Bem vinda as nossas vidas, Aurora - I
As semanas passaram voando, eu já havia começado o projeto da moto da Emma
Ela queria uma moto econômica e segura e eu, que fizesse todo mundo parar pra olhar quando a minha filhinha passasse. Então depois de um pouco de discussão, optamos por uma Harley Davidson Sportster de oitocentas cilindradas, afinal ela teve de concordar que qualquer coisa que não fosse da marca, pareceria muito inferior ao lado da Fatboy do Patrick. E agora, eu estava pessoalmente cuidando de todos os ajustes mecânicos e aerodinâmicos, para que ela ficasse perfeita para Emma. Miguel se encarregou do desing, pirografando o tanque preto perolizado, com palavras inspiradoras, um belo chapéu viking com flores estilizadas e estava realmente muito bonito. Meu estado mental era o mesmo de quando comprava um presente que ela queria muito, eu ficava tão ansioso em ver a carinha dela feliz que acabava entregando antes da hora. O que nos primeiros anos me fazia ter de comprar outro presente para a data certa, afinal, por mais que você explique que deu o presente antes e as crianças até concordem no momento. Experimenta não ter ao menos uma lembrancinha pra que desembrulhem no aniversário ou natal pra ver a briga que vai comprar.
Olhei o relógio e já passavam das quatro, havia combinado de encontrar Liv e Juliet no shopping. A cersaria da Juliet havia sido marcada para daqui há três semanas, e ainda faltavam algumas coisas para a chegada de Aurora e o pós parto. E é claro, Liv e eu aproveirariamos pra começar o enxoval do nosso bebê, o qual não sabíamos o sexo, que por uma decisão totalmente arbitrária de Liv não iríamos descobrir até o nascimento. No entanto, tudo me dizia que estávamos a espera de outra menina.
As vi de longe conversando entusiasmadas a frente de uma prateleira com roupa de cama para berços e agarrei um vestidinho laranja com bolinhas brancas ao me aproximar.
一 Finalmente 一 Liv falou ao me ver e eu sacudi a mini peça na frente dela.
一 Olha só combina com aquelas nossas camisas ridículas 一 falei e ela sorriu balançando a cabeça.
一 Achei que achasse brega esse lance das famílias combinar as roupas.
一 E acho, mas você adora essas breguices e se eu vou ser obrigado a usar aquela coisa colorida, voi querer vocês duas passando vergonha comigo 一 Falei alisando carinhosamente sua barriga e ela me fez uma careta que eu respondi com um beijo rápido em seus lábios e em seguida comprimento Juliet com um beijo na testa. Percebi que seu rosto estava ainda mais arredondado do que no dia anterior. 一Você tá bem querida.
一 Eu sei... estou parecendo uma lua cheia 一 ela disse com cara de tédio. 一Mas eu vi que é normal inchar um pouco na reta final.
一 É... É sim, mas talvez devêssemos dar uma passadinha no médico assim que sairmos os daqui.
一Não pai, eu estou bem sério. Não precisamos correr pro médico cada vez que eu espirro. 一Ela disse incomodada, afinal mas últimas semanas eu a arrastei pro consultório várias vezes e em nenhuma delas o médico constatou nada fora do comum.
一 Não foi uma sugestão Juliet, nos vamos no médico falei em tom firme. 一Embora eu estivesse me esforçando para dar mais autonomia a Juliet agora que ela seria mãe, eu ainda precisava ser o pai dela, principalmente nas questões de saúde. E por mais que eu soubesse que talvez nada pudesse ter mudado o destino da Carol, a ideia de que eu não insisti que ela fosse ao médico quando não se sentiu bem, ainda martelava dolorosamente na minha cabeça. Eu jamais seria negligente de novo, nunca mais.
一 Mas eu tinha combinado de jantar na casa da Amber hoje 一 ela disse com aquela voz de decepção. E eu falei que a deixaria lá assim que saíssemos do consultório. Ela concordou com a cabeça, sabendo que eu não iria negociar.
Fizemos algumas compras e Liv não me deixou levar o vestidinho laranja, dizendo que não se tratava de uma roupa unissex. Diferente de mim, Liv tinha certeza que esperava um menino.
一 Eu tô dizendo é uma menina, e eu tenho embasamento científico pra isso.一 falei e a vi revirar os olhos 一 Casais mais maduros constuman ter meninas, porque o espermatozóide de cromossomo Y é mais forte que o X. Quer dizer que as meninas conseguem esperar tranquilamente a ovulação e o coito irregular desses casais enquanto os meninos apressadinhos saem correndo na frente e morrem aos milhões antes de chegar ao destino final, então sem sombra de dúvidas, a Bonnie vem aí
一 Tá bom senhor cientista vamos comer alguma coisa porque eu estou morrendo de fome. E nem em um milhão de anos minha filha vai se chamar Bonnie.
Seguimos pra grande praça de alimentação, Juliet escolheu um calzone de palmito e uma salada, enquanto Liv e eu, nos esbaldamos em hambúrgueres de bacon. Aliás eu poderia não ter 100% de certeza do sexo do bebê, mas sem dúvida havia herdado o meu apetite e Liv não conseguia mais sobreviver das migalhas e saladas da sua dieta eterna.
一 Eu vou ficar enorme e a culpa é sua 一 ela disse enterrando uma batatinha num pote de ketchup.
一 Eu duvido muito. Assim que essa nenêm saltar pra fora você vai voltar a comer o seu alpiste. 一 falei com uma risada que esmoreceu quando percebi Eric Callinham parado nos observando do outro lado da praça.
一 Que foi? 一 Ela perguntou e eu vi o rapaz sorrir para mim e se afastar. 一 Parece que viu um fantasma.
一 Nada 一 falei balançando a cabeça. Eu preciso ir ao banheiro. Acho que todo esse bacon não caiu bem. Falei e as duas riram balançando negativamente a cabeça 一 Eu já volto.
Andei a passos largos na direção em que o vi desparecer, mas ele havia sumido. Perguntei a algumas pessoas e nada, então segui para o banheiro, lavei as mãos e o rosto na pia e me encarei por instantes.
Será que eu já estava vendo coisa? 一 Tudo bem que minha sanidade menta não é lá essas coisas, mas alucinação não era estava na minha lista. Sequei o rosto com o papel e quando me virei dei de cara novamente com Eric. Postado em minha frente vestido com um jeans preto uma camisa azul escuro e um blazer claro, cabelo bem alinhado e um sorriso simpático.
一O que você tá fazendo aqui? Questionei franzindo a testa.
一 É um banheiro.一 Ele respondeu se dirigindo a pia com um sorriso sarcástico nos lábios.
一Você sabe muito bem do que estou falando. Temos uma ordem de restrição se eu quiser chamar a polícia agora...
一 A ordem é contra o Theo, não contra mim. Eu posso ir onde eu bem entender, mas não se preocupe que não perderia meu tempo andando atrás dos Johnson por aí.
一Bem é bom aproveitar andar por aí livremente porque vai ser por pouco tempo.一 Respondi em tom provocativo 一Assim que a neném nascer vamos fazer um teste de DNA, a mentira que seu irmão contou na audiência vai cair por terra. 一Falei e ele secou as mãos calmamente no papel. 一 Esse DNA vai provar o que você fez e com os outros processos que você tá respondendo você vai pegar no mínimo uns 15 anos, seu doente filho da puta.
一 Precisa se atualizar senhor Johnson, A maioria das garotas que fizeram aquele alarde na internet, não registrou queixa. Tracy Witney retirou o processo depois que meu pai conversou com os pais dela e a Megan, aquela pobre coitada já teve tantas passagens por clínicas de reabilitação que... Bom nenhum juiz vai acreditar numa só palavra dela. Meu advogado disse que eu poderei processa-la quando ela perder, mas bom eu não sou rancoroso apenas um pedido de desculpas público será o suficiente. Aliás diz pra Juliet já ir escrevendo os dela se ela resolver fazer a mesma coisa que tá fazendo com o tonto do meu irmão comigo. Porque bom, eu entendo o senhor como pai defender a sua filha com unhas e dentes, mas a Juliet é uma vadia. 一 Ele disse e no mesmo instante eu avancei sobre ele agarrando o pelo colarinho e prensando-o conta a parede.
一 Repete isso seu desgraçado, repete eu quebro a sua cara一 gritei rente ao rosto dele porém ele continuava me encarando com a mesma expressão fria.
一 Vai em frente senhor Johnson. Me bate, vai só colaborar comigo se fizer isso, poderei mostrar a todos como os Johnson são instáveis
Ele falou e eu respirei profundamente e o soltei, que riu e se afastou ajeitando a gola da camisa.
一 Se o bebê for meu, saiba que ela estava plenamente consciente, vocês não tem como provar que ela foi drogada e ela mesmo disse no depoimento que bebeu muito pouco e bom estava cheio de amigos meus na festa, não vai ser difícil encontrar alguém ou até mais de uma pessoa pra testemunhar que quando eu estive na casa da piscina ela estava de acordo e que inventou tudo isso da cabecinha psicótica dela pra se vingar por meu irmão ter dado um fora nela. Talvez eu até consiga a guarda do bebê.一 Ele disse me encarando com um olhar pleno e eu cerrei os punhos apertando tão forte para tentar me controlar que senti minhas unhas se atarracharem a minha carte.一 É uma menina né? Mamãe vai gostar de uma netinha.
一Se chegar perto da minha filha, da minha família, eu mato você. 一 Falei passando por ele em direção a saída.
一Até a próxima senhor Johnson foi muito bom lhe ver. 一Ouvi ele gritar enquanto saía do banheiro.
Andei o mais rápido que eu pude até a praça de alimentação. Liv e Juliet tomavam um sorvete enquanto conversavam . Respirei vairas vezes e tentei me acalmar antes de me aproximar delas. Eu não queria deixar a Juliet mais nervosa do que já estava. E embora Liv tivesse percebido que meu humor já não era o mesmo, consegui disfarçar pra Juliet que aquilo tinha a ver com um mal estar estomacal.
Assim que saímos do shopping, fomos até o médico. Ele examinou minha filha, a neném e disse que estava tudo certo, mas que notou um aumento na pressão que deveríamos monitorar diariamente de agora em diante. Passou uma medicação e se está não controlasse, talvez o melhor seria trazer Aurora ao mundo antes do previsto.
一 Mas doutor, a cirurgia já está marcada pra antes do previsto, se fizermos antes ela vai nascer prematura. 一ela perguntou com certa aflição.
一 Ela já está com trinta e três semanas Juliet, está saudável e forte. Será pequena, mas vai ficar bem. Em alguns casos manter o bebê por mais tempo no útero é mais arriscado para ele e para a gestante. Queremos o melhor pra vocês duas, certo? 一 Ele explicou e ela assentiu com a cabeça 一 pode ir se trocar.
Depois da consulta Juliet desistiu de ir jantar na casa da mãe biológica, apesar do médico dizer que tudo bem a bebê nascer antes das 36 semanas, minha filha ficou muito assustada com a ideia. Ela era uma prematura e cresceu ouvindo sobre os desafios que teve nos seus primeiros meses de vida. E por mais que eu tentasse explicar que diferente dela, Aurora não seria uma prematura extrema e nem teria nenhuma má formação genética, a mente dela continuaria rumando para a pior das hipóteses.
一 Olha só porque a gente não muda de assunto? 一 Miguel sugeriu 一 Afinal se ela resolver nascer antes não podemos fazer nada pra impedir não é. Quer dizer, não é algo que você possa controlar Juliet, não então ficar se martirizando por isso não ajuda em nada.
一 É, acho que você tá certo.
一 Ah a costureira que mandamos os tecidos disse que já está com o protótipo da fralda ecológica pronto. 一 Ele falou num tom orgulhoso 一 podemos ir conferir amanhã, quer dizer se o meu chefe me dar uma folga.
一 Vou pensar no assunto 一 falei e Juliet pediu para que eu deixasse e em seguida disse que iria descansar um pouco, subindo as escadas com dificuldade.
一 Foi só isso que o médico disse? 一 Miguel perguntou arqueando a sobrancelha curioso 一 Você tá meio estranho, desde que voltaram, está bêbedo uísque sem gelo. Está tudo bem mesmo com ela e a bebê?
一 Você não deixa passar nada não é? Você tem o mesmo espírito do seu pai.
一 Observador e Empático?
一 Eu ia dizer alma de fofoqueiro, mas se prefere essa sua versão mais bonitinha. 一Falei e ele riu.
一E o que tá pegando?
一Encontrei Eric Callinham no shopping hoje 一 falei e ele arregalou os olhos 一 eu já suspeitava que aquele cara era um sociopata maluco, mas agora eu tenho certeza. 一 Disse e em seguida expliquei o que havia acontecido. Mesmo achando que nem sempre era bom dividir esse tipo de acontecimento com o Miguel, pelo fato dele ser um tanto imprevisível, mas eu precisava desabafar com alguém.
一 Acho que eu preciso de um uísque também. 一 Ele falou depois de ouvir as palavras perturbadoras de Eric atravéz da minha boca. 一 Mas acha que tem alguma chance dele sair livre dessa?
一 Sempre tem, amanhã eu vou falar com a doutora Cooper, mas se não conseguirmos provar que a Juliet não estava em condições de consentir algo, é... Ele pode escapar dessa.
一 Mas e as outras acusações? Quer dizer todas aquelas garotas...
一 A maioria só se pronunciou na internet, não registraram queixa. E ele é um sacana manipulador, eu tenho o dobro da idade dele praticamente e ele conseguiu me deixar assustado, imagina essas meninas.
一 Temos que reunir o maior número de provas e vítimas, fazer essas garotas entenderem que só vão parar esse maluco quando atacarem juntas. Uma ação conjunta, que juiz vai ter coragem de dizer que uma dúzia de meninas estão mentindo?
一 A doutora Cooper já tentou fazer isso Miguel e pelo que a Jess disse, ele já arruinou a vida de uma menina que fez uma denuncia contra ele, as outras tem medo. Além do mais, nem sabemos quem são essas garotas direito. Se qualquer uma delas estiver realmente mentindo e for pega o testemunho de todas as outras vão ser invalidado.
一 E o Patrick?
一O que tem o Patrick?
一 Eles eram amigos de infância, não eram? De repente deixaram se ser, não acha que o Patrick pode saber de alguma coisa?
一Eu sei que não gosta do Patrick mas ele é um cara legal, talvez tenha se afastado justamente porque viu que Eric Callinham era uma pessoa horrível.
一E como ele viu isso? 一 Miguel insistiu 一 você não vê como é lê fica todo estranho quando mencionamos os Callinham. Eu não tô dizendo que o Patrick seja um filho da puta, embora eu tenha as minhas dúvidas, mas já pensou que talvez ele saiba de algo que possa ajudar a por esse desgraçado atrás das grades?
一 não vamos bancar os investigadores. Vamos deixar isso com a polícia.
一 Qual é? Esse cara tá quase se formando tem uma dúzia de vítimas que se sabe e nunca fizeram nada, se não fizermos alguma coisa ele vai se safar e capaz de até cumprir a promessa e pedir a guarda da Aurora. E nesse caso ao invés de investigadores a gente vai pra cadeia pq pelo menos tentar matar ele, a gente vai você sabe disso.
一 Eu vou falar com o Patrick.
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