[cap -10] Miss Fofura
[ Desculpem pela demora pra postar, não estava fluindo o capítulo do jeito que eu queria então, reescrevi várias vezes até gostar]
Boa leitura!
MISS FOFURA
Antonella me encarou com um semblante assustado e ajeitou o tutu da menina. Me aproximei curioso, afinal, ela nunca havia mencionado que era mãe na firma.
一 Oi 一 sorri 一 Não sabia que tinha uma filha.
一 É 一 falou sem graça一 Ela se chama Sophia, por favor não comenta nada, ainda estou na experiência e...
一 A firma não tem nada contra se ter filhos 一 falei.
- Não quando você é homem, e eles acreditam que vai ter com quem deixar se a cria ficar doente, acredite passei meses tentando voltar a trabalhar e tudo que conseguia era um "nossa, mas sua bebê ainda é tão pequena". Por Favor, eu sei que não é o correto, mas eu preciso do emprego.
- Eu não... vi nada. - respondi e ela sorriu.
- Obrigada.
Ouvi nossos nomes serem chamados atrás das cortinas e empurrei as meninas, Emma continuava com a cara fechada, irritada pelos tais piolhos.
- Tudo bem meninas, como nós ensaiamos, toquem aqui.
- Bom gente agora, queiram receber o papai Noah e suas filhas dançando Blue Shoes - ouvimos a voz da professora de dança e sinto um frio no estômago. Minhas pequenas bailarinas entram correndo e tomam as suas posições e eu vou logo atrás delas ouvindo o zumzum sobre ser o dia das mães e não dos pais vindo da plateia.
A música começa e embora eu tivesse acostumado com plateias, era muito diferente estar ali, dançando (ou tentando) com as minhas pequenas. Tentei desviar a atenção das pessoas e me divertir com elas, girei com elas, joguei Emma para cima, peguei de volta e esqueci que havia um teatro inteiro nos olhando, apenas ria e me divertia com minhas duas mini pin ups que pareciam estar no paraíso enquanto eu dançava com elas.
Quando a música terminou, ouvimos uma salva de palmas e algumas vaias que eram nitidamente masculinas pelo tom, agradecemos e minhas pequenas saíram saltitantes do palco. Fomos pros bastidores e depois para a plateia ao lado de Nate assistir as outras apresentações.
一 Tio, a Emma tá com a cabeça cheia de piolho e eles vão comer o cérebro dela 一 Juliet chegou anunciando em alto e bom tom e foi fulminada pelo olhar da viking.
一 Se me chamar de piolhenta de novo eu arranco a sua pele e dou pros cachorros de rua comer enquanto tiver dormindo! 一 Emma respondeu furiosa fazendo a loirinha se esconder atrás das minhas pernas.
一 Emma! 一a repreendi 一 de onde você tira esses terrorismos garota? Anda vai sentar, torturadora de cartéis mexicanos.
一 O que são cartéis? 一 Ela perguntou curiosa.
一 Enquanto eu puder evitar que você saiba eu vou, porque capaz de mudar pro méxico e ir liderar um 一 respondo e ela franziu o rosto sem entender.
Revirei os olhos e voltei o olhar pro palco, a apresentação da turma de bebês onde Antonella participou foi realmente engraçada, as menininhas iam uma para cada lado diferente, caiam, choravam e outras batiam palmas, enquanto as mães se preocupavam em não deixá-las cair do palco.
Quando todos já haviam se apresentado a professora de dança anunciou uma premiação entre as pequenas bailarinas, seria coroada a miss fofura do concurso.
一 Será que eu posso ganhar papai? 一 Juliet questionou.
一 Não! 一 Emma respondeu no ato 一 Uma das bebês vai ganhar, não tem como competir com aquelas coisinhas pequenas, que usam calcinhas com rendinhas embaixo do tutu e dedos gordinhos 一 ela falou e Juliet olhou para as próprias mãos.
一 Mas meus dedos são gordinhos! 一 ela disse constatando.
一 Filhas, vai ganhar alguém, mas não significa que quem perdeu não sejam tão fofas quanto a que ganhou 一 falei tentando ser diplomático.
Voltei a atenção pro palco e uma assistente tomou o lado da professora munida de um pequeno buquê de flores, coroa de plástico brilhante e uma faixa gliterizada escrita miss fofura.
一 E a vencedora do Miss Fofura é, Juliet Johnson 一 Ela falou e vi minha loirinha pular da cadeira pro meu colo, gritando eufórica enquanto balançava as mãos freneticamente. Nos chamaram ao palco e ela saiu em disparada na minha frente e eu a segui subindo pela lateral.
一 Parabéns querida 一 a professora a recebeu com um abraço e a corou depois passou a faixa em seu peito e ela sorria vibrante 一 Então pequena miss quais são seus desejos pro mundo?
一 Eu desejo que as casas de doces e que as lojas de brinquedo sejam mais baratas, porque meu pai vive dizendo que é tudo muito caro 一 ela fala e a plateia ri 一 também um unicórnio e que brócolis tenha gosto de pizza!
一 São desejos incríveis, mais alguma coisa.
一 A paz mundial 一 ela fala e acena como nos concursos de miss de verdade e eu morro de orgulho.
Encontramos Antonella e a pequena Sophia na saída e eu as convido para comer uma pizza lá em casa mais tarde, ela reluta um pouco mais aceita. No caminho, compro o remédio para piolhos e para desencargo de consciência compro um vidro para mim e outro para Juliet também. No entanto, não consigo convencê-la a tirar a coroa da cabeça para lavar os cabelos e decido deixar ela curtir seu momento e vou pro banheiro com Emma.
Encho a banheira com água e a coloco lá dentro e começou a operação piolho.
一 Como conseguiu pegar piolho? A professora disse que você não tem muitos... muito contato com as outras crianças. 一 tento escolher as palavras certas enquanto despejo o vidrinho em sua cabeça.
一 Devo ter pego da Juliet! 一 ela fala irritada.
一 Eu olhei a cabeça dela e não vi nenhum 一 falei.
一 Claro imagina se a "miss fofura" ia pegar piolho? 一 ela fala em tom de deboche e eu sinto uma pontinha de ciúme 一 Oi eu sou a Juliet, gosto de unicórnios e animais fofinhos, todo mundo gosta de mim e diz que eu sou uma mocinha, eu sou mais nova, mas sou mais alta que a minha irmã mais velha, nunca me comporto mal e eu tenho uma peça de plástico maneira no coração 一 ela fala imitando a voz fina da irmã 一 okay não era uma pontinha... era um iceberg.
一 Filha, tá chateada porque sua irmã venceu?
一 Não 一 ela desvia o olhar 一 mas ela sempre ganha tudo!
一 Isso não é verdade, ela nem conseguiu entrar na liga mini de beisebol, você sim.
一 Ela não queria entrar, se quisesse ela ia chorar e fazer aquela cara de cachorrinho abandonado e iam deixar ela entrar 一 Ela disse visivelmente chateada.
一 Mesmo que ela quisesse ela não poderia, você sabe que tem muita coisa que sua irmã não pode fazer, então temos que apoiá-la no que ela pode 一 explico.
一 É, eu sei 一 ela falou, para minha sorte Emma tinha a sensatez da Carolina, porque provavelmente eu com a idade dela estaria esperneando de ciúmes e raiva 一 ela vai morrer papai? Na escola um garoto disse que o avô dele morreu fazendo uma cirurgia do coração 一 disse e vi a irritação virar preocupação diante de meus olhos.
一 Ela não vai morrer, e o avô dele morreu porque devia ser velho e pessoas velhas morrem o tempo todo 一 falei.
一 Você nunca vai morrer, né?
一 Um dia eu vou morrer, todo o mundo morre Emma, é tipo o peixe que a gente tinha.
一 Mas ele morreu porque você disse que não precisava comprar água salgada, que era só jogar sal de cozinha que era a mesma coisa 一 ela deferiu-me um olhar inquisidor.
一 Vamos voltar pros piolhos 一 falei começando a desembaraçar o cabelo dela.
一 Não quero que você morra. Quem vai cuidar da gente, se todas as nossas mamães vão embora? 一 Falou e eu sinto um nó na garganta.
一 Quando acontecer, vocês já não vão precisar de mim.
一 Eu sempre vou precisar de você, papai. Eu te amo 一 ela falou e eu senti meu peito aquecer 一 E você coloca bacon em quase todas as receitas, onde vou encontrar alguém assim? 一Ela falou e eu sorri. Terminei de passar o pente fino na sua cabeça e acabar com a infestação. Quando a trouxe a cozinha, Juliet estava sobre a mesinha da sala, fingindo estar novamente recebendo o prêmio. Vi Emma revirar os olhos e ir para cozinha falando estar com fome.
Como eu imaginava, Antonella não apareceu para jantar e na segunda, ela sentou-se comigo na mesa do almoço.
一 Desculpa, não ter aparecido a Sophia estava exausta, chorona.
一 Sei como é. Relaxa.
一 E obrigado por não contar.
一 Tudo bem, eu sei como não é fácil criar um filho sozinho acredite.
一 Suas filhas são umas gracinhas. 一 Ela disse com um sorriso bonito.
一 Elas tem que ser, são minhas filhas 一 falei inflando o peito e ela balançou a cabeça sorrindo.
一 Você é muito convencido, Noah.
一 Muito não, só um pouquinho e então quer sair uma hora dessas?
一 Eu não saio com pessoas do trabalho 一 ela retrucou.
一 Eu também não, tá doida? Estava falando da gente levar as meninas para brincar juntas. Você é muito convencida sabia? 一 falei e ela revirou os olhos sorrindo.
一 Até mais, Noah! 一 disse levantando com sua bandeja e indo sentar-se com outras funcionárias.
A rotina seguiu, peguei as meninas no colégio e Juliet ainda usava a faixa e a coroa.
一 Pai vamos comer pizza hoje?一 ela perguntou ajeitando a coroa.
一 Não... Nós comemos no sábado.
一 Mas eu sou a miss fofura 一 ela falou e eu vi uma carinha adorável pelo retrovisor.
一 E vai ser a miss bolinha de colesterol se comer pizza todos os dias 一 falei.
一 Eu quero! 一 Ela impôs.
一 Não 一 respondi e ela soltou um grito estridente que retumbou pelo carro.
一 Juliet! 一 a repreendi ela continuou gritando e eu acabei concordando com medo que ela passasse mal novamente.
A semana passou e em casa e a minha doce Juliet parecia ter sido possuída por um espírito maligno. Queria tudo que via pela frente, ficava mandando a mim, Nate e a Emma fazer tudo que ela queria, e se nos recusássemos ela começava a gritar feito louca.
一 Você criou um gênio do mau! 一 Emma exclamou enquanto fingíamos não escutar Juliet gritar do quarto para levarmos um suco para ela.
一 Eu? Não sei o que houve com ela. Talvez esteja nervosa com os exames, temos que ser pacientes 一 falei e Emma colocou as mãos no meu rosto, uma de cada lado e me olhou firmemente nos olhos.
一 Você deu poder a ela quando a ensinou a assustar os garotos e agora ela tem uma coroa e uma faixa que brilham! Todas as garotas acham que ela é uma princesa e ficam fazendo tudo que ela quer e os garotos tem medo dela, e aqui em casa fazemos o que ela quer porque ela tá doente. Ela tá virando a rainha de copas, precisamos parar ela antes que ela mande cortar as nossas cabeças 一 ela gritou na minha cara e Juliet apareceu no corredor de pijamas, faixa, coroa e braços cruzados batendo o pé.
一 Eu pedi suco, será que vocês não ouviram? 一 Ela falou em tom de ordem 一 E Emma o meu dever de casa não vai se fazer sozinho 一 ela disse e eu soltei um suspiro.
Sabe, quem é mãe, pai ou simplesmente convive com uma criança, sabe que existem fases em que eles ficam encapetados, dias que acordam precisando de um exorcismo, e eu estava acostumado a lidar com os rompantes da Emma, que não eram poucos, mas Juliet, era um terreno ainda não explorado e devido a tudo que vinha acontecendo, a cirurgia, o tal de Greyson dizendo ser o pai dela, não ajudavam em nada. Mas eu precisava fazer alguma coisa.
一 Tudo bem mocinha 一 falei e tirei a coroa de sua cabeça 一 seu reinado acabou, está sendo destituída por má administração.
一 Não pode me destituir 一 ela falou imperativa 一 me devolve a minha coroa.
一 Eu sou o rei, posso sim. Agora vai na geladeira e pega seu próprio suco 一 digo e ela começa a gritar e se joga no chão em outra crise de birra, batendo braços e pernas e dizendo que quer a coroa.
Finjo não me importar e com o coração apertado pego Emma no colo e a levo pro meu quarto, assim que subimos a escada paramos de ouvir os berros da Juli.
一 Será que funcionou? 一 Emma falou.
一 E se ela desmaiou? 一 falei e voltamos correndo a escada onde a vimos sentada no chão olhando pros lados confusa pela birra não ter funcionado. Ela nos vê nos encara e volta a gritar. Até que Nate levanta, do quartinho improvisado no meu "escritório", que no fundo é só a peça onde jogamos toda a tranqueira da casa e corre até ela e a pega nos braços acabando com a minha tentativa educativa.
Ele a acalma e depois me passa um sermão de psicologia sobre como enfrentar uma birra, aquela baboseira toda que só pessoas que não tem filhos acha que realmente vá funcionar.
一 Sabe para ela aquela coroa é como o seu carro, gostaria que alguém tirasse o seu carro porque você fica se vangloriando dele para todo o mundo.
一 Eu não faço isso 一 respondi e ele me encarou incrédulo 一 É um carro clássico em perfeito estado de conservação americano, rodando em ruas européias. As pessoas deviam pagar para vê-lo.
一 Viu, tá se vangloriando.
一 Ta e o que eu faço, devolvo a coroa para ela e deixo ela continuar sendo uma mostrinha manipuladora e cruel?
一 Não, mas vai ter que arranjar outra forma, deixar ela chorando só vai piorar.
一 E o que faço?
一 Não sei, eu não sou pai.
一 Ah então seu curso só ensinam o que os pais não devem fazer?
一 Eu não estou estudando psicologia infantil, e por enquanto meu curso tá me mostrando como fazer as pessoas me pagarem para dizer que elas têm força para lidar com os próprios problemas. 一 ele falou.
一 Ah... obrigado. Ajudou muito.
Na sexta não tive como escapar da reunião com os pais de pestes anônimos e encarar a mãe do garotinho que a Emma bateu e que ela dizia se tratar de um "espancamento".
一 Senhor Johnson qual acha que é a razão da agressividade da Emma. 一 A professora metida a terapeuta familiar perguntou.
一 Minha filha não é agressiva 一 a defendi 一Ela só tem baixa tolerância para moleques atrevidos o que eu considero até uma qualidade 一 falei e a mãe bufou revirando os olhos.
一 Ah fala sério, não veriam problema e eu não teria que estar nessa reunião se Emma fosse um garoto se defendendo de outros aprendizes de valentões. 一 falei com sinceridade.
一 Nossa escola não tem tolerância com violencia senhor Johnson, venha de quem vier.
一 É mas quando o moleque estava incomodando minha outra filha, não tinha problema? Porque garotos são chatos mesmo, não é? 一 perguntei e ela mudou de assunto.
Saí de lá e fui direto para casa do Sam, pois havia deixado as meninas lá e quando cheguei me deparei com Juliet usando uma coroa ainda maior do que a que eu tinha confiscado.
一 Sam! Não acredito que comprou isso para ela 一 falei e ela saiu correndo para sala segurando a coroa na cabeça.
一 Mas... ela estava triste e disse que me amaria ainda mais se eu comprasse uma dessas 一 ele falou com cara de culpado.
一 É, mas ela tá fazendo terrorismo com as outras garotas na escola por ser a "miss fofura" e eu não quero criar uma Regina George.
一 Eu não acredito que esse dia chegou 一 ele falou com um sorriso psicótico no olhar.
一 O que? 一 falei meio assustado.
一 O dia em que seria eu a te dar um conselho sobre paternidade 一 Sam falou emocionado e eu arqueei a sobrancelha 一 Lembra quando o Miguel me venceu naquele game de luta e ficava se vangloriando?
一 Lembro e depois você venceu ele.
一 Sim! Mas eu paguei um cara profissional para jogar remotamente no meu lugar, eu só fingia apertar os botões. Porque eu ia acabar perdendo dele de novo e ele ia ficar insuportável...
一 E como isso se aplica a Miss fofura ali, falei apontando para Juliet que trocava os canais compulsivamente na tv.
一 Coloca ela nesses concursos de mini miss que tem nos fins de semana, com aquelas garotinhas adultizadas que parecem barbies, ela vai perder e não vai mais se sentir a rainha do mundo 一 falou me alcançando uma cerveja.
一 Não, eu to dirigindo 一 recusei 一 Tá, mas e se ela ganhar?
一 Olha, ela é uma gracinha, mas as garotinhas desses concursos têm mães loucas que as fazem nascer de sete meses para participar do miss prematura com cinco anos dão piruetas com um copo de água na mão em cima de um pônei, ela não vai ganhar.
一 Eu nem sei onde tem esse tipo de concurso e ela vai ficar tão triste se perder, tinha que ver a carinha dela quando foi coroada.
一 Quer sua princesinha amorosa de volta ou prefere ficar com a mini regina? 一 Ele me questionou.
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