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Quinze.

"Ludmilla, nós precisamos conversar. Estou aqui na frente da sua casa. Vem aqui, por favor."

Li a mensagem de Hailee e meu coração disparou, o que ela queria conversar? Será que ela desconfiou de algo?

— O que foi? — Dayane que estava sentada de frente pra mim, perguntou.

— Hailee. Ela disse que está aqui na frente de casa e quer conversar comigo.

— Será que ela desconfia de algo?

— Acredito que não. Nem tem como.

— Então vai lá ver o que é.

— Tudo bem. — Suspirei e desci as escadas rapidamente.

Brunna e Júlia estavam sentadas nos sofá assistindo a algum filme que eu não me dei ao trabalho de saber qual era. Ao me verem, elas me olharam curiosas, mas eu não devia satisfação da minha vida a ninguém.

Abri a porta e sai, já avisando Hailee em frente ao meu portão. Eu devia cumprimenta-lá com um beijo, ou apenas perguntar o que estava acontecendo?

— Oi — Eu disse assim que abri o portão.

— Oi — Ela sorriu fraco.

— O que aconteceu, Haiz?

— Nossa, faz tempo que você não me chama assim — Ela soltou um riso nasal, sua voz estava baixa e calma.

Eu já tinha visto essa cena antes.

FLASHBACK ON

— Minha Haiz! — Eu abri o portão e a abracei forte. Estranhando quando ela não retribuiu meu abraço como de costume — O que houve, amor?

— Eu vou me mudar, Ludmilla — Ela disse com os olhos marejados.

Meu mundo desabou.

— Não! Você não vai! — Eu nem consegui me segurar, comecei a chorar copiosamente.

— Por favor, não piora as coisas pra mim. Já está doendo demais te deixar e você desse jeito... — Eu a interrompi.

— O que eu posso fazer, Hailee? Eu amo você, e agora você simplesmente vai embora, vai me deixar! Eu já perdi uma pessoa, não quero perder outra. — Sentei no chão e abracei meus joelhos.

— Mas eu posso voltar, eu não vou embora para sempre, Lud. — Ela se ajoelhou ficando de frente pra mim e me abraçou.

— Não vai ser a mesma coisa de agora, Hailee. As coisas mudam, as pessoas mudam, sentimentos mudam, tudo muda! — Eu dizia em meio a soluços — Sem contar que nem você tem certeza do que está falando, por que eu deveria confiar nas suas palavras?

— Lud — Ela suspirou.

— Não me deixa. Eu amo você.

— Eu não tenho escolha, amor. Infelizmente eu não posso decidir por todos, em casa quem decide são meus pais. Me desculpa. — Ela beijou minha testa — Eu preciso ir. Se cuida, por favor. Não esquece de mim, e não esquece o quanto eu amo você! — Ela me deu um selinho demorado, se levantou e foi para sua casa, eu podia ouvir seus soluços, mas eu também não podia fazer nada. E correr atrás só iria me machucar mais, justamente por não ter o que fazer.

FLASHBACK OFF.

— Vai embora outra vez? — Perguntei

Ela negou com a cabeça.

— É outra coisa — Ela suspirou — Lembra quando eu lhe contei que iria embora, e você disse que sentimentos mudam?

— Sim. — Eu ainda não estava entendendo.

— Na cidade onde eu morei, eu conheci um garoto, o nome dele é Shawn.

Oh, eu já sabia onde aquilo iria dar.

— E eu me apaixonei por ele — Ela continuou — Mas aí eu precisei voltar pra cá, e como eu nunca havia te esquecido totalmente, eu achei que era a oportunidade de termos uma nova chance, só que por mais que eu tenha um carinho gigantesco por você, eu sei que não é mais aquele amor de antes, é um carinho pela cumplicidade que nós sempre tivemos. É um carinho mais puxado para a amizade, porque sempre tivemos isso acima do nosso relacionamento, você sabe disso. — Eu assenti.

— Eu entendo você, Hailee. Pra mim também não estava a mesma coisa, e cá entre nós, nunca mais vai ser. Mesmo que a gente tente milhões de vezes, não tem mais todo aquele encanto de antes. Eu quero que você seja feliz, e quero conhece esse garoto também — Falei séria — Não aceito que te machuquem.

Ela sorriu e me abraçou apertado.

— Obrigada, Lud. Eu amo você.

— Eu também amo você, Haiz.

Nós despedimos e eu entrei, quando abri a porta da sala, me deparei com Dinah no meio das meninas e as três riam sem parar.

Ah, que ótimo. Dayane Safadão ataca novamente.

— O que houve, Lud? — DJ perguntou quando me viu.

— Eu e Hailee terminamos.

— Mas já? — Brunna perguntou.

— Não deu certo, fazer o que.

— Vamos lá em cima para você me contar tudo — Dayane disse se levantando, mandou um beijo no ar para as meninas e subimos para o meu quarto.

— Que intimidade toda era aquela de risinhos? — Eu disse quando fechei a porta.

— Calma, meu amor. Eu sou toda sua e sempre serei. Mas você precisa aprender a lidar com todo esse seu ciúmes. — Ela disse divertida e eu lhe mostrei o dedo do meio.

— Me faça um grande favor, Dayane?

— Não, eu não vou me foder.

— Chata. — Revirei os olhos.

— Pare de falar besteiras e me conte o que interessa.

— Hailee gosta de outro, bem que eu percebi que não voltaria a ser mais a mesma coisa e, bem, ela também percebeu. Haiz disse que tentou, mas nós duas sabemos que não somos mais as mesmas menininhas de antes. A magia acabou, o amor acabou, foi como eu disse para ela quando ela foi embora há anos atrás, os sentimentos nunca continuam os mesmos, de duas uma: eles crescem ou somem e no nosso caso eles se transformaram em um sentimento de carinho não a ponto de um relacionamento sério, mas sim amizade. Eu vou continuar aqui para ela e ela para mim, só que como grandes amigas.

— Grandes amigas não! Apenas amigas. — Dayane revirou os olhos — Mas eu também havia percebido isso, você jamais teria ficado com Brunna se sentisse o que sentia por Hailee antigamente. Você a amava tanto.

— Ninguém jamais te substituirá, meu amor — Abracei-a rindo, mas logo voltei a ficar séria — Foi exatamente aí que eu percebi que tinha algo de errado.

— E mesmo assim a pediu em namoro...

— Sim, mas pelo menos ninguém saiu ferido desse relacionamento.

— Ainda bem.

— Agora é seguir em frente, e voltar às origens pegadoras. — Pisquei.

— Você não presta, não é, Oliveira?

— Igual você, meu amor. — Rimos.

Ouvi batidas na porta e logo meu pai entrou, levantei-me para abraça-lo e ele sorriu.

— Como você está, papa?

— Cansado, filha. Mas nada que uma boa noite de sono não resolva.

— Menos mal então — Sorri.

— Oi, Dayane! — Ele disse e a abraçou.

— Saudades de você, tio Rê.

— Eu também estava. — Ele sorriu e me olhou.

— Filha, preciso te contar uma coisa.

— Diga, papai.

— A família de Brunna resolveram vir nos visitar. Amanhã eles chegam. Os pais dela, a irmã e o irmão.

— Tudo bem, papai.

— E eu gostaria de perguntar se você se importaria de dividir o quarto com Taylor, a irmã dela.

— Claro que não papai, está tudo bem.

— Obrigada, filha — Ele sorriu e beijou minha testa — Vou tomar um banho para ver se esse cansaço melhora.

— Tudo bem, vai lá. — Eu disse e ele saiu, mandando um beijo para nós, nos fazendo rir.

— Será que a irmã dela é tão gata quanto ela? — Dayane disse e eu a olhei.

— Você não perdoa mesmo, né Dayane?

— Mas quem disse que tem a ver comigo esse interesse? — Ela arqueou as sobrancelhas e eu revirei os olhos.

— Não, nem adianta. Não vai rolar, obrigada. Eu quero paz, sossego! Nada de Gonçalves! — Eu disse fingindo desespero​ e Dayane riu.

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