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Capítulo 11

      O homem se aproximou do restaurante. Olhou com desprezo para a fachada do estabelecimento, semiabriu a boca quase coberta por uma barba grisalha e desarmou o guarda chuva, entrando a seguir. Uma mulher e um rapaz que tinha idade para ser filho dos dois o aguardavam numa das mesas, encostada à janela.

      — Guten tag, Herr Fischer — a mulher estendeu a mão para que o recém chegado puxasse uma cadeira e se sentasse.

      — Doutor Fischer, por favor — o médico a corrigiu de um jeito frio. — E se não for pedir muito, gostaria que não usasse expressões alemãs.

      — Mas o senhor é alemão — ela tomou um gole de um copo d'água.

      — Não. Sou americano. Nascido e criado em Pittsburgh. Meus pais é que vieram da comunista e falida Alemanha Oriental.

      Diante da hesitação do médico em se sentar, a senhora repetiu o gesto com a mão. Desta vez ele obedeceu.

     — Miranda — Fischer pigarreou, olhando a furto para o rapaz moreno ao lado da mulher —, sei o que vai me perguntar. Bom, gostaria de dizer que este foi um fim de semana bastante proveitoso. Temos vários doadores — o médico pontuou a palavra doadores.

      Um sorriso de satisfação surge no rosto da mulher.

      — Eles já foram levados para a clínica?

      — Não.

      Miranda bateu com o punho na mesa, fazendo os dois copos com água balançarem.

      — Por que não? — sua voz se elevou em meia oitava. O rapaz a olhou com os lábios entreabertos.

      Fischer deu um sorriso.

      — Quero me divertir um pouco — a resposta vaga do médico provocou um franzir de testa em Miranda.

      — Se divertir!

      — Não questione meus métodos, Miranda Carter. Eu emprego meus conhecimentos cirúrgicos e providencio para que os rins e fígados dos estrangeiros que capturo cheguem ao seu jatinho particular, e pouco me importo para quais clínicas eles vão. Mas não abro mão do meu direito de me divertir.

      — Mas sou quem paga os brutamontes sem cérebro que ajudam você. Eles são meus empregados, em primeiro e último caso, e não admito que corram riscos desnecessários.

      Fischer, ao mesmo tempo que se ressentiu por Miranda dirigir-lhe a palavra como a um irresponsável, achou divertida a expressão irritada de sua contratante.

      — Riscos? Que riscos eles correriam? — intimou-a. — Os turistas estão ao nosso alcance. Estão sem celulares, sem documentos, seminus e totalmente incomunicáveis com o mundo, perdidos na floresta.

      — Por que simplesmente não os levou ao abatedouro?

      — Já lhe disse, Miranda: quero me divertir. Não é sempre que temos tantos turistas de uma vez, e além disso, nossos capangas têm uma oportunidade de ouro de mostrar que são descendentes dos índios que matavam ursos e pumas apenas com arco e flecha.

      — Você pretende caçá-los? — Miranda parecia prestes a ter um ataque de apoplexia.

      O médico balançou a cabeça em afirmação. O garoto ao lado da mulher intercalou um olhar entre a mulher e Fischer, sorrindo com diversão.

      — Parece legal — era a primeira vez que falava.

      Miranda o censurou com um olhar duro e acusativo.

      — Faça o que quiser, Dr. Fischer, mas não quero que machuquem aqueles jovens. Para que os órgãos possam ser aproveitados, eles não devem ter nenhum ferimento.

      — A senhora acha que sou burro? — Fischer murmurou. — Eu sei o que devo fazer, não é necessário me lembrar de uma coisa tão óbvia.

      — Se eu não estivesse conversando com um médico que teve sua licença cassada pelo Conselho de Medicina, não estaria lembrando-o.

      A fisionomia do doutor mudou. Seu sorriso petulante se desfez instantaneamente ao ser lembrado de que ele não pode mais exercer Medicina nos Estados Unidos. Suas mãos tremeram por um instante, e o rapaz que acompanhava Miranda se encolheu em sua cadeira num gesto de defesa.

      — Garçom! — a patroa levantou o braço direito. Imediatamente um senhor calvo e de cavanhaque surgiu com um bloquinho de anotações na mão.

      — Pois não?

      — Traga o cardápio, por favor — ela pediu com voz decidida. E dirigindo-se a Fischer: — Não leve para o lado pessoal, Herr Doutor Fischer. Aprecie a comida. É por nossa conta. Não é, Martin? — ela direciona a cabeça para o garoto.

      Martin oferece à Miranda um sorriso perverso.

      Fischer os fuzila com os olhos. Mas se limita a um grunhido.

                              …

      O grupo desafortunado andou por quase uma hora sob uma fina garoa, engolidos aos poucos pela densa neblina da floresta de abetos. Mas a impressão era a de que tinham andado por mais tempo.

      Por mais assustador que pudesse parecer, a paisagem não mudava nunca. Árvores altas, o barulho de um rio caudaloso ao longe, cerração, uma estrada enlameada.

      Pamela abraçava o próprio corpo, tentando se proteger do frio. A loura estava praticamente nua, só de fio dental, e portanto mais exposta ao frio provocado pelos pingos da garoa. Tinha vontade de chorar. Porém, precisava ser forte. Tommy andava ao seu lado e ao ver o semblante aflito da garota de olhos azuis, segurou-lhe uma das mãos.

      — Isso vai acabar — o americano deu um meio sorriso, tentando encorajá-la.

      A loura retribuiu com um esboço de sorriso triste, sem nada dizer. Ficou em silêncio, pensativa, intercalando um olhar perdido entre o céu cinza e pesado e a estrada escorregadia à sua frente.

      — Ô guia de trilhas! — a voz de Roberto rugiu lá de trás, fazendo com que todos o olhassem por sobre o ombro. — Pra onde a gente está indo?

      Nicolas, a quem fora dirigida a pergunta fechou e abriu os olhos, suspirou aborrecido. Aquele cara não conseguia ficar de boca calada por pelo menos duas horas?

      — Não sei — retrucou com firmeza.

      — Achei que soubesse — o professor musculoso debochou. Mas esse deboche era nitidamente um sinal de medo.

      — Eu não sou nativo daqui — Nicolas parou e todos o imitaram. — Mas qualquer coisa é melhor do que ficar parado e congelar, não acha?

      Giovanna se colocou ao lado do rapaz, com quem tinha criado uma forte afinidade desde seu primeiro contato, e lhe deu um aceno de cabeça, aprovando sua atitude. Laura se mantinha neutra.

      — Está certo — Roberto respondeu. — Se saiu bem nessa. Mas eu digo uma coisa…

      A frase de Roberto, no entanto, fica em suspenso no ar, pois de repente escuta um zunido seguido por uma flecha que passa bem diante dos seus olhos e se crava numa árvore. Antes que um palavrão saísse de seus lábios, uma outra flecha seguiu a mesma trajetória e se cravou ao lado da primeira.

      — Droga, tem selvagens aqui! — Nicolas olhou para um ponto elevado, vendo com horror várias silhuetas escuras e indistinguíveis se mexendo por entre os arbustos.

      Os seis jovens iniciaram uma corrida desesperada, aos gritos, enquanto flechas cobriam o caminho atrás deles. Giovanna acabou caindo ao pisar numa poça de água amarelada e teria sido pisoteada se Nicolas não a tivesse ajudado a se levantar e a puxasse pela mão.

      — Merda, não bastasse termos sido assaltados por bandidos índios, agora temos que correr de índios selvagens! — praguejou Roberto, olhando por sobre seu ombro para as setas que continuavam a cair.

      — Por que você não cala essa sua boca e continua correndo? — Laura ralhou com o colega.

      Os mochileiros corriam com as forças que tinham, mas não ouviam mais os zunidos de flechas. Mesmo assim, continuaram. Até o cansaço começar a vencer sua resistência. Pamela foi a primeira a parar, a loura pôs uma mão no peito e retesou seu corpo para frente, se apoiando-se numa árvore.

      — Por que parou? — Tommy, ao olhá-la por sobre o ombro, voltou e a segurou pelo ombro.

      — Não aguento mais. Preciso descansar — Pamela ofegava. Suas bochechas estavam rubras por causa da corrida e um filete de suor escorria por seu rosto de modelo adolescente.

      O americano olhou para trás, constatando que não havia sinal de selvagens. Uma rápida espiada em derredor o convenceu de que por enquanto, estavam fora de perigo.

      — Nicolas! Giovanna! Parem de correr, eles pararam!

      Os jovens à frente pararam um a um. Todos respiravam com dificuldade. Todos precisavam de alguns minutos de descanso, mas estavam desconfiados quanto a aparente desistência de seus perseguidores.

      — Não é seguro parar. Eles devem estar escondidos — Roberto contestou o restante do grupo.

      — A Pamela precisa descansar — Giovanna voltou para perto da amiga, que havia se sentado e agora apoiava a cabeça em seu ombro. — E o Tommy está certo. Faz tempo que não escutamos barulho de flechas. Devem ter desistido.

      Nicolas voltou quase esbarrando no ombro de Roberto, se agachou diante de Pamela e de Giovanna.

      — Tudo bem. Podemos parar um pouco — ele disse com gravidade, mas num tom carinhoso.

      Laura se juntou ao grupo. Roberto, que apesar de todo o seu tamanho, era emocionalmente frágil, continuou parado no lugar, incapaz de ter uma atitude solidária com a garota por quem sentia uma forte atração física (e com quem havia transado).

      Loucos, ele pensou. Se vocês não tem apego por sua vida, eu é que não vou perder a minha neste lugar amaldiçoado.

      Pamela ergueu a cabeça assim que recobrou o fôlego. Seus olhos azuis, tão claros e brilhantes, encontraram os do briguento e ranzinza rapaz corpulento. Sentiu vergonha por ter deixado semelhante covarde ter penetrado seu corpo.

      — Tá! — Roberto bateu nas laterais das pernas e olhou para os lados e para o alto. Ao virar instintivamente para frente, viu diante de si um garotinho descalço, só de bermuda e camiseta. Seus olhinhos puxados denotavam medo e curiosidade e sua pele avermelhada sugeriam ascendência indígena.

      Giovanna e Nicolas se levantaram e avançaram cautelosamente para a criança, que recuava um passo para trás a cada passo dado pelos dois.

      — Oi — a garota negra ofereceu um sorriso ao pequeno. — Onde estão seus pais? Eles moram aqui perto.

      Mas a criança não respondeu. Talvez não entendesse a língua deles.

      — Somos amigos — Nicolas pôs uma das mãos no peito e apontou com a outra para seus companheiros. — Não precisa ter medo de nós.

      O garoto acenou a cabeça em negação. Recuou mais um passo. Dois. Três. No quarto passo, se virou e começou a correr.

      — Ah, grande! Agora ele vai chamar a tribo dele e vamos ter nossos escalpos arrancados.

      Não decorreram dez segundos e o garotinho voltou acompanhado de três homens vestidos à moda do interior americano: com camisas de flanela e bonés. Os recém chegados olharam com curiosidade para os jovens vestidos em trajes sumários, que se agruparam num gesto instintivo de proteção.

      — Olá — o homem que parecia ser o líder do trio os cumprimentou, empinando o queixo. — Estão perdidos?

      Nicolas se adiantou, com Giovanna o acompanhando e lhe segurando a mão.

      — Somos viajantes — o rapaz foi logo explicando, a fim de dissipar qualquer desconfiança. — Viemos do Brasil e nos hospedamos num hostel em Brookville, mas fomos expulsos sem mais nem menos, sequestrados por bandidos e jogados na estrada. Sem roupas, sem dinheiro e sem documentos.

      — E enquanto andávamos, fomos atacados por homens que dispararam flechas — Giovanna escolheu bem suas palavras, ao dizer homens ao invés de índios.

      — Quileutes! — o homem que os saudara respondeu. — Eles são muito apegados às suas origens e terras, e são hostis à estranhos. Mas eles disparam flechas apenas para afugentar intrusos, nunca para matar.

      — Vocês precisam de ajuda? — um rapaz indagou. — Estão com fome, sede?

      — Não queremos incomodá-los, apenas telefonar para a polícia e informar o que aconteceu com a gente — Giovanna uniu as mãos em prece, um brilho de esperança surgindo em seus olhos negros.

      Os três se olharam e sussurraram algo entre si. 

      Os mochileiros tornaram a ficar juntos. Pamela e Tommy se conectaram visualmente, e o americano passou os dedos no cabelo da loura como que encorajando-a. Tal gesto, obviamente causou desgosto em Roberto, que grunhiu. Ele agora tinha certeza que era passado para ela.

      Laura permaneceu inexpressiva, discreta. Pouco falou depois que conversou brevemente com Roberto sobre a atual condição deles (de seres socialmente mortos), e como os demais, queria sair o quanto antes daquela floresta cheia de perigos.

      — Vocês são mesmo viajantes que foram assaltados? Não são bandidos ou fugitivos da polícia? — o líder do trio estava desconfiado. — Nossa comunidade é pacífica e não queremos problemas por aqui.

      — O senhor acha que se fossemos bandidos, estaríamos assim? — Giovanna apontou para si.

      O homem esfregou o queixo, olhou para seus companheiros. Segurou o garotinho pelos ombros, empinou o queixo.

      — Venham — ordenou. — Nossa comunidade fica a um quilômetro daqui.

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