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Capítulo 1

O cheiro do sangue atiçava todos os meus sentidos, o prazer de ter em minhas mãos o controle entre a vida e a morte de outro era algo que eu não podia explicar. Não era a primeira vez, nem a segunda ou a terceira, eu já tinha perdido as contas das queimas de arquivo que eu precisava fazer.

O medo, a dor, o sofrimento, o cheiro desses sentimentos eram algo que minha língua desfrutava com muito anfico. Eu podia ouvir os passos deles se aproximando e sentir o medo na ponta da língua, o temor ao ver as paredes manchadas de sangue e o restos dos corpos dos meus irmãos e técnicos espalhados por todos os locais..

Eles tinham uma escolha para fazer, levar um assassino para a liberdade ou mata-lo como ele fez com os outros. O humano me olhou determinado, eu sabia que parecia um monstro agora mas sua visão não ficava longe do meu real estado interior. Uma mistura de raiva e ódio contido, drogas manipuladas e desejo de sangue, a criação perfeita para a execução de qualquer coisa que se mexesse. Eu rugi alto e ameaçador e as picadas vieram rápidas, uma, duas, três, cinco e a escuridão.

Bati em Slade por causa de suas atitudes precipitadas e sua língua grande, ele não devia ter feito nada disso com Kira, ela era uma boa fêmea e não precisava passar por isso. Acordei faz alguns minutos depois de muitos tranquilizantes no corpo, novamente eu perdi o controle e deixei que tudo retornasse como um soco no estômago.

Depois de assistir o casamento de Kira fui para o centro médico fazer exames, Trisha e o psicólogo são os únicos que sabem tudo sobre mim. Deitei na maca desconfortável deixando que a enfermeira tirasse varios tubos com meu sangue, a anos atrás ela estaria morta antes mesmo de se aproximar. Fechei os olhos quando o branco do teto me deixou tonto, e adormeci.

[···]

- Como sempre, precisa descansar. - a voz de Trisha me acordou a alguns minutos, ela está preocupada com as altas taxas de droga no meu sangue.

A verdade é que meu corpo absorveu toda a manipulação de raiva que me era induzido por tantos anos, a droga virou parte do meu corpo e toda a vez que eu fico extremamente irritado ela conduz meus feitos me tornando um assassino novamente. A doutora anda de um lado para o outro com vários papéis nas mãos.

- Desculpe pelo Slade. - murmuro, a última pessoa que eu queria prejudicar era quem vinha me ajudando a tanto tempo.

- Tudo bem, ele vai sobreviver. As vezes até eu queria bate-lo. - ela da de ombros rindo, me levanto colocando a jaqueta de couro novamente.

- Alguma novidade para mim? - tirou dois papéis de entre os seus e me entregou.

- A força tarefa vai sair hoje ao anoitecer, descobriram onde a presente está sendo mantida. Acredita que estava bem debaixo do nosso nariz o tempo todo? Bom, como sua médica eu não recomendo que vá, até porque sua presença não foi solicitada. - me olhou de soslaio, ela sabia que eu não ficaria sentado aqui o resto do dia. Não tinha ninguém na ala de treinamento e nada mais me importava tanto quanto resgata-la. - Mas... eu tenho muitos pacientes desobedientes e eu conheço esse brilho nos seus olhos.

- Sabe que me mantenho afastado das missões, mas eu acabei me envolvendo nessa e preciso ir. - ela assentiu sorrindo e me dispensou com a mão.

Sai do centro médico sem muita pressa ainda faltava algumas horas para escurecer e eu teria tempo de me acalmar antes de ir. Entrei no dormitório masculino iguinorando os machos presentes na ala social, subi alguns degraus e tranquei a porta do meu quarto. Tomei um banho relaxante e longo, a água fria me acalmava rapidamente como um antídoto.

Não sabia o porque essa missão me importava tanto mas sentia que precisava estar lá de qualquer jeito. Vesti o uniforme da ONE e calcei os coturnos com dificuldade, me acostumei com os sapatos mas não eram confortáveis e calça-los ainda arrancava alguns palavrões da minha boca. Ainda sentado sobre a cama esperei que a hora passasse respirando devagar como o psicólogo tinha me ensinado.

[···]

- Olha quem apareceu para a festa! - Ella tinha conseguido depois de muita insistência e gritaria voltar a fazer parte da força tarefa, ela e Bella eram as únicas mulheres na equipe e ajudariam no resgate.

- Em quantos teve que bater para conseguir ficar? - perguntei sério, ela riu apontando para a sala de interrogatório. Nem quero imaginar como está Luin nesse momento.

- Parem de falar e entrem na porra desse SUV! - gritou Tim esbravejando do outro lado.

- Grita novamente comigo e você vai parar em uma maca. - falo para ele, o tom de ameaça serpenteando a voz e os olhos, Tim engoliu seco e entrou no SUV calado.

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