressores, o que era facilmente aceitável, não fosse pela expressão atordoada da garota ao ser devolvida para a sala de aula e o fato de que Jimin estava incomum nesse dia. Concentrado demais, sério demais. Ele passou todo o resto do dia que se seguiu suspirando exausto pelos cantos.

E não era só isso. A escola estava diferente agora, menos brigas territoriais, menos ômegas sendo acuados ou tomados à força no cio. Eram mudanças insignificantes, mas Namjoon reparava - ele era o garoto que prestava atenção em tudo.

Park Jimin também ainda não tinha passado pela transição, era o que diziam, embora todos estivessem certos que o garoto nascera para ser um alfa. Ele podia simplesmente estar usando supressores, de qualquer modo, por isso o cheiro não era detectável. A risada simpática, a voz macia e maleável podiam fazer dele um excelente ômega, mas havia aquela.... Aura intimidadora. Ninguém tinha coragem de bater de frente com Park Jimin, nem mesmo os outros alfas. De um jeito sinistro, era como se Jimin não fosse da mesma classe que todos ali, da mesma espécie. Ele agia como se estivesse acima disso, de tudo e de todos, e era adorado justamente por esse motivo, diferente de Namjoon, que ganhava apenas o desprezo.

Namjoon fechou o armário e passou por Jimin, sentindo sobre si o que todos sentiam quando estavam perto do garoto de cabelos cor de rosa - submissão, adoração, desejo. Ele achou ter escutado Jimin sussurrando algo e recuou um passo, encarando de cima o rosto do garoto.

Merda. Ele era estupidamente bonito. Feições delicadas, maneiras másculas. Era quase difícil desviar o olhar de Park Jimin uma vez que você o encarava.

"O que disse?", Namjoon perguntou.

Jimin puxou o pirulito dos lábios e espalhou a saliva pela boca carnuda e brilhante como um doce. Namjoon engoliu em seco.

"Eu disse: tenha um bom dia."

Jimin ergueu o olhar. Namjoon não gostava da forma como o garoto o olhava, como se... como se estivesse esperando algo de Namjoon.

Bem, todos ali estavam, não é mesmo? E ele odiava o fato de se sentir incapaz e fracassado por não poder dar o que as pessoas esperavam dele, por decepcionar seus pais, professores e amigos.

"Obrigado", Namjoon respondeu secamente, a voz assumindo aquele tom ligeiramente arrogante que o aproximava dos alfas. "Você também."

Jimin sorriu sarcástico e Namjoon ignorou a vontade de sacudi-lo pelo pescoço. Pelo resto do dia, Park Jimin ficou em sua cabeça, grudado no fundo de sua mente como um chiclete embaixo da carteira.

***

Todo ano, a escola promovia uma viagem na primavera. Fosse porque aquele era o último ano deles, a contribuição da turma para a viagem foi mais gorda, e eles conseguiram organizar algo maior e melhor - um fim de semana no Monte Koya, no Japão. Namjoon tomou para si a responsabilidade pela organização, o que causou um claro descontentamento da parte de Taehyung, o alfa irritadiço do segundo ano. Tudo que Namjoon decidia, ele contrariava, e então Park Jimin tinha que se meter para esfriar os ânimos, e só assim conseguiram alugar uma casa de três andares aos pés da montanha, com ofurô e piscina.

Namjoon não se importou em ter que ir sozinho no avião, uma vez que ninguém quis compartilhar a fileira de assentos com ele, mas se incomodou quando subiu no ônibus em Tóquio e todos os assentos estavam ocupados. Olhou por cima da cabeça de Jiwon, a garota ômega que subira na fila na frente dele, e não soube ao certo se ficou aliviado ou irritado quando ela apressou-se e pegou o lugar disponível ao lado de Park Jimin. A opção que restava era sentar do lado de Hoseok, o beta tagarela do mesmo ano de Namjoon, mas isso anularia todas as possibilidades do Kim de ter uma viagem lendo seu ebook em paz.

Pelo menos, se sentasse ao lado de Jimin, sabia que o garoto não se daria ao trabalho de puxar assunto.

Ele suspirou, resignado, e seguiu em direção ao lugar vago perto de Hoseok, quando então uma voz familiar o chamou.

"Kim Namjoon. Sente comigo."

Ele olhou para baixo, vendo Jimin sorrindo daquela maneira misteriosa e meio desdenhosa. Ele usava uma camiseta preta e calças justas com rasgos nas coxas, os cabelos cor de rosa deslizando sobre as sobrancelhas quando ele passou os dedos cheios de anéis por eles, jogando-os para trás. Jiwon ficou confusa, olhando de Jimin para Namjoon e se perguntando se era invisível para eles.

"Jiwon já pegou esse lugar, Jimin."

"Não, ela não pegou", ele lançou um olhar agudo para a garota e ela simplesmente ficou parada, piscando bobamente como se seu cérebro desse um curto circuito. Namjoon abriu a boca para rebater, achando a reação de ambos muito estranha, mas então a garota levantou, pegou sua mochila e deslizou suavemente do assento, liberando-o para Namjoon.

Mas o que diabos...?

Ele olhou para Jiwon indo alegremente se sentar ao lado de Hoseok, que sorriu para ela, e de volta para o lugar agora vago ao lado de Park Jimin.

"O que foi isso?"

"Me agradeça, eu sei que você não queria sentar ao lado do Jung, ele pode ser irritante quando resolve contar histórias sobre as tias."

Namjoon atirou a mochila no chão e se jogou no assento. O espaço era apertado para seu corpo grande e ele acabou pressionando a coxa de Jimin com a sua sem querer. Olhou para a pele lisa e clara que surgia através dos rasgos na coxa do garoto e pigarreou, ajeitando-se.

"Você não sabe o que eu quero ou deixo de querer, Jimin", cruzou os braços, mas a posição acabou por fazer seus ombros largos pressionarem os de Jimin, que abafou uma risada. Deus, realmente odiava aquela situação. "E isso não faz nem sentido. O que vamos fazer durante duas horas de viagem olhando um para a cara do outro?"

"Conversar", Jimin tamborilou os dedos nas virilhas e Namjoon podia jurar que ele estava fazendo de propósito para chamar sua atenção para aquele local. Não era possível que aquele garoto tivesse um efeito tão grande sobre as pessoas, sobre si, a ponto de Namjoon mal conseguir aquietar-se no banco. Um dos joelhos quicava sem parar, a garganta ressecada, e ele estava paranoico com as mãos, principalmente a que estava mais próxima de Jimin. Um mero movimento e seus dedos tocavam a pele nua de Jimin pelos vãos do jeans e, pelo amor de Deus, ele parecia ridiculamente macio.

Não só as coxas, mas os antebraços expostos na camiseta, as mãos cobertas de anéis prateados, o pescoço, a boca, as bochechas, os cabelos e até mesmo a voz. Um marshmallow delicioso.

"Você nunca quis conversar comigo", Namjoon acusou. "E não precisa fazer isso por pena, de verdade", puxou os fones de ouvido da mochila junto com o tablet. "Só fique no seu mundo e eu fico no meu."

Jimin fez um ruído borbulhante no fundo da garganta.

"Tudo bem, já que não quer as respostas para as suas perguntas...", deu de ombros e virou o rosto para a janela. Namjoon estacou a um passo de enfiar os fones no ouvido e o encarou. O ônibus começou a viagem e os alunos lá atrás começaram a fazer brincadeiras e a cantar músicas conhecidas.

"Minhas perguntas?"

"É, você sabe, sua classe e esse tipo de baboseira."

"Por que diabos você teria as respostas disso? Você é só um alfa arrogante como todos os outros."

"Eu sou?", Jimin ergueu as sobrancelhas e desafiou Namjoon com um olhar cortante que deixou o mais velho sem palavras.

"É, você é", Namjoon fez uma careta de frustração. Jimin riu. Ele achava que as expressões do Kim eram engraçadas e fofas, mesmo que ele não fizesse o menor esforço para isso - na verdade, isso era parte de seu charme. "É o que todo mundo acha."

"E todo mundo acha que você é uma aberração", Jimin disse simplesmente.

Namjoon brincou com os auriculares do fone na ponta dos dedos, sentindo o rosto arder um pouco sob o olhar intenso de Park Jimin. Não queria admitir, mas o garoto o olhava como se realmente soubesse segredos que ninguém mais sabia, era sinistro... e excitante.

"Talvez estejam certos."

"Pffff", Jimin revirou os olhos. "Estão errados. São só um bando de filhotes despreparados e com medo do desconhecido."

Namjoon teve que rir. Filhotes? Quantos anos Park Jimin achava que tinha, trinta? Com a estrutura física delicada e franzina, ele parecia ser ainda mais novo que Jeongguk, o novinho do primeiro ano com carinha de criança, se você não levasse em conta o fato de que Jimin exalava sensualidade crua e calculada. As roupas pesadas de couro e tachas davam a ele o equilíbrio ideal entre feminilidade e masculinidade e ele com certeza era o sonho erótico concretizado de qualquer um, menino ou menina.

"Então diga, Sr. Superior, o que sabe sobre mim?"

"Ah, achei que queria escutar suas músicas", Jimin fez pouco caso. "Vá em frente, não vou atrapalhar."

"Jimin."

"Eu não diria que você é uma aberração, Monie", Jimin murmurou num tom intimista demais, quase afetuoso. O cérebro de Namjoon emperrou e, por alguns segundos, tudo que ele fez foi olhar para a boca de Jimin, o formato curvado e o tom cor de rosa convidativo. O olhar desceu pelo queixo do garoto até a garganta, para a pintinha aninhada na clavícula de Jimin e ele teve novamente uma curiosidade insana de provar aquela pele tão sedosa e lisinha.

Era a primeira vez que Namjoon sentia algo próximo a um desejo incontrolável por alguém e ficou confuso. Se Jimin era um alfa, isso fazia dele um ômega? Finalmente seu cio estava chegando? Porque estava realmente se sentindo atraído por aquele garoto. Cada detalhe, desde o nariz pequeno e gracioso até o timbre rouco da voz suave.

E isso significava que ele teria um cio, certamente. Sim? Não?

"Pare", Namjoon remexeu-se desconfortável na poltrona, uma queimação incomum nas entranhas. Mal conseguia desgrudar os olhos da boca deliciosa de Park Jimin, imagens obscenas daqueles lábios se moldando à circunferência de seu pau começando a endurecer nas calças. "Não fale desse jeito."

"Que jeito?", Jimin sussurrou, ainda mais manhoso.

"Assim. E sobre essas coisas esquisitas. E não me chame de Monie, ninguém me chama por esse apelido tolo."

"Ah, isso é um desperdício", Jimin sorriu e recuou na poltrona, dando espaço para Namjoon respirar aliviado. Sorriu sonhadoramente, misteriosamente, para o teto do ônibus. "Monie me lembra tanto a lua. Moon. É o melhor apelido que você poderia ter."

Namjoon virou-se para Jimin, pronto para perguntar o que ele queria dizer com aquelas charadas sem graça, mas magicamente Seokjin, o beta que sentava atrás deles no ônibus, cutucou seu ombro, e Namjoon teve que olhar pela lateral do assento para vê-lo.

"O que é, Seok?"

Jin curvou-se para sussurrar.

"Troque de lugar comigo, por favor."

"Por quê?"

"Eu explico depois, só faz isso, depressa."

Os ombros de Namjoon cederam e ele começou a levantar, arrastando a mochila consigo. Era mesmo um bundão de primeira categoria.

O resto da viagem foi um tédio, levando em consideração que, além de não conseguir concentrar-se em seu livro ou em suas músicas, agora Namjoon também não tirava da cabeça as palavras de Park Jimin. Não soube como conseguiu dormir com a barulheira que faziam no ônibus, mas em algum momento acordou com o silêncio. Remexeu-se no assento, esticando as pernas no espaço apertado, e a quietude o fez olhar bruscamente para os lados. Todos tinham descido do ônibus agora estacionado e ele estava completamente sozinho.

Exceto por...

"Chegamos", uma voz familiar o chamou do banco da frente. Namjoon encarou a expressão etérea de Park Jimin, a luz do dia refletindo nos brincos prateados e na pele marmórea, acendendo subtons nas mechas cor de rosa.

Perolado. Ele parecia inteiramente feito de nácar como o interior de uma concha.

Jimin sorriu para a cara de perplexidade de Namjoon, então jogou a mochila nas costas e começou a avançar pelo corredor vazio entre as poltronas. Apressando-se e sentindo-se ainda zonzo de sono, Namjoon agarrou sua mochila e o seguiu.

Um clarão branco o atingiu no rosto assim que desceu do ônibus e ele levou vários segundos para processar o que estava vendo. Piscou em reflexo, os olhos ardendo e, por quase um minuto inteiro, tudo que viu era branco. Branco, branco e mais variedades de branco.

"Onde estamos?", gaguejou, os pés tropeçando em camadas fofas de neve. Na frente dele, Jimin andava tranquilamente pelo tapete branco que se estendia ao infinito, o recorte cinzento dos pinheiros longe demais para passar alguma sensação de limite.

A risada brincalhona de Jimin ecoou até o céu. Ele se virou e andou de costas, olhando para Namjoon. Tudo nele passava confiança e leveza, ele estava à vontade ali, até mesmo feliz, enquanto Namjoon mal conseguia despregar os tênis do lugar.

"Está com medo?", a ponta da língua de Jimin lambeu um canino superior. Namjoon arriscou alguns passos adiante, as pernas afundando até as canelas e ensopando seus jeans.

"Como o ônibus conseguiu estacionar aqui? É no meio do nada, não foi isso que eu e Taehyung vimos no mapa... devia ter uma montanha aqui... E para onde foi todo mundo?"

"Embora", Jimin passou os dedos pelos cabelos, fios de seda cor de rosa alinhando-se em camadas macias. Namjoon sentiu o coração acelerando na garganta. Era como jogar o jogo dos sete erros, encontre o que está estranho na figura, exceto que tudo ali era esquisito. Começando pelo fato de que Jimin estava usando só uma camiseta fina, jeans rasgados e coturnos e não parecia minimamente incomodado com o frio. O sol refletia na neve, que jogava prismas multicoloridos na pele nua dos antebraços e pescoço do garoto. Os joelhos de Namjoon tremiam só de olhar para Park Jimin. O garoto era um maldito sonho feérico.

"Embora para onde? E por que você ficou?"

Jimin parou de andar e esperou pacientemente que Namjoon vencesse a distância entre eles com passadas largas e desajeitadas. Quando parou diante do garoto quase uma cabeça mais baixo, Namjoon viu a pele macia da garganta de Jimin exposta e acetinada na luz. Lambeu os lábios, tendo um pensamento estranho de marcá-lo.

"Eu fiquei por sua causa", Jimin disse, olhando Namjoon em adoração especulativa. "Eu vim por sua causa. Eu só existo por sua causa, Monie."

"Está falando coisas malucas de novo."

Jimin sorriu.

"Não sente frio?", Namjoon perguntou. Isso não fazia a menor diferença, na verdade, mas ele precisava continuar aquela conversa, esticá-la para alguma direção que fizesse sentido.

"Não, eu estou em casa, e você também. Sinta isso, Monie, o frio é bom."

Namjoon ficou em choque quando os dedos de Jimin adentraram sua roupa, puxando a barra do suéter para cima. A sensação da palma quente de Jimin deslizando em seu dorso foi tão inesperada e boa que ele sufocou um gemido ao deixar a mochila cair e permitir que Jimin o despisse. E então, Namjoon percebeu que ele estava certo - não havia desconforto, o frio era bom, como estar ao ar livre numa tarde de outono, sob o sol morno. Como isso era possível? Devia estar fazendo uns cinco graus negativos ali.

Olhou para o próprio peito, a respiração intensa, o modo como os dedos de Jimin desciam arranhando de leve sua barriga rígida, a pele clara em contraste com a sua, dourada.

"Isso é real?"

O olhar de Jimin subiu e desceu pelo peito de Namjoon quando ele respondeu:

"Mais real do que tudo que você viveu até hoje. Esqueça tudo que aprendeu sobre sua espécie, Monie, você está tão acima disso. Quero tanto contar tudo para você", Jimin se inclinou para frente e plantou um beijo delicado no peitoral de Namjoon, que arregalou os olhos em fascínio e choque. "Não resista, Monie. Nós iremos nos encaixar perfeitamente bem."

Encaixar.

Namjoon tinha certeza que Jimin não estava falando sobre suas personalidades fora do padrão, porque então Jimin ergueu a cabeça e, como um encantamento, Namjoon estava preso a ele, descendo os lábios até pressionar os do garoto e, céus, eram tão doces e macios e quentes.

Jimin ficou imóvel, deixando que Namjoon rugisse rouco ao prová-lo, puro deleite aquecendo seu peito e sua virilha. Respondendo ao chamado poderoso em Jimin, Namjoon ficou totalmente duro e pronto, pulsando e vivo. Ele podia ouvir em sua mente como tambores e sentir sob sua pele como uma febre, tome-o. Sejam um só.

Ele apertou o ombro de Jimin, deslizando a mão pela lateral do pescoço do garoto e suspirando quando as curvas de Jimin pareceram deliciosas e macias sob seus dedos compridos. Macio, ele era macio, língua pequena e suave enrolando na sua.

Algo se moveu no interior de Namjoon, despertando seus sentidos. Era poderoso e primitivo, crescendo conforme Jimin o beijava e beijava, gemendo e mordiscando seu lábio inferior. Rápido demais, a cabeça de Namjoon girava, mas ele não encontrava em si vontade de parar.

Estava tão duro e dolorido e de algum modo o beijo de Jimin, a doce fricção de seus dedos através dos jeans estavam guiando Namjoon para a borda. A palma do garoto o afagava para cima e para baixo, pressionando e apertando e Namjoon parou de corresponder ao beijo, sem entender como era possível que só um beijo, só Jimin pudesse...

E então ele estava vindo, gozando de olhos abertos e surpresos, boca aberta vocalizando um longo arquejo de prazer.

Jimin beijou seu orgasmo, murmurando manhosamente.

"Ah, Monie. Tão meu."

Namjoon ainda estava passando pelas ondas do clímax quando abriu os olhos e viu o teto do ônibus, coração disparado porque sua mente despertou antes que ele pudesse realizar que estivera sonhando e que acordara de seu sonho pela força da ejaculação.

Olhou para baixo, mortificado de vergonha ao ver uma grande mancha úmida formada sobre a virilha direita, o membro ainda palpitando com os últimos jorros.

Ao redor dele, as pessoas levantavam animadas, pegavam suas mochilas e desciam. Namjoon olhou pela janela e viu a paisagem lá fora, não o tapete infinito de neve, mas a montanha verde coroada de branco, a casa de três andares ao pé dela.

Um ruído úmido de sucção chamou sua atenção. Ele voltou o olhar atônito para cima e encontrou Jimin encarrapitado no banco da frente, cotovelos apoiados no encosto. O pirulito do inferno girando nos lábios molhados e um sorriso de bochechas altas esmagando olhos maliciosos que enxergavam sua alma e sua vergonha.

"Chegamos", Jimin anunciou inocente.

***


Namjoon saiu do banho e se olhou no espelho do banheiro. Seu rosto surgiu devagar entre os riscos de condensação, um garoto que parecia mais velho para a idade, olhos expressivos e atentos, bochechas suaves e um nariz pequeno. Ele não era feio, até mesmo acreditava que se tivesse uma classe as pessoas o aceitariam e se apegariam a ele porque ele tinha magnetismo. Covinhas macias que vincavam sua pele aveludada quando ele sorria e amoleciam os corações. Ele raspara as laterias do cabelo para não parecer tão inofensivo e fofo, e as mechas loiras caiam sobre as sobrancelhas e ao redor das orelhas redondas, mas faltava algo e essa ausência era uma máscara que ele não conseguia arrancar.

Sempre faltou algo. Uma presença, uma marca. Ele invejava todos ao seu redor, porque eles pertenciam. Namjoon não era nada além de um ponto de interrogação à deriva no mundo. Alfas eram alfas porque tinham seus ômegas. Ômegas eram ômegas porque tinham seus alfas e betas. Betas eram betas porque tinham seus betas e ômegas e tudo estava em equilíbrio assim.

Quem ele era, se não tinha ninguém? Mãos para ficarem vazias. Lábios frios sem um par para aquecê-los.

Batidas na porta do banheiro o distraíram e ele vestiu uma camiseta depressa. Seokjin estava do outro lado da porta quando ele a abriu.

"Ei, estamos fazendo uma noite ao redor da fogueira e assando espetos. Você vem?"

Namjoon aceitou o convite e ambos saíram da casa para o grande quintal atrás, onde já havia uma fogueira acesa e uns quinze alunos encolhidos ao redor, rindo, rostos iluminados pelas chamas. Ele viu imediatamente o fulgor alaranjado corando as mechas cor de algodão doce de Park Jimin, e como que atraído por um ímã, o garoto virou o rosto e encarou Namjoon, lábios se partindo em satisfação.

"Oi, Monie", o garoto acenou alegremente quando Namjoon sentou-se no espaço que sobrara entre Jungkook e Hoseok, de frente para Jimin. "Estávamos contando histórias de terror, mas ninguém está conseguindo ficar com medo."

Hoseok bocejou.

"Com sono, por outro lado..."

Alguém passou uma caneca para Namjoon e ele a farejou antes de virá-la. Obviamente era álcool, ele não esperava que fosse refrigerante, mas o líquido desceu queimando sua garganta e aquecendo-o nos lugares em que o fogo não conseguia. Mais duas canecas como aquela e Namjoon estava vendo formas no fogo, fadas azuis, uma lua refletindo nas chispas prateadas e ficou mais fácil acompanhar as risadas ao redor.

O assunto tinha mudado para filmes, e então para os Vingadores, e alguém começou a falar sobre as lendas Vikings, e depois sobre lendas do outro lado do mundo, no Velho Continente. Taehyung era o que menos falava. O garoto parecia travado e apreensivo, lançando olhares para Jungkook o tempo todo e mordendo o lábio inferior. Namjoon notou que Jimin estava atento a tudo, sorrindo em segredo, e isso não o incomodou tanto quanto o fato de que não conseguia parar de olhar para Jimin, que só ficava mais e mais etéreo e bonito a cada segundo.

"O que está acontecendo aqui?", Namjoon cochichou no ombro de Hoseok.

"Hã?"

"Taehyung. Ele está aéreo."

Hoseok deu de ombros e abriu a boca, mas então Jimin estava limpando a garganta, deslizando para mais perto do fogo e retomando a atenção de todos.

"Eu sei algumas lendas interessantes", o olhar dele adejou na direção de Namjoon antes de se fixar na fogueira. "Lendas sobre lobos e fadas."

"Todo mundo sabe que fadas não existem", Jungkook riu, mas corou e desviou o olhar para o chão ao se dar conta do olhar intenso de Jimin sobre si.

"São lendas, Kookie. Só lendas. Vamos voltar para os filmes de terror então..."

"Não", Namjoon se ouviu dizendo. "Eu quero saber. Vocês querem saber também, não querem?"

Jungkook encolheu os ombros. Taehyung remexeu-se inquieto na grama.

"Tudo bem", Jimin sorriu. "Mas antes, me digam, o que vocês acham que são fadas?"

"Coisinhas irritantes", Hoseok gracejou. Todos riram em concordância. Jimin piscou, parecendo pessoalmente ofendido.

"Seres mágicos", Jin acrescentou. "Da floresta. Seres mágicos irritantes da floresta."

"Hm", Jimin murmurou, avaliando Seokjin ameaçadoramente. Namjoon podia jurar que Jimin tinha essa capacidade sinistra de ver as pessoas por dentro, revistá-las. Jin engoliu em seco, a atmosfera descontraída subitamente ficando pesada, até que Jimin desviou o olhar e Jin soltou o ar devagar com um gemido de alívio. "Tanto faz. O caso é que as lendas ibéricas contam que fadas eram como espíritos que protegiam os lobos."

"Não precisamos de proteção", Taehyung protestou, o alfa em si afrontado.

"Não agora, mas muitas eras atrás, quando o lobo e o homem ainda eram distintos. Os lobos eram caçados pelo homem antes que se unissem num só corpo, pelo equilíbrio de Gaia. Muitos lobos morriam de fome, acuados pela civilização, mas nas noites de lua cheia eles escutavam o chamado e seguiam para as florestas. As fadas os alimentavam com animais que pediam da Terra, os protegiam e... Os amavam."

"Amavam", Jungkook ecoou, interessado.

"Sim, Kookie, é exatamente o que você está pensando", os olhos de Jimin brilharam com malícia. "Fadas satisfaziam os lobos de todas as formas. Não façam essa cara, pode parecer nojento se pensarem na logística, mas não era assim. Era mágico, e belo. Algumas lendas diziam que as fadas eram a porção feminina dos lobos, a psiquê do animal."

"Como elas eram?", Namjoon perguntou, pendurado em cada palavra de Jimin, como se o garoto contasse um segredo importante, o maior do universo.

"Aparência, você diz?", Jimin sorriu para Namjoon, língua molhando os lábios cheios brilhantes e rosados como um doce. "Eróticas."

Houve um burburinho de risadinhas e arquejos, todos se entreolharam e desviaram o olhar.

"Quando houve a união dos lobos com humanos", Jimin continuou, "as fadas não eram mais necessárias. Alfas, ômegas, betas, eles tinham o que precisavam entre si, eles se bastavam. As fadas ficaram esquecidas nas florestas, tornaram-se lendas contadas de geração em geração até o esquecimento."

"Isso é triste", Hoseok murmurou.

"Não acho", Jimin deu um gole em sua caneca. "Isso as fortaleceu. Elas esperaram e esperaram até terem uma razão para sair das florestas. Os lobos mudaram e elas também. Adaptação."

"Você fala como se não fosse uma lenda", Taehyung debochou e somente Jungkook riu. "Como se fadas ainda existissem."

Jimin o olhou por tanto tempo que o silêncio ficou distorcido ao redor da fogueira, como se uma brecha no tempo-espaço se abrisse para tragar Taehyung pela força do ódio de Jimin, embora a expressão impassível do garoto não tivesse alterado em nada.

"Eu esqueci de contar uma parte da lenda", ele disse, voz etérea, "Fadas controlavam os lobos. Seus cios. Elas eram hierarquicamente superiores em domínio, davam a eles o que precisavam, mas também monitoravam. Vigiavam."

"Isso é ridículo", Taehyung teimou. Namjoon o admirou pela coragem, porque a esse ponto todos aceitavam o que Jimin dizia, fosse a coisa mais absurda. Ele era um bom alfa, essencialmente dominante e orgulhoso.

O sorriso de Jimin foi lento, olhos crepitando junto com a fogueira. O silêncio se esticou até beirar o insuportável e então, do nada, Jungkook arquejou ao lado de Namjoon. O mais velho o olhou e viu o garoto corando e respirando pesado, o rosto se contorcendo numa careta de agonia, suor brilhando nas chamas douradas.

"Não... não pode ser", Jungkook engasgou, o punho indo direto para a boca para abafar um ofego.

Foi quando Namjoon sentiu. Ele respirou e o cheiro veio, doce como um bolo recém saído do forno, mais forte que o odor queimado da fogueira, mais pungente que a umidade da grama. Namjoon pousou a mão na lombar do menino, alertas girando em sua cabeça.

"Jungkook, você está bem?"

Em vez de responder para Namjoon, o garoto levantou o olhar diretamente para Taehyung. Uma súplica muda e desesperada, um chamado de posse. Foi rápido demais; Namjoon inclinou-se protetoramente sobre o garoto quando escutou o rugido dos alfas ao redor, incitados, e então seus ombros estavam sendo empurrados com força para o lado. Taehyung surgiu diante de si, olhos refletindo as chamas vermelhas e Namjoon teve um segundo de puro instinto em que considerou rasgar a garganta do alfa e afastá-lo do ômega.

"Jungkook está no cio!", alguém gritou o óbvio, a comoção já formada.

"Levem ele para um quarto e o tranquem!"

Jungkook guinchou, virando-se na grama em posição fetal, mãos se enfiando entre as coxas e os músculos saltando nos braços.

"Não pode ser", ele choramingou em soluços, "Estou tomando supressores."

Mas ninguém tinha dúvida. O cheiro que ele exalava, a reação dos alfas, a reação de Taehyung. Namjoon rosnou, levantando-se para pegar Jungkook no colo e levá-lo para dentro, mas outra vez Taehyung o estava empurrando com violência, agachando-se ao lado de Jungkook para tomá-lo nos braços. Os instintos de Namjoon se acalmaram quando ele viu Jungkook lutando contra as dores do cio para se acomodar no colo de Taehyung, antebraços envolvendo o pescoço do alfa em permissão.

Todos seguiram os dois para dentro da casa; Taehyung mal parou para se explicar para os professores que de repente vieram se reunir na sala.

"Ele está no cio", Hoseok disse, "Taehyung vai tomá-lo."

"O quê?!", os professores ficaram confusos. "O garoto deveria estar tomando supressores! Os pais dele assinaram um termo sobre isso!"

"Ele disse que está tomando", Jin emendou. "Mas algo deu errado, não funcionaram."

"Kim Taehyung!", uma professora gritou, mas Taehyung já estava subindo as escadas com Jungkook no colo, as pernas do garoto apertadas em torno de sua cintura, e a próxima coisa que se seguiu foi o estalo alto da porta batendo no segundo andar. O som da tranca sendo girada. A professora suspirou e olhou para os outros docentes, frustrada. "Um aluno ômega será tomado por um aluno alfa sob nossa supervisão!"

"Vão para seus quartos", outro professor instruiu, abanando a mão para dispersar os alunos curiosos. "Está tarde, toque de recolher. Agora, andem!"

Burburinhos de decepção foram ouvidos pela casa conforme os alunos iam para seus quartos arrastando os pés. Namjoon procurou Jimin com o olhar e não ficou surpreso ao encontrar o garoto observando tudo de braços cruzados e expressão divertida num canto afastado da sala.

"Que noite agitada", ele debochou, e Namjoon o encarou em choque.

"O que você aprontou, Jimin?"

Para total perplexidade de Namjoon, Jimin não se defendeu. Ele cortou a distância até o garoto e o segurou pelo braço, não exatamente gentil. O sorriso de Jimin sumiu.

"Toque de recolher, Monie."

"Não faça mais gracinhas, você vem comigo", ele puxou Jimin pela sala e escada acima, enfiando o garoto dentro da biblioteca. Um casal de betas estava aos amassos num canto, mas se assustaram e correram para fora assim que viram a figura grande de Namjoon recortada no vão da porta. Ele esperou que o casal passasse para bater a porta e encarar Jimin de cima, furioso. "Você fez aquilo, você fez Jungkook entrar no cio para se vingar de Taehyung!"

"Vingar?", Jimin riu. "Ele queria o ômega. Meu Deus, só um cego não vê isso! Taehyung quer tomar Jungkook há tanto tempo. E Jungkook o quer também, os lobos neles estavam praticamente implorando para se unirem! Eu só os ajudei."

"Como isso sequer é possível? Jungkook estava tomando supressores e..."

"Argh, essa palhaçada da modernidade", Jimin bufou. "Eles são insignificantes para mim."

Namjoon piscou. Deus, que louco. Ele queria rir de tão louco que era.

"Jimin, não pode mesmo querer que eu acredite nessas lendas malucas que contou."

"Monie, use sua inteligência", Jimin espetou um dedo no peito de Namjoon, então esticou a mão para abrir a porta e ir embora e Namjoon estava tão estupefato que não o impediu.

Namjoon passou o resto da noite acordado, olhando para o teto e escutando os roncos de Seokjin na cama ao lado. Seu peito parecia cheio de bolhas de sabão espocando e revirando. Não conseguia parar de pensar em Jimin, sua presença sensual e dócil e misteriosa, e nas coisas que ele havia dito na fogueira. Uma voz lhe dizia que era ridículo acreditar, e essa voz era sensata e descrente. Mas ele tinha visto com os próprios olhos Jungkook entrar no cio bem quando Taehyung debochou de Jimin, e o garoto era certinho demais para burlar as regras e não tomar supressores. Nenhum ômega arriscaria ser possuído por um alfa dessa forma.

Deus, a casa estava cheia de alfas, é óbvio que Jungkook não cometeria um absurdo desse. O que fez Namjoon pensar... O cheiro de Jungkook despertou em suas entranhas a necessidade de proteger, de cuidar e marcar. Ele deveria ser um alfa, mas então por que não cheirava como um? Por que era tão dócil e pacífico e até mesmo neutro como um beta? Até mesmo quando seus instintos o aproximavam de um alfa, era algo completamente controlado.

Namjoon fechou os olhos e se concentrou no ruído do vento roçando as árvores lá fora. As folhas tocavam umas nas outras como se passassem segredos em sussurros, uma língua primitiva. Ele apurou mais os sentidos e tentou decifrar as palavras frágeis que os sussurros formavam, um embaralhado de sibilos e arquejos e...

Monie...

Abriu os olhos, o coração disparando. Teve medo que os sussurros se perdessem, mas eles eram claros agora, não mais apenas vento e folhagem - a voz de Jimin.

"Monie, venha."

***

Ele achava que estava sonhando porque, como no devaneio que teve no ônibus escolar, ele não sentia frio. A floresta era escura e congelada mas ele andou por entre as árvores cobertas de neve usando apenas as calças do pijama e um moletom solto. As luzes douradas da casa ficavam para trás conforme ele avançava na floresta, seguindo o chamado. Não havia mais voz, ela diminuirá para um doce cantarolar até habitar o coração de Namjoon, a presença de Jimin, a vontade por ele girando e girando em seu peito como a melodia de uma caixinha de música.

Caminhou na neve fofa até encontrar uma clareira. O sol do dia derretera a neve ali, permitindo que as faias respirassem, e a pradaria brilhava salpicada de orvalho. Um pequeno vale verde cintilante no meio do branco opaco. Namjoon achou que era a coisa mais bonita que ele já vira, até percorrer o olhar pela extensão da clareira e encontrar Jimin.

Ele estava em pé sob a franja de uma grande faia. Os cabelos cor de rosa claro desbotavam ao luar, e ele usava um pijama leve e folgado, a gola larga revelando as clavículas afiadas. Ao redor dele, o que poderia ser centenas de vaga-lumes rodopiavam suavemente como uma chuva de ouro.

Jimin sorriu.

Ah, bem, isso tinha que ser a coisa mais bonita que ele já vira.

"Isso é um sonho?", Namjoon perguntou ao se aproximar. Ele achava que era, mas as sensações eram reais demais.

"Ah, eu acho que você pode pensar que é", Jimin disse causalmente, esticando os braços sobre a cabeça para se espreguiçar. Ele estava descalço, a pele livre de maquiagem, suave e clara. O pijama largo caía sobre seu corpo dando a impressão de que ele era menor, despertando em Namjoon vontade de abraçá-lo com cuidado contra o peito.

E, se ele estava sonhando, por que não?

"Você parece um sonho", disse, deslizando os dedos pela bochecha de Jimin.

"Se é mais fácil para você aceitar que é meu dessa forma, então tudo bem."

Namjoon sorriu. Ele deteve-se por um momento nos vaga-lumes ao redor de Jimin, desenhando traços luminosos no rosto bonito do garoto.

"Não sou seu", afagou o lábio inferior de Jimin com o polegar e apoiou a outra mão nas costas dele quando Jimin desfez a distância entre eles e o entrelaçou na cintura.

"Sabe quantos anos eu tenho?", Jimin murmurou. Era uma cabeça mais baixo, de modo que Namjoon tinha que olhar para baixo e Jimin para cima, respirações se misturando na noite fria e isso, de algum modo, tornava tudo mais íntimo. "Mais de um século."

Namjoon piscou, fascinado. O polegar que afagava os lábios de Jimin contornou o maxilar, o queixo redondo e afastou as mechas rosadas para longe das sobrancelhas.

"E por todos esses anos eu esperei por você. Não um beta, um ômega ou um alfa, você."

"O que eu sou?", Namjoon sentiu o peito doer com a realização de que ele queria mais do que tudo uma resposta.

"Você quer um nome?", Jimin o beijou na junção das clavículas, mãos espalmadas no peitoral de Namjoon. Quando olhou para cima e o fitou, os olhos castanhos brilhavam de adoração e orgulho, "Você é uma nova geração, Monie. Um verdadeiro filho da lua, o passado e o futuro, todas as classes juntas. Você não precisa subjulgar nem ser subjulgado, porque você é um Gama, e eu esperei por você por muitas noites e luas. Eu sonhei com você, como você seria, sua voz, seu cheiro", Jimin esfregou a testa no peito de Namjoon, que suspirou, derretido. "E você é tão, tão bonito, tão melhor do que imaginei."

Namjoon segurou o rosto de Jimin entre as mãos, o coração batendo depressa e os olhos fixos nos lábios úmidos do garoto. Jimin era tão bonito que não podia ser de verdade. A lua iluminava suas feições, ele cheirava a algodão doce e pinho, algo que não deveria ser tão bom, mas viciava. Namjoon queria beijá-lo, fazer daquele sonho a continuação do primeiro, mas ainda havia uma pergunta a ser respondida.

"Como é possível? Você controlou a biologia de Jungkook. O que você é?"

"Eu lhe disse. Eu posso controlar vocês, supressores não significam nada para mim."

"Uma fada?", Namjoon riu, incrédulo.

"O que acha de guardião? Soa melhor assim?"

"Não", Namjoon pressionou um beijo nos lábios de Jimin, polegares deslizando pelas bochechas macias. Os dedos de Jimin apertaram o moletom de Namjoon e ele ficou na ponta dos pés para envolvê-lo pelo pescoço e beijá-lo de verdade.

Namjoon suspirou, braços apertando a estrutura de Jimin e ele não conseguia entender como um corpo podia ser tão forte e ainda caber tão perfeitamente bem em seu abraço. Contornou as mãos pelas laterais de Jimin, polegares dedilhando as costelas por debaixo da blusa folgada e puxando Jimin para cima. As pernas do garoto circularam a cintura larga de Namjoon, ele era pesado, apesar de magro, músculos poderosos e um enlace firme.

Caiu de joelhos no chão, mãos apertando as coxas de Jimin para mantê-lo contra si, beijando-o e chupando o lábio inferior do garoto entre os dentes. Sentou nos calcanhares, deixando que Jimin o puxasse pelos cabelos e dominasse o beijo, murmurando que Namjoon era dele, dele, dele, tão perfeito e dele.

"Ainda não entendo", disse, sem fôlego, quando o beijo aclamou até terminar em selos longos e preguiçosos. "Se não preciso subjulgar ou ser subjulgado, porque tenho vontade de dominar?"

"Porque eu quero isso", Jimin encostou a testa na de Namjoon e o encarou intensamente. "Você é o que eu precisar que você seja e eu sou o que você precisa que eu seja. Nós nos ajustamos. Não existe uma hierarquia, ah, na verdade, existe", Jimin clicou a língua no céu da boca. "Eu domino você, porque eu protejo você. É assim que a natureza funciona."

Namjoon torceu o nariz para esta última parte. Ele não gostava da ideia de ser dominado, embora imaginar ser dominado por Jimin causasse um pequeno alvoroço em suas entranhas. Mas fazia sentido que ele se adaptasse a Jimin, foi depois que o garoto chegou na escola que ele passou a desenvolver o senso de posse e domínio.

"Não se preocupe, não é controle", Jimin disse suavemente, espalhando pequenos beijos pelo rosto de Namjoon. Ele sentia que ia desfazer nas mãos de Jimin, a suavidade dos carinhos do garoto, a maciez de sua voz. "É apenas equilíbrio. A minha espécie é rara, existe apenas uma fada para cada cem lobos, e eu passei tantos anos sozinho esperando por um parceiro, um gama, é justo que eu queira que você seja meu e apenas meu agora, não é? É justo que eu queira... ser tomado."

Ah, cristo. Namjoon arquejou, francamente excitado.

"Quer ver magia de verdade?", Jimin ronronou na orelha de Namjoon, as carícias que ele fazia nas coxas do garoto subindo cada vez mais para a curva firme das nádegas de Jimin. Ele acenou, embevecido. Os lábios de Jimin curvaram sobre os seus num sorriso. "Limpe a mente e concentre-se no meu toque."

Namjoon engoliu em seco e obedeceu. As pequenas mãos de Jimin acomodaram-se sobre seu pescoço até entrelaçarem na nuca, e Namjoon achou que ia apenas receber uma carícia, um beijo ou uma provocação, uma vez que Jimin estava sentado sobre sua palpitação ansiosa. Em vez disso, ele sentiu uma estranha energia fluir da mão de Jimin para sua mente, espalhando como uma névoa. Namjoon estremeceu, calafrios subindo por sua espinha, a pele na nuca aquecendo onde fundia com a de Jimin.

"O que...?"

"Shh", os dedos de Jimin afagaram o couro cabeludo de Namjoon para tranquilizá-lo.

"Jimin, isso..."

"É você. Estou chamando seu lobo. Está tudo bem, deixe ele vir até mim."

Namjoon nunca tinha sentido uma energia tão forte, ela parecia nascer dentro dele e fluir para a terra e através de Jimin, unindo tudo numa só latência. A respiração dele acelerou e ele achou que ia convulsionar com a força daquela energia percorrendo suas veias, mas era bom, tão bom que ele seria capaz de chorar. Seu peito agitou-se e ele ficou surpreso ao perceber que era o lobo em si rosnando uma saudação mansa para Jimin.

Ele abriu os olhos, viu o reflexo sobrenatural dourado dos próprios olhos nos de Jimin e simplesmente soube. Não era mais Kim Namjoon. O lobo viera à tona, o lobo olhava Jimin nos olhos e foi o lobo que deixou Jimin deslizar para o chão e curvou-se de joelhos diante do garoto, a nuca à mostra em respeito e obediência.

Os dedos de Jimin afundaram nas mechas macias dos cabelos de Namjoon. Ele murmurou doces palavras de incentivo, aceitando o gesto honroso, então inclinou-se e beijou a lateral do pescoço de Namjoon, a nuca exposta e vulnerável, selando uma promessa e um acordo.

Ele curvou-se sobre as coxas até estar com a cabeça no colo de Jimin. Mãos segurando os quadris estreitos do garoto, testa esfregando na barriga lisa. Jimin beijou-o nos cabelos, no pescoço, abraçando-o e embora Namjoon fosse quase duas vezes o tamanho de Jimin, sentiu-se seguro sob o afago daqueles dedos pequenos e gentis.

Ele não era mais um ninguém.

Ele pertencia a um lugar. Ele não se importava mais se tinha ou não uma classe, porque Jimin dera sentido à sua existência.

***

Os dias seguintes na escola foram estranhos. Todas as noites Namjoon tinha sonhos inquietos. Em todos eles, Jimin o beijava profundamente até estarem ambos arfando e desejando mais, tocavam-se e falavam pouco ou nada, o que não significava que não eram os melhores sonhos que ele já tivera.

Nos corredores da escola, Jimin era o mesmo de sempre, jaquetas de couro e tachas de metal, calças justas e coturnos pesados, um pirulito na boca rosada. Namjoon não pensava mais na possibilidade de tudo aquilo ser imaginação sua - ele aceitara que não era. Quando seu olhar cruzava com o de Jimi ele sentia a nuca arder, o repuxão do lobo agitando-se e chamando pelo garoto.

Nos sonhos, Namjoon era permissivo e corajoso, explorava o corpo de Jimin de todas as formas que queria, marcando-o, sugando, mordendo e, céus, ele era uma miragem. Acordado, ele não conseguia reunir cara de pau o suficiente para ir até Jimin e beijá-lo.

Esta manhã ele estava no refeitório, Seokjin ao lado tagarelando sobre as questões do teste de química e tudo que Namjoon conseguia pensar era em Jimin, sentado lá fora com Taehyung e Jungkook e duas betas do segundo ano. Ele tinha exercido seu domínio diplomático sobre o casal, ao que parecia, e o incidente na viagem fora resolvido por debaixo dos panos, nem a diretora nem os professores se pronunciaram a respeito. O fato é que Jungkook estava saudável e visivelmente conectado a Taehyung e vice-versa. Os dois andavam juntos o tempo todo, mãos entrelaçadas, perdidos em olhares íntimos mesmo no meio de outras pessoas.

O Namjoon de antes teria sentido inveja e solidão ao ver a cena. Mas o Namjoon de agora sorriu e pensou em seu lar, o nome formando-se em sua mente como um chamado. Jimin.

Quando Jimin se moveu no banco, esticando-se para pegar algo na mochila aos seus pés, a camiseta fina e a barra da jaqueta subiram e Namjoon arquejou com a visão da pele clara de Jimin marcada por um chupão arroxeado na cintura. Ele lembrava perfeitamente como havia dado aquele chupão no garoto, duas noites atrás, com força, antes de chupar o pau de Jimin e fazê-lo gozar em sua boca. Se fechasse os olhos, ainda sentia o gosto doce de Jimin na garganta.

O problema de lembrar disso era tudo que vinha junto: os gemidos de Jimin, sonoros e entrecortados enquanto ele se liberava, as curvas flexíveis do corpo dele, e tudo que Namjoon deixou que o garoto fizesse consigo depois, e na noite seguinte. Jimin beijava bem em muitos sentidos e tanto quanto gostava que Namjoon o dominasse, sabia como dominá-lo.

Eles já tinham avançado o bastante para que aquele bloqueio de Namjoon fosse no mínimo tolo, então, com um suspiro resignado, ele ficou de pé de repente. Jin parou de falar abruptamente e olhou ao redor, sem entender.

"O que, o que foi?"

"Ah, desculpe, eu preciso resolver um assunto."

Namjoon saiu do refeitório e aproximou-se de Jimin. Na verdade, ele não precisou se expor tanto - assim que Jimin o viu descer as escadas em direção ao gramado, acenou uma despedida para Taehyung, Jungkook e as duas garotas e começou a andar para o ginásio da piscina. Ele e Namjoon trocaram um olhar breve e conivente e então esgueiraram-se pela porta lateral do ginásio.

Os treinos de natação aconteciam na parte da tarde, de modo que ainda tinham pelo menos uma hora antes que o ginásio enchesse. Por hora, estavam sozinhos. Namjoon olhou para Jimin ansiosamente, mas Jimin apontou para o vestiário e eles não disseram nada até estarem trancados entre quatro paredes.

Namjoon estava ridiculamente corado. Ele encostou nos armários e coçou a nuca, inconscientemente acalmando o lobo que implorava por Jimin a menos de um metro de distância, encostado nos armários da parede oposta. Ele não entendia como um ser tão pequeno e doce podia ter tanto poder sobre si.

"Monie, está tudo bem", Jimin disse e Namjoon fechou os olhos, a voz doce de Jimin aquecendo seu peito.

"É difícil fazer isso sem ser... você sabe, nos sonhos."

"Eu sei", Jimin sorriu triste. "É por isso que crio cenários menos opressores...", ele se interrompeu, inseguro, e Namjoon achou que devia motivá-lo de algum modo.

"São bem bonitos", Namjoon sorriu sem jeito. "Os vaga-lumes e as florestas e tudo o mais."

"É onde eu gostaria de estar, onde eu me sinto em casa. Onde você gostaria de estar, Monie?"

Ele pensou sobre isso. Havia sua casa, seu quarto. Era o mais próximo que ele podia idealizar sobre um lugar seu. Mas, ainda assim, não combinava com Jimin. Com eles.

"Você não precisa responder agora", Jimin disse, desencostando do armário e cobrindo a distância até Namjoon. Ele viveu um instante de nervosismo, pensando no que deveria fazer, era estranho ter Jimin tão perto de verdade, em carne e osso e texturas, mas então as mãos de Jimin se apoiaram em seu peitoral e ele sentiu o calor familiar delas. Um estalo suave clicou no peito de Namjoon, um elo se fechando graciosamente. Quando Jimin o beijou, Namjoon gemeu baixo e retribuiu, encontrando o ritmo que eles sabiam construir. Apertou o corpo de Jimin, experimentando a forma já conhecida dos músculos, dos ângulos e dos encaixes. Macio. Jimin era tão macio. Entorpecido, Namjoon ofegou ao erguer Jimin no colo e pressioná-lo contra os armários.

"É ainda melhor", ele disse, apertando Jimin com mais força. Jimin emitiu um ronronado satisfeito em resposta.

"O que?", os dedinhos de Jimin circularam a barra da camisa de Namjoon.

"Isso. Você", numa compreensão mútua, eles se afastaram e tiraram as partes de cima, Jimin atrapalhando-se um pouco com a jaqueta por causa da posição, Namjoon praticamente cantarolou de prazer quando finalmente suas mãos tocaram a pele quente da barriga de Jimin. Eles não conseguiram se livrar apropriadamente das roupas e de qualquer forma não teriam tempo de ficarem mais à vontade, então tocaram-se pelo espaço aberto das lapelas da camisa, Jimin provocando os mamilos de Namjoon e gemendo com o beijo estalado que recebia no pescoço.

"Devagar, Monie", Jimin chiou, a voz arrastada. Namjoon sugou com mais força, mãos agarrando-o por baixo, "Ou vou fazê-lo entrar no cio sem querer."

Namjoon riu no pescoço de Jimin.

"Não é engraçado. Se me deixar com muito tesão, vou provocá-lo duas vezes mais. Para a sua informação, eu tenho um cio e é melhor não mexer com o que não pode lidar."

"Eu nunca tive um cio", Namjoon confessou, segurando o rosto de Jimin e o encarando. "Talvez seja só coisa de gama, mas não quero ter um. Eu... tenho medo."

Jimin deslizou do colo de Namjoon e sentou no banco entre os armários, abriu as pernas e fez um sinal para Namjoon se ajoelhar entre elas. Namjoon o fez, e Jimin apoiou os cotovelos nos joelhos para afagá-lo nos cabelos. Olhando-o de baixo, Namjoon finalmente entendeu porque era tão estranho estar com Jimin na realidade. Jimin era pequeno comparado a si, mas nos sonhos isso não fazia a menor diferença. Namjoon não o via do alto, porque estavam sempre ajoelhados um diante do outro ou deitados, e ele gostava disso. Era natural, colocar-se aos pés de Jimin não parecia humilhante ou degradante, era apenas a necessidade que o lobo tinha de demonstrar respeito e confiança.

Namjoon olhou para Jimin, mais alto agora pela posição em que estavam. Deslizou as mãos grandes pelas coxas do garoto, puxando-o mais para si até enterrar a cabeça em sua barriga, pedindo carinho. Os dedos de Jimin enrolaram-se automaticamente nas mechas loiras.

"Monie, tem algo que eu preciso contar", a voz de Jimin soou baixa em sua orelha. Namjoon ergueu a cabeça e o olhou. "Antes de falar, quero que entenda que não tenho culpa de ser o que sou, nem você tem culpa de ser o que é."

"Essa é a única parte fácil de entender no meio da bizarrice que nós dois somos", Namjoon tentou fazer uma gracinha para descontrair, mas a seriedade nos olhos de Jimin o deixou tenso. "Cristo, o que é?"

"A minha espécie tem uma regra. Na verdade, eu sabia dos riscos que corria quando decidi sair pelo mundo e encontrá-lo", Jimin pressionou a testa na de namjoon e suspirou, a voz ficando mais suave. "Eu não me arrependo disso, meu Monie."

"Jimin, o que está tentando dizer? Soa como uma despedida."

Jimin sorriu triste novamente.

"Fadas são imortais, contanto que estejam em casa. Eu estou procurando por você há muitos anos..."

"Obrigado por não ter desistido", Namjoon o beijou, lábios macios contra lábios macios, mas Jimin se afastou relutante.

"Escute. Em breve, os sonhos acabarão. Eles são a minha energia vital, Monie. É através deles e neles que eu vivo. Por isso é mais fácil para você estar comigo em sonhos, porque, como meu parceiro, você se ajusta às minhas necessidades. Eu não sobrevivo no mundo real. Eu encontrei você, mas meu tempo está se esgotando. Se eu ficar, não nos veremos mais em sonhos, e eu vou desaparecer."

Namjoon piscou, um gosto ruim se espalhando pela boca.

"O que... Ficar, o que quer dizer com ficar? Para onde você vai?"

"Para casa. Eu preciso voltar para casa."

"Que casa? Onde é isso?"

"O lugar que sempre mostro para você, Monie, nos sonhos. É a minha casa. Vaga-lumes e florestas e luar."

Namjoon começou a se levantar, de repente indignado, sufocado.

"Onde é isso? Só me diga onde é e vamos para lá!"

"Não, Monie, você não pode", Jimin agitou as mãos, apavorado. "Entenda, o meu mundo é o mundo dos sonhos. Realidade e sonhos não se misturam!"

Namjoon piscou, palmas esfregando o rosto com força.

"Eu não estou entendendo. Você está aqui, eu posso tocar em você, como assim realidade e sonhos não se misturam?"

"É o que estou tentando dizer, você só pode me tocar e me sentir porque estou usando minha energia vital para estar aqui, com você, na realidade. Mas esse não é o meu lugar, eu não posso ficar aqui para sempre, Monie. E você não pode vir comigo para o meu lar, é como tentar misturar água e óleo."

Namjoon riu descrente.

"Então o quê, Jimin, acabou? Você vai... para o seu mundo e eu vou ficar aqui, sozinho?", ele apertou a camiseta sobre o coração num gesto instintivo de arrancá-lo do peito. Deus, isso doia. Por que Jimin estava fazendo isso? "Você.... Você veio me procurar e me encontrar e então isso tem que acabar? Você disse que não temos culpa de ser o que somos, mas qual é o verdadeiro sentido disso, se nossas espécies habitam mundo diferentes que não se misturam?", ele percebeu que estava gritando quando Jimin começou a se encolher, mas era difícil controlar a raiva e a revolta, então ele se afastou, andando em círculos pelo vestiário, sem conseguir olhar na direção de Jimin. "Por que você veio, Jimin, se sabia que não ia funcionar?"

"Porque você me chamou", Jimin murmurou, derrotado. Namjoon enfim o olhou e sentiu o coração partir em cacos que cortaram seu peito; Jimin estava triste, tão triste, ombros caídos e mãos nas coxas voltadas para cima, vazias e solitárias sem Namjoon para preenchê-las. "Você nasceu, o meu gama, só meu, é um chamado impossível de ignorar."

Eles ficaram em silêncio, presos num labirinto sem saída. Namjoon respirou fundo e, mais calmo, ajoelhou outra vez entre as pernas de Jimin, entrelaçando os dedinhos pequeno, brincando com as juntas roliças.

"Desculpe. Eu não devia ter gritado. Você me deu um sentido, um nome e um lugar. Então, dê a solução para isso."

Namjoon beijou as bochechas molhadas de lágrimas de Jimin, limpando-as e sorvendo-as. Jimin o abraçou, pernas envolvendo o tronco de Namjoon, que o apertou com força, feliz por Jimin ser pequeno, mas forte e resistente, feito sob medida para si.

"Lembra da lenda que falamos ao redor da fogueira? Fadas como eu existem para proteger e guiar os lobos. Eu cumpri meu propósito. Eu respondi suas perguntas e dei um sentido para sua existência, Namjoon. Eu amei você e você sentiu como é amar alguém. Agora, eu preciso ir, e você deve continuar."

"Jimin, por favor..."

"Não é uma despedida", Jimin ergueu o rosto de Namjoon e o beijou. "Eu o esperarei. Você vai cumprir seu ciclo e então voltará para mim. Gamas são importantes para o equilíbrio da espécie, Monie, e você tem um papel a desempenhar, assim como alfas, ômegas e betas."

"Eu não quero", Namjoon rosnou, retendo as lágrimas.

O resto do dia se arrastou. Namjoon voltou para as aulas da tarde com a sensação de que o tempo estava suspenso, ele não via sentido em continuar. À noite, Jimin esgueirou-se pela janela de seu quarto e ambos ficaram embolados na cama, Jimin repetiu tudo que tinha dito no vestiário até que Namjoon cedesse e concordasse em deixá-lo ir. Jimin o fez prometer que ia viver, cumprir seu ciclo e então encontrá-lo. Eles se beijaram com urgência e necessidade, as línguas se tomando e as peles queimando juntas.

Nessa noite, Namjoon sonhou com um campo aberto prateado pelo luar. Jimin estava deitado ao seu lado, lindo e etéreo, olhos brilhando com lágrimas de amor. Eles se olharam, mãos unidas, e Jimin sorriu o sorriso mais bonito.

Quando acordou, Namjoon se deparou com a cama vazia. Ele soube que sua jornada estava começando então.

***

Ele não se apaixonou outra vez. Levou algum tempo para que Namjoon entendesse que seu lugar no ciclo da vida era diferente do que ele estudava nos livros de biologia. Ele encontrara seu par, mas não podia estar com ele, viver para sempre ao seu lado. Então, ele deveria apenas passar seus gemes de gama, perpertuar sua classe e viver sua vida com o máximo de dignidade e prazer.

Ele se formou na faculdade de medicina e dedicou-se a cuidar dos outros. Ele foi convidado para o casamento de Taehyung e Jungkook, e para o aniversário de um ano da filha de Seokjin. Ele conheceu alfas e ômegas e betas e namorou e teve noites de ressaca. Jamais passou por um cio, mas ajudou em tantos quanto pode. Nunca encontrou outro gama, o que o fez ter ainda mais certeza de que havia sim um sentido em seguir adiante, em seguir um propósito tanto quanto as outras classes seguiam.

Todas as noites, Namjoon deitava em sua cama, acompanhado ou não, e fechava os olhos, esperando ver Jimin em seus sonhos, e ele via, mas não eram sonhos consistentes e na maioria deles Jimin estava longe, acenando, esperando, sorrindo e encorajando Namjoon. Quando Namjoon esticava a mão para tocá-lo, Jimin se desfazia numa névoa cintilante como poeira ao luar.

Ele foi no casamento da filha de Seokjin. Ele saiu algumas vezes com a filha de Taehyung e Jungkook, uma alfa bonita e inteligente e obstinada o bastante para conseguir a proeza de quase fazer Namjoon esquecer de Jimin, mas as noites chegavam e, com elas, a lembrança do garoto de cabelos cor de rosa algodão doce.

"Quem é?", ela perguntou para Namjoon certa vez, no meio da madrugada, quando acordou e viu Namjoon olhando para o teto, distante como que habitando a Lua.

"Hm?"

"Quem é a pessoa que tem você? Não sou eu, Namjoon, eu sei disso, não me subestime", ela se virou nos lençóis, apoiando a cabeça numa mão, os cabelos escuros como cetim deslizando pelo rosto. Ela girou a aliança de noivado no anelar e Namjoon suspirou.

"Eu sinto muito, não devíamos fazer isso."

Mas ela sorriu franzindo o nariz, o mesmo brilho audacioso nos olhos que Namjoon vira tantas vezes em Taehyung, cílios batendo sensualmente.

"Eu conheço você, Joonie. O gama que não se conforma em perder uma vida não iria desistir de um grande amor sem uma razão forte", ela ergueu a mão no ar, o solitário de diamante cintilou orgulhosamente em seu dedo elegante. "E você enfiou esse lindo anel no meu dedo, mereço saber quem estou ofuscando."

Namjoon riu; era fácil falar disso assim, sem peso ou dor. E ela estava certa sobre merecer saber em quem ele pensava todas as noites.

"Eu o conheci quando estava na escola."

"Um alfa? Ômega?"

Namjoon franziu a testa. Ela era sua noiva e sabia sobre sua classe rara, mas ele não tinha ideia de como explicar sobre a espécie de Jimin e tudo que a envolvia, lobos não acreditavam em fadas a não ser como mitos, como vampiros e sereias. Certamente ela iria rir ou se ofender, odiava que fizessem pouco de sua inteligência.

"Vamos apenas dizer que não era para ser", Namjoon simplificou. "Ele era... demais para este mundo. Talvez numa próxima vida."

Ela ergueu as sobrancelhas numa careta, mas assentiu. Montou em Namjoon e o beijou na ponta do nariz.

"Tão romântico. Não se desculpe por amar tanto, Joonie, você não seria quem é sem todas essas coisas bonitas o preenchendo por dentro. E, se vocês vão ficar juntos na próxima vida, eu posso muito bem ter você nessa."

Ele riu e se deixou ser beijado. E então, seis meses depois, casou com ela. Por muitos anos, ele foi feliz e a fez feliz e construiu uma família bonita. E ela nunca reclamou ao acordar e encontrar Namjoon encarando o teto, habitando a Lua.

***


Namjoon estava cansado quando deitou em sua cama naquela noite de Ano Novo. Seus filhos estavam lá embaixo, na sala, rindo e comemorando, mas ele se recolheu cedo, respiração ofegante e mãos trêmulas. Esticou o corpo na cama e fechou os olhos, sentindo um calor reconfortante no estômago. A noite estava fria, mas o aquecimento da casa manteve o quarto aquecido. Estava à beira do sono quando escutou a porta sendo aberta e, em seguida, um peso suave deslizando pelo colchão ao seu lado.

"Vovô."

Namjoon abriu os olhos e viu o rostinho ansioso de Taeyang o observando de perto. Ele era como uma versão mini de Jungkook, exceto pelas pintas, que eram todas da mãe, que por sua vez as herdara de Taehyung; uma no lábio inferior, outra na ponta do nariz e uma embaixo do olho.

"Vovô, você vai dormir?"

"Sim, Tae", Namjoon murmurou, a voz quebradiça. "Será um sono bom. Vovô está cansado e deve descansar agora, um sono longo com sonhos muito bonitos. Vovô esteve esperando muitos anos para sonhar."

Taeyang e olhou e, de algum modo, Namjoon achou que a criança podia entendê-lo através das metáforas. Como um mestiço, Taeyang herdara os genes de Namjoon, era um gama, a carta máxima da espécie, e sua inteligência e sensibilidade o tornavam precoce para idade. Às vezes, Namjoon achava que o garoto conseguia enxergar a alma das pessoas, como agora. Ele beijou a testa de Namjoon, uma lágrima solitária descendo pelo rostinho macio.

"Durma bem, vovô. Tenha bons sonhos."

Namjoon sorriu, fechou os olhos e sonhou.

***

Esse sonho era diferente de todos os anteriores. Para começar, não era exatamente noite, embora a lua crescente estivesse alta no céu. Podia ser qualquer hora entre a madrugada e o anoitecer, o céu pulsava num azul translúcido e profundo, estrelas tremeluzindo na curvatura celeste. Namjoon encontrava-se num grande descampado coberto por uma plantação de lavandas e, no fim delas, a sombra de uma floresta encantada o chamava. Enquanto ele atravessava o campo, olhou para baixo e viu suas pernas longas e tonificadas, as mãos jovens outra vez, lisas e largas. Os pés descalços apareciam por baixo da bainha da calça de algodão e ele sentia a grama úmida e fresca entre os dedos e o roçar suave da lavanda nos pulsos nus.

Uma centena de pares de olhos cintilaram na escuridão quando Namjoon emergiu na floresta. Estalos e trinados de criaturas que ele não conhecia ecoaram entre as folhagens. Ele se sentiu observado e seguido, mas não ameaçado. Este era o lar de Jimin e, portanto, nada ali poderia o fazer mal.

Viu plantas que vibraram em cores vivas e luminosas e mariposas azuis e roxas. Borboletas cujas asas eram olhos imensos e curiosos e gatos que pareciam raposas e coelhos que pareciam esquilos. Viu lagos que espelhavam o céu cheio de estrelas e escutou o sussurro do vento assobiando o idioma da floresta.

Monie... Monie... Meu Monie.

Namjoon fechou os olhos e sorriu. Ele finalmente estava em casa.

Quando abriu os olhos, viu uma longa franja de trepadeiras e samambaias dedilhando o ar e, atrás dela, uma suave luz dourada girava. Namjoon a afastou e olhou com fascínio a profusão de vaga-lumes que espiralavam ao redor da grande faia, iluminando as folhas prateadas e douradas e o garoto que estava de pé embaixo delas.

Ele estava mais bonito que nunca. Mechas cor de algodão doce sobre os olhos escuros brilhantes, lábios vermelhos esticados num sorriso de bochechas cheias. Namjoon suspirou; Jimin não vestia nada, apenas pele nua e lisa e inteiramente livre.

"Eu demorei?", Namjoon perguntou, incerto.

"Uma vida inteira."

Jimin estendeu a mão e o puxou para um beijo longo, ambos enlaçando-se numa dança de corpos ao luar. O coração de Namjoon acelerou até encontrar o mesmo ritmo que o de Jimin, e eles deitaram na grama macia, finalmente despidos e prontos.

Eles se ajustaram e se encaixaram naturalmente, a biologia de Jimin fazendo seu papel e deixando-o lubrificado para Namjoon, que deslizou facilmente, gemendo rouco com a pressão. Ele se moveu dentro de Jimin como se estivesse morrendo de prazer, empurrando e buscando e arquejando com Jimin porque era a sensação mais incrível e avassaladora. Jimin era apertado e pequeno embaixo de si, mas suportava as investidas intensas de Namjoon e ele podia jurar que estava tendo um cio ali mesmo, as entranhas apertando e implorando por um nó.

Sua vida inteira finalmente se fechando no ciclo final. Ele queria estar inteiro outra vez, unido com Jimin para toda a eternidade.

"Mo-nie, m-me dei-xe mon-tar vo-ahh... Você", Jimin pediu, as estocadas sacudindo-o, as bochechas vermelhas e os lábios inchados pelo atrito dos beijos. Namjoon xingou e meteu mais fundo e forte algumas vezes, apertando as coxas de Jimin antes de se retirar, deitar e ajudá-lo a se acomodar em seu colo.

Eles se beijaram conforme Jimin descia no membro de Namjoon, a posição fazendo com que a penetração fosse mais profunda e ambos chiaram, Jimin sentando com cuidado até receber Namjoon completamente.

"Jimin, eu...", Namjoon tentou falar, mas Jimin se moveu em seu colo e ele afundou os dedos nos quadris do garoto. A beleza de Jimin era mágica, digna de sonhos e, montando-o assim, Namjoon tinha uma visão e tanto. Chupou os polegares e os roçou pelos mamilos de Jimin.

Jimin gemeu alto, olhos revirando. Ele farejou o ar algumas vezes, montando Namjoon cada vez mais rápido, o pênis pingando pré-gozo no ventre de Namjoon.

Porra, ia gozar.

"Sim, venha para mim, posso cheirar os seus feromônios, Monie, tão excitante ", Jimin disse, cavalgando-o com vontade, olhando-o nos olhos e Namjoon soube que Jimin estava chamando o lobo. Ele rugiu, unhas cravando nos quadris de Jimin, olhos acendendo num dourado intenso e hipnotizante. Jimin gaguejou ao quicar sem parar. Namjoon envolveu a palma grande na ereção de Jimin, masturbando-o e trazendo-o para o clímax mais depressa. Jimin gritou, o corpo inteiro retesando sobre o de Namjoon, a liberação escorrendo entre os dedos dele. "Moniemoniemonie... Ah-ah... seu nó, preciso do seu nó agora..."

Namjoon ergueu os quadris, apertando a cintura de Jimin para segurá-lo para baixo, testículos pesados batendo com força contra as nádegas do garoto. Ele murmurou uma súplica, a ejaculação percorrendo sua extensão como um tiro e ele arfou de alívio ao senti-la enfim explodindo dentro de Jimin, o membro inchando e inchando até que ele não conseguisse mas estocar. Jimin chiou, o pau ainda pulsando e expelindo as últimas gotas de gozo.

Ele manteve Jimin sobre si, ambos arfando e chiando com a sensação do nó os atando e preenchendo Jimin ao limite da dor. Namjoon afagou a barriga do garoto em conforto, olhando-o com ternura.

"Está tudo bem", Jimin gemeu. "É bom."

"Meu", Namjoon rugiu. Ondulando os quadris para enterrar mais fundo em Jimin apesar do nó. Devagar, suavemente, o nós desfez, Jimin moveu-se para frente, lábios esbarrando nos de Namjoon. Eles ficaram quietos, respirando juntos, ainda encaixados. Namjoon nunca tivera um cio, mas sabia que ia precisar de bem mais que uma vez para se saciar e Jimin ronronou alegremente ao sentir a ereção do macho gama endurecendo novamente dentro de si.

Estrelas cadentes caíram, a lua subiu e desceu, o céu tingiu-se em tons anil, rosa e roxo. A floresta cantou enquanto eles se uniam uma vez após a outra. Então, eles adormeceram debaixo da faia, vaga-lumes piscando na noite acima deles, as mãos grandes de Namjoon brincando com os dedinhos de Jimin sem nenhuma pressa porque agora eles tinham todo o tempo da eternidade.

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yah <3

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