Entrevista
Ruby Fallon
-Olha quem está aqui.- Jones começa a se aproximar.- A menina da entrevista tosca!
-Sabe quem mais é tosco?- levanto.- Você, seu pedaço de....
-Fallon!- Linda abre a porta do escritório.- Aqui. Agora.
Bufo com raiva quando Jones fica rindo de minha cara, passo por ele e vou até o escritório, Linda fecha a porta e cruza os braços.
-Eu não ia bater nele...- falo com uma voz arrastada.
-Não quero falar disso.- ela dispensa o assunto com a mão.- Sua entrevista é às duas em ponto. Ele não gosta de atrasos.
-Então ele não vai gostar nem um pouco de mim.- brinco e Linda não ri.
-O Dairy News é referência nos jornais, então por favor...
-Ok, ok.- mexo as mãos.- Vou chegar em ponto.
-E suas roupas.- ela aponta
Olho para minhas roupas uma calça de couro que custou muito caro, uma blusa verde clara de algodão com mangas e a jaqueta preta de couro também.
-O que tem de errado?- minha voz sai fina.
-Você parece uma motoqueira, Bee.- ele cruza os braços.
-Ah.- faço bico.- Isso é ruim?
-Não sei o que é pior, seu humor ou sua roupa.- ela começa a ficar com raiva.
-Um misto dos dois daria um desastre então?- sorrio e ela continua séria.
-Olha, só vai na hora, ok?- ele desiste e assinto dando joinha.
-Conta comigo, chefe.- vou até a porta.
Ouço uma risada baixa e sorrio saindo da sala, mas percebo que Jones ainda está de guarda na minha mesa como um cão babão que molha meus papéis.
-Por que você não vai ficar com seu assassinato antes que eu assassine você.- começo a ficar com raiva.
-Ouviram pessoal?- ele aponta pra mim.- Ela me ameaçou de assassinato...
-Jones.- cruzo os braços e ele fecha a cara.- Quer que eu bate em você?
-O segurança falou que você não podia. Da última vez você levou uma suspensão...
-Tudo para não ver sua cara idiota de novo.- sento na minha cadeira.- Me deixa em paz e vai lá fazer alguma merda.
Ele bufa com raiva e vai embora, pego meu caderno com as perguntas e coloco dentro da bolsa, levanto de novo e começo a sair.
Taylor está fora para conseguir alguma fofoca que Linda pediu, sinceramente, queria estar caçando fofoca agora.
Entrevista aqui na DN era tão chato que você passava uma hora fazendo perguntas íntimas para pessoas e era obrigada a ouvir as respostas.
Eu não era o tipo de pessoa que abria uma revista ou jornal e ia para a parte da entrevista, mas muito dos nossos leitores gostava disso.
Desço as escadas e o barulho da rua chega em meus ouvidos enquanto tento achar um táxi para chegar lá na hora, Linda pede e eu faço.
Ela é como uma mãe para mim, praticamente me criou, então se ele quer que eu chegue na hora e eu poder fazer isso, eu vou fazer.
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Jonathan Hayes
Saio de uma das salas de reunião com uma dor de cabeça enorme, passei quarenta minutos tendo que ouvir o controlador de dados da empresa reclamar sobre como era imbecil colocar as jóias no baile.
Resolvi deixar ele falar para se complicar, e deu certo, metade das coisas que ele falava eu não entendia e as outras pessoas provavelmente também não.
-A jornalista está esperando.- minha secretária me acompanha.- Chegou quase agora, mandei ela entrar.
-Ok, obrigado.- entro no elevador sozinho.
Conheci vários jornalistas ao longo desses anos, e eu realmente não gostava deles, ainda mais dos jornalistas do Daily News, que eram abutres.
Mas a imprensa é um meio muito bom de informar as pessoas, então se eu tiver que ter uma hora de conversa com uma jornalista metida e idiota, eu vou ter.
Já tinha ouvido sobre os jornalista do Daily News, eram pessoas competitivas e pareciam bem ansiosos por alguma coisa que explodisse o nome deles.
Não queria nem imaginar que tipo de pessoa tinham me mandado, mas Linda Owen tinha dito que eu iria receber uma ótima matéria de divulgação.
O elevador abre e caminho lentamente, odeio atrasos, mas esse jornalista poderia ter se atrasado um pouquinho mais. Já falei que odeio jornalistas?
Abro a porta do escritório e vejo ela imediatamente colocar um relógio de cristal no canto, os cantos da minha boca se repuxam sem eu querer.
-Eu só estava vendo.- a voz dele é rouca e arrastada, calma até demais.
-Não ia colocar na bolsa e levar?- continuo no canto assim como ela.
-Não, dá muito trabalho penhorar coisas de cristal.- ela fala colocando as mãos dentro dos bolsos da jaqueta de couro.- E roubadas.
-Tem experiência, então.- percebo que ela não tem medo de mim como geralmente as pessoas tem.
-Dias de uma adolescente rebelde.- ela se aproxima confiante e estende a mão.- Ruby Fallon.
-Não preciso me apresentar se fez o trabalho de casa.- aperto a mão dela. Confiante e firme.
-Fiz muito bem até.- ela sorri de lado e percebo as sardas em suas bochechas.
-Podemos começar? Tenho um dia ocupado.- solto a mão dela e vou até minha cadeira.
-Claro, como o esperado.- ela senta em uma das poltronas mais simples na frente da minha mesa.
Observo ela abrir a bolsa de um típico jornalista como já vi várias vezes, cheias de coisa e bolsos para confundir os jornalistas e às pessoas que eles entrevistam.
As mãos dela procuram pelo caderno e vejo que ela usa uma pulseira fina de prata, subo meu olhar até seu rosto e só percebo que ela é ruiva agora.
Seus cabelos são médios e meio ondulados, parecem bem rebeldes assim como ela, seus lábios se mexem enwian sussurra algo que estou distraído demais para ouvir.
-Difícil?- levanto as sobrancelhas.
-Não.- ela pega o caderno de capa vermelha.- Acho que já recebeu vários jornalistas e sabe como isso funciona, estou certa?- ela tira o gravador de bolsa.
-Claro, vamos pular as formalidades.- concordo.
-Ok.- ela suspira e morde o lábio cheio enquanto ajeita o gravador.
Os olhos azuis escuros começam a correr pelo caderno, ela pega uma caneta e então assume um olhar divertido e acusador que me deixam com um pé atrás.
-Vamos começar, Sr.Hayes.
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Ruby Fallon
-O cara não é de falar.- Taylor fala horas mais tarde deitada na minha cama.
-Eu não consegui arrancar nenhuma resposta dele.- bufo.- Eram só respostas padrões.
-Talvez ele seja fechado assim mesmo.- ela suspira.- Dá pra fazer uma bela entrevista com isso.
-Uma bela entrevista que já foi feita por vários outros.- eu levanto indo pegar um pouco de cerveja.- Eu tenho que forçar.
-Não tem, não.- ela senta.
-Sim, eu tenho que fazer ele me contar uma coisa que ninguém mais em nenhum outro jornal publicou.- pego a cerveja dentro da geladeira.
-Você está ficando louca, vai ser presa por perseguição de novo.- ela sorri.
-O cara surtou daquela vez!- me defendo.- Eu só estava perguntando algumas coisas...
-Enquanto ele almoçava, Bee.- ela ri.- Você precisa ser internada.
-Eu sou uma jornalista normal, apenas.- bebo um pouco.- Quero uma explosão. Quero saber de algo novo...
-Ele é mais poderoso do que as pessoas que você já entrevistou.- ela avisa.- Acho melhor não mexer com gente como ele.
-Claro que acha, você vai pelo conforto.- sento ao lado dela.- Não precisa se preocupar, vou tomar muito cuidado.
-Isso não quer dizer nada para você.- ela me observa.
-Olha, agora você está querendo demais.- sorrio e ela ri.
Taylor sabia que eu me arriscava por notícia, na faculdade eu sonhava em ser jornalista de guerra, ainda sonho, mas adoro a adrenalina disso.
Eu não vou seguir o cara. Eu só vou surpreender ele e fazer algumas perguntas inesperadas, só isso. Sem nada muito ameaçador.
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Jonathan Hayes
Chego em casa e tiro o sobretudo, vou até meu escritório e William me segue como pedi que fizesse, estou curioso demais.
Pego um papel quadricular e uma caneta, começo a escrever o nome Ruby Fallon na folha e dou para ele com pressa, ela sabe de algo.
Ela fez perguntas muito pessoas, perguntas que nenhum outro tinha feito antes e não estava gostando dessa menina xeretando minha vida assim.
-E o que eu faço?- ele pergunta.
-Coloque alguém para seguir ela.- explico.- Depois vou querer o número dessa pessoa para contato direito.
-Ela tem algum perigo?- ele parece preocupado.
-Parece inofensiva, apesar do humor.- balanço a cabeça desaprovando.- Agora pode ir que eu tenho que me arrumar para o jantar.
-Vou falar com um amigo e estarei esperando o senhor no subsolo.- ele mexe a cabeça e sai do escritório.
Ela perguntou sobre as datas, perguntou sobre como a empresa cresceu em tanto pouco tempo, perguntou sobre coisas que os outros jornalistas não perguntavam.
Eu quase nunca estava errado, e quando eu dizia que Ruby Fallon é um perigo para mim, é por que ela é um perigo para mim e eu não vou descansar até fazer ela desistir de qualquer ideia e informação que ache que tenha de mim
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