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01. Entre dois mundos

O Condado, com suas colinas verdejantes e pequenas tocas confortáveis, era um lugar pacato, onde o tempo parecia se arrastar como um riacho preguiçoso. As manhãs nasciam serenas, com a névoa baixa se dissipando ao toque do sol. A maioria dos hobbits começava seus dias com passos despreocupados, cuidando de suas plantações, preparando refeições fartas e mantendo uma vida simples e confortável. Ali, no coração da Terra dos Hobbits, vivia uma jovem mestiça que destoava do restante de seus conterrâneos.

Elowen, filha de um hobbit e de uma elfa, não era como os outros. Com cerca de sessenta anos, a jovem possuía a aparência de alguém bem mais jovem, algo incomum para os padrões hobbits, mas esperado para alguém com sangue élfico correndo pelas veias. Seus olhos brilhantes carregavam a sabedoria de duas culturas, mas também a tristeza de alguém que nunca se encaixou completamente em nenhuma delas.

Sua mãe, Lúthien, uma elfa de beleza incomparável, partiu para Valinor quando Elowen ainda era muito jovem. As lembranças de sua mãe se desvaneceram com o tempo, e agora, Elowen só guardava ecos de uma voz doce e uma mão gentil, mas o rosto de Lúthien era um mistério perdido para ela. Criada por seu pai, Balinor Tûk, um habilidoso ferreiro do Condado, Elowen herdou o espírito aventureiro dos Tûk e a habilidade nas forjas, embora sempre sentisse que havia uma parte dela faltando.

Balinor não era um hobbit comum. Além de forjar ferramentas de plantação para os fazendeiros do Condado, ele nutria uma paixão secreta por forjar armas, algo que passara para sua filha. Elowen, apesar de amar as manhãs tranquilas vendendo criações na feira, frequentemente se via na forja, ajudando seu pai a criar espadas e lâminas afiadas, tesouros que jamais seriam apreciados por aqueles ao seu redor. Quando a noite caía, Balinor lhe ensinava a arte da esgrima, uma tradição que mantinham em segredo, longe dos olhos curiosos do Condado.

Elowen, com sua altura levemente maior que a dos hobbits e suas orelhas mais pontudas, já era uma figura que chamava a atenção. Seus pés não eram grandes e peludos como os dos outros, e sua beleza, delicada e eterna, refletia a herança élfica de sua mãe. Os olhos das pessoas ao seu redor sempre carregavam um misto de curiosidade e distância. Elowen nunca se sentira parte daquele lugar. Os hobbits eram gentis e acolhedores, mas havia sempre uma barreira invisível que a separava dos outros. Ela se movia entre dois mundos, sem se sentir inteiramente pertencente a nenhum.

Durante as tardes, quando vendia as ferramentas e artefatos que seu pai forjava, Elowen observava as famílias hobbits sorrirem, partilharem histórias simples, e por vezes sentia uma pontada de inveja. Ela não tinha as mesmas raízes profundas na terra, nem o amor por uma vida tranquila. O espírito inquieto que corria por suas veias a impulsionava a sonhar com o além, com terras distantes e aventuras desconhecidas, mas esses sonhos a deixavam ainda mais distante de seus vizinhos.

A cada ano, à medida que via os hobbits ao seu redor envelhecerem e formarem famílias, Elowen continuava a mesma. Sua aparência jovial, sua graça natural e seus traços élficos apenas reforçavam a ideia de que ela jamais encontraria seu lugar ali. Ela andava pelas ruas do Condado como uma sombra de uma história inacabada, alguém que não pertencia verdadeiramente ao seu lar.

E então havia Balinor. Ele fazia o melhor que podia, criando sua filha com todo o amor que um pai poderia oferecer. Mas até ele, apesar de seu próprio espírito aventureiro, sabia que o Condado não era o lugar que nutriria o coração inquieto de Elowen. Havia algo nos olhos dela, um brilho de desejo por algo maior, por uma vida que os hobbits nunca poderiam entender.

À noite, depois que as forjas esfriavam e o Condado caía em seu silêncio habitual, Balinor olhava para sua filha enquanto treinavam. As espadas tilintavam suavemente no ar frio, e ele sabia que um dia Elowen partiria. Não era uma questão de se, mas de quando. O sangue aventureiro dos Tûk e o legado da mãe elfa de Elowen a chamavam para algo maior. Ela era uma criatura de dois mundos, e ambos os lados de sua herança clamavam por realização.

Elowen sentia esse chamado. Ela não sabia de onde ele vinha, mas sabia que o Condado, por mais acolhedor que fosse, nunca seria seu verdadeiro lar.

Era uma manhã clara no Condado, o ar doce de flores silvestres misturado com o aroma de terra fresca. A feira na Praça do Condado estava animada, com hobbits movimentando-se de barraca em barraca, carregando cestas de produtos e ferramentas. Elowen estava atrás de sua barraca, organizada com precisão, onde expunha os equipamentos de plantação que seu pai havia forjado. Pás, enxadas, ancinhos, todos perfeitamente equilibrados e polidos até brilharem sob o sol.

Um grupo de hobbits aproximou-se, carregando cestas abarrotadas de tomates que quase transbordavam. Era Ted Sacola-Bolseiro e sua esposa, Lobélia. O rosto de Ted brilhava com orgulho, e ele estufou o peito enquanto apontava para os tomates, seus olhos faiscando de satisfação.

━ Elowen, minha querida, veja só isso! ━ disse Ted, levantando um dos tomates. ━ Os maiores tomates que já plantamos em toda a nossa vida! E tudo graças às suas ferramentas.

Elowen sorriu gentilmente, observando o entusiasmo sincero nos olhos de Ted.

━ Fico feliz que estejam funcionando bem, Ted ━ respondeu ela, com sua voz suave, mas firme. ━ Mas o mérito é todo seu e de Lobélia, são vocês que têm o dom para a plantação.

Lobélia deu um sorriso largo e satisfeito, enquanto mexia nos tomates dentro da cesta.

━ Ah, mas essas ferramentas tornaram o trabalho muito mais fácil, isso sim. Devemos muito a você e ao Balinor. Vocês fazem coisas que duram uma vida.

━ Eu fico feliz em ajudar como posso ━ disse Elowen, seus olhos cintilando com a luz suave da manhã. ━ Se precisar de algo mais, é só avisar. Meu pai sempre gosta de novos desafios.

Com um aceno de agradecimento, Ted e Lobélia se afastaram, levando suas cestas cheias de tomates. Elowen observou-os por um instante, o som das conversas dos hobbits ao seu redor misturando-se com o burburinho da feira. Embora houvesse uma certa familiaridade nesses rostos e uma rotina acolhedora naquele trabalho, ainda assim ela sentia uma leve distância, como se estivesse apenas observando de fora.

Depois de mais algumas horas vendendo as últimas ferramentas do dia, Elowen decidiu que era hora de fechar a barraca. Ela prendeu cuidadosamente a lona sobre os produtos restantes e ajeitou o cinto com as moedas que ganhara. O sol já estava mais alto no céu, e a brisa fresca do campo acariciava seu rosto à medida que começava sua caminhada de volta para a forja.

Enquanto caminhava pelas estradinhas de terra batida, Elowen observava a beleza simples e bucólica do Condado. O verde exuberante das colinas ondulava até onde a vista alcançava, e os riachos brilhavam ao longe como fios prateados. Era uma terra de tranquilidade, onde o tempo passava devagar e as preocupações pareciam menores. Os pássaros cantavam alegremente nas árvores e as flores silvestres, de cores vibrantes, se abriam ao toque suave do vento.

Porém, mesmo cercada por tanta beleza, Elowen sentia uma inquietação em seu coração. Aquela paisagem, por mais bela que fosse, nunca havia preenchido o vazio dentro dela. Ela era parte de algo maior, algo que ainda não havia descoberto, e esse chamado silencioso a acompanhava onde quer que fosse.

Logo, avistou a forja de seu pai à distância, com a fumaça subindo de maneira preguiçosa pelo ar. O barulho familiar de martelo contra metal ecoava pelo campo.

Quando Elowen chegou às forjas, o calor do ambiente a envolveu como um abraço familiar. O som do martelo golpeando o metal e o cheiro do ferro em brasa a faziam sentir-se em casa. Enquanto caminhava, seus olhos se fixaram em um poleiro perto da janela. Ali estava Nuvem, a coruja cinza que seu pai treinara para trocar correspondências com Lúthien durante o tempo em que estavam separados.

Nuvem era uma ave majestosa, com penas cinzas e um olhar sábio que parecia conhecer os segredos do mundo. Elowen aproximou-se devagar, acariciando a cabeça da coruja.

━ Oi, Nuvem. Como você está hoje? ━ sussurrou ela, com um sorriso.

A coruja piscou lentamente, como se reconhecesse a presença da jovem, e Elowen sentiu uma onda de nostalgia. O pai sempre falava sobre como Nuvem havia sido uma ligação entre ele e sua mãe. Quando Lúthien estava em Valfenda, Balinor escrevia cartas para ela, e Nuvem era sua mensageira fiel, voando de volta para casa com respostas e notícias.

━ Você sempre soube como confortar o pai ━ disse Elowen, lembrando-se de como as cartas traziam alegria a Balinor. ━ Ele sempre dizia que você é a única que ainda se lembra da mãe.

Nuvem soltou um piar suave, como se entendesse as palavras de Elowen, e a jovem sentiu seu coração se aquecer. A coruja sempre fora um símbolo da conexão entre seus pais, um elo que, mesmo na ausência de Lúthien, continuava a existir.

━ Espero que um dia eu tenha a mesma coragem que você, Nuvem. ━ Ela suspirou, afastando-se do poleiro para se juntar ao pai na forja. ━ Para voar longe e buscar novas aventuras.

Com essas palavras, Elowen se virou e seguiu em direção a Balinor, seu espírito aventureiro começando a despertar novamente.

━ Vejo que já começou sem mim, pai ━ disse Elowen, com um sorriso leve.

Balinor levantou o olhar, os olhos cansados, mas ainda cheios de vida, se encontrando com os dela. Ele era um hobbit grande e corpulento, mesmo para os padrões de sua gente, e embora seus cabelos fossem completamente brancos agora, seu corpo ainda mantinha a força de sua juventude.

━ Alguém tem que manter as coisas funcionando por aqui ━ respondeu ele, com a voz grave e rouca pelo tempo e pela forja. ━ Mas você chegou na hora certa, Elowen. Preciso de uma mão firme com essa lâmina. E como foi a feira hoje?

Elowen aproximou-se, pegando uma das luvas de couro grosso e se posicionando ao lado do pai. Pegou o martelo mais leve e começou a trabalhar junto a ele, o som rítmico das marteladas preenchendo o ambiente.

━ Ted e Lobélia estavam radiantes com os tomates ━ disse ela, sorrindo. ━ Parece que as ferramentas que fizemos realmente fizeram a diferença para eles.

Balinor riu, balançando a cabeça.

━ Eu sempre disse que os hobbits poderiam ser ótimos ferreiros, se quisessem. Mas a maioria prefere plantar e cozinhar. Uma pena.

━ Talvez seja por isso que eu nunca me encaixei por completo ━ disse Elowen, um pouco pensativa, enquanto martelava suavemente. ━ O Condado é bonito, pacífico... mas não sinto que pertenço a esse lugar.

Balinor olhou para sua filha com ternura, uma expressão suave em seu rosto normalmente severo.

━ Você tem um espírito que poucos aqui têm, Elowen. Não há nada de errado nisso. Seu lugar no mundo talvez não esteja entre os campos e colinas do Condado, mas sei que um dia você vai encontrar onde realmente pertence.

Ela manteve o olhar no metal em sua frente, mas as palavras do pai ecoaram em sua mente. Encontrar um lugar para pertencer... Essa era uma busca que sempre parecia estar distante, como um sonho impossível de alcançar.

━ Espero que esteja certo, pai ━ murmurou ela.

Balinor deu-lhe um tapinha nas costas, em um gesto de conforto.

━ Confie em mim, menina. Tudo tem seu tempo. E até lá, temos lâminas para forjar.

Elowen sorriu, reconfortada pela presença de seu pai. Trabalhar ao lado dele, mesmo que brevemente, sempre trazia uma sensação de paz, mesmo que seu espírito ainda buscasse algo além das forjas e das colinas do Condado.

Elowen continuou martelando, o ritmo de sua batida sincronizado com os pensamentos que dançavam em sua mente. O calor da forja envolvia-os, e enquanto o metal se moldava sob o impacto do martelo, Balinor decidiu compartilhar uma de suas histórias favoritas.

━ Você sabe, Elowen ━ começou Balinor, com um brilho nos olhos, como se estivesse prestes a revelar um segredo ━, há muitos anos, um mago veio ao Condado. Era um daqueles que andam com longos capas e têm um olhar sábio.

Elowen parou por um momento, com o martelo suspenso no ar, sua curiosidade despertada.

━ Ah, pai, você sempre fala sobre esse mago. Era o Gandalf, não era? O que ele queria?

Balinor acenou com a cabeça, um sorriso nostálgico iluminando seu rosto.

━ Sim, foi Gandalf. Ele estava em busca de ajuda para os elfos de Valfenda. Havia rumores de que as trevas estavam se aproximando, e ele precisava de reforços para combater uma crescente ameaça. Acontece que eu estava na forja, como sempre, quando ele apareceu à minha porta, com seu olhar penetrante e uma aura de poder ao redor dele.

━ E o que você fez? ━ perguntou Elowen, já sabendo da resposta, mas encantada como sempre.

━ Bem, é claro que eu o acompanhei! ━ disse Balinor, com um ar de entusiasmo. ━ Fui até Valfenda, e posso lhe garantir, minha querida, aquele lugar é como um sonho. As árvores são mais altas do que você poderia imaginar, e o som das águas é como uma música que embala a alma.

Elowen ficou absorta nas palavras do pai, sentindo a beleza e a magia que ele estava descrevendo.

━ E lá, conheci sua mãe, Lúthien ━ continuou Balinor, seu tom suavizando. ━ Ela era uma visão, tão delicada e radiante que parecia que a própria luz a seguia. A primeira vez que a vi, estava em um jardim, cuidando das flores como se cada pétala fosse uma parte de sua própria alma. Eu soube, naquele instante, que era uma elfa como nenhuma outra.

━ Eu sempre adorei essa parte da história! ━ exclamou Elowen, sorrindo. ━ O que mais aconteceu?

Balinor deixou escapar uma risada suave.

━ Bem, enquanto eu estava lá, os elfos estavam lidando com a ameaça de criaturas sombrias nas florestas ao redor. Gandalf nos convocou, e eu, um simples ferreiro do Condado, me vi lutando ao lado de guerreiros elfos. Eu nunca havia sentido tanta emoção. O clangor das espadas, o canto das flechas voando ━ e sua mãe, com seu arco em mãos, era uma verdadeira artista na batalha.

Elowen piscou, imaginando a cena vívida que seu pai descrevia, repleta de bravura e coragem.

━ Você sempre fala como se estivesse encantado com ela, pai. ━ O tom dela era leve, mas havia um toque de curiosidade nas palavras.

Balinor sorriu, perdendo-se em suas memórias.

━ Ela era uma visão de força e graça, e não havia como eu não me apaixonar. Após a batalha, encontramos um momento de paz, e foi ali, sob as estrelas mais brilhantes que já vi, que nós dois conversamos longamente sobre os sonhos, as esperanças e o que significava ser de mundos diferentes.

Elowen não pôde evitar um sorriso sonhador ao ouvir a paixão nas palavras do pai.

━ E o que aconteceu depois? Você não ficou em Valfenda?

━ Ah, minha aventura tinha que ter um fim. Um hobbit não pode se esquecer de sua casa por muito tempo. Depois que tudo terminou, eu voltei ao Condado, e sua mãe... bem, ela foi chamada de volta a Valinor. ━ Ele hesitou por um momento, a tristeza atravessando seu olhar. ━ Fui abençoado por ter conhecido uma elfa tão magnífica, mesmo que por um breve período.

Elowen sentiu seu coração apertar ao ouvir sobre a mãe que nunca conhecera. Apesar de ter crescido em histórias de sua beleza e força, havia sempre uma ponta de melancolia que acompanhava essas lembranças.

━ Eu só desejo que um dia possa encontrar algo tão grandioso quanto isso, pai. Um lugar ou uma pessoa que me faça sentir que pertenço de verdade.

Balinor olhou nos olhos de sua filha, a compreensão em seu olhar.

━ Você encontrará, Elowen. Você é uma Tûk com um espírito livre, e a vida está cheia de aventuras esperando por você. Às vezes, precisamos sair de nossas zonas de conforto para descobrir quem realmente somos. Apenas não tenha medo de seguir seu coração.

Elowen assentiu, sentindo-se inspirada pelas palavras de seu pai. Enquanto o calor da forja a cercava, a ideia de aventurar-se além do Condado começou a parecer menos assustadora e mais excitante.

━ Obrigada, pai. Por sempre acreditar em mim.

━ Sempre, minha querida. Agora, vamos nos concentrar nessa lâmina.

Após compartilhar suas histórias, Balinor tossiu forte, o som ressoando pela forja e interrompendo o calor do momento. A tosse era profunda e arrastada, e Elowen imediatamente parou, seu coração disparando.

━ Pai! Você está bem? ━ ela exclamou, preocupada, olhando para ele com os olhos arregalados.

Ele acenou com a mão, tentando desviar a atenção dela.

━ Ah, não se preocupe, minha querida. É só um resfriado, nada sério. ━ A voz de Balinor estava mais fraca do que o habitual, e seu sorriso tentava acalmar a filha, mas Elowen não se deixou enganar.

━ Isso não parece um resfriado, pai. Você precisa descansar mais. ━ Ela se aproximou dele, olhando diretamente em seus olhos, que agora estavam um pouco ofuscados. ━ Vamos para dentro.

Antes que ele pudesse protestar, Elowen agarrou o braço do pai e o guiou para a porta, sua determinação inabalável. Assim que entraram na pequena casa, ela correu até a estante onde mantinha seus frascos e ervas. Desde jovem, nutriu um apreço pelas técnicas de cura élficas, então resolveu aprender sozinha com os livros que eram de sua mãe.

━ Eu vou preparar algo para você. ━ Ela começou a pegar suas ervas secas, cuidadosamente escolhendo folhas e flores que acreditava serem benéficas.

━ Elowen, realmente não é necessário... ━ Balinor começou, mas sua voz falhou, e ele se sentou em uma cadeira, parecendo um pouco mais pálido.

Ela não o deixou continuar. Com as mãos ágeis, começou a preparar um chá, misturando as ervas com água quente. O aroma suave e revigorante logo encheu a sala.

━ Isso vai te ajudar a se sentir melhor, pai. Você sempre diz que o chá de folhas de melissa é bom para a tosse. E eu acrescentei um pouco de camomila, também. ━ Elowen falou enquanto mexia a mistura com um movimento firme.

━ Você realmente não precisa fazer tudo isso. Eu estou bem, de verdade. ━ Balinor insistiu, mas a preocupação nos olhos de Elowen era inegável.

━ Não, você não está. ━ Ela virou-se para ele, o olhar sério. ━ Você precisa trabalhar menos. A forja sempre estará lá, mas sua saúde é mais importante.

Ele suspirou, sabendo que sua filha não se deixaria levar por suas palavras. Assim que o chá ficou pronto, Elowen derramou um pouco na xícara e levou até o pai.

━ Aqui, beba. ━ Ela o observou enquanto ele tomava pequenos goles, seu olhar desconfiado, mas fazendo um esforço para agradá-la.

━ Obrigado, minha pequena. ━ Ele sorriu, mas Elowen percebeu que o sorriso não alcançava seus olhos.

Depois de terminar a bebida, Balinor se levantou lentamente, o esforço visível em cada movimento.

━ Agora, preciso de um descanso. ━ Ele disse, tentando se manter firme, mas a fraqueza em sua postura era clara.

━ Vou ficar aqui, se precisar de algo. ━ Elowen respondeu, seu tom suave, mas seu coração estava pesado de preocupação.

Balinor acenou com a cabeça e se afastou, indo para o quarto. Enquanto observava seu pai se afastar, Elowen sentiu um nó de apreensão se formar em seu estômago.

Ela se encostou à mesa, sua mente cheia de pensamentos, e a preocupação crescia a cada segundo. Ele estava escondendo algo, e essa ideia a atormentava. A saúde de seu pai era algo que ela não podia ignorar, e a incerteza a deixava inquieta.

Elowen ainda estava pensando em como poderia ajudar quando Balinor apareceu na porta do quarto, sua expressão gentil, mas firme.

━ Elowen, não se preocupe comigo. Eu realmente não preciso que você fique aqui. ━ Ele disse, tentando transmitir confiança, mas Elowen viu a fraqueza em seu olhar.

━ Pai, eu só quero ter certeza de que você está bem. ━ Ela insistiu, mas Balinor balançou a cabeça.

━ Eu aprecio a sua preocupação, mas você não precisa sacrificar seu tempo por mim. A vida no Condado continua. Por que você não vai visitar seu primo Bilbo? Ele sempre adora a sua companhia. ━ Ele sugeriu, com um sorriso que mal disfarçava sua fraqueza.

A ideia de visitar Bilbo a fez hesitar. Ela gostava do tempo que passava com ele, mas, ao mesmo tempo, não queria deixar seu pai sozinho em um momento que parecia delicado.

━ Mas, pai... ━ começou Elowen, mas ele a interrompeu.

━ Já estou melhor. ━ Balinor assegurou, um toque de determinação na voz. ━ E você precisa de um pouco de ar fresco. A aventura de Bilbo sempre traz boas histórias. Vai fazer bem a você.

Elowen olhou para ele, notando o quão sério ele parecia. Por fim, ela suspirou, sabendo que ele não desistiria.

━ Está bem, mas prometo que voltarei em breve. ━ Ela se levantou, um misto de relutância e resignação em seu olhar.

━ Prometa que se divertirá. ━ Balinor sorriu, e, mesmo que tentasse esconder a preocupação, seu amor e apoio eram palpáveis.

Assim que ela saiu de casa, o ar fresco do Condado envolveu-a como um manto reconfortante. O sol estava começando a se pôr, tingindo o céu de laranja e rosa, enquanto Elowen caminhava pela trilha bem cuidada.

De repente, Nuvem apareceu, saindo de um dos galhos da árvore próxima e pousando suavemente em seu ombro.

━ Oi, Nuvem! ━ ela sorriu ao sentir o peso da ave em seu ombro. ━ Parece que você resolveu me acompanhar hoje.

A coruja deu um pequeno piar, como se aprovasse a decisão de Elowen. Sentindo-se um pouco mais reconfortada pela presença da ave, ela continuou a andar, observando as flores silvestres balançando ao vento e ouvindo o canto dos pássaros.

A beleza do Condado sempre a deixava maravilhada, mas, naquele momento, havia uma nuvem de preocupação pairando sobre ela. O caminho parecia familiar, mas sua mente estava longe, pensando na saúde de Balinor e em como ela poderia ajudá-lo.

━ Vou visitar Bilbo, e logo estarei de volta. ━ Ela murmurou para Nuvem, como se a coruja pudesse compreender suas preocupações.

Acompanhada pela coruja em seu ombro, Elowen seguiu pelo caminho, decidida a aproveitar o tempo com seu primo, mas sabendo que sua mente estaria sempre um pouco presa às forjas e à figura de seu pai, que agora se aposentava com um suspiro a cada movimento.


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