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𝟯𝟮, veronica.


Como Nate havia dito, a festa na casa dele e dos meninos estava rolando. Eu não notei que horas começou, e quando eu percebi, a sala de estar já estava cheia e a música estava mais alta que antes – é, eles me obrigaram a passar o dia com eles.

Eu tinha ido para casa às sete, com a desculpa de me arrumar, porém eu não tinha a menor intenção de voltar para aquela bagunça.

─ Veronica Bella Vienna! ─ franzo o cenho e olho para a porta recém aberta; Sammy me olhava de braços cruzados. ─ Desde quando se arrumar significa ficar sentada no sofá vendo série?

─ Desde agora. ─ me ajeito no sofá. ─ Como você achou a chave reserva e como caralhos você sabe o meu nome inteiro?

Ele não responde, ao invés disso, Olivia entra pela porta principal, com um vestido preto de tubinho e um coturno da mesma cor.

─ Não é porque você tá prenha que você vai parar de se divertir, sua vaca! ─ pelo tom da sua voz estava claro que ela já havia bebido duas ou três garrafas de cerveja. ─ Já para o banho! Eu escolho a sua roupa. Anda.

Não tive como negar. Fiz o que ela disse e tomei um banho rápido. Quando chego ao quarto, encaro a roupa que Liv separou para mim: uma calça de tecido tactel preta e branca, um cropped xadrez e um vans preto.

Me visto rapidamente, dou uma ajeitada no cabelo, faço um simples delineado e passo o gloss de morango no lábios para finalizar.

─ Ai papai ─ Sammy brinca assim que desço. ─ Olha só se não é a gravidinha mais linda desse mundo. ─ sorrio fraco, ainda desconfortável sobre esse assunto.

Dependendo do estado de Nathan hoje a noite – e saber que amanhã ele sairia da Califórnia –, talvez eu o conte na festa.

─ Vamos logo.

Em quinze minutos o carro já estava parado em frente a casa do meninos. Carros preenchiam os dois lados da rua, pessoas gritavam no jardim e a porta estava escancarada.

─ Acho que a minha pressão caiu. ─ Olivia diz, passando pelas pessoas na sala até chegar na cozinha, onde Shawn, Gilinsky e Aaron, cada um com um copo na mão.

─ Ronnie! ─ Shawn é o primeiro a me notar, vindo me abraçar. ─ Pensei que não ia voltar.

─ E ela não ia, por isso o Samuel foi na casa dela. ─ Jack me puxa delicadamente dos braços de Shawn. ─ Quer uma bebida? Aaron fez uma mistura louca de vodca com um negócio azul, e eu juro pra você que tem gosto de chiclete!

─ É claro que... ─ me bato mentalmente. ─ Quero dizer... Não, valeu. Vou ficar só na água hoje.

Ele não questiona.

Depois de dois copos d'água, vejo Nathan passar pelo corredor que liga as escadas com o restante da casa, e penso muito antes de ir atrás dele.

─ Nate é um amor quando bebe, Ronnie, e você sabe disso. ─ Sammy murmura. ─ Se não for hoje, não vai ser nunca.

Eu sabia que ele estava falando sobre Nate estar indo para Nebraska amanhã, assim como eu sabia que Sammy estava exagerando e ele voltaria em algum momento.

Confiante como nunca, faço o caminho até a sala e o procuro com o olhar, me arrependendo imediatamente.

A sala estava quase completamente cheia, mas eu podia ver Nate no canto, perto da porta, com duas garotas. E ele beijava elas. Ao mesmo tempo.

Eu devo ter ficado alguns minutos encarando aquela cena, e provavelmente teria ficado mais, se não fosse pelo enjôo repentino.

Corri para o banheiro, dando graças a deus por estar vazio. Depois de colocar para fora nada mais do que água – visto que eu não havia comido quase nada hoje –, dou descarga e escovo os dentes com a escova que Samuel teve o trabalho de comprar e guardar pra mim.

─ Parece que banheiro em festa é a nossa coisa, né? ─ dou um pulinho assustado ao ouvir sua voz.

─ A quanto tempo está aí? ─ pergunto, fingindo arrumar o cabelo.

─ O suficiente. ─ balanço a cabeça. ─ Eu te vi lá embaixo e...

─ Não, relaxa. ─ digo, exasperada. ─ Você tá solteiro agora, é direito seu.

Dou um sorriso amarelo e passo por ele, pronta para descer as escadas, porém sua voz me para novamente.

─ Não precisa fingir. ─ me viro, vendo ele ainda na mesma posição.

─ O que isso deveria significar? ─ me faço de desentendida.

─ Você sabe muito bem, Ronnie. ─ ele começa a se aproximar e, em segundos, já está na minha frente. ─ Você não é a única que sente essa coisa.

─ Eu realmente não sei do que você está falando. ─ cansado do meu teatrinho, Nate pega na minha mão e me guia até seu quarto, me deixando alarmada. Esse não é o objetivo da conversa.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, apenas escutando a batida abafada da música e olhando um para o outro.

─ Quando eu te vejo, eu... ─ ele começa, mas para assim que levanto a mão.

─ Não. ─ o encaro. ─ Independente do que você for dizer, eu acho que isso é assunto para depois que você voltar.

Assim como revelar que estou grávida.

─ E o que você sugere, então? ─ notei um pingo de malícia em sua voz, mas não retribui.

─ Eu estava indo fazer panqueca até você me puxar até aqui. ─ falo, tentando levantar o humor.

─ Panqueca? No meio de uma festa?

─ Não existe hora para comer, meu caro Nathan. ─ ele ri e balança a cabeça.

─ Tudo bem. Faça em dobro, então. ─ ergo a sobrancelha. ─ Não é só você que sente fome, minha cara Veronica.

Descemos lado a lado até a cozinha, agora quase vazia. Um sorriso substituiu uma expressão de surpresa quando reconheço Sammy e Olivia se beijando perto do fogão.

─ Ei, pombinhos! ─ chamo a atenção dos dois.

Olivia, como a boa piranha que é, se separou de Sammy, passou o indicador ao redor da boca, deu um gole em sua bebida e saiu da cozinha, provavelmente indo em busca da sua nova vítima.

Já Sammy intercalava o seu olhar entre Nathan e eu, com expectativa. Expectativa essa que foi quebrada quando ele percebe a confusão nos olhos de Nate e a frustração nos meus.

─ Vocês dois podem das as mãos e sair andando, bando de esfomeados! ─ ele resmunga, saindo da cozinha.

Desisti da ideia das panquecas quando vi que não teria espaço até que a cozinha fosse limpa, então me contentei com torradas com pasta de amendoim e um copo de refrigerante.

─ É verdade. ─ ele diz, do nada. ─ O que eu estava para te dizer. Eu sei que você disse para adiar a conversa, e também sei que eu já estou um pouco alterado, mas é a mais pura verdade.

Eu não tinha o que dizer.

─ Eu vou para Omaha para conversar com a minha mãe, para tentar entender toda essa merda, mas eu sei. ─ ele não me olhava, apenas brincava com o copo de refrigerante. ─ No fundo, eu sei que é verdade.

Desvio o olhar para o chão, me sentindo a pior covarde de todas. Eu nem ao menos consegui identificar o que caralhos eu sinto por esse homem, não consigo sustentar a coragem para dizer algo que é direito dele saber, e aqui está ele, praticamente se declarando para mim enquanto comemos torradas no meio de uma festa.

─ Eu também.

escrevi de madrugada, se tiver ruim esse é o motivo

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