Capitulo 35
Narradora
Alguma coisa estava de errado. E Noah sabia disso.
Já estavam no hospital onde Any teve de fazer uma cesária de emergência. Os médicos não disseram nada, mas Noah sabia que tinha algo de errado. Já tivera muitas pacientes grávidas e, mesmo não sendo obstetra, sabia muito bem identificar quando alguma coisa estava errada.
Mas não disse nada a Josh. Não queria preocupa-lo, mas era meio nítido que Noah não consegue esconder isso.
— Amor, o que foi?- Josh o segurou pelos ombros, com aquele brilho nos olhos que Noah amava.- Nos vamos ter o Liam. Em nossos braços. Finalmente.
Tentou forçar um sorriso, não preocupando Josh. Mas foi quase impossível. Ele era um péssimo ator. Então, Josh estranhou e começou a ficar preocupado também.
— O que houve?- Perguntou preocupado.
— Papai, o Liam já vai chegar?- Nick apertou a calça de Josh, já que sua altura ia até o quadril dele.
— Sim, filhao. Daqui a pouco o seu irmão estará em seus braços.
Um sorriso surgiu no rosto do garotinho, no qual Noah teve uma estranha sensação. Ele ficaria tão triste se algo acontecesse com Liam.
— Mas eu vou pegar ele primeiro porque eu sou a mais velha.- Laila falou com os braços cruzados na cadeira, enquanto jogava no celular que Noah emprestou para Liz e ela.
Liz ficava quieta enquanto jogava no celular do moreno. Estava gostando da ideia de ter um irmão, mas dentro da barriga de Any. Por algum motivo, não queria que ele saísse. Não ainda.
Não estava preparada para dividir seus pais e seus irmãos, e já que era a mais nova, não sabia essa sensação.
Percebendo isso, Noah foi até ela, tentando se distrair um pouco, e sentou-se ao seu lado, e a cutucou pelo ombro, o que fez ela se distrair e esbarrar seu personagem no trem, e então perder a partida.
— Papai!!- Ela esbravejou.
— Calma, florzinha. Depois o papai recupera pra você. Só conversa comigo um pouco agora.- Pegou o celular da mão dela lentamente, e o guardou no bolso enquanto via a pequena cruzar seus braços.- Está ansioso para Liam?
— Uhum.- Assentiu a cabeça, não muito feliz.- A Ny vai tê qui ficá com o Liam o tempo intelo, e o papai Noah e o papai Joshy também.
E então Noah percebeu; ela estava com ciúmes. Estava tão focado na chegada de Liam, que nem percebeu que se afastara um pouco de Liz. Como Nick e Laila estavam ansiosos, não largavam a barriga de Any, e Liz nunca teve muita coragem de ir até lá...
— Ô, meu amor.- A botou no colo.- O papai te ama muito, tá bom? Eu não vou amar Liam mais que você, eu vou amar vocês dois igualmente, que nem eu amo os seus irmãos.
Ela olhou para ele ainda em dúvida.
— E pensa pelo lado bom; você poderá ser irmã mais velha! Não tinha dito pra mim que queria um dia ser irmã mais velha? Então, agora vai ser. Você vai se sentir como Laila agora.
— Selio?- Surgiu um pequeno brilho em seus olhos.- Então eu vô podê mandá nele assim como a Laila manda na genti?
O americano riu um pouco.
— Só se for para o bem dele.
E então ela sorriu, e imaginou como finalmente poderia experimentar ser a irmã mais velha. Já sabia como era ter irmã mais velha, e irmão mais velho, mas nunca irma ou irmão mais novo.
— Eu ti amo papai. E vô cuidá do Liam dileitinhu.
O coração de Noah se encheu de alegria ao ouvir isso, e quase chorou.
— Então agola da o celulá?- Ela abriu sua pequena mãozinha que não era nem metade da dele.
Ele entregou a ela e se sentou ao lado de Laila para jogar com a irmã.
— Ei, você sabe se minha irmã e Sabina já estão vindo?- Josh foi até ele e perguntou.
— Jo disse que chegaria mais tarde porque estavam... bom, tentando engravidar no laboratório, e ele fica em uma cidade aqui perto. Então, vai demorar. E nossos pais tambem já estão pegando um voo para cá.
O loiro assentiu; queria muito ver a família ao seu lado naquele momento, celebrando mais um filho. Desde pequeno, Josh sempre sonhou em ter vários filhos, e está realizando esse sonho. Com certeza absoluta ele e Nick são um dos mais ansiosos, foram o que mais ajudaram a comprar as coisas para o quarto.
Um tempinho se passou, e nada. Noah estava prestes a ir reclamar mais uma vez para a recepcionista que já estava também de saco cheio do moreno ir perguntar a ele novamente, mas então o cirurgião responsável por Any chega e Josh e Noah vão quase que correndo ate ele.
— Como está indo?
Noah consegue perceber que pela cara, não ê nada bom.
— O bebe e a mãe estão em uma situação complicada. Any sofreu muito esforço fisico, o que fez com que o bebe também cansasse e apresentasse uma pequena ferida que pode acabar com sua vida...
E então Josh parou de entender os termos médicos que Noah e ele conversavam. Só conseguia pensar que poderia perder Liam, seu pequeno bebe que ainda nem conheceu...
— Mas, o coração dela aguenta, não?
— Noah, o coração dela foi prejudicado já que ele teve que bombear mais sangue do que o necessário, o que acabou o desgastando e ele está batendo mais lentamente.- O médico explicou.- Se focarmos em salvar os o coração de Any, talvez Liam, mesmo que saia de seu útero, pode acarretar várias doenças e problemas no crescimento, e estou falando em uma vida cheia de vindas ao hospital, e talvez até a morte. Mas se focarmos agora em tentar curar o bebe, talvez o coração de Any não aguente... ela precisaria de um novo, e a fila do transplantes de coração está bem cheia.
E então Noah entendeu o que ele estava querendo dizer. Já passou por aquilo. Já teve que falar aquilo para alguns familiares de pacientes. Teve que soltar uma lágrima, enquanto Joshua não entendia nada. Mas quando viu Noah, viu que realmente era algo ruim.
— Não.- Noah respondeu.- Você não pode fazer isso com a gente.
— O que, Noah? O que está acontecendo que eu não entendo nada!?- Perguntou o loiro já irritado.
— Ele está pedindo para escolhermos quem vive, Josh. Liam ou Any.
Josh olhou para o cirurgião, que apenas abaixou a cabeça, e teve a mesma reação que Noah. Quis chorar, mirrar a parede, murar o cirurgião. Mas não podia. Ele não podia perder mais alguém que ama de novo, não podia escolher entre seu filho e o amor de sua vida.
— Antes da cirurgia, Any conseguiu ficar acordada por alguns minutos antes de darmos o sedativo.- Pauso o cirurgião, explicando para eles.- ela me pediu para salvarem o bebe, custe o que custar. Mas, a decisão ê toda de vocês, ainda. Ela também disse que os ama, de verdade.
Era óbvio que a cacheada escolheria o filho do que a si mesma, mas Josh e Noah não podiam e não queriam escolher entre os dois. Era muita pressão, e estavam passando por tudo de novo...
Noah andou com as mãos na cabeça, enquanto as três crianças olhavam assustadas. Josh se xingava mil vezes por ter tido a ideia de fazer essa maratona para Any. Ele se culpava.
— Não, não, de novo não!- Noah reclamava para si mesmo.- Eu não posso perdê-la Josh. Você não sabe o quanto foi difícil te perder mesmo que fosse por alguns meses, dói muito! É sempre você ou ela que quase morrem, e eu continuo intacto, mas que merda!
— Ei, não é culpa sua!- Josh o puxou pelo pescoco, fazendo olhar para ele.- Noah...
Apenas pelos olhares os dois sabiam o que tinham que fazer, mesmo que não quisessem. Noah e Josh estavam se odiando agora por ter que escolherem, mas tinha que ser assim.
— Não...- Noah negou com a cabeça em formato de choro, não conseguindo acreditar.
Josh deixou a lágrima cair primeiro. Noah sempre foi o mais chorão, e ele sempre o consolou não importa como. Mesmo que seja a mesma pessoa pelo que os dois estavam sofrendo, tinha que dar apoio a ele, mesmo significando que iria sofrer tanto quanto ele.
— Senhores, eu preciso saber da escolha agora...- O cirurgião tentou ser delicado.
— Salve Liam.
Aquela frase foi como uma facada no coração dos dois. Mesmo que queiram salvar muito Liam, não podiam deixar de lado a dor de perder Any.
O médico assentiu e então sumiu pelos corredores. Noah se sentou na cadeira, escondendo seu rosto nas mãos e começando a chorar. Josh se segurava, mas não conseguia, e então lembrará de cada momento com Any junto. Na festa de Billy, quando os dois dançaram aquela valsa, foi quando Josh teve a certeza de que a amava. Na viagem para o Havaí, quando as coisas começaram a esquentar. Do primeiro beijo deles...
— Papai.- Sentiu uma pequena mão na sua, o chamando, olhou para o chão e viu Liz,- A Any vai morrê?
Limpou suas lágrimas, sentindo mais dor, e a pegou no colo, se aproximando dos três enquanto deixava Noah no outro canto chorar.
— O papai Josh precisa que vocês fiquem fortes, ok? Não vai ser fácil, mas a Any tá com problema no coração dela. Mas se a gente tentar consertar o coração dela, o Liam pode... pode não sair da barriga dela.
— Aí ele fica na barriga da Any pra sempre!- Disse nick tentando ajudar, não querendo de jeito nenhum perder Any também.
— Não é assim, meu amor...- Tentou explicar,- O Liam é só um bebezinho que nem sabe que existe. A Any já viveu muito, muito tempo, e quis que Liam também vivesse muito, muito tempo também, então a gente está fazendo a vontade dela.
— A Any vai pro céu, entao? Que nem a mamãe?- Laila perguntou com lágrimas nos olhos. Josh assentiu com a cabeça. Ela se levantou irritada,- Por que toda mulher que eu considero mãe tem que morrer? Por que? Eu vou sempre ter que perder alguem assim?
E então ela ficou murmurando mais coisas que Josh não conseguiu entender por causa do choro, e ele simplesmente a abraçou. Ela tentou debater, mas no fim cedeu. Nick olhava mais assustado para Liz, ela não entendia quase nada.
— Vem cá.- Nick pegou na mão dela e a fez sentar no banco ao seu lado.- Veja pelo lado bom, Liz, a gente vai poder ver o Liam.
— Maix não a Ny.
E então os dois ficaram quietos, Nick queria chorar, mas não conseguia. Ele só choraria se visse Any realmente sem respirar, ele tinha que ver para acreditar. Não conseguia imaginar um mundo sem Any.
Um tempinho se passou, de puta tensão. A cacheada tinha uma chance mínima de sobrevivência, mas existia. E Josh botava fé, e acreditava que iriam de alguma forma trazer Any de volta. Não podiam ter o mesmo azar que tiveram com Sina.
— Ela é forte, Noah.- Disse o loiro.- Ela sobreviveu a tantas coisas; acidente de avião, tumor cerebral... Any consegue sobreviver a isso.
Infelizmente, Noah era médico, e tinha noção de quando um paciente consegue ou não sobreviver. Sendo sincero, ele não acha que Any sobreviverá a não ser que aconteça um milagre ou um coração caia do céu.
E então, de repente, um monte de médicos e enfermeiros passaram correndo com uma maca, onde havia uma mulher com vários arranhões e machucados pelo corpo. Noah se levantou, perguntando para a recepcionista.
— O que aconteceu com ela?
— Ia voar de paraquedas, mas ele não abriu.
E então, Noah, sem querer, sorriu. Se tudo estiver como ele planejar, o coração literalmente caiu do céu.
[...]
— Senhor, não acho que isso dará certo.- Disse o cirurgião pela segunda vez.
— Pense comigo. Aquele coração é compatível com o de Any, e pode salvá-la! Elas tem a mesma idade, o mesmo tamanho do coração. Por favor.
— Ok, isso pode acontecer, apenas se a família concordar e a mulher ter morte cerebral.
Noah se sentia mal por sorrir, já que uma pessoa terá que morrer para Any viver. Só que, não era culpa dele que a mulher quis experimentar paraquedas.
Ele voltou para a cadeira onde Josh estava sentado, e perguntou se deu certo, com o mínimo de esperança. O loiro também não conseguia imaginar viver sem Any, ele demorou dois anos para superar a de Sina....
O moreno explicou, e então explicou. De acordo com os dados que ele conseguiu, e com sua experiência em medicina, tinha quase certeza de que a mulher (infelizmente, mas por uma boa causa) morreria. A pancada tinha sido na cabeça, e o capacete não estava firme o suficiente.
Até que viu um homem com uma garotinha nos braços, por volta dos 3 anos de idade, entrando desesperado pelo hospital, e indo até a recepcionista.
— Karen, o nome dela é Karen! Eu... ela é minha esposa e pulou de um paraquedas só que ele não funcionou, eu segui a ambulância até aqui e eles me disseram para falar com você.- Disse o homem quase chorando.
Josh e Noah se olharam. Era ela. A mulher na qual teria que doar o coração para Any, caso ela morresse por morte cerebral. Por um momento, os dois sentiram uma pontada de arrependimento por terem ficado felizes.
Uma garotinha iria perder sua mãe, e um homem iria perder o seu amor. Os dois já passaram por isso, sabiam como era. Mas ele não. Quer dizer, não que saibam.
— A cirurgia ainda está ocorrendo, por favor, sente-se e espere.
Ele concordou, e foi se sentar. Havia uma cadeira vaga ao lado de Noah, e ele foi até lá, colocando a filha no colo, que não estava entendendo nada até agora.
— Papai, eu quelo a mamãe.- A pequena garota disse.
— Você vai ver ela, meu amor. Você vai ver.- Disse beijando a cabeça, com lágrimas nos olhos.
Noah olhou para baixo, se sentindo meio culpado. Culpado por ter ficado feliz por alguém não conseguir mais viver, para que uma pessoa que ele ama conseguir. E não poder fazer nada.
A pequena garotinha tinha cabelos castanhos ondulados e claros, com olhos marrons escuros. Suas bochechas estavam meio vermelhas, e olhava para todos os cantos, provavelmente tentando adivinhar onde estava.
Ela deixou cair seu ursinho que tinha na mão, e Noah se abaixou para pegar.
— Obrigado. Como se diz para o moço?- O homem disse para a filha.
— Bligada.- Deu um pequeno sorriso, e pegou da mão de Noah o pequeno urso, ainda com vergonha.
Deus, por que sentia tanta dor internamente?
— Seria muita ousadia perguntar por que está aqui?- O homem disse.
Noah sabia o que ele estava fazendo. Estava tentando se distrair. Também tentava fazer isso em cirurgias, ou quando era um parente de um paciente.
— Não. A minha... minha noiva, Any, está grávida. De um garoto. Liam. Só que... Liam e Ang correm um sério perigo onde, se os cirurgiões tentarem salvar Liam, pode fazer com que Any morra, e se tentarem salvar Any, talvez Liam morra.
O homem ficou surpreso, e com muita pena, mas não demonstrou.
— Eu sinto muito. De verdade.- Ele disse.- Me chamo Henry.
— Liam quase se chamou Henry.- Noah falou.
— Sério? Ah, que pena que não se chamou.- Ele sorriu.
Estava funcionando. Estava se distraindo, pelo menos um pouco.
— Mas eu tenho outro filho também. Na verdade, mais três. São aqueles ali.- Apontou para o seu lado, onde Nick Laila e Liz jogavam tristes no celular.- Só que não são da minha noiva, são de outra mulher, Sina, que já está morta... eu a perdi dois anos atrás, quando a mais novinha nasceu, aquela loirinha
— Uau. Meu deus, eu... não sabia. Você deve ter passado por momentos bem difíceis. Eu sinto muito. Não consigo imaginar perder o amor da minha vida... duas vezes.
O homem percebeu a semelhança entre Liz e Josh, e então olhou para os dois e para Noah, se perguntando se ele sabia de alguma coisa relacionada. Percebendo isso, Noah explicou:
— E esse daqui é Josh, o meu... noivo, também. Eu, ele Any iremos nos casar. Nós três. Ele também é pai dos meus três filhos. Eu, ele e Sina éramos um casal, e então ela morreu, e Any apareceu, fazendo com que nos apaixonemos por ela. E cá estamos.
— Uau, que confusão.- Pausou.- Mas pelo menos você está feliz. Tem uma família grande. Vai ter quem te consolar. Eu, por outro lado... só tenho Karen e Sophia, não é, meu amor?- Beijou a cabeça da filha, se segurando para não chorar de novo.
De repente, um cirurgião aparece com a cabeça meio cabisbaixa, e chamou pelo nome de Henry. Ele se levantou, e o cirurgião veio até ele.
Noah viu. O cirurgião estava com a prancheta na mão. Ela morreu.
Sempre que um paciente morre, o cirurgião vai dar a notícia com documentos de óbito, de doação de órgãos. E quando sobrevivem, eles não vem com a prancheta.
Ah, pobre Henry.- Pensou.
— Eu sinto muito, senhor Henry.
Ele então cobriu o rosto com as mãos, e começou a chorar. Noah conseguia sentir a dor dele, e se lembrou de quando Sina morreu. Ele teve a mesma reação que Henry, só que pior.
— Senbor, sei que pode ser indelicado, mas sua mulher tem órgãos que podem ser doados para outras pessoas que necessitam muito. Apenas precisamos de sua autorização.- Um dos cirurgiões falou.
— Quais orgaos estamos falando?
— Quase todos. Pulmões, coracao, rins, fígado, medula óssea.
E então ele começou a chorar mais. Sophia não entendia nada.
— E-eu não sei.
— Senhor, temos uma paciente que realmente precisa de um coração agora, e ele bate com o coração de Karen. Seria de extrema ajuda se você autorizasse o transplante.
— Henry.- Noah o chamou.- O coração... é para minha Any. Já me falaram.
Henry olhou para Noah, o completo estranho que acabara de conhecer mas que de alguma forma já sentia certa compaixão. Ele sabia o que Henry sentia, e o ajudou por alguns minutos a entender essa dor.
— Você pode me ajudar a evitar essa dor que você está sentindo.- Noah disse com os olhos marejados.- Por favor, eu não quero sentir essa dor de novo.
O homem então, olhou para o cirurgião, que assentiu com Noah.
— Nesse caso, pode fazer o transplante, então.
— Obrigado, cara. De verdade.
Noah o abraçou tão forte, que pode jurar que iria machuca-lo, mas se afastou antes disso.
Josh, ouvindo toda a cena, teve um alívio tão, tão grande em seu peito, como se tivesse se livrado de um peso carregado em suas costas. Tinha uma chance. Talvez Any sobreviva.
[...]
Alguns instantes depois, Joalin e Sabina chegaram aflitas no hospital. Obviamente com medo de perderem a amiga e o bebê.
Sabina foi a que mais entrou em pânico; mesmo sabendo que tinha uma chance de Any sobreviver, não queria se alimentar de esperanças. Já fez isso, e nunca deu certo.
Joalin agora conversava com Noah, que explicava sobre o acontecimento anterior. O pedido de casamento. Mesmo estando num momento triste, a loira sorriu, pelo menos feliz que se Any conseguir viver, eles finalmente vão se casar.
Josh, que estava tentando distrair as crianças enquanto pensava sobre tudo que estava acontecendo, observou Sabina por um segundo, e ela estava tremendo, olhando para o chão como se lá tivesse alguma coisa assustadora de se olhar.
— Ei...- A chamou, colocando a mão sobre a dela.
— Ela não pode morrer, Josh. Não pode. Você não tem noção de todas as coisas que ela fez por mim...- A morena disse, tentando não compartilhar o segredo.
Nunca contou a ninguém aquilo. Nem a Joalin. E tinha certeza de que não iria contar a ela, não tão cedo.
— Ela vai ficar bem. Any é uma mulher forte, que já sobreviveu por tanta coisa.- Tentou acalmá-la.
— Me desculpa. Eu quem devia estar te consolando. Mas, eu a amo. Se eu matasse alguem, ela seria a pessoa que eu chamaria para arrastar o cadáver pelo chão. Não Joalin, não meus pais. Ela.
Josh sempre achou a amizade das duas muito bonita, e sabia que as duas se amavam. Mas ficou curioso em saber como aquilo tudo começou, as duas com personalidades tão diferentes... mas são como se fossem almas gêmeas. Na amizade.
— Eu vou te contar uma coisa que não é para contar para ninguém, ouviu? Nem Noah, nem Joalin. Apenas duas pessoas sabem sobre isso, eu e a Any. Você tem que ir com esse segredo até a cova, entendeu?
O loiro assentiu com a cabeça, abismado. Nunca viu Sabina em um pânico tão grande, e ele via a nessecidafe dela de desabafar isso com mais alguém.
— Eu e Any nos conhecemos desde o ensino médio. Mas nunca nos falamos. Só nós víamos no corredor. Eu era de uma turma diferente, cheia de pessoas ricas e tóxicas, filhos dos amigos dos meus pais nos quais era obrigada a ficar. E Any... ela tinha o namorado dela, o Dylan, e mais alguns amigos.- Pausou, se lembrando de Dylan.
Sabina gostava dele. Ele sempre foi perfeito para Any naquela época principalmente.
— Vou te resumir mais. Teve uma festa. Na qual eu dormi com um dos filhos do amigo dos meus pais. Deus, ele era insuportável, mas era tão, tão bonito... e eu caí no papinho dele.- Disse contento as lágrimas.- Tepa era o nome dele, mas todos o chamavam de Pepe. Eu dormi com ele naquela noite. E me esqueci completamente da camisinha...
Josh arregalou seus olhos, não conseguindo acreditar.
— Então, alguns meses depois, Pepe já tinha me dispensado completamente. E eu tinha me apaixonado na primeira transa. Ele não tinha dado a mínima quando contei que ele quem tirou minha virgindade, e então me afastei completamente. Ai, surgiram os vomitos, a vontade enorme de comer comidas estranhas em conjunto.
Sabina teve que parar para respirar um pouco. Era muita pressão para cima dela.
— E aí eu desconfiei que estava grávida. Fui até a farmácia e logo em seguida para a escola, já que eu não queria que meus pais me vissem comprando um teste. Fiz no banheiro da escola, e esperei. Estava vazio. Eu estava com o teste em minhas mãos, quando Any entrou no banheiro, e me viu com o teste na mão.- Pausou.- Eu entrei em pânico, e então comecei a chorar quando vi que os dois tracinhos que indicavam "grávida" apareceram. Quando vi, Any já estava me consolando, sem nem me conhecer.
" Ela me prometeu, que iria me ajudar. Nao importa qual fosse minha decisão, ela iria me apoiar. Iria ser minha amiga. Eu pensei, pensei muito. Eu não podia ter esse bebê, Josh. Não podia. Eu estava no ensino médio, meus pais iriam me expulsar de casa com toda a certeza. Nunca fizeram questão de me perguntar nem como o meu dia foi, imagina me ajudar com um bebê."
"E também pensei, que, quando o meu filho ou minha filha crescesse, ele(a) iria perguntar do pai. E eu teria que responder que ele era um grande babaca que não estava nem aí para mim, e que sua vida foi acidental? Não, eu não podia. E então, eu abortei. Sem nem pensar. Esse foi o maior arrependimento. Eu tirei uma vida. Eu matei o meu bebê, Josh."
"E Any realmente me ajudou muito naquele momento. Ela me apoiou, mesmo não concordando. Ela foi quem segurou minha mão enquanto eu matava o meu bebê na clínica. Eu não podia ir sozinha, era obrigatório um acompanhante, e ela foi a primeira pessoa que veio a minha cabeça."
— Então ela não pode morrer.- Finalizou.
Josh estava com os olhos arregalados, ainda não acreditando no que Sabina acabara de contar. Então, ela teve um bebê, e não contou a ninguém?
O loiro não sabia o que dizer, normalmente era bom em consolar, mas nesse caso ele realmente não sabia o que fazer. Então, apenas deu o ombro, para que ela pudesse chorar junto com ele.
— Sabe,- Josh falou.- Eu Noah e Any estávamos pensando em quem poderia ser a madrinha ou padrinho de Liam. Joalin já é de Laila, Heyoon já é de Nick, e o Mark já é de Liz. Então, a gente tinha pensado que você poderia ser a madrinha de Liam.
Ela levantou a cabeça, parando de chorar. Ficou tão emocionada por dentro, como se fosse um sonho realizado.
— Jura?- Ele assentiu.- Obrigada, obrigada!
Deu um forte abraço no Josh, com um sorriso no rosto. Ele ficou feliz que pelo menos conseguiu fazê-la sorrir. Logo em seguida, foi abraçar Noah, que mesmo não entendendo nada, a abraçou.
Sabina deu um beijo na bochecha dos dois, dizendo que eram os melhores cunhados que já existiram na face da Terra. E logo foi conversar com as crianças, tentando distraí-las e se distrair.
— O que foi isso?- Noah perguntou indo até ela.
— A coisa de madrinha.
— Aah. Que bom que ela gostou.- O moreno fez um pequeno sorriso. Gostava de fazer as pessoas felizes.
Os dois ficaram se olhando, não falando nada, mas sabiam o olhar um do outro. E também sabiam que, se Any morresse, eles iriam se afastar, mesmo sem querer.
Quando Sina morreu, os dois ficaram meio afastados por uns meses. Só as crianças que os uniam, e o pequeno bebê, que era Liz. Que necessitava dos cuidados deles, já que eram os únicos pais. Eles cuidavam de Liz, coisa que não conseguiram com Sina.
E então, de repente, o cirurgião passa pela porta. A primeira vez que Noah fez, foi olhar suas mãos.
Elas estavam sem nenhuma prancheta na mão. Mas sua cara não estava boa.
Voltei meus amores
Desculpem pelo sumiço de novo, me perdoem!!
O que vocês acham que vai acontecer? Quem vocês acham que vai morrer, a Any ou o Liam? Vou deixar vocês na curiosidade, sinto muito. Ainda não sei se vou "matar" um deles, e me desculpem por isso kkkkk
Vou fazer uma pergunta pra vcs; qm vcs acham que ama mais? Tipo, o Josh ama mais o Noah e a Any, ou o Noah ama mais o Josh e a Any, ou a Any ama mais o Josh e o Noah? Qual amor vocês acham que é maior? Na opinião de vocês, claro. Não irei julgar. (Pfv n me deixem no vácuo kk)
Um beijo e um queijo 🧀
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