05 - Defenda - se então
Malu Santiago
O trajeto até a cidade foi em silêncio, as palavras de Diogo ficavam dançando em minha mente, eu já tinha percebido sua maneira rude, mas o que ele me disse e a maneira como vem me tratando está me incomodando. Tudo bem que não temos uma relação, mas mesmo assim, me sinto estranha.
--- Chegamos, Maria Luísa - Rodrigo mostra a loja de rações --- parece que Leandro está nos esperando - diz e aponta o caminhão encostado à loja, concordo com a cabeça, ele estaciona, descemos em seguida e entramos na loja, uma moça loira fica toda sorridente com o veterinário, fico aguardando ele pegar com ela o carregamento das rações e vacinas.
--- Isso é tudo, Dr. Rodrigo? - A moça bate os cílios em um modo primário de sedução, reviro os olhos.
--- Sim Beatriz, o dinheiro vai cair na conta da loja até 01:00 hora da tarde - Rodrigo assina alguns papéis e nos retiramos.
--- Alguém está caidinha por você - digo, Rodrigo me olha surpreso.
--- A Beatriz?
--- Não, aquela senhorinha com o cachorro feio - dou um tapinha no ombro dele --- claro seu tonto, eita homem lerdo!
--- Mas a Beatriz, a Beatriz, ela, bem, ela...
--- Ela, ela nada, deixa de besteira, volta lá dentro e convida ela pra tomar um suco com você. É uma ordem!
--- Está bem - concorda Rodrigo, ele se aproxima de Leandro e pergunta se está tudo certo com o carregamento e entra na loja, sorrio e me encaminho para uma loja de roupas que vi. Ao chegar na loja, sou atendida por uma mocinha bem magra de cabelos negros e digo que se precisar de ajuda a chamo, logo ela se afasta me deixando em paz, vasculho as araras, pego uns vestidos de pano fino, algumas calças, uns shorts, blusinhas regatas e dois pares de botas, também compro um chapéu de couro, três fones de ouvido, porque vivo estragando os meus, compro um caderno de desenho e uma caixa gigante de lápis de cor, amo colorir e umas cintas com fivelas de rodeio. Minha brincadeira me custa 1.500 reais, saio da loja lotada de sacolas, passo em frente a uma padaria e não resisto.
--- Bom dia, em que posso ajudar? - uma senhora muito simpática me atende.
--- Bom dia, vou querer 10 reais de pão de queijo, esse pudim inteiro, aquele bolo de chocolate inteiro e o bolo de coco também, tudo pra viagem, por favor - digo, o sorriso da senhora aumenta, vou a uma estante onde tinha umas barras de chocolates pego duas barras de chocolate branco e uma de chocolate amargo, pego uma caixa de bombons e coloco tudo na bancada, enquanto ela prepara tudo pra mim levar, mando mensagem para Rodrigo avisando onde pode me encontrar, nisso escuto um trio de homens conversar numa mesa não muito longe.
--- Olha que gracinha, é de uma menina assim que eu preciso pra chupar meu pau - diz o primeiro.
--- Aposto que esse cuzinho deve ser uma delícia, adoraria deixar ele todo arrombado - comenta o segundo homem, sinto nojo, mas fico quieta.
--- Querem apostar quanto que essa noite quem vai foder essa princesa sou eu? - pergunta o terceiro homem, dou uma olhadela neles que me encaram como seu eu fosse a carne mais suculenta do espeto, a senhora me olha com pesar.
--- Não ligue pra eles querida, alguns caminhoneiros são homens inescrupulosos, na maioria das vezes que infelizmente amam meus salgados - ela lhes envia um olhar mortal, porém de nada adianta --- deu 250 reais - declara, confirmo e as provocações continuam, pego minhas coisas e me preparo pra sair, mas sou barrada.
--- Oi querida, quero sua boca no meu pau ainda hoje - diz o primeiro, vulgo Babaca 1.
--- Dispenso - tento me esquivar mas o Babaca 2 segura na alça do meu macacão e me puxa contra seu corpo, ele é gordo e fede a suor.
--- Você não aguenta mais que duas fodas comigo - se gaba, o terceiro permanece sentado, mas ri da situação, eles são muito altos e fortes, mesmo que eu quisesse lutar, jamais sairia ilesa.
--- Me deixem passar.
--- Quanto sua mãe vai cobrar pra você ser nossa por uma noite? - o terceiro homem se levanta e acaricia meu rosto, desvio de seu carinho com brusquidão.
--- Não toca em mim!!
--- Ah mas você é tão gostosinha - retruca o terceiro caminhoneiro, ouvimos um tiro, solto um grito de susto e me abaixo.
--- Soltem ela!! - a voz de Diogo ecoa sobre os homens que se afastam, parecem conhecer ele, aproveito a brecha pra fugir, só então vejo o revólver na mão do meu capataz.
--- Calma Diogo, a gente só 'tava brincando - se pronuncia o primeiro homem.
--- Conheço muito bem vocês, e as garotas que saem com vocês normalmente aparecem mortas na beira da rodovia - declara.
--- Você não tem provas - o segundo babaca se põe na defensiva.
--- Pra sua sorte, Pedro, pra sua sorte - Diogo me olha por um segundo --- fique longe da Maria Luísa, senão da próxima vez, os corpos dos três, estarão na rodovia - Diogo termina a ameaça e me empurra pra fora da padaria. Ao perceber que estou tremendo, pega todas as sacolas e os bolos e coloca tudo na sua caminhonete vermelha.
--- Como você me encontrou?
--- Rodrigo.
--- Ok.
--- Você deveria ter mais cuidado. Onde você estava com a cabeça pra andar sozinha por aí, vestida de modo tão provocante?! - me acusa.
--- O quê?
--- Você me entendeu.
--- Não acredito nisso - passo a mão pelos olhos, eles estavam doloridos.
--- Você ficou parada aceitando a situação, por acaso não sabe se defender desses tipos de homens? Logo você que prega sua liberdade de se vestir como uma qualquer.
--- Você não se cansa de me ofender? É lógico que eu sei me defender!
--- Defenda-se então!
--- Eram três homens enormes, eu estava com medo, você nem me perguntou como estou me sentindo!
--- Você vestiu essa roupa sensual e esperava o quê, flores e chocolate?!
--- Não grita, porra!!
--- E seu eu não tivesse chegado a tempo? Deus sabe lá o que poderia ter acontecido. Olha a sua roupa Maria Luísa!! - Diogo aponta minhas pernas nuas.
--- Então na sua opinião, a culpa é minha?! - me irrito, meus olhos ardem, acabei de passar por uma situação difícil e Diogo ao invés de perguntar se eu estou bem, fica me acusando com seu jeito machista.
--- Em partes.
--- Machista do caralho!! - grito.
--- Olha a boca menina!
--- Vai se foder, Diogo! - rebato, tento me afastar, mas Diogo é mais rápido e me puxa contra seu corpo, tomando minha boca com fúria, meu corpo amolece, ele me imprensa na caminhonete.
Nossas línguas travam uma briga deliciosa, Diogo me aperta e acaricia ao mesmo tempo, me deixando louca de tesão, mordo seu lábio inferior e ele geme pressionando sua ereção na minha barriga. Ousada deslizo minha mão para dentro da calça dele e aperto seu membro, ele pulsa me fazendo salivar, estava pronta pra tirar a roupa de Diogo quando uma buzina nos faz voltar a realidade e perceber que estamos quase transando no meio da rua em plena luz do dia, Diogo encosta nossas testas com a respiração ofegante.
--- Você ainda será minha perdição, menina.
--- E você a minha - sussurro, meu coração está a mil por hora, Diogo me dá um selinho e se afasta.
--- Entra no carro, vou te levar pra casa.
--- Eu vou com o seu irmão.
--- Rodrigo já foi embora, ele tem uma vaca em trabalho de parto, o bezerro está virado.
--- Está bem - concordo olhando para ele --- obrigada por me salvar.
--- Só estava atendendo um pedido do Santiago. Ele disse que a neta, tem uma inclinação pra encrenca - diz me deixando surpresa, ele entra e levanta uma sobrancelha pra mim, reviro os olhos, dou a volta na Hillux preta, ao me sentar, coloco o cinto de segurança e olho para fora, Diogo dá partida e dirige para a saída da cidade.
☆☆☆☆☆
No rádio tocava uma música antiga de Bruno e Marronne, meus dedos tamborilavam no ritmo da melodia, uma chuva começa lenta, o cheiro da terra molhada é gostoso, inspiro absorvendo os aromas do campo.
--- Pra uma garota da cidade, você tem se saído bem por aqui - Diogo quebra o gelo, de repente.
--- Isso é um elogio?
--- Não sou 100% um ogro.
--- Não, só comigo.
--- Eu sei reconhecer alguém que se esforça - diz num tom tranquilo --- as aulas recomeçam amanhã.
--- Eu sei, vou estudar na parte da tarde, por isso de manhã vou voltar para a cidade, preciso de material.
--- Quem vai trazer você?
--- Vou vir de moto.
--- Nem pensar!
--- Não pedi permissão.
--- É perigoso e você não conhece o trajeto.
--- Não fui à cidade apenas fazer compras - rebato tirando o cinto de segurança, Diogo estaciona em frente a casa, abro a porta e desço, pego todas as minhas compras e entro sem dizer mais nada. Será que vai ser sempre assim, brigas, pegação e mais brigas?
☆☆☆
Então... Diogo e Malu são um casal morde e assopra, uma hora brigam e depois se amam pra brigarem em seguida.
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