𝟲𝟵, veronica.
Nate estava radiante quando voltamos para Los Angeles, mesmo depois de uma hora dentro do carro gelado.
Ele e Derek se encontraram dois dias antes de voltarmos para LA, e me lembro de que Nate chorou até dormir quando chegou na casa da família de Cameron. Chorou de alívio e felicidade, pelo que sei. Os dois estavam bem de novo, depois de tantos anos.
Embora eu não tivesse recebido um pedido oficial, Nate e eu estávamos juntos agora. Eu passava mais tempo com ele do que com nossos amigos, ou minha própria mãe – e posso dizer o quanto Sammy ficou feliz com isso: nada.
No geral, as coisas estavam indo muito bem.
Minhas aulas começaram no dia seguinte em que cheguei em casa, e tudo correu perfeitamente bem por um mês inteiro.
Taylor e Nash estavam juntos agora, com pedido fofo e aliança cara. Jack e Maggie estavam do mesmo jeito, mas eu suspeitava que Jack estava armando alguma coisa para a minha amiga de coração duro.
Até minha mãe tinha alguém – aquele mesmo cara que ela disse estar saindo assim que terminou com Nathan. Era o relacionamento mais duradouro que ela estava tendo em anos, e eu esperava que permanecesse assim.
Eu estava muito feliz, até que começaram as primeiras contrações.
Eu tinha acabado de entrar no oitavo mês quando tive a primeira delas. As dores íam e vinham, sem tempo definido de pausa.
Ainda lembro da cara de Nathan quando senti as malditas pontadas dentro do carro. Ele quase nos fez bater em um poste, de tão desesperado que estava.
Na minha última consulta, o médico disse que eu estaria pronta para dar a luz entre o dia quinze e trinta de março, em um mês. Mas, agora, eu sinto que meu bebê pode escorregar a qualquer momento.
─ Para de ser paranóica, Veronica! ─ Olivia diz, quebrando um kit kat e jogando na boca. ─ Como que a criança vai cair dentro do vaso sanitário? É impossível!
─ Eu já vi casos assim, ok? ─ cruzo os braços.
É claro que eu sei que meu bebê não vai cair se eu abaixar pra fazer xixi, mas isso não me impede de ter medo de acontecer algo do tipo.
─ Sete a cada dez crianças nascem prematuramente, sabia? O Vince pode nascer a qualquer momento, e certamente não vai se importar se vai ser na merda do vaso sanitário! ─ Olivia me encara em silêncio por alguns segundos antes de começar a rir. ─ O que?
─ Você tá certa, ele pode nascer a qualquer momento. ─ ela ergue o dedo. ─ Mas não basta ele querer nascer. Você tem que forçar ele pra sair, ou então você só vai sentir dor, mas ele vai continuar aí dentro.
Antes que eu respondesse, dona Vanessa aparece na sala, com sua roupa de academia e o cabelo preso.
─ Do que estão falando? ─ ela pergunta, tirando o celular do suporte do braço e, provavelmente, checando o aplicativo que mostrava por quanto tempo e a distância que ela correu.
─ Sua filha acha que o Vince pode nascer prematuramente e tá preocupada que ele escolha a hora de fazer xixi pra dar as caras. ─ ouvindo de outra pessoa, parecia mesmo algo estúpido.
─ Eu não duvidaria. ─ minha mãe rebate.
Eu não sabia se me vangloriava por estar certa, ou se me preocupava por estar certa.
─ A minha bolsa estourou enquanto eu tomava banho, então eu só percebi quando as dores começavam. Eu não achei que estava entrando em trabalho de parto até sentir que ela estava se forçando para fora. ─ ela diz. ─ E faltava uma semana para eu completar nove meses.
─ Por que você nunca me contou isso? ─ questiono.
─ Porque você nunca perguntou. ─ ela mexe os ombros.
A semana que se passou não foi uma das melhores. Assim como minha mãe contou sobre como nasci, agora eu estava a uma semana de completar nove meses.
Março estava no seu primeiro dia, e eu dormia na casa dos meninos, apenas para o caso de ter mais de um carro a minha disposição se algo acontecesse.
─ Você tá quase virando uma planta, Veronica! ─ Sammy resmunga, se jogando ao meu lado.
─ Não quero arriscar sair daqui e acontecer alguma coisa na rua. ─ mexo os ombros e levo mais uma colher de sorvete até a boca, sem tirar os olhos da televisão, onde passava Largados e Pelados.
Sammy não argumentou contra a minha paranóia, porque sabia que eu não ia ceder. Eu estava sem sair de casa há quase uma semana, usando o quintal para pegar sol todos os dias depois da aula, mas não tinha nenhum problema com isso.
Estiquei o pé e fiz carinho nos pelos macios de Thunder, que estava muito maior do que eu me lembrava. Ele estava deitado no chão, assistindo junto comigo. Em resumo, ele não me largava, não importa onde eu fosse.
Uma vez ele até atrapalhou eu e Nate – que aprendemos a usar a cama. A porta do quarto dele ainda está arranhada.
Parei a colher no meio do caminho quando senti uma dor aguda na barriga, e imediatamente levei a mão até lá.
O que me confortou foi saber que não havia sinal de bolsa estourada, então meu bebê ainda estava nadando dentro de mim.
Continuei assistindo, reprimindo os gritos a cada pontada no pé da barriga. Eu estou pronta para a laqueadura depois que Vince nascer.
Quando a noite caiu, Nate chegou. Ele tirou o casaco molhado pela garoa e me deu um selinho longo ao se sentar ao meu lado.
Ele tinha arrumado um emprego temporário em um escritório de engenharia – o estágio que faltava para que ele concluísse a faculdade de vez –, e chegava sempre um pouquinho depois que anoitecia.
É claro que ele só foi atrás do estágio por dois motivos: porque queria terminar a faculdade, e porque eu o assegurei que estava tudo bem. Porque, caso contrário, ele não iria.
Não iria porque ele não precisa do salário que recebe, e porque não queria ficar longe de mim logo agora que as coisas podem ficar feias a qualquer hora.
─ Eu vou matar aquele desgraçado. ─ Nate murmura, jogando a cabeça no estofado do sofá. ─ Assinamos a porra de um contrato onde dizia que eu tenho direito de ir embora assim que o expediente acabar, independente de trabalho finalizado ou não, e aquele filho da puta me prendeu lá por mais meia hora!
Tentei não rir do seu estresse, sabendo que, assim como eu, ele estava nervoso e ansioso.
─ Você está em casa agora. ─ passo a mão pela barba rala que cobria parte do rosto dele. ─ Se acalma.
Olhando nos meus olhos, Nathan respira fundo cinco vezes e então sorri quando seus olhos descem para a minha barriga enorme.
─ Eu vou pagar para arrancarem o meu útero, Nathan. Juro por deus! ─ ele gargalha, passando a mão por baixo da minha camiseta.
─ Não antes de eu botar mais dois aí dentro. ─ olho para ele, boquiaberta, e a risada dele aumenta. ─ Ok, só mais um.
─ Nem um e nem dois! Chega! ─ o sorriso dele alarga conforme ele se aproxima do meu rosto. Porém, quando ele estava perto demais para me beijar, outra pontada me atinge rápido demais para que eu possa esconder. ─ Merda.
─ Tá tudo bem? Quer ir no hospital? ─ reviro os olhos e beijo seus lábios rapidamente, me deitando no sofá e voltando a assistir.
─ Vincent sabe que ainda não está na hora.
Talvez eu tenha dito aquilo cedo demais.
Três dias depois, quando acordei, sentei no vaso sanitário e fiz xixi. Mas saiu mais xixi do que o normal.
Não demorou para eu perceber que não era só xixi.
Por um milagre divino, Nathan estava de folga naquele mesmo dia, e me levou para a maternidade imediatamente.
Lembro do horror que senti quando a enfermeira me disse que eu estava perto da dilatação mínima há quase doze horas; aquilo poderia ter acontecido em qualquer momento, mas Vince decidiu brincar com a minha cara e esperou eu sentar na privada.
Ter um bebê era pior do que parecia. Nathan parecia a ponto de vomitar, ou desmaiar. Ou talvez vomitar e desmaiar depois. Mas ele não soltou minha mão, nem quando a apertei como se minha vida dependesse daquilo.
Demorou mais tempo do que eu imaginei para ouvir o choro fino no mesmo instante em que senti como se três caminhões pipa tivessem passado por cima de mim.
Eu estava exausta, sonolenta e totalmente esgotada. Eu sentia o suor escorrendo pelas minhas têmporas, mas foi Nate quem secou meu rosto pra mim, e passou um pouquinho de blush nas minhas bochechas.
Não porque ele achou que eu precisava, mas porque eu havia o pedido quando saímos de casa horas antes; porque eu sabia que Olivia e Taylor iriam querer registrar aquele momento, e eu não quero que meu filho visse o quanto eu parecia uma morta-viva na hora em que ele nasceu.
Reuni todas as minhas forças para permitir que os médicos levassem meu bebê para os exames antes que eu pudesse pegá-lo, cheirá-lo... Conhecê-lo, resumidamente.
Nathan batia os pés no chão freneticamente, tão ansioso quanto eu.
─ Ei. ─ o chamo, e então as batidas cessaram. ─ São só alguns exames. Ele estará aqui em alguns minutos.
Nate se levanta da poltrona; ele já não vestia mais aquele protetor azul horrível, luvas e touca. Os olhos dele brilhavam.
─ Eu amo você. ─ ele sussurra. ─ Mais do que qualquer um poderia aguentar.
─ Eu também amo você, Nate. ─ sorrio para ele. ─ Mais do que eu poderia aguentar. ─ ele ri baixinho. ─ Obrigada.
─ Pelo quê?
─ Você sabe pelo que. ─ molho os lábios, sentindo eles rachados. ─ Você me ensinou como amar, e ser amada. ─ pego as mãos dele nas minhas. ─ E eu sempre serei grata a você por isso. Sempre.
Ele faz uma careta.
─ Por que isso soou como uma despedida? ─ dou risada da sua expressão.
─ Não é, bobão. Não vai se livrar de mim tão cedo. ─ mostro a língua para ele, que sorri.
─ Assim espero.
Matamos o tempo conversando enquanto esperávamos pelo médico para trazer nosso bebê para nós, e quando isso aconteceu, meu coração parecia estar a ponto de explodir.
Vince estava vestido com a roupa que escolhi para a saída da maternidade: um conjunto verde claro dado de presente por Sammy, dias atrás. Touca, meia e tudo mais.
Escutei atentamente o que o médico dizia. Meu bebê estava em perfeitas condições, apesar de ter nascido antes do tempo previsto.
─ Já sabe como fazer para a amamentação? ─ o médico questiona a eu assinto, ansiosa para tê-lo em meus braços logo.
Meus olhos encheram quando isso aconteceu. Vince parecia encaixar perfeitamente em meus braços, olhando atentamente para tudo ao seu redor.
─ Oi, bebê. ─ sussurro, pegando sua mãozinha. ─ Eu sou sua mamãe. ─ Nate sorri. ─ E esse é o seu papai.
─ E aí, garotão! ─ cuidadosamente, dou espaço para que Nate se sente na maca junto comigo.
Enquanto eu sussurrava coisas para o nosso bebê, pude sentir que Nate nos observava, sorrindo. Eu estava imaginando o que ele diria, até que ele me poupou do esforço.
─ Mora comigo. ─ era um pedido, é claro, mas também era como uma afirmação. Como uma necessidade. ─ Tenho dinheiro o suficiente para comprar um apartamento, ou uma casa só para nós, com um quarto enorme para essa coisinha brincar quando quiser. Não me importo onde, contanto que esteja comigo.
Passei a ponta do dedo indicador pelo rosto delicado de Vincent, que agora dormia. Nosso bebê carregava a mesma expressão de calmaria sem fim, os ombros relaxados e a mesma droga de abertura entre os lábios enquanto dormia tranquilamente.
Quase nove meses dentro de mim, me estufando como um balão, e então nasce com a cara do idiota do pai.
Ao olhar para Nathan, percebi a expectativa em seus olhos. A esperança.
Certa vez, Nate me disse que eu o ajudei a se tornar quem ele é hoje, e eu tenho muito orgulho da pessoa que ele se tornou.
Ele, por outro lado, ainda está me ajudando a evoluir, assim como Vince também ajudará.
Então eu disse sim.
Porque o amo. E porque temos um bebê para criar. Juntos.
E porque estou pronta.
ronnie ta pronta mas eu num to
ces tao ouvindo esse barulho? sou eu chorando
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