𝟯𝟴, veronica.
Senti a minha cabeça pesar, e só percebi o porquê quando abri os olhos. Eu estava deitada em Nathan do busto para cima, e uma de suas mãos estava sobre a minha cabeça.
Fiz o possível para levantar sem acordá-lo e vesti de novo a calça e o sutiã, tendo que subir em um banquinho para alcançar a parte de cima da estante e pegar a chave. Destranquei a porta e saí do quarto em silêncio.
Depois de dar uma ajeitada no cabelo e escovar os dentes eu vou para a cozinha, onde Sammy passava manteiga de amendoim no pão, com a cara inchada.
─ Bom dia. ─ digo, baixinho. Somos os únicos acordados.
─ Só se for pra você. ─ responde, no mesmo tom baixo. Arqueio a sobrancelha e cruzo os braços, esperando que ele conte o que aconteceu para estar de mau humor. ─ Sua amiga é uma desgraçada, Veronica!
Começo a rir antes mesmo de ele me contar o que Olivia havia feito. Eu já sabia que Sammy ia gamar, mas ela é um passarinho fora da gaiola, soltinha e vai beber água em todo canto.
Talvez essa não seja a melhor metáfora, mas deu pra entender.
─ Já faz um mês que a gente não passa dos beijos, e quando estava quase lá, aquela filha da puta me largou de pau duro por causa de um gato! ─ minha risada aumenta sem que eu possa impedir. ─ Não é engraçado, caralho!
Sento na bancada, ainda rindo da cara dele. Eu não fazia ideia do joguinho que Liv estava fazendo com Sammy, mas se o objetivo era fazer ele ficar de quatro por ela, então ela estava no caminho certo.
─ Só uma dica, Wilk. ─ ele me olha. ─ Quando chegarem nos finalmentes, pelo amor de santo deus, usa camisinha! Uma criança a caminho já é o bastante.
Samuel faz o sinal da cruz em seu peito, olhando para o céu.
─ Já vou gastar dinheiro demais com a minha afilhada, imagina se eu tivesse uma filha? Eu ia a falência, sem dúvidas. ─ ele diz e morde o seu café da manhã. ─ Falando nisso, e você e o Nate, hein?
Meu rosto esquentou, e ele percebeu.
─ Puta merda! Eu não estava me referindo a isso, sua impura! ─ ele fala, ainda com a boca cheia, o que deixou tudo mais engraçado. ─ Com a casa cheia, Veronica? Vocês são podres!
─ Não exagera! Se eu não tivesse tido essa reação você nem saberia que aconteceu. ─ retruco, escondendo o rosto nas mãos. ─ E você teria feito a mesma coisa se a Olivia não tivesse que ir atrás dos gatos, Samuel, deixa de ser hipócrita!
─ Você venceu.
Tomamos café da manhã juntos, sempre rindo da cara um do outro. Os outros começaram a acordar depois das dez. Primeiro foi Maggie, depois Gilinsky, Nate, Olivia e, por último, Johnson.
Dispensei a carona de Olivia, que saiu de lá quase correndo junto de Maggie, para fazer algo que eu não faço ideia. Tomei um banho, colocando um par de roupas que eu havia deixado aqui na última vez em que vim, calcei o tênis e prendi o cabelo.
─ Já vai? ─ Nate pergunta, me seguindo pelo corredor.
O olhar me faz lembrar de ontem – ou hoje de madrugada, tanto faz –, e não só meu rosto aquece como meu estômago revira ao repassar minhas palavras antes de dormir. Eu o amo.
─ Tenho horário marcado no shopping. Tenho que tirar esse amarelo do cabelo antes que eu não aguente mais andar. ─ falo, indo para a sala, onde os meninos estavam.
─ Tira não, você loira fica mais gostosa. ─ Sammy diz, claramente para tentar ter algum efeito sobre Nate, mas ele nem abre a boca.
─ Obrigada, eu acho. ─ Sammy pisca e volta a assistir o jogo de basquete que passava na televisão. ─ Tenho que estar lá em quinze minutos.
─ Eu vou com você. ─ franzo o cenho. ─ Você não chegaria a tempo, e eu tenho que comprar algumas coisas, de qualquer maneira. Vamos.
Não contestei, apenas o segui até o seu carro e entrei no banco do passageiro. Nate ligou o rádio e fomos o caminho todo balbuciando as letras de músicas conhecidas. Mandei um bom dia para dona Vanessa, mas não esperei que ela respondesse, já que havíamos chegado.
─ Eu vou demorar um pouquinho lá, e vou aproveitar pra comprar uns vestidos depois. Não precisa me esperar. ─ fui completamente ignorada. Nathan entrou no salão um pouco atrás de mim, mas se colocou ao meu lado quando parei no balcão.
Como havia o avisado, o processo demorou um pouco, cerca de uma hora, mas ele não reclamou nenhuma vez. Nate estava sentado em uma das cadeiras pretas de estofado seco, com uma perna cruzada em cima da outra e mexendo no celular, quando não estava apenas olhando as duas mulheres mexendo no meu cabelo.
Quando acabou, creio que qualquer um poderia ter escutado o seu suspiro de alívio em um raio de dez metros. Me olhei no espelho por poucos segundos, aliviada por estar morena de novo. Não que o loiro fosse feio, eu só não tinha paciência para cuidar.
Paguei pelo procedimento e saí do salão com Nate novamente ao meu lado.
─ Você tá bonita. ─ ele diz, passando o braço pelos meus ombros em um gesto automático. Ele era consideravelmente mais alto do que eu, então não foi desconfortável para nenhum dos dois.
─ Obrigada. ─ sorrio fraco e continuo andando. ─ Você não ia comprar sei lá o que?! A gente pode...
─ Você tá querendo fugir de mim, Veronica? ─ seu tom era de brincadeira, mas eu sabia que era uma dúvida real.
─ Não, eu só não quero fazer você perder seu tempo. ─ mexo os ombros, fazendo a melhor cara de paisagem que eu tinha.
─ Tempo contigo é tempo bem gasto, e você sabe. ─ mexo a cabeça, envergonhada. ─ E eu sempre quis saber qual é a sensação de ficar sentado na frente dos provadores igual naqueles filmes de comédia romântica que você assiste. ─ dou risada, olhando para os pés. ─ Bora pra essa loja aí.
O guio até a loja que tinha pesquisado na internet ontem de tarde, ignorando os olhares curiosos das atendentes em nós.
─ Roupa de grávida... É, faz sentindo. ─ ele murmura, mexendo nos vestidos em uma das araras.
─ Você pode ficar sentadinho ali e... ─ parei de falar quando uma garota ruiva, com a camiseta da loja, se aproximou de nós.
─ Boa tarde. Como posso ajudá-los? ─ a ruiva intercalava o olhar entre eu e Nate, mas sempre olhava para ele por mais tempo.
─ Eu queria dar uma olhada nos vestidos. ─ ela finalmente para o olhar em mim, sorrindo fraco.
Pensei que Nathan ia fazer exatamente o que disse e ficar sentado na frente dos provadores, em silêncio, mas eu estava terrivelmente enganada.
─ Nada disso! Estamos em outubro, Veronica. Frio! ─ reviro os olhos. ─ Ela quer calça, moça.
─ Cala a boca, Nate! ─ ele ri, dando um passo para trás e levantando as duas mãos em rendição. ─ Eu quero ver os vestidos.
Sem deixar de notar os olhares interessados da ruiva sobre Nate, a sigo até onde os vestidos estavam.
─ Vocês formam um casal muito bonito. ─ olho para trás, vendo que Nate não nos seguia de perto, portanto não ouviu.
─ Obrigada. ─ sorrio. Não ia negar e deixar o caminho livre pra ela dar em cima dele, não mesmo.
─ Se não se importa que eu pergunte... ─ balanço a cabeça, focada nos vestidos. ─ Quantos anos vocês têm? Parecem tão jovens para terem um bebê.
Desisto de achar algum vestido que me agrade e pulo para a arara de macacões, tanto grandes quanto curtos.
─ Tenho dezoito e ele vinte e três. ─ os olhos dela se arregalam levemente, mas ela não argumenta sobre. ─ E, bem, foi um acidente.
Ela fica em silêncio até que eu separe três macacões grandes e dois pequenos, algumas calças de tecido leves e cinco baby-dolls.
─ Você nem experimentou, Veronica. Como sabe que serve? ─ ele cruza os braços enquanto a ruiva digita algo no computador. ─ E se ficar grande?
─ É pra ficar grande, gênio! Eu não quero gastar dinheiro atoa com uma roupa que eu não vou poder usar daqui um mês. ─ ele murmura um "ahh".
Paguei para a moça ruiva, que, mesmo depois de eu não ter negado que somos um casal, ainda olhava fulminantemente para Nathan, que sequer notou.
─ Me ajuda aqui, amor. ─ dei um leve ênfase no apelido, que serviu para dispersar o olhar da ruiva. Atordoado, Nate pega três das cinco sacolas e sai da loja comigo.
─ Eu estou louco ou você me chamou de amor? ─ ele questiona, com um sorriso imenso no rosto.
Merda.
─ Você tá louco.
só postei pq bateu 9k 🥳🥳🥳🥳
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