𝟮𝟵, veronica.
Existiam várias maneiras que eu imaginava ser acordada. Despertador, sol no rosto, um barulho aleatório, qualquer coisa, menos um copo de água sendo jogado na minha cara.
─ Olivia Rose Saltzman, eu juro que vou te matar! ─ murmuro, com o rosto no travesseiro.
─ Bom dia, luz do dia. ─ ela ironiza, se jogando em cima de mim. ─ O dia está lindo hoje. Podemos ir no shopping, ou passar o dia na sua piscina, ou podemos...
─ Vomitar!
─ Por que eu iria querer isso? É nojento! ─ me remexo embaixo dela, tentando sair o mais rápido possível. ─ Ah, você quer vomitar. Por que não falou logo?
Poucos segundos depois eu estava abraçada com o vaso sanitário, colocando pra fora tudo o que eu comi na noite passada. Liv segurava o meu cabelo sem dizer nada. Até agora.
─ Você...?
─ Eu comi muito ontem. Tipo, muito mesmo. ─ dou descarga e me levanto.
─ Ah, Ronnie. ─ ela me abraça, me confortando. ─ Quer comer mais que a boca e não quer ter indigestão depois. ─ ela brinca.
─ Cala a boca!
A expulso do banheiro assim que tenho certeza de que não queria mais vomitar os meus órgãos e ligo o chuveiro.
Depois de um longo banho – e escovar os dentes pelo menos duas vezes –, saio do banheiro com o roupão e uma toalha no cabelo.
─ O que aconteceu? ─ ela pergunta assim que eu entro no quarto. ─ Você não faz isso há anos, algo deve ter acontecido.
─ Minha mãe terminou com o Nate, ou o Nate terminou com ela, sei lá. ─ ela me olha surpresa. ─ Eu contei pra ela. Não detalhadamente, mas contei.
─ E ela?
─ Ela nem ligou. ─ ela abre a boca, chocada. ─ Ela já tinha sacado algumas coisas porque, segundo ela, nossos olhares denunciava. E, claro, intuição de mãe não falha nunca.
─ Mas se ela não te falou nada, porque...?
─ Porque ela me fez questionar sobre uma coisa... ─ respiro fundo, indo procurar uma roupa. ─ Ela disse que está claro que ele gosta de mim, e eu também gosto dele. Mas o quanto eu gosto?
Ela fica em silêncio, me deixando pensar com calma.
Como minha mãe disse ontem, eu nunca passei por isso de gostar de alguém, de amar alguém, então como eu vou saber se o amo quando não tenho nada para comparar?
─ Eu concordo com ela. ─ Olivia volta a falar. ─ Ele gosta de você, eu também percebi isso. E pelas coisas que você me conta, você também deveria saber.
─ Sobre as crises de ciúmes? Qual é, Liv, todo mundo sente ciúmes. Eu sinto ciúmes de você, e daí? ─ ela ergue a sobrancelha.
─ E por que você sente ciúmes de mim? ─ ela cruza os braços.
─ Porque eu te amo, e você... ─ ela sorri, como se houvesse comprovado sua tese. ─ Merda!
Olivia passou o dia na minha casa, e desde a hora em que ela chegou até o momento que ela anunciou que tinha que ir, eu provavelmente já não tinha mais nada no meu estômago, devido aos vômitos recorrentes.
─ Já chega, Veronica! ─ ela diz, chegando na porta do banheiro. ─ A gente já viu que dois sachês de Eno não funcionou. Eu vou te levae no hospital, você toma um soro e acabou.
Eu não estava em posição de negar.
Nem eu e nem ela temos carro, então tivemos que pedir um táxi e gastar uma fortuna com ele, mesmo que o hospital ficasse a menos de trinta minutos de distância.
─ Puta que pariu. ─ ela resmunga, vendo a sala de espera quase lotada. Já tínhamos passado pela secretaria e preenchido o mesmo formulário de sempre.
Não sei quanto tempo tivemos que esperar, mas sei que, nesse meio tempo, eu tinha corrido para o banheiro duas vezes, e uma delas foi quando uma mulher sentou ao meu lado e, claramente, ela tinha tomado um banho de perfume doce.
─ Veronica Vienna. ─ suspiro em alívio quando ouço o meu nome ser chamado.
Olivia me acompanhou, me segurando como se eu não pudesse dar um passo sem apoio.
Eu estava enjoada novamente, então Liv explicou a situação pra mim.
─ Ela comeu demais ontem, misturou doce, salgado e uma pizza que o colesterol alto vem de brinde. ─ ela não diz em um tom brincalhão, e sim um preocupado. ─ Ela disse que é indigestão, mas eu acho que é intoxicação.
Os próximos dez minutos foram mais calmos. Depois de me perguntar se eu era alérgica a algum remédio – e eu neguei –, o médico tirou dois potinhos de sangue e me mandou para a sala de observação, onde eu tomaria uma bolsa de soro para amenizar os enjôos enquanto o resultado dos exames ficavam prontos.
─ Você não tinha que ir embora? ─ pergunto, desligando o celular.
─ Eu expliquei a situação para o Charlie. ─ ela mexe os ombros. ─ Os gatos podem ficar sem ração por mais um tempinho.
O soro demorou mais quarenta minutos, e quando acabou totalmente, fui chamada para a sala do mesmo médico que havia me atendido.
─ Muito bem, senhoritas. ─ ele diz, preenchendo um papel com, provavelmente, receita de remédios. ─ O resultado dos exames acabou de sair, e sua amiga estava certa. ─ ele me olha e continua falando. ─ Nunca é bom misturar doce com salgado, ainda mais em grande quantidade. Por sorte, os níveis das proteínas do seu sangue estão estáveis. Mais dois pedaços de pizza e você teria chegado aqui desmaiada. Por sorte, nada disso afetou o bebê e vocês estão em perfeito estado.
Me engasgo com a minha própria saliva e tenho de me segurar na mesa para não cair da cadeira. Olivia me encarava, com o rosto impassível, mas eu sabia que ela estava – internamente – surtando tanto quanto eu.
─ Bebê? ─ meus olho lacrimejam em desespero.
O médico me olha, confuso.
─ Sim. Você está grávida de dois meses. ─ abro a boca, em completo estado de choque. ─ Você não sabia?
─ Mas isso é... ─ flashes da primeira vez que transei com Nate, no banheiro da festa, invadem o meu subconsciente. Puta merda! ─ Você tem certeza? Não foi nenhum erro de computação? Exame trocado?
─ Não, senhorita. Fizemos dois exames, e os resultados são os mesmos. ─ escondo a cabeça com as mãos, em desespero. ─ Ao que tudo indica, você engravidou no começo de junho.
Eu não conseguia falar nada.
─ Obrigada, doutor. ─ Olivia se levanta para pegar a receita e os exames.
─ Os remédios que eu descrevi são para enjôos e náuseas, vocês encontram em qualquer farmácia. ─ ele explica.
Olivia teve que me puxar para que eu saísse da cadeira. Deixamos o hospital em silêncio e caminhamos até o final da rua, onde tinha uma farmácia.
─ Eu deixei a porra da camisinha na sua casa, Veronica! ─ ela diz, finalmente expressando algo.
─ Você não ouviu, Olivia? Começo de junho! ─ paramos na frente da farmácia. ─ Foi na merda daquela festa! Estávamos tão bêbados que... ─ não consigo completar a frase, sentido as minhas bochechas começarem a molhar. ─ O que eu faço, Liv?
Olivia me abraça, e ficamos assim por alguns minutos, enquanto eu chorava descontroladamente.
─ Ah, meu deus! A minha mãe vai me matar!
─ Você precisa falar pra ele. ─ ela murmura, ainda abraçada comigo, ignorando minha fala anterior.
Grávida aos dezoito anos do, agora, ex-namorado da minha mãe.
Meu deus, a minha mãe! Com que cara eu vou chegar nela e dizer que engravidei do ex dela? Puta que pariu, eu só me meto em furada!
─ Eu sei.
😈😈😈😈😈rs
como vcs já perceberam, eu adoro engravidar minhas personagens 🥰🥰
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