𝟭𝟳, veronica.
Quando o sol bateu uma certa altura, intensos raios solares passaram pelas frestas da cortina – que eu havia esquecido de fechar – do meu quarto, me acordando.
Sabendo que eu não conseguiria simplesmente fechar a cortina e dormir de novo, fiquei vagando pelas redes sociais por alguns minutos, até ter a disposição para sair da cama.
Quando o fiz, senti meu corpo implorando por um banho gelado. Eu não sabia se o fato da janela estar fechada deixava o quarto mais abafado, mas eu sabia que se ela estivesse aberta, o quarto estaria ainda mais quente.
Eu não me importaria de pular direto da minha janela para dentro da piscina, mas a porcaria da tala no meu tornozelo não é à prova d'água.
Estranhado o fato da casa estar mais silenciosa que o normal, me lembrei do fato de ser apenas nove da manhã; Nathan deve estar babando no seu travesseiro agora mesmo.
─ Puta que pariu! ─ porém, se havia alguém babando entre os dois, com certeza não era ele.
Eu, ainda acreditando que ele estava dormindo, abri a porta do banheiro. Foi o melhor pior erro da minha vida. Ele estava nu, com uma toalha nas mãos, esfregando-a em seu cabelo, quando eu abri a porta. Ele pareceu tão surpreso quanto eu.
─ Não sabia que estava acordado. ─ digo, me surpreendendo pela nossa sincronia, quando ele disse a mesma coisa junto comigo.
Era inevitável não olhar.
─ Achei que fosse acordar tarde hoje. ─ ele diz, sem dar muita importância ao fato de estar completamente nu aos meus olhos. Volto a raciocinar direito apenas quando a toalha, que antes estava em suas mãos, fora enrolada em sua cintura, cobrindo a única coisa que me impedia de agir como um animal racional.
─ É, eu... ─ cocei a garganta, recobrando a consciência. ─ A claridade estava muito forte.
─ Entendo. ─ ele responde, simples. ─ Eu vou...
Abro espaço para que ele possa sair, e assim ele faz. Percebo um sorrisinho pretensioso brincar em seus lábios, mas não fui rápida o suficiente para dizer algo antes que ele estivesse no quarto.
Dou seguimento ao meu pensamento inicial e me dispo, amarrando a proteção de plástico na tala do tornozelo e do pulso. Era realmente uma droga.
Liguei o chuveiro e lutei contra a minha altura para mudar a temperatura da água. Por fim, depois de ter que apelar para o pote de shampoo, finalmente pude tomar banho, como queria.
Não passei mais que dez minutos debaixo da água, pois não queria correr o risco de molhar as duas talas. Já dentro do roupão e com uma toalha no cabelo, tranco a porta do meu quarto e me visto.
As atividades matinais costumam ser sempre entediantes, mas hoje eu me peguei penteando o cabelo por mais tempo que o habitual.
─ Ainda tá viva? ─ ouço o timbre levemente rouco de Nathan, como todas as vezes quando ele acorda.
─ Para a sua felicidade, estou. ─ respondo em provocação, saindo do quarto depois de pendurar o roupão e a toalha atrás da porta.
Se quarta-feira eu já conseguia descer as escadas sozinha, hoje não seria diferente.
Encontrei Nathan na cozinha, colocando o cereal na tigela para, só então, colocar o leite. Mas que porra?
─ Você nasceu desse jeito ou só caiu do berço quando era bebê? ─ sento na banqueta, o encarando. ─ Desde quando o cereal vem primeiro?
─ Desde sempre! ─ ele exclama, pegando uma colher. ─ Colocar o cereal primeiro é mais fácil e evita sujeira. Agora, quando você coloca o leite primeiro e depois joga o cereal, fica mais leite fora da tigela, do que dentro.
─ Faz sentido. ─ murmuro. ─ Mas ainda é o jeito certo de se fazer, e eu sou uma moça tradicionalista!
Depois de segundos em silêncio, explodimos em risadas. Apesar de saber que tinham começado o dia com bom humor, nenhum dos dois sabiam o porquê de estarem rindo daquela maneira.
Aos poucos, os risos foram cessando e, como de costume, o olhar fulminante de Nathan pairou sobre mim. Ele sempre me analisava desse jeito, sempre; ele só não sabia que eu, muitas vezes, notava.
Hoje, por ser um dia quente, eu escolhi vestir um simples e leve vestido branco com bolinhas pretas; as vezes eu sentia o vento balançar a base do vestido, mas não era nada alarmante. Talvez ele tenha percebido.
─ Está tentando ser a Marilyn Monroe do século vinte e um? ─ ele provoca, levantando a colher com cereal, mas sem a colocar na boca.
─ Eu certamente deveria fazer um ensaio de fotos vestida em um saco de batatas. ─ respondo á sua provocação, sorrindo fraco.
─ Está de bom humor hoje. ─ ele aponta, sorrindo também. ─ Por quê?
Não sei, talvez porque Olivia deve chegar em poucas horas e impedir qualquer coisa que venha a acontecer se estivermos sozinhos. Ou talvez porque é o nosso último dia inteiro sozinho. Ou, um enorme talvez, porque eu tenha sido agraciada com uma vista divina logo quando acordei; isso é motivo o suficiente.
─ Não sei, apenas acordei assim. ─ levo outra colher de cereal até a boca. ─ E você?
Eu tentei decifrar o seu olhar, mas foi impossível.
─ Digamos que eu tive ótimos sonhos. ─ ele diz e mexe os ombros. Como uma luz acendendo sobre a minha cabeça, eu entendi o porquê de ele tomar um banho gelado às nove da manhã, e não foi pelo calor californiano.
─ Viu só? ─ ele arqueia a sobrancelha, confuso. ─ Quando te chamo de pervertido, tenho á quê me basear!
E então, ele ri. Não, ele gargalha, achando verdadeiramente engraçado.
─ Infelizmente eu não terei como discordar. ─ ele murmura entre risos. ─ Normalmente eu não tenho de me controlar nos sonhos, então os resultados são esses...
Arregalo os olhos. Eu não estava esperando por uma declaração sobre isso.
─ E por que não? ─ pergunto, não sabendo se iria me arrepender. Provavelmente sim.
─ Porque você nunca diz não. ─ aquela cinco palavras foram o suficiente para que eu engasgasse com o cereal e deixasse a colher cair na tigela.
Ele anda sonhando comigo?
─ Não faça disso um grande espetáculo, Ronnie. Você sabe bem o quanto eu desejo isso. ─ ele continua, me deixando ainda mais surpresos.
Provavelmente, ele está usando das suas últimas horas para dizer as coisas que não poderá dizer quando dona Vanessa estiver de volta.
─ Isso o que, exatamente? ─ não consigo controlar, tanto a minha curiosidade, quanto o formigamento no colo do útero.
─ Ah, você sabe... ─ ele suspira novamente. ─ Teve vencer no videogame, fazer comida mexicana melhor que você, te ajudar a estudar, te foder em cima da ilha, desenhar tão bem quanto você... Essas coisas.
Meu queixo estava caído, exatamente da forma que ele, provavelmente, previu, pois seu sorrisinho o denunciava.
─ O que você disse? No final. ─ engoli seco, preocupada com a minha sanidade; ou melhor, que não tenha sobrado nada dela.
─ Saber desenhar como você? ─ reviro os olhos para a sua atuação.
─ Não, antes!
─ Te ajudar a estudar? ─ cruzo os braços e o olho brava, percebendo o seu sorriso aumentar. ─ Ah, você tá falando sobre eu te foder em cima da ilha!?
Novamente, meus olhos se arregalam pela naturalidade do seu tom de voz.
─ É, eu venho sonhando com isso há alguns dias. ─ ele mexe os ombros. ─ As vezes eu sonho acordado também, sabe, te imaginando deitada no mármore, com as pernas abertas, do jeitinho que veio ao mundo. Seria um banquete e tanto
Incrivelmente, suas palavras não me deixaram tão envergonhada como de costume. Talvez, apenas talvez, eu goste de saber o quanto ele me deseja.
─ E o que você faz? ─ apoio os cotovelos no mármore e encaixo a cabeça nas palmas das mãos, me aproximando do seu rosto.
Ele é, definitivamente, a minha perdição.
─ Ah, Ronnie, isso você vai ter que descobrir por conta própria!
feliz 2kkkkkk
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