** 3 dias depois**

Ruby Fallon

-Espero que isso não aconteça mais.- Linda fala enquanto mexe em uma pasta.

-Não vai.- garanto.

-Seu que você é explosiva, mas tem que ter calma, lembra das técnicas que falamos?- ela levanta as sobrancelhas.

-Sim, respiração e essas coisas.- mexi as mãos.

-Ok, preciso de você para cobrir uma matéria em Long Island...

-Long Island!- exclamo.- Vou ter que passar por toda aquela baboseira de ponte.

-Ótimo, por isso que estou fazendo você ir lá.- ela sorri.- Vou mandar o endereço para você.

-E vai paga o meu táxi?- levanto as sobrancelhas.

-Vou, Ruby, agora vai pegar suas coisas e direto para Long Island.- ela sorri.

Saio da sala dela e vou até minha mesa, pego minhas coisas e vejo Taylor falando com Jones, os dois parecem bem próximos e ela até ri de algo que ele fala enquanto arruma o cabelo dela.

Arregalo os olhos e parece que eu fui tapeada no rosto, levanto rapidamente pegando minhas coisas e desço as escadas rapidamente enquanto visto o casaco.

Estou tão apressada que não vejo em quem esbarro, as mãos dele seguram meus braços e me afasto um pouco percebendo que sempre pode ficar pior do que já está.

-O que você tem?- Jonathan pergunta.- Você tá branca.

-Eu tô bem.- balanço a cabeça.- O que você tá fazendo aqui?

-Vim conversar com Linda.- ele explica.

-Vai pedir para me demitir?- pergunto.- Claro que vai, tudo nesse dia tá ficando horrível. Eu tenho que ir para Long Island, vi minha melhor amiga rindo da piada de um cara ridículo...

-Calma, Ruby, assim você me atropela.- ele fala e um sorriso leve aparece em seus lábios.

O observo e percebo que ele está preocupado, acabei falando o que não devia, por que eu não consigo ficar quieta e guardar as coisas pra mim?

-Nada, esquece.- cruzo os braços.- Eu tenho que ir.

-Para Long Island?- ele levanta as sobrancelhas.

-Sim, a menos que você vá pedir para ela me demitir, aí já poupa a viagem.- digo e ele balança a cabeça.

-Não é sobre você.- Jonathan fala calmo.- Mas posso remarcar e levar você até onde precisa.

-Não precisa.- começo a me afastar e ele segura meu braço.

-Eu insisto.- ele começa a me levar até o carro.

Travo o maxilar entrando no carro e vendo que o 007 não parece surpreso ao me ver, me ajeito no banco e Jonathan entra pegando o celular e mandando mensagem para alguém.

Começo a balançar o pé e tento não começar a surtar, por que April estava com Jones? Ela podia ficar com qualquer cara, mas com Jones? E ainda estava rindo do que ele dizia? Aquele cara era ridículo!

-Então, vai me contar o que aconteceu?- Jonathan pergunta.

-Você não consegue me largar.- semicerro os olhos e o encaro.- Eu falei que não queria mais ver sua cara.

-E agora você entrou no carro de quem?- ele pergunta irônico.

-Não se dispensa carona.- cruzo meus braços com raiva.- E não vou mais olhar na sua cara. Você me deixa no endereço e vai embora.

Abro as mensagens com linda e dou o endereço para 007, era uma matéria fácil, parecia que havia acontecido uma tentativa de suicídio de uma pessoa do Brooklyn.

Aparentemente ele tinha ido do Brooklyn até Long Island para se jogar de um prédio que nem era alto o suficiente. Isso era no mínimo duvidoso, e Linda sabia que eu adorava esses casos.

-Sei que uma hora ou outra você vai começar a falar.- Jonathan pega o jornal.- O caminho é longo. Posso esperar.

Olho a janela e aperto meus braços, não vou falar com ele sobre isso, odeio que tenha reagido assim com Taylor, eu tinha um ciúmes horrível dela e ainda mais com Jones...

Por que ela estava com Jones? Tinha tanto cara legal. Taylor era a mulher mais legal que eu conhecia e agora estava com um babaca assediador como ele.

-Como ela faz isso comigo?- falo com raiva e Jonathan abaixa o jornal.- Eu e ela somos melhores amigas! E ela fica com Jones?

-Jones?- Jonathan pergunta.

-É! Ele que me fez ser afastada por uma semana! Me assediou e depois fez com que eu né afastasse por uma semana! Aquele filho da puta.- bati na minha coxa.- E ela está com ele?

-Ela quem?- uma voz calma pergunta e encaro Jonathan.

-Taylor!- mexo as mãos.- Ela fala que é minha melhor amiga, mas assim que eu voltei vejo ela com Jones...

-Você tá com ciúme dele?- Jonathan parece confuso e furioso ao mesmo tempo.

-Não.- digo rindo.- Eu tô com raiva. Dele. Por enganar minha amiga.

-Claro.- Jonathan sorri.- Ele deve gostar dela.

-Eu me mato antes de ouvir isso de novo.- afundo meu corpo no assento.- Mas como ela pode....ela sabe que ele tentou passar a mão em mim...e há poucos minutos estava rindo das piadas dele...

💎

Jonathan Hayes

Depois de meia hora ouvindo Ruby falar que a melhor amiga estava saindo com o cara que tinha assediado ela e feito ela ser afastada do emprego por uma semana.

Eu já não tinha gostado desse cara. Tinha tentado passar a mão em Ruby. Ficava perseguindo ela para lá e para cá. E agora queria se aproximar da melhor amiga dela de repente?

Agora estávamos parando na frente de um prédio bem antigo, pintado de marrom e vermelho, parecia bem velho mas bem moderno ao mesmo tempo.

-Fica dentro do carro.- ela abre a bolsa e pega um caderno vermelho.

-Nada disso.- balanço a cabeça.

Ela revira os olhos e ignoro o gesto, saímos do carro e eu caminho ao lado dela em direção ao porteiro do prédio, ele está lendo um jornal e nem repara que nos aproximamos.

Ruby limpa a garganta e o porteiro olha para ela, seus olhos brilham e logo ele da um sorriso ligeiro levantando e estendendo a mão para ela.

-Oi, tudo bem?- ela fala sorridente.- Eu e meu...- ela olha para mim, consigo até ver sua mente trabalhando.- Marido.

-O que...- ela pisa no meu pé.- É, marido.

-A gente veio ver aquele apartamento vago...

-Ah, no terceiro andar.- ele assente alegremente.- Vou pegar as chaves.

-Claro, obrigada.- ela deita a cabeça o observando ir embora.

-O que é isso, Ruby?- pergunto.

-Se eu disesse que era jornalista ele nunca deixaria eu entrar.- ela olha envolta e começa a anotar algo no caderno.

-Se você disesse que ia assaltar esse lugar, ele ia com você.- falo sério e de mau-humor.

-Poder de ruiva.- ela coloca os cabelos para trás e observo o decote da camisa.

Três dias atrás eu estava chupando o seio dela, não conseguia pensar em outra coisa, só queria voltar para aquela noite e fazer mais coisa, muito mais coisa...

-Aqui.- ele estende a chave.- Precisam de ajuda?

-Não, estamos bem.- falo tocando a cintura de Ruby.

Nós dois subimos as escadas e ela começa a olhar para tudo, sempre que algo a atrai ela começa a escrever no caderno e fica repassando mentalmente algumas coisas.

Evito dela errar um degrau e Ruby não tira os olhos do caderno, alguém realmente deveria ficar vinte e quatro horas por dia supervisionando ela.

-Terceiro andar.- aviso.

-Vamos para o terraço.- ela acelera.

-Por que?- acho estranho.

-É uma matéria de um cara que tentou suicídio.- ela explica.- Você sairia do Brooklyn e viria para cá tentar se matar?

-Não, faria isso do meu prédio.- digo e ela me encara.

-Nossa.- ela relaxa os ombros.- Você não tá pensando em nada...

-Você perguntou, maluca.- reviro os olhos.

-O cara veio do Brooklyn e pulou.- chegamos no terraço.- Nem precisou se esforçar.

Ruby abre a porta e coloca o caderno na minha mão enquanto começa a caminhar até a borda, meu coração começa a bater mais forte quando ela fica mais próxima da borda.

-Ruby.- aviso.

-Ele caiu de costas.- ela vira para mim.- Você pularia de costas.

-Se estivesse com medo.- começo a me aproximar.

-Verdade.- ela vira de repente e eu seguro o braço dela.- O que?

-Já pegou tudo que tinha que pegar?- pergunto.

-Não, nem comecei.- ela observa.- Eu acho que vou...

Sinto algo começar a pingar e olho para cima percebendo que está muito nublado, franzo as sobrancelhas percebendo que vai vir um temporal por aí.

-Amanhã você volta.- começo a puxar ela.

-Mas...

-Para de falar, Ruby.- abro a porta do terraço.

-Chato.- ela bufa.

-Vou deixar você em casa e amanhã você volta.- passo a mão pelos cabelos molhados.

Descemos as escadas dos cinco andares e logo de dentro do prédio já consigo ouvir a chuva engrossando, parece que o temporal vai ser feio hoje a noite.

Chegamos no carro e William recebe uma chamada, percebo a cara de preocupação dele e fico tenso quando Ruby se abraça tremendo.

-Fecharam a ponte.- William fala desligando.- O jornal falou que a tempestade vai ser forte hoje.

-Ótimo, e agora?- frustração me invade.

-Hotel.- William tenta sorrir.- É o único jeito.

-Ah, ótimo.- Ruby suspira.- Você por acaso não tem uma casa aqui, tem?

-Não venho para Long Island.- respiro profundamente.- O hotel mais próximo.- digo quando começo a sentir frio também por causa do banho que tomei.

William começa a dirigir e eu vejo Ruby guardando o caderno dentro da bolsa e pegando o celular enquanto via que tinha várias mensagens perdidas.

-É bom essa noite passar rápido.- ela murmura.

Não sei se eu quero o mesmo que ela.