𝟲𝟴, nathan.
Todos estavam muito bem arrumados. As mulheres com vestidos brilhantes, de todos os tamanhos, e nós, homens, com jeans e camisetas.
Todos arrumados, mas cada um de seu jeito.
Veronica era a mais bonita entre nós, e não digo isso apenas pelos sentimentos que cultivo por ela, mas sim pela questão do bom senso.
O vestido que ela usava ia até a altura da panturrilha. No entanto, a curva em sua barriga – agora, muito maior do que no mês passado – fez com que o tecido prateado subisse três palmos, e então parasse um pouco acima do joelho.
O cabelo liso combinava com a maquiagem, e a cor das pálpebras era quase o mesmo tom de prateado que o vestido.
Me lembro de ter discutido com ela sobre os sapatos de salto alto, que ela, obviamente, não poderia usar até que nosso bebê viesse ao mundo. Porém, como sempre, ela venceu a discussão, alegando que o tiraria assim que chegasse na praia.
Às dez horas, a maioria dos caras já estavam falando com a língua embolada e as meninas riam cada vez mais alto.
Eu me contentava com duas ou três garrafas de cerveja, e de vez em quando alguns tragos no baseado. Mas fazia o máximo para ficar o mais sóbrio que conseguisse.
Como eu imaginava, a praia estava cheia. Grupos de pessoas se amontoavam nos quiosques, e até mesmo na areia fofinha. Como estamos em catorze, decidimos que seria melhor ficarmos longe de quiosques e, consequentemente, longe de mais pessoas bêbadas. Isso evitaria muitas brigas.
Encontramos um canto ligeiramente vazio e o tomamos para nós. Estávamos aqui desde às nove, e até agora não houve nenhuma complicação.
─ Eu vi uma coisa na internet. ─ Taylor começou. Ela era a menos bêbada entre as três garotas. ─ Assim que der meia noite em ponto, você pede alguma coisa para a sua vida, e essa coisa é concedida pelo ano todo.
Eu também tinha escutado algo assim em Nebraska, mas nunca me importei.
─ Tipo maconha e cerveja? ─ Johnson questiona, com a língua embolando em cada sílaba.
─ Não, idiota! ─ a namorada de Nash revira os olhos. ─ Coisas tipo saúde, prosperidade, sucesso, amor... ─ Johnson murmura um "aah". ─ Então, quando der meia noite, todos faremos um pedido. Pode ser em silêncio mesmo, contanto que seja na hora exata.
Olhei para Veronica, e ela estava sorrindo, com a mão na barriga.
Eu já sabia o que eu pediria.
Os minutos foram se passando, e as garrafas íam se amontoando aos cantos. E os gritos ficavam mais altos.
Me afastei um pouco deles e acendi a ponta do baseado. O último, se meus planos dessem certo.
Honestamente, não sei porque comecei a fumar, para início de conversa. Me lembro de ter acendido meu primeiro baseado dois meses antes de meu pai morrer – coincidentemente, por câncer de pulmão –, e desde então os hábitos pioraram. Eu não passava um dia sem fumar um, até que fui embora de Nebraska com Samuel. As coisas melhoraram em Los Angeles; entrei na faculdade e larguei um pouco o vício, mas ainda fumava dois ou três por semana.
Quando tranquei a faculdade, eu não tinha mais nada para fazer além de ficar vegetando em casa. Arrumei um trabalho de segurança em uma boate, mas fui demitido – porque me flagraram curtindo a festa quando deveria estar procurando por coisas ilícitas – um mês antes de conhecer Veronica.
Conhecê-la mudou tudo. Meus hábitos, meus vícios... Tudo. Pensar nela se tornou um vício pior do que fumar, ou beber.
E depois que ela me contou sobre nosso bebê... Acho que não havia ninguém mais feliz, porém desesperado, do que eu em toda Los Angeles. Não mesmo.
Eu falei sério quando disse que esperaria até ela estar pronta para assumir o que sentia. Esperei por ela a minha vida inteira.
O que dizem sobre a mulher certa mudar o homem é uma completa besteira. A mulher certa melhora o homem. De qualquer maneira, eu não acreditaria em nenhuma dessas duas coisas se Kami Maloley, minha mãe, não me dissesse que estava orgulhosa da minha evolução como homem, como pessoa. Veronica fez isso; me ajudou a evoluir.
Então, sim, eu esperaria por ela por mais uma vida inteira se fosse necessário. Porque a amo.
E, exatamente porque a amo, que estou disposto a ser alguém melhor. Por ela. Por Vincent, que estava a pouco mais que três meses de chegar ao mundo.
Então, por ela, bati a seda do baseado na parede e o joguei para longe. O último.
Às onze e cinquenta, ninguém largava o celular, checando as horas a cada cinco segundos.
Senti quando Veronica parou atrás de mim, talvez ponderando se falaria algo ou não.
Por fim, ela não disse nada. Não disse nada quando abraçou o meu braço e encostou a cabeça em meu ombro, e também não disse nada nos minutos que se passaram.
Não percebi quando, mas agora nossas mãos estavam juntas sobre a barriga dela, que dava leves solavancos. Meu filho estava ansioso para sair, e nós estávamos ansiosos para recebê-lo. Nosso filho.
Não precisávamos olhar no celular quando chegou onze e cinquenta e nove. Nossos amigos abriram mão da contagem do dez, e fizeram a contagem regressiva desde o cinquenta a nove.
E então chegou o dez.
A mão de Veronica apertou a minha, e nossos olhares cruzaram um com o outro. Havia um brilho mais intenso nos olhos dela. Um brilho de esperança, talvez.
Os olhos dela marejaram quando ela sorriu pra mim, e eu devolvi o sorriso à ela.
Eu estava pronto para viver uma vida inteira ao lado dela, se ela me dissesse que queria o mesmo. Porque a amo.
E então chegou o cinco.
Porque amo o nosso bebê, e faria de tudo por ele.
Quatro.
Porque, apesar de não ter notado nenhuma diferença visível, eu me sentia novo. Sentia que estava pronto para o que enfrentaria a seguir.
Três.
Estava pronto para ser pai. Para ser namorado, noivo, marido ou o que fosse.
Dois.
Estava pronto para me deixar amar Veronica, se ela se deixasse ser amada.
Um.
Fiz o meu pedido.
Veronica chorava quando os fogos de artifício brilhavam no céu, dando cor à noite escura.
Ela ainda estava chorando quando disse:
─ Não precisa mais esperar por mim. ─ encosto nossas testas, sentindo a delicadeza de suas mãos sobre as minhas. ─ Estou pronta agora.
Não esperei nem mais um segundo para beijá-la. Um beijo calmo, terno e cheio de amor.
─ Eu amo você.
Não fora apenas eu quem disse, ou apenas ela. Dissemos juntos. Confessamos juntos, embora já soubéssemos há algum tempo.
Ergui os olhos, encarando os nossos amigos.
─ Onde você vai? ─ ela pergunta quando dou dois passos para trás.
─ Preciso abraçar a Taylor. ─ digo, e então volto a olhar para ela.
Ela me olhava com curiosidade, então expliquei:
─ Porque eu acabei de pedir para seja lá quem for que você estivesse pronta para passar por isso junto comigo.
próximo capítulo é o último meu deus socorro eu tô muito triste n quero me despedir de vocês :((((
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