3: MEU PROBLEMA COM FINAIS FELIZES.
Poucas coisas me incomodam tanto numa obra de ficção quanto um final fraco e abrupto. Infelizmente tem muitas histórias realmente boas que terminam assim, deixando muito a desejar. Porém não vou fazer uma lista dessas histórias aqui, nosso objetivo hoje será diferente, vamos discutir se o "final feliz" realmente significa um "final bom".
Então, sem mais delongas, vamos lá.
[Desculpa, eu amo esse meme]
Eu realmente não sou muito adepto a finais felizes nas minhas histórias por achar que um final onde tudo dá certo, apesar das dificuldades, é algo que não fica na memória do leitor. [Lembrando que sou escritor de FANTASIA DARK, TERROR E FICÇÃO CIENTÍFICA... Só cenários perfeitos pra escrever desgraças] E se algo tão importante como o final não marca a pessoa que lê minha obra, então eu falhei no meu objetivo como escritor.
Porém também gosto de recompensar os meus personagens por todas as dificuldades vividas durante a jornada, por isso gosto de fazer os chamados "finais agredoce". Esse tipo de final é basicamente um final cinza, nem um final feliz, nem um final triste, mas um meio termo entre os dois.
Mas não posso mentir pra vocês e dizer que não gosto de fazer finais onde tudo dá errado e os personagens se ferram, não posso pois seria um sacrilégio com minha arte e meus princípios como autor.
Não estou aqui dizendo que se você faz um final feliz na sua história, isso faz de você um autor ruim, só estou dizendo que EU NÃO GOSTO DE FAZER.
Agora que você já sabe um pouco da minha história com finais felizes e tristes, vamos fazer o que faço de melhor nesse livro, discutir polêmicas.
Tem uma coisa que você precisa saber antes de escolher que tipo de final sua história vai ter: UM FINAL FELIZ NÃO É NECESSARIAMENTE UM FINAL BOM, E UM FINAL TRISTE NÃO É NECESSARIAMENTE RUIM.
Já vi muitas vezes meus irmãos ou amigos discutindo o final de algum filme ou série e quando é um final triste, eles consideram um final ruim, pois o protagonista, ou alguém próximo ao protagonista, acaba morrendo. Ou então os mocinhos não ficam juntos no final.
Isso é um erro muito grande, o que faz um final ser ruim é o fato de ele ter ou não um sentido ou uma boa construção. Titanic tem um final triste [ACHO QUE ISSO NÃO CHEGA A SER UM SPOILER NÉ? AFINAL TODO MUNDO JÁ CONHECE A HISTÓRIA, MESMO QUE POR COMENTÁRIOS DE OUTRAS PESSOAS], mas isso não diminue o filme, pelo contrário, apenas o engrandece. E garanto que ninguém esquece aquele final, eu mesmo, que nem sou fã da obra, lembrei dele assim que puxei da memória um final triste e bom para colocar aqui.
"Mas como esse final, que é triste, pode ser bom?"
Porque foi bem estruturado, bem construído e condizente com a realidade trágica que foi aquele naufrágio. Além de ter um lado romântico onde o protagonista masculino se sacrifica por seu amor.
Essa é a forma correta de fazer um final triste, e eu, repetindo, apesar de não ser fã da obra, aprovo completamente.
Porém, na outra extremidade dessa reta, temos várias histórias com finais felizes que são simplesmente horrorosos.
Como não quero dar spoilers pra ninguém, vou pegar aqui outro clássico, pois assim como Titanic, mesmo quem nunca assistiu, muito provavelmente conhece vários detalhes da história.
Quando o assunto é final feliz mal construído, a saga Dragon Ball não pode ser deixada de fora.
A saga é dividida em
Partes:
Dragon Ball clássico
Dragon Ball Z
Dragon Ball GT
E Dragon Ball Super.
Todas essas partes da franquia multi-milionária de animação japonesa são construídas basicamente da mesma forma: o protagonista está de boa, surge o vilão, os dois lutam, o protagonista é derrotado, então ele passa por um treinamento ou recebe uma carga emotiva muito alta que faz ele ganhar um novo poder que ele usa pra derrotar o vilão e salvar o mundo.
Mesmo que você não se incomode com essa construção numa história, ver isso se repetindo com TODO VILÃO, em TODAS AS PARTES DA HISTÓRIA, é simplesmente impossível que você não acabe se incomodando ao menos uma vez.
Outro grande problema dessa fórmula, dessa construção do final feliz, é que o sacrifício de muitos personagens, vários deles bem próximos do protagonista, acabam se mostrando inúteis para o engrandecimento da narrativa. E todas as mortes, de todos os personagens, não tem peso algum, pois ao final de cada arco, os personagens reúnem as esferas do dragão e trazem os mortos de volta à vida.
Assim você fica preso num lupe infinito de finais felizes que você já previu, já sabe que vai acontecer, e que mesmo assim tenta te emocionar com dramas baratos e mortes que logo não terão mais nenhum sentido.
Como falar mal é muito mais gostoso que falar bem, vou dar mais um exemplo.
Algum tempo atrás, no ano passado se não me engano, eu vi um anime [naquela época eu via muito anime]. Esse girava entorno de um garoto colegial que era membro de um grupo de investigação paranormal da escola. O objetivo dele era desvendar os mistérios por trás da morte de uma garota muito tempo atrás naquela cidade, e pra isso ele contava com a ajuda do fantasma da própria garota.
Eu sei, essa descrição da história pode parecer bem interessante, mas a execução da história é bem medíocre. Além dos ternos técnicos da produção serem bem fraquinhos.
Agora voltando pra história...
Ao decorrer da obra o protagonista masculino e a fantasma acabam desenvolvimento uma relação muito íntima, ao ponto de se apaixonarem. Então ao final da obra, os mistérios são resolvidos e o fantasma da garota pode finalmente fazer a passagem para o outro lado e descansar em paz, deixando o seu amado para trás. Afinal, ele é um garoto com toda a vida pela frente e ela uma fantasma centenária, sua relação apesar de verdadeira e ambilateral, é também impossível por causa desses detalhes.
Aqui nós temos um final marcante, onde vários fatores realistas são discutidos em uma obra de ficção. Além de ter uma carga emocional muito forte e fazer você pensar em como tudo ali, apesar de depressivo, é coerente. Um final que fica na memória e que engrandece a obra...
Foi o que eu imaginei...
Eu achei que o autor teria coragem e capacidade de lembrar das coisas que ele mesmo criou, mas né...?
Infelizmente a história não terminou ali.
Algum tempo depois, umas semanas pelo que me lembro agora, o protagonista, já se recuperando da depressão de perder seu amor, retorna à sala do clube de investigação paranormal e lá ele reencontra o fantasma da garota. Ela diz que retornou do além porque escolheu ficar com ele e então a história acaba com um beijo entre os dois.
Então você pensa: "Legal, um final feliz com os dois amantes juntos! Como isso pode ser ruim, seu insensível? Não está vendo a mensagem de esperança por trás do final?"
Sim eu vejo, mas sabe o que eu vejo também? A incapacidade do autor de utilizar elementos que ele mesmo criou. O infeliz jogou fora todos os dilemas e dramas realistas que ele criou e desenvolve na narrativa. O protagonista estar vivo e a garota estar morta, já não importa mais; o fato deles terem uma diferença de idade imensa, já não importa mais, eles não poderem envelhecer lado a lado, pois ele é o único que envelhece ali, FODA-SE...
Mas pra mim, o pior de tudo é pensar em como a relação deles vai se desenrolar depois da formatura dele. É dito desde o início que a garota não pode deixar o terreno da escola, ela está presa ali, ENTÃO COMO CARALHOS eles vão manter a relação quando o garoto deixar a escola? Pois é uma escola de ensino fundamental, logo ele irá cursar o ensino médio. E também têm a questão de ele arrumar um emprego e todas as coisas chatas da vida adulta.
Aí você pode me dizer: "Ah, mas ele pode se tornar professor, trabalhar na escola e ficar perto dela."
Talvez, mas mesmo assim, ele precisará sair daquela escola, cursar três anos de ensino médio e mais os dois ou três de faculdade de pedagogia pra ser professor. Ainda assim vai ser uma relação bem difícil, pra não dizer outra coisa.
E mesmo que ele se torne professor e consiga um emprego naquela escola, como eles vão poder namorar com todas as crianças ali presente, e com ele estando muito ocupado durante todo o seu dia de trabalho. Afinal, professores trabalham quase como escravos. [Ok, eu sei que estou exagerando um pouco, mas ainda assim é muito trabalho pra conseguir um tempinho livre ali no seu expediente pra ficar com a garota].
No fim das contas, a história foi de mediana com um final marcante e legal, pra uma com um final cheio de furos e bastante contraditório com os dilemas que o próprio autor criou. E coincidentemente... um final feliz.
Então acho que isso prova que um final feliz... não significa um final bom. Um final bom é um final bem estruturado e coerente com tudo que o autor vem mostrando ao decorrer de sua história, um final que utiliza de pormenores mostrados na narrativa. E geralmente, um final assim fica marcado pra sempre na mente do leitor/espectador.
Bem, por hoje é só...
Espero que tenham gostado.
Digam aí o que acham disso tudo.
Concordam? Discordam?
Deixem aí que quero saber.
Não esqueçam de votar e se possível indiquem esse livro pra algum amigo.
Até a próxima.
Bye...
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