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Parte 2

Elisa

Era a terceira vez que Elisa limpava a varanda naquele dia. Puppy, de castigo no tapete da sala, observava a tutora pela porta de blindex com as orelhas murchas. O filhote de cachorro vira-lata, com seus pelos castanhos ainda eriçados pelo banho que tomara, parecia ter prazer em rolar no único lugar com acúmulo de terra no jardim. Elisa esfregava o piso de cerâmica com vassoura e detergente, perguntando-se de onde havia saído tanto barro. Nessas horas, ela quase se arrependia de ter adotado um cachorro. Quase. O arrependimento logo passava quando a moça se deparava com os olhinhos alegres e as lambidas eufóricas toda vez que ela se aproximava de Puppy.

Com o pequeno cão, Elisa sentia-se menos sozinha também. Aquela casa de campo e seu enorme jardim era grande demais apenas para ela; o que tornava os dias da semana um pouco solitários. Aos fins de semana, sua irmã, seu cunhado e sua sobrinha — os verdadeiros donos da casa — ocupavam os quartos vazios e quebravam o silêncio do lugar. Como a responsável por tomar conta da casa de segunda à sexta, Elisa se ocupava de deixar tudo limpo e organizado. Puppy não estava ajudando-a muito nessa parte.

— Precisamos conversar, Puppy — ela entrou na sala com os pés úmidos, fechando a porta de correr atrás de si. — Nada de brincar lá fora quando estiver chovendo, tudo bem?

O filhote saltava em suas pernas e emitia um latido agudo, balançando o rabo exageradamente. Vez ou outra ele ameaçava derrubar a árvore de Natal com suas reboladas exageradas. Elisa se jogou no sofá, suspirando. Acariciou as orelhas do cachorro, pensando que ele realmente tinha cara de Puppy. Quando o adotou, estava pensando em dar o nome de Jack, mas Julia insistiu que ele tinha que se chamar Puppy — pois esse era o nome ideal para um filhote, segundo ela. Elisa tentou convencê-la que o cachorro não seria filhote para sempre, e que Jack seria um nome melhor. Mas debater com uma criança era difícil, e Puppy venceu na disputa de nomes.

Por alguma razão, o cachorro a lembrava de uma pessoa. Talvez fosse por um motivo óbvio: ele estava lá quando foi adotá-lo. Foi ele, Eric, que a convenceu que ter um cachorro seria legal para fazer-lhe companhia — e que um quintal tão grande seria um desperdício sem um cão. Após consultar Fernanda, sua irmã, Elisa foi até o abrigo com Eric e escolheu um filhote. Ele parecia feliz naquele dia; satisfeito por tê-la convencido que aquela seria uma ótima ideia — apesar de toda a bagunça que Puppy estava fazendo.

Coincidência ou não, quando pegou o celular sobre a almofada para olhar as horas, havia uma mensagem de Eric esperando para ser lida. Elisa se lembrou que o rapaz a havia convidado para ir a uma feira de livros no domingo, mas ela ainda não havia dado a resposta. A verdade é que Elisa estava relutante em sair com Eric e continuar alimentando algo que ela não sabia se era capaz de corresponder. A moça sabia que o rapaz continuava apaixonado por ela, apesar de ter garantido que não insistiria em nada; apenas queria ser seu amigo. E, de fato, Eric era um bom amigo. Mas um amigo apaixonado por ela. Saber dos sentimentos de Eric, que eram tão explícitos tanto em sua fala quanto em suas ações, causava-lhe certa pressão. Elisa não sabia o que sentia por ele. Talvez ainda estivesse anestesiada; abalada demais para se permitir sentir alguma coisa por alguém — consequência de seu último conturbado relacionamento.

Elisa abriu a mensagem e se assustou com o que leu. Eric nunca foi tão direto e duro — pelo menos, foi isso que ela sentiu ao ler a mensagem:

Eric: Elisa, precisamos conversar. Eu não me sinto bem com isso tudo. Nem me respondeu se quer ir à feira ou não. Você não está interessada, ou a minha companhia não a agrada? Preciso que seja sincera comigo, por favor.

Elisa ficou bons minutos pensando no que responderia. Ela queria ir à feira beneficente — a moça não costumava perder a oportunidade de comprar livros novos. Pensou em convidar a irmã e a sobrinha; assim talvez se sentiria melhor. Não que Eric fosse uma má companhia, mas algo começava a incomodá-la. Elisa não sabia se aquilo tinha a ver com o fato do rapaz ter dado indícios de querer se aproximar mais dela — e ela tinha quase certeza que um dia ele tentou beijá-la.

Suspirando, Elisa digitou, tomando uma decisão:

Elisa: Oi, Eric. Me desculpe, foi corrido aqui esses dias. Eu te encontro na feira, então? Gostaria de ir sim.

No momento em que enviou a mensagem, um rosto infantil apareceu do outro lado da porta, enfiando o nariz e os lábios no vidro. Fernanda veio logo atrás, segurando algumas sacolas. Elisa ouviu a voz abafada da irmã dando uma bronca na filha.

Tira a boca daí. Está sujo! — Fernanda abriu a porta, deparando-se com a irmã sentada no sofá da sala. Puppy foi ao encontro de Julia, feliz. — Elisa, esse cachorro precisa de limites. Ele está defecando justamente onde o pneu do carro passa.

— Desculpe. Vou ensiná-lo a defecar na privada — Elisa murmurou. Julia soltou uma risada aguda e Puppy latiu. A moça levantou, ajudando a irmã a levar as sacolas para a cozinha. Ainda pensativa, não viu quando seu cunhado entrou pela porta dos fundos trazendo vinhos e petiscos de bacon industrializados.

— O seu favorito, Elisa! — Jonas ergueu o vinho tinto suave, a qual Elisa se permitia tomar vez ou outra. O cunhado voltou com o cabelo cortado; o gel fixando os fios castanhos para os lados como um astro de rock dos anos 50. — Estava na promoção e tivemos um desconto natalino. Queremos vê-la bêbada.

— Pois não verá — Elisa tomou o vinho para si, guardando-o no armário. — Nunca me verá bêbada.

Jonas riu, indo ao encontro da filha na sala. Elisa começou a guardar a louça, mal prestando atenção ao que estava fazendo. Algo a incomodava desde que viu a mensagem de Eric.

— Acho que tem algo de errado — Fernanda apoiou-se na pia ao seu lado, prendendo os cabelos negros e um coque. — Que cara é essa?

— O quê? — Elisa arqueou as sobrancelhas, encarando a irmã. — Não é nada. Apenas Puppy me estressando hoje.

— Não é só isso. Eu te conheço — ela se inclinou para a irmã mais nova. — Tem a ver com o nosso querido Jack Hall?

— Não — Elisa desviou o olhar, decidindo que era hora de organizar a gaveta de talheres. — Não tem nada a ver com o Eric.

— Você disfarça muito mal. Vamos, há dias que você do nada fica estranha... — Fernanda ficou séria de repente. — ...ou por acaso Samuel tem te ligado de novo...?

Não — Elisa maneou a cabeça em sinal negativo. — É... É que Eric me chamou para ir a uma feira de livros e eu havia me esquecido.

— Você tem enrolado bastante ele nos últimos meses, não? — questionou. — E você vai?

— Hã... Acho que vou. Quero dizer, não sei... — Elisa confessou.

A irmã cruzou os braços.

— Parece que não quer dar uma chance a ele. Todo mundo sabe que Eric é caidinho por você — Fernanda disse. — Eu gosto dele. E quando eu gosto de alguém, é que eu sinto que essa pessoa presta.

— Ele é só um menino, Nanda.

— E você é só uma menina, irmãzinha — Fernanda ameaçou dar um peteleco na orelha dela, mas Elisa desviou. — Eric pode estar na flor da juventude, mas é mais maduro que o seu ex.

Elisa suspirou, fechando a gaveta com mais força do que pretendia. Ela não sabia porque a ideia de ter algo romântico com Eric a atormentava. Temia que um relacionamento sugasse suas energias, deixando-a presa. Ela tinha que admitir que já havia pensado nessa possibilidade, mas não foi muito além. Se Elisa gostava de Eric? Bem...essa pergunta ela não sabia responder. Ela gostava da companhia dele, achava-o inteligente e engraçado. Até mesmo bonito. Mas apaixonada? Não, ela não poderia afirmar tal coisa.

No entanto, Elisa ficou agoniada quando viu que sua mensagem ainda não havia sido vista. Decidiu então ligar; mas Eric não atendeu. Provavelmente estava trabalhando. Foi então que ela decidiu ir ao Café Essência — queria resolver logo aquela questão. A ideia de machucar Eric de alguma forma a incomodava.

Ela precisava conversar com ele.

Quinze minutos após ter tomado aquela decisão, Elisa estava entrando na cafeteria — que desde o começo de dezembro estava magnificamente enfeitada com itens natalinos. Hassan, Rayssa e Nicolas estavam lá. A moça olhou para os fundos, onde Eric poderia estar servindo cafés ou arrumando as estantes da pequena biblioteca, mas também não estava lá.

— Olá, Elisa — Nicolas veio em sua direção, sorrindo. — Procurando pelo Eric?

— Hã...sim — ela disse. — Ele não veio?

— Está de folga hoje. Cobriu Hassan semana passada — explicou. — Não vai querer nada hoje? Temos mocaccinos na promoção. Hassan está empolgado com as artes de latte natalinas.

— Mocaccinos natalinos! — o rapaz alto falou atrás do balcão. — O meu favorito é o alce, mas também temos papais noéis, árvores de natal e presentes.

Elisa riu, observando um casal de clientes chegando.

— Agora não, meninos. Mas prometo que aproveitarei essa promoção em breve — garantiu. — Tenho que ir...

Nicolas acenou para ela, indo ao encontro dos novos fregueses. Frustrada, Elisa saiu da cafeteria e começou a caminhar de volta para casa. Sem muitos compromissos, ela não se apressou. A moça entrou em uma das ruas, afastando-se da avenida. O céu estava cinzento e uma brisa fresca batia em seu rosto. Era um ótimo dia para se deitar em uma rede e ler um bom livro, mas duvidava que conseguiria fazer isso naquele dia.

Elisa estava a três quarteirões de casa quando avistou uma figura familiar. Seu corpo gelou quando identificou o rapaz de cabelos escuros e pele cor de oliva correndo em sua direção. Sua atenção estava voltada para as árvores do lote do outro lado da rua; mas no momento virou para frente, seu ritmo diminuiu.

Tão surpreso quanto ela, Eric a encarou à distância. Eram raras as vezes que Elisa via Eric de camiseta, expondo os braços. De bermuda e tênis de caminhada, o rapaz tinha uma expressão séria enquanto corria. Elisa parou de andar, esperando-o se aproximar. Algo dentro dela vibrou, como se estivesse em um perigo iminente; mas ela queria aquele perigo.

— Oi — Eric a cumprimentou, parando a poucos metros dela. Seu sorriso, que costumava sempre aparecer quando ele a via, estava ausente.

— Oi, Eric — ela deu um sorriso envergonhado. — Eu te liguei, mas acho que não viu. Está tudo bem?

Eric desviou o olhar, encarando uma enorme árvore à direita. Seus cabelos castanhos escuros estavam molhados e a camisa azul marinha marcava levemente o seu peitoral.

Elisa também desviou a atenção para a árvore.

— Para ser sincero, nem tanto — disse, ainda sério. — E você?

— Para ser sincera, um pouco entediada — Elisa disse. — Você disse que queria conversar... É um bom momento?

— Está voltando para casa? — Eric olhou para ela. Elisa assentiu e o rapaz fez um gesto para que ela continuasse andando. — Vou te acompanhar.

— Obrigada — Elisa começou a andar ao lado dele. — E...por que não está bem? Aconteceu alguma coisa?

— Aconteceu e está acontecendo — Eric disse em um tom mais grave que o normal. — As coisas não estão nada bem aqui dentro. Eu não preciso continuar dizendo que sou loucamente apaixonado por você, preciso?

— N-não — Elisa balançou a cabeça. — Eu sei.

— E você deve saber que não dá mais pra eu continuar com essa história de "ser apenas um amigo já me basta" — disparou. — Fui ingênuo ao achar que isso ia dar certo. Então, eu tomei uma decisão. Para o nosso bem.

Elisa olhou para ele, analisando o seu rosto. Os olhos dele eram pequenos; ela gostava deles. A seriedade de sua expressão deixava-a aflita, entretanto.

— Eu sinto muito, Eric... — foi a única coisa que ela pensou em dizer.

Eric trincou o maxilar, ainda sem olhá-la. A moça o conhecia o suficiente para saber que ele estava nervoso. Eric sempre evitava o seu olhar; como se isso o ajudasse a manter-se com as emoções controladas.

— Eu é que sinto, Elisa — Eric parou de repente na sua frente, interrompendo a caminhada bruscamente. Os olhos do rapaz estavam marejados, mas a sua voz estava firme. — Eu sinto todos os dias. Me sinto um lixo todas as vezes que percebo que você não me quer por perto. Nada do que eu faço parece o suficiente para ter o seu coração. Eu sei que você passou por maus bocados com aquele merda, Elisa, mas eu não sou ele. Então me diga...

— Eric...

— ...não, me deixa falar — ele ergueu as mãos, calando-a. — Eu preciso saber se você realmente não sente nada por mim a não ser uma admiração por eu ser um trouxa.

— Você é uma ótima pessoa, Eric — Elisa tentava ser o mais sincera possível. — Eu gosto da sua companhia e eu não quero te machucar. Eu disse que não queria te machucar.

— Não foi isso que eu perguntei — o rapaz meneou a cabeça. — Eu preciso saber se você sente alguma coisa por mim que não seja amizade ou qualquer coisa menos relevante. Por que, se você não sente nada, eu preciso me afastar. Não quero continuar alimentando algo que não vai dar em nada. Estou me sufocando com tudo isso.

Elisa deu um passo para trás, o coração aos pulos.

— Eu preciso pensar — ela cerrou os olhos com força. — Eu não sei responder isso. Me desculpe.

Eric riu, mas sem um pingo de humor. Ele enxugou uma lágrima que desceu pela bochecha, mas ainda tinha a postura de alguém que estava prestes a entrar em uma briga. Não contra ela, mas contra o que sentia. Elisa sentia a exaustão emocional em sua voz, e a moça se deu conta do turbilhão que estava causando no coração daquele rapaz. A ideia de se afastar dele não a agradava; ao mesmo tempo, por que estava evitando sair com ele nas últimas semanas?

— Eu vou te dar um dia para pensar nessa pergunta — ele recomeçou a caminhada. — Acho que é o suficiente.

— Eu não sei se é o suficiente — Elisa confessou. — Mas você está certo. Não quero ser um estorvo na sua vida. Eu gosto demais de você para ser alguém que tira a sua paz.

— Você não é um estorvo. Nunca será — Eric ergueu a cabeça, aspirando o ar. Eles viraram a rua e a moça pôde avistar a sua casa. — Você é tudo pra mim, Elisa. Mas não consigo mais ser só o seu amigo.

— Eu espero vê-lo amanhã na feira de livros — ela tentou se desviar daquela conversa automaticamente. Não sabia lidar quando Eric fazia declarações daquele nível. — Eu estarei lá.

Eric não respondeu. Parou diante da casa, esperando-a entrar.

— Obrigada por me acompanhar — ela queria dar um abraço nele; como costumavam fazer sempre que se despediam. Diante daquela situação nada confortável, entretanto, Elisa mal se aproximou dele.

Eric balançou a cabeça, acenando com a mão. Puppy começou a latir quando ouviu a sua voz e a moça foi até o portão. Quando se virou novamente, prestes a mostrar o filhote a Eric, viu que o rapaz já se encontrava quase na esquina. Ele corria mais rápido que o necessário; talvez denunciando o seu desespero de ficar longe dela logo.

Elisa precisava rapidamente de uma resposta. Uma resposta que só o seu coração confuso poderia dar. 

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