Maggie e Olivia me olhavam como se eu fosse uma coisa de outro mundo.

Depois de infinitos minutos em silêncio, Maggie começou a rir histericamente.

─ Você tá zuando, né? ─ encaro o chão e balanço a cabeça negativamente. ─ Puta que pariu!

─ Você ultrapassou todos os limites da talaricagem! ─ Olivia diz, ainda um pouco chocada. ─ Porra, o namorado da sua mãe?! Caralho!

Eu fiquei em silêncio, sentindo toda a culpa que ainda não havia me atingido desde aquele dia.

─ Quem divide multiplica, né. ─ Maggie diz, ainda tirando sarro da minha cara. ─ Esse cara deve ser muito gostoso pra conseguir pegar a mãe e a filha, fala sério. ─ ela continua, mexendo no celular.

─ Acreditem, ele é. ─ respondo em tom baixo.

Suspiro e endireito a postura, determinada.

─ Mas isso não importa. Nunca mais vai acontecer nada entre nós. ─ minhas duas melhores amigas se entreolham e depois me encaram, sem demorar muito tempo para caírem na gargalhada. ─ O que?

─ Nós vamos fingir que acreditamos, enquanto você finge que vai parar de fantasiar com o seu padrasto até dar pra ele na piscina e se arrepender no outro dia. ─ Maggie diz e eu franzo o cenho.

─ Isso foi bem específico. Devo me preocupar? ─ brinco, arrumando a bolsa do treino nas costas.

─ Deve, é claro que deve. Inclusive, se preocupa em usar camisinha! Eu ia amar uma mini Ronnie correndo por aí, mas estamos concluindo o ensino médio e não da pra entrar na faculdade com uma criança grudada no seu peito. ─ Trevor diz tudo rapidamente, demoro um tempo para entender tudo o que ela havia dito, e quando o faço, reviro os olhos.

─ Eu não vou mais transar com ele! ─ afirmei, tentando convencer mais á mim do que á elas. Não é minha culpa que o cara é um puta gostoso. ─ Estamos atrasadas, Liv.

Olivia e eu corremos para o campo, onde seria o treino hoje, devido aos jogos de basquete recorrentes, a quadra estava sendo usada por eles.

A treinadora nos olhou torto pelo atraso, mas não reclamou. Como eu amo ser a favorita.

─ Como todas vocês sabem, o fechamento da temporada é em duas semanas, logo depois da última semana de provas, e a maioria de vocês se formarão no próximo mês. ─ suspirei, sabendo que eu me livraria desse estresse mais rápido do que eu imaginava. ─ E assim como os garotos, tanto do futebol, quanto de basquete, baseball e os outros esportes, vocês também podem ganhar uma bolsa. Terão olheiros em todos os lugares, como sempre.

Eu e Olivia nos entreolhamos, deixando transparecer toda a tensão. Faculdade é um assunto bem complicado para nós.

─ Porém, pelo que a diretoria soube, o número de bolsas para animadores será limitada; acreditamos que não passe de dez bolsas. ─ muitos suspiros foram dados. Somos vinte e três animadores, com onze formandos. ─ O que tenho para falar é simples, se esforcem! Se dediquem, ultrapassem as suas expectativas, e conseguirão a bolsa!

Depois de mais alguns minutos do discurso motivacional, podemos ouvir o barulho de muitas pessoas se aproximando do campo.

─ Ah, sim, esqueci de avisá-las que o time também precisa do campo hoje. ─ reviro os olhos, sentindo os olhares dos meninos em nós. ─ Vamos lá.

O treino foi um pouco mais pesado do que o habitual. Mesmo que eu tenha observado a brutalidade da nossa capitã com algumas pessoas – incluindo eu –, resolvi deixar de lado e me concentrar no meu dever, que era nada mais do que dar um mortal para trás e cair com os pés sobre as mãos de dois animadores. Simples.

Mas isso não aconteceu.

Sophia, a capitã, estava performando a sua coreografia poucos metros atrás de Dave, um dos animadores que me seguraria, e quando chegou a minha vez de brilhar, a garota simplesmente tropeçou e caiu para frente, levando Dave junto.

Resultado: caí sobre Ethan, o outro animador que me seguraria. Mas não foi só isso. Além de bater forte com a cabeça e sentir que eu, provavelmente, devo ter deslocado o meu pulso, senti um forte estalo no meu tornozelo, acompanhado com uma dor insuportável.

Isso não pode estar acontecendo.

─ Vocês vão ficar só olhando? ─ Liv grita para quem quisesse ouvir. ─ Alguém leva ela pra enfermaria!

Dito e feito. Depois de alguns minutos no colo de um dos jogadores do time, fui colocada em cima da maca com o estofado extremamente duro, apenas para ver a enfermeira andar pela sala por quinze minutos, enquanto eu tinha dois ossos danificados – e chorava de dor –, até ela concluir que aquilo era mais do que ela poderia fazer, e que eu deveria ser levada ao hospital imediatamente.

─ Sua mãe está presa em uma reunião, mas pediu para que eu te avisasse que o seu padrasto está vindo te buscar. ─ arregalo levemente os olhos ao ouvir a voz da enfermeira.

Olivia estava comigo, havia chegado há alguns minutos. Disse que a treinadora percebeu a má intenção de Sophie e que a mesma perdeu sua posição de capitã e foi suspensa dos treinos por uma semana, e se isso se repetisse, ela seria expulsa.

─ Por que essa cara? ─ ela pergunta e, com uma careta irônica para ela, ela parece se lembrar sobre o motivo da minha ida para o inferno no segundo após a minha morte. ─ Mas você disse que...

─ Não interessa o que eu disse. ─ a interrompo em sussurros. ─ A carne é fraca, Olivia.

─ Ele não deve ser tudo... ─ ela mesmo se interrompe e deixa a boca levemente entreaberta enquanto encara a porta da enfermaria. Eu já disse o quão perto a minha casa é da escola? ─ Ok, eu entendi.

A enfermeira explicou a minha situação e disse que eu deveria ser levada ao hospital assim que saísse de lá.

─ Dá licença, Srª Martin. ─ chamo a sua atenção, com o sorriso mais doce do mundo. ─ Você pode liberar a Liv também?

Ela me olha com desconfiança, mas sabia que eu precisava de apoio.

─ Tudo bem. ─ ela pega um dos seus papéis de autorização e entrega para Olivia, que volta correndo até o campo.

Ela precisaria que a treinadora assinasse se quisesse passar pelo porteiro mais cedo do que deveria. Eu sei, é um saco.

O meu tornozelo doía em um nível extremo, eu mal conseguia encostar o pé no chão sem sentir toda a fúria de Jesus sobre mim. Então é assim que eu vou pagar pelo meu pecado?

Não teve outra saída a não ser que eu fosse, novamente, levada no colo. Na verdade, eu poderia usar a cadeira de rodas, mas seria ainda mais dramático.

─ Peguei a sua bolsa também. ─ Olivia diz, depois que corre até nós.

Nathan coloca as duas bolsas no porta malas, e nesse meio tempo eu e Liv falamos sobre o quão gostoso ele é, por telepatia. É um dom.

Fui no banco de trás junto com Olivia, que mandava mensagem para Maggie explicando a situação e o porquê de não pegarmos carona com ela hoje.

Chegamos nos hospital em menos de trinta minutos, e ninguém ousou falar nada. Provavelmente – é meio óbvio –, Nathan já sabia que eu havia contado sobre nós para Olivia. Tenho certeza que ele soube disso no momento em que Liv lançou um de seus olhares julgadores pra cima dele, assim como fez comigo há horas atrás.

Agora eu estava mesmo sendo transportada em uma cadeira de rodas, enquanto Nathan preenchia a minha ficha – provavelmente só o meu nome e a minha idade – e Olivia me acompanhava até a sala do médico ortopedista.

─ Reza pra ser só uma torçãozinha, você não pode perder o final da temporada. ─ Liv diz, apertando meus ombros.

─ É, eu sei.

gente e se eu postar um clichêzinho com o wilk... vcs leriam?👉🏽👈🏽