O tempo parecia não passar e a escola continuava toda no escuro.Eu já estava começando a ficar com medo depois do que aconteceu. Ainda achava estranho e queria entender o porque da Sophia ter vindo falar comigo.Ela nem me conhecia e sabia meu nome.

A professora estava andando pela sala e agora tinha conseguido manter a ordem. Os alunos estavam conversando e falando baixo.Olhei para fora da sala a tempo de ver Gabriela e Brenda entrando.Elas não pareciam assustadas e agiam normalmente.Gabriela passou por mim,sorriu disfarçadamente e se sentou no mesmo lugar de sempre.Brenda ficou parada encostada na mesa do professor olhando para todo mundo da sala.Aquelas meninas estavam sempre atrás de confusão e eu era o alvo agora.Que droga.

Suspirei e me perguntei mentalmente onde estava o Jonathan.Será que ele havia se perdido pela escola? Rapidamente comecei a rir do meu próprio pensamento.Não tinha como se perder naquele lugar até porque ali não era tão grande como na minha antiga escola integral.

Fiquei observando os alunos e senti que alguém estava me olhando.Olhei ao redor,mas todos estavam conversando ou escutando música.Devia ser só coisa da minha cabeça.Devia ser a falta de luz me deixando paranóica.Naquele momento só conseguia pensar no diretor e no porque dele não ter nos liberado até agora.

Ouvi um assopro bem perto de mim,me assustei e quase pulei da cadeira.O que tinha sido aquilo? Ninguém estava perto de mim o suficiente para fazer isso.Me ajeitei na cadeira.As luzes piscaram quatro vezes seguidas e todos ficaram na expectativa se a energia iria voltar ou não.Continuou tudo escuro.

-Quero ir para casa-um garto gritou no fundo da sala.A professora pediu para ele não gritar e mandou Brenda se sentar.

Ela a obedeceu e ao passar por mim esbarrou seu braço no meu.

-Ops desculpa aí Bianca-sorriu e foi se sentar.

Revirei os olhos.Sei que ela fez isso porque quis.Garota insuportável assim como a amiga e os amigos dela.De repente ouvi uma voz amedrontadora sussurrando ao meu ouvido.

-Se prepare Bianca.Seu dia vai chegar.Da morte não se pode escapar.

Fiquei paralisada ao ouvir isso.A voz era irreconhecível e depois eu senti como se alguém estivesse assoprando bem perto de mim.Engoli em seco e tentei me mover.Meu cabelo se mexeu um pouco e peguei nele o ajeitando.A parte do meu cabelo que se mexeu foi do lado que eu ouvi a voz amedrontadora. Passei as mãos nos meus braços.Somente eu havia ouvido e sentido isso.Todos permaneciam do mesmo jeito.Não havia nada de diferente ao redor.

Olhei para o quadro ainda assustada.Não sei se foi impressão minha,mas no quadro estava escrito algumas coisas.Eram números verdes que brilhavam.

-1,2,3,4,5...-eu li falando baixo e fui interrompida ao ver que as luzes haviam se acendido rapidamemte.

Balancei a cabeça e pisquei os olhos para me acostumar com a luz e quando virei a cabeça para o quadro os números haviam sumido.Não havia nada escrito.

Tocou e percebi que não iríamos para casa mesmo.A aula continuaria,mas eu não estava nenhum pouco com vontade e nem concentrada.Aquilo tudo não era normal e tinha alguma coisa de muito assustador nessa escola.Comecei a pensar que a falta de energia pode ter sido algo proposital já que Jonathan havia me falado que esse terreno antes era um campo de batalha.Será que havia algum sentido nisso tudo?Aquilo só podia ser loucura.

A manhã se passou normalmente depois do acontecido.Jonathan havia voltado para sala na terceira aula e não me explicou porque havia sumido.Na hora que tocou eu já estava cansada de escrever e agradeci mentalmente por ter tocado.Alguns saíram quase correndo da sala.Desci as escadas pensando no que havia escutado.A voz amedrontadora,o assopro,o sussurro,o rosto na janela.Era muita coisa estranha.

Tudo se repetia na minha mente e nada fazia sentido.Lembrei de Natasha ao chegar no portão da escola e parei.

-Está ficando paranóica-disse para mim mesma e coloquei as mãos na cabeça-Vai ficar tudo bem.Agora é só esperar sua prima ok?

Falei comigo mesma para tentar me convencer disso.Natasha saiu e assim que me viu se aproximou rápido.

-Vamos logo prima-ela disse-Hoje vamos ter que ir de ônibus.

-Como assim?O tio não vem nos buscar?

-Ele precisou ir resolver uma coisa no centro.O carro não está lá.

Fomos até o ponto de ônibus e esperamos um pouco.Quando chegamos em casa tia Carmem estava terminando de preparar o almoço.Ela parecia um pouco atrapalhada e sem jeito.Tia Carmem olhou para nós e sorriu.

O restante do dia havia se seguido normal.Tudo estava em seus devidos lugares,mas eu ainda estava intrigada com o que aconteceu pela manhã.Pensei por várias vezes ao dia na voz.

A noite quando deitei na cama lembrei sem querer da voz e dos números escritos no quadro.

-Morte-sussurrei-Da morte não se pode escapar-repeti enquanto olhava para o teto tentando assimilar aquilo.

Fechei os olhos na tentativa de esquecer.Me virei na cama somente duas vezes até que finalmente consegui dormir.

Estou de volta e me perdoem pelo capítulo pequeno,mas no próximo volta tudo ao normal.