Capítulo 9 - Ato I: Falhas e Oportunidades
Os dias no Castelo pareciam todos iguais. Havia luxos, belezas e requintes, todos adoráveis aos olhos curiosos. Bailes, saraus, espetáculos. Todo o reino parecia igual.
Os meus dias também eram iguais. Eu acordava e era rigorosamente penteada, vestida e maquiada. Descia as escadas centenárias e me sentava no canto inferior da mesa, às vezes com Victor, sentado no lado superior, às vezes sozinha. Leopold quase nunca estava presente, entretido em estratégias e prováveis combates. Em seguida, Victor se despedia, deixando-me acolhida pelo silêncio do local. E pelos momentos seguintes, bordava, pintava e tocava, alheia ao sentimento sufocante que me rondava.
Eu não sabia que estava imersa em um mar de solidão até reencarnar neste mundo. Para mim, estar sozinha era uma condição natural para uma garota que perdeu sua mãe muito cedo, e que tinha um pai que não ligava muito para o seu bem-estar. Não sabia como nomear aquela pontada aguda que às vezes, quando eu encontrava refúgio nas flores, tocava o meu coração.
Estar alheia aos sentimentos significava não saber como lidar com os sentimentos das outras pessoas. E reencarnar em um mundo onde centenas de sentimentos me atravessam como foguetes em pleno ar, é equivalente a cair de um penhasco sem paraquedas. A queda é iminente, e dolorosa.
Naquele momento, senti faíscas me acertarem na mesma proporção de fogos de artifício. Elas borbulharam e se alastraram, encontrando abrigo no meu cérebro turbulento. Ao fundo, o burburinho dos alunos evidenciava o que estava acontecendo. Na porta, o corpo inerte de Aono dilacerava o meu coração.
- Aono, espera! - Pedi, seguindo o garoto. O corredor caótico impedia que eu tivesse êxito. - Por favor, espera!
Desvencilhando-me, ultrapassei o engarrafamento de rostos curiosos, chegando ao telhado aberto. O vento estava forte e constantemente balançava os fios do meu cabelo, por isso, quando o chamei novamente, as palavras pareciam voar em sua direção:
- Aono.. - Sussurrei, ensaiando um passo. - Você precisa acreditar que não foi eu que escrevi aquilo.
- Preciso? - De costas para mim, as feições do garoto estavam indecifráveis. Mesmo assim, o tom de mágoa em sua voz era nítido, além de um pouco de escárnio. - Não havia mais ninguém naquela sala. Devo acreditar que fantasmas escrevem boatos?
- Sim.. Não. - Pigarreei. - Eu não sei como isso aconteceu. Tenho uma certa desconfiança, mas..
- Eu não sou idiota. - Me cortando, Aono se virava em minha direção, encarando os meus olhos. Os dele, mas noturnos do que o habitual, estavam marcados com um crescente rancor. - Você não cansa de ser mesquinha? Tudo o que você faz.. É tão falso. Você é uma pessoa falsa. Vive em função de parecer mais do que é. Passa por cima de todos por aprovação. Eu tenho nojo de respirar o mesmo ambiente que você.
Aquelas palavras me acertaram com a intensidade de um raio. Catastrófico e ensurdecedor. Na minha mente, milhões de caquinhos de vidros perfuravam as memórias embaralhadas entre o passado e o presente. Sophie poderia merecer aquelas palavras, mas eu não era Sophie. Eu estava ali para consertar as coisas, mas estava piorando tudo? O que eu faria se estivesse no Castelo?
No período seguinte, a carteira vazia me levava para o momento no telhado. As palavras, a mágoa explícita no olhar e nos dizeres que recebi. Não consegui dizer mais nada depois daquilo. O que eu poderia dizer, contra tantas provas que apontavam para mim?
- ...E preciso de uma pessoa responsável por entregar o formulário para Aono Sousuke. Alguém se candidata? - Com a aproximação do acampamento de Primavera, o sensei nos entregava o formulário responsável pela autorização da nossa ida. Os murmúrios com planos para a viagem invadiam o tempo de aula, parando momentaneamente com a menção ao aluno que havia infligido uma das regras do colégio, deixando-o sem maiores explicações.
- Ninguém? - Coçando a nuca, o homem de barba rala demonstrava impaciência ao olhar para a massa de alunos que se entreolhavam, retendo-se ao silêncio. No meio deles, minha mão erguida se evidenciava, trazendo todos os olhares para mim.
- É o meu dever como representante. - Confirmei, levantando-me para pegar a folha. - Entrego quando o Aono voltar.
- Se ele voltar, você quer dizer. - No fundo da sala, um aluno de cabelos espetados parecia se divertir com aquela dúvida. - O cara saiu como um foguete.
- É mesmo. - Do outro lado da sala, a garota com tic-tacs no cabelo se pronunciava. Mesmo sem seguir a direção da voz, sabia que era Kobayashi. - Será que a gente pode supor que foi você quem espalhou esses boatos, Ichikawa-san?
- Claro que não! - Protestei, estarrecida. - Não fui eu que escrevi aquilo.
- Hmmmmm.. - Enrolando os fios de cabelo, a garota prosseguiu. - Eu até acreditaria em você, e eu quero muito, acredite. Mas é que todo mundo aqui sabe do seu histórico nada legal com outros alunos. E eu, pelo menos é o que acho, sinto que a nossa turma não merece uma representante assim.
- É mesmo, Kobayashi? - Atrás de mim, Kaori se levantava, fuzilando-a com o olhar. - E o que você sugere que a gente faça?
- Não é óbvio!? - Ignorando o olhar matador da minha amiga, Kobayashi se dirigia à turma, com um brilho malicioso no olhar. - Devíamos fazer uma nova votação.
Suficiente para causar comoção, as palavras da garota eram como pólvora. Ignorando os pedidos de silêncio do sensei, a turma se espalhava em comentários a favor da garota, e outros contra. No meio de tudo aquilo, me sentia assada em brasas escaldantes, uma sensação parecida com o que sentia ao receber cada olhar de desaprovação em um baile real.
Se eu estivesse no Castelo, fugiria e entenderia que o meu lugar não era no meio deles. Mas eu não estava mais lá. Não era mais uma pessoa incapaz de identificar sentimentos. Neste mundo, eu aprendi a lutar.
- Sabe, Kobayashi.. - Comecei, encarando a garota. Seus olhos pareciam carregados de divertimento quando ela voltou o olhar para mim. - É muito conveniente que você seja a pessoa mais interessada em uma nova votação. Mas eu sinto em te dizer que, mesmo que a turma aceite e me deponha, o cargo de representante não estará vago. Se você não está lembrada, há um vice-representante, escolhido em uma votação alheia à minha. Se eu sair, será o Sasaki-san quem assumirá o meu lugar.
- O Pokko? - Balançando as mãos em desdém, Kobayashi encarava o garoto mencionado. - Todo mundo sabe que ele não tem capacidade. Ele mal consegue tomar conta de si mesmo.
Acompanhada por risadas, a garota retribuía com um balançar de cabelos digno de invejar. Kobayashi era perfeita em muitos quesitos, mas isso não servia para torná-la uma pessoa melhor.
- Você não deveria ser tão mal-educada se deseja tomar o meu posto. - Rebati, desviando o olhar para o garoto que permanecia imóvel. Ao longo dos dias, havia aprendido a diferenciar cada aluno naquele colégio. Ao lado de Aono, Sasaki-san era a pessoa que menos aparecia no meu campo de visão. Em alguns momentos, eu escutava palavras como aquelas sendo referidas ao garoto de óculos que não ousava retribuir o olhar. - Eu acredito que o Sasaki-san tenha sim a capacidade de liderar a turma. Se você parar para prestar atenção nas anotações dele, que é algo que um representante deve fazer, verá que tenho razão. Mas se você só pretende ser representante pelas aparências.. Saiba que vou fazer de tudo para frustrar os seus planos.
Kobayashi ainda rebateria, se o anúncio do intervalo não transformasse a sala de aula em uma debandada. Batendo os pés, a garota saía balançando aqueles cabelos milimetricamente alinhados, deixando-me com a incredulidade das minhas próprias palavras.
- "...Saiba que eu vou fazer de tudo para frustrar os seus planos." - Com tapinhas nas minhas costas, Kaori passava o braço pelo meu pescoço, me puxando para um abraço capaz de me sufocar. - Você foi tão fodona, amiga. Adorei.
- A Kobayashi deve estar espumando de raiva. - Completando as palavras da irmã, Keiko se colocava ao meu lado. - Ela odeia que a desafiem.
- Não sei o que deu em mim. - Afirmei, tendo noção do que havia dito apenas quando as palavras viraram uma lembrança constante. - Eu só.. falei. Tenho certeza que tem dedo dela nisso.
- Ahn.. Ichikawa-san. - Acanhado, Sasaki-san se aproximava, mantendo o olhar fixo no chão. - Me desculpe. Não queria causar toda uma confusão.
- Por quê você está se desculpando? - Me desvencilhando de Kaori, caminhei até o garoto, exibindo um sorriso gentil. Eu gostaria de estar mais próxima de Sasaki-san. Os doces que ele levava pareciam deliciosos. - A culpa não é sua. Se a turma decidir mesmo me tirar do posto de representante, vou ficar muito satisfeita em saber que estou entregando ele à você. Mas, se me permitir.. Vou ser um pouquinho teimosa. Não quero deixar de ser representante.
Olhando-me com surpresa, Sasaki-san ensaiava um sorriso. Não sei bem como era a relação da antiga Sophie com ele. Mas enquanto eu estiver por aqui, será a melhor possível.
- Eu.. eu não acho que tenha sido você que escreveu aquilo. Se precisar.. pode contar comigo para ajudar a resolver esse mal entendido.
- Obrigada. - Agradeci, imersa por um calor irradiante no meu peito. No Castelo, eu não estava cercada de pessoas como Keiko, Kaori, Sasaki e Aono. Não deixaria aquilo escapar. - É muito bom saber que tenho ótimas pessoas ao meu redor.
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No dia seguinte, Aono não apareceu. Nem no próximo. Nem no resto da semana. Sem contato com ele, as chances de provar a minha inocência eram nulas. O assunto já havia sido trocado por outro, e pelas novidades posteriores. Por enquanto, até que se fizesse uma nova votação, Sasaki-san era o representante interino. Com a aproximação do acampamento e do Torneio Esportivo, a turma estava ocupada com atividades e preparativos para os eventos. Nos corredores, as pessoas me cumprimentavam com sorrisos e acenar de mãos, acreditando que não eu não havia ouvido os murmúrios que me rebaixavam. Naquele momento, as palavras de Aono me acertavam, junto das confissões do diário de Sophie, meu principal foco depois de toda a confusão. Ao entrar nesse colégio, achei que a conhecia. Acreditei que conseguiria levar a vida que ela levou, mas, através do aparente controle, viver como Sophie Marie Ichikawa Jones era estar a todo momento em uma corda bamba. Aono tinha razão. Sophie tinha tudo. Status, fama, likes. Mas por trás de todos aqueles sorrisos, elogios e incentivos, haviam olhares em expectativa, prontos para assistir a sua queda. E Sophie sabia disso.
Nas linhas do diário, a garota demonstrava cansaço por levar uma vida à qual tinha que firmar todos os dias. Sem nenhum deslize, Sophie trabalhou para ser conhecida como a garota perfeita. Aprendeu a ser como as meninas que a pouco lhe desprezavam, e a estar no meio delas. Talvez Sophie e eu tenhamos mais em comum do que eu consiga pensar. Talvez essa ligação que nos juntou tenha algum sentido. Talvez, se eu fosse como Sophie, meu destino teria sido outro. No entanto, estaria presa em uma vida de mentiras, cercada por sorrisos vivazes e elogios mentirosos. Mas no fundo, eu seria infeliz.
Não sabia se era certo modificar tanto a vida de uma pessoa que eu não conhecia. Também não sabia se Sophie gostaria que eu esquecesse aquele assunto. Que não lutasse por ele. Na última semana, gastei meus neurônios em dúvidas sobre como seguiria. Em todas as opções, via Aono e o destino que o aguardava, cruel e silencioso. Vi nos sulcos dos seus olhos alguém que eu não podia ignorar. Não importa como, eu queria alcançá-lo.
- Por quê ninguém cuida dessas flores? - Parada a mais ou menos 10 minutos, observava o canteiro de flores parcialmente murchas. As pétalas apontadas para baixo me chamavam a atenção, entristecidas. Aquelas flores eram como o coração do Aono. Eu não poderia fingir que não vi.
Não foi fácil conseguir permissão para cuidar das flores, mas depois de algumas insistências e um empurrãozinho de Kentin - que primeiro me perguntou por quê eu perderia tempo cuidando de algo que não chama a atenção de ninguém - consegui os materiais necessários para reanimá-las. Enquanto sujava as minhas mãos com terra, permiti que as memórias vagassem, levando-me até os jardins do Castelo, exalando os cheiros dos gerânios, margaridas e crisântemos. Não havia tantas variedades nos canteiros do colégio, mas não deixava de ser belo. E ao lembrar das palavras de Kentin, decidi que lutaria por todas as coisas, sejam as que chamam a atenção, ou não. Eu acreditava que, assim como aquelas flores, se houvesse o cuidado certo, as pessoas floresceriam.
- Talvez eu compre algumas sementes.. - Secando as mãos, dialogava comigo mesma enquanto olhava o céu azulado, sendo retirada dos pensamentos florais ao sentir um braço conhecido rodear a minha cintura, me puxando para perto. Kentin cheirava a protetor solar e creme corporal, encostando minha cabeça em seu peito.
- Por quê a minha namorada estava tão distraída? - Tirando-me do chão por um breve momento, Kentin me deixava frente a frente com a claridade dos seus olhos azuis, que pareciam cristalinos contra o sol. - Eu estava te chamando à minutos.
- Ah, eu.. - Sendo colocada de volta no chão, caminhei ao lado do garoto, que agora passava o braço em meus ombros. - Estava pensando em comprar sementes. Para o canteiro de flores. Talvez eu também plante algumas ervas.
- Hm, sei.. - Explicitamente desinteressado, Kentin observava a movimentação de nuvens no céu. - Sabia que você gostava de flores, mas não ao ponto de ficar toda suja de terra.
Empalidecendo, encarei o olhar de desaprovação do garoto, seguindo-o até encontrar algumas manchas de terra na saia, e mais um pouco nos meus cotovelos e joelhos. Kentin parecia prestes a dizer alguma coisa quanto a isso, mas parecendo fazer um grande esforço, nada disse.
- Torce por mim? - Balançando a cabeça em afirmação, encarei a silhueta do garoto se afastar, encontrando em seguida um assento para me acomodar. Devido a proximidade do torneio, Kentin estava treinando junto ao time de basquete. E eu, como sua adorável namorada, estava lá para assistir.
E eu tentei. A cada acerto, eu me levantava e vibrava, escutando elogios e suspiros de garotas que, aparentemente, disputavam a atenção de Kentin comigo. Ouvi o garoto esbravejar e pedir pela bola, vi seus acenos na minha direção, e sorri quando isso acontecia. Mas, em um determinado momento, todas as preocupações das semanas anteriores tornavam-me alheia ao que acontecia naquela quadra, e ao redor dela. Na minha mente, fazia a reconstituição daquele dia, a chuva, o violino, a conversa. As tentativas frustradas de lembrar de algo diferente me faziam apoiar as mãos no queixo, com um semblante diferente do qual a ocasião pedia.
- Eu achei que você estaria mais animada ao assistir o seu namorado jogar. - Não percebi que Kentin estava ao meu lado, até escutar a sua voz. Subitamente, saí do estado de transe e rolei os olhos pela quadra, procurando pelo time que descansava nos bancos. Suado e ofegante, Kentin me olhava com desaprovação enquanto tomava grandes goles de água.
- Eu estava. Estou. Muito animada. Mal posso esperar pra torcer por você no dia do Torneio.
- Você está distante, Sophie. - Coçando a nuca, Kentin deixava a garrafinha de lado. Olhando-o com mais clareza, podia notar alguns fios loiros desgrenhados, que não serviam em nada para deixá-lo feio. Contrariando qualquer expectativa, a forma desarrumada o deixava visualmente mais atraente. Foi nesse sentimento que decidi me focar. - Sei que algo aconteceu.
Lendo a coleção de mangás de Sophie, aprendi que não era uma coisa muito boa esconder coisas do namorado. Como eu não queria que a nossa relação fosse pautada na desconfiança, suspirei, entregando as minhas preocupações.
- O Aono não vem para a escola desde aquele dia. Não consigo provar que não fui eu que escrevi aquelas coisas. Tento encontrar alguma brecha, mas não encontro nada.
À princípio, recebi silêncio. E pelos próximos segundos, mais silêncio.
- Eu acho que você deveria deixar isso pra lá, Sophie. - Cansado, Kentin mantinha o olhar na quadra. - Ninguém se importa se foi você ou não. As pessoas quase não comentam sobre isso. Se não foi você, isso basta.
- Eles fizeram uma nova votação por causa disso. Não posso mais ser a representante. E também tem a situação do Aono..
- Se você quiser, eu abro uma sessão no Conselho para a gente discutir sobre essa votação. - Cortando as minhas palavras, Kentin prosseguiu. - Eu já te propus isso, e você não aceitou. E eu não acho que você deve perder o seu tempo com esse garoto. Não vale a pena.
Assentindo, deixei que as carícias de Kentin em meu cabelo fosse o ato que suspenderia as vozes da minha mente turbulenta. Não poderia ficar enchendo com aquelas coisas, por isso, para ele, eu seria a garota que ficaria animada com tudo o que estava disposto a me contar. Seja pela boa fase dos negócios da família, ou pela aquisição de um carro de corrida. Até mesmo aceitei acompanhá-lo na próxima vez em que ele corresse com os amigos. E sorri, como era esperado de uma garota apaixonada. Não poderia arriscar perdê-lo, não quando tantas coisas desmoronavam e se esfarelavam na minha mão.
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Respirei profundamente, olhando para o alvo à minha frente. Puxando a corda do arco, visualizei o acerto, e esperei. Uma, duas, três vezes. Desafiando-me, todas as flechas paravam muito longe de onde deveriam estar.
- Você parece desfocada hoje. - Me entregando um lencinho, Kaori observava com um muxoxo o resultado do meu treinamento. Apesar de familiarizada com um arco, no Castelo, mulheres não poderiam exercer funções de cavaleiros. Por isso, tudo o que eu tinha era a experiência da vista.
- É. Hoje não é um bom dia.
- Deixa eu adivinhar. - Cruzando os braços, Kaori se aproximava, olhando-me de cima a baixo. - Ainda tem a ver com o lance do Aono.
Balançando a cabeça, voltei a me concentrar. A prática de Kyudo também seria avaliada no Torneio, e como esperado de Sophie Marie Ichikawa Jones, a número 1 da Hachi nessa técnica, eu não poderia fazer diferente.
- Eu ainda não entendo como vocês conversaram tanto. - Trocando olhares com a irmã, Keiko prosseguiu. - Tipo, ele não seria uma pessoa com quem a gente conversaria no dia a dia. Nada contra, só é difícil de imaginar.
- O Aono é uma pessoa muito legal. - Rebati, talvez em um tom mais alto do que eu esperava. Com o susto das gêmeas, prossegui, dessa vez voltando ao tom inicial. - As pessoas o julgam sem o conhecer.
- Pode ser, mas.. Ele também dá motivos. Não desmente os boatos, não fala com ninguém, é todo estranho..
Concordando, Kaori voltava a me olhar, parecendo penalizada. Nos últimos dias, a companhia delas têm sido os meus desabafos. Talvez elas já estivessem cheias desse assunto também.
- Preciso provar que foi a Kobayashi.
- Você tá falando sobre isso a semana inteira. - Mordendo uma unha, Kaori apontava para mim, arqueando uma sobrancelha. - E eu acredito em você, porque a Kobayashi é um porre. Mas você já pensou na possibilidade de não ter sido ela? Aquela garota tem um círculo de amizades, pode ter sido qualquer um daquele grupinho.
Existia a possibilidade. E ao ser mencionada pela gêmea, criou raízes no meu coração, levando-me mais para o mar de desesperança. Mas, algo em mim gritava que as respostas que eu buscava estavam nela. Desde o começo, aquela garota se mostrava irritantemente hostil. E como eu sabia que em todas as histórias havia uma pretensa vilã para afundar os planos da mocinha, na vida real não havia de ser diferente.
Não que eu fosse uma mocinha. Na minha vida passada, não passava de uma coadjuvante cuja morte serviu para o drama do casal principal. E nessa vida, não sabia bem o que era, apesar da minha antecessora ter todos os holofotes voltados para si no quesito protagonismo. Mesmo assim, eu tinha certeza que Kobayashi era sinônimo da palavra problema.
- Ei, Sophicchi, tá escutando? A gente disse que podemos fazer a Kobayashi confessar. Uma armadilha para que ela diga que foi ela.
- É isso! - Clareando os pensamentos tal qual um arco-íris em dia de chuva, me senti idiota por ter uma solução na minha frente e nunca sequer ter cogitado. Era pra isso que servia os amigos? - Já li um mangá que tem a mesma estratégia. A mocinha consegue a confissão da vilã depois de prendê-la no banheiro, e gravar a conversa sem que ela saiba. Como eu nunca pensei nisso antes?
- Você está muito otaku ultimamente. - Desconfiada, Keiko balançava as mãos, como se considerasse a ideia. Talvez, antes de começar a ter esperanças, eu ficasse receosa com aquela desconfiança. Mas agora, vendo uma luz no fim do túnel para todos aqueles problemas que me perseguiam, não conseguia pensar em nada que não fosse a comprovação da minha inocência. - Mas tá, a gente pode fazer assim. No fim da próxima aula de Educação Física, Kaori e eu iremos arranjar alguma discussão para que dê tempo das outras garotas usarem o banheiro. Assim que ele ficar vazio, você manda um ok pra gente liberá-la, assim quando ela entrar vai ser a sua vez de confrontá-la. Se você colocar o celular em cima do vaso sanitário, a gente consegue pegar essa garota. Agora, se não foi ela, nem alguém que ela conhece.. Eu não sei o que a gente pode fazer.
Assenti, escutando o passo a passo de um plano que traria de volta a minha inocência, e com ela, Aono. Eu ainda não sei como o convenceria a voltar para a escola, mas não queria pensar nisso agora.
- Eu tenho certeza que a gente vai conseguir pegar ela. Eu já falei que vocês são as melhores pessoas do mundo? - Chorosa, corri para abraçar minhas amigas, que retribuíram me apertando e fazendo cosquinha. Se eu estivesse sozinha, aceitaria aquele destino. Se não fosse as minhas amigas, não conseguiria ver um novo horizonte se abrindo para mim.
À noite, folheava as páginas do mangá que lia, entretida o bastante com os problemas amorosos da protagonista para prestar atenção na chegada de Yuina. Apenas quando a garota subia as escadas da beliche, encontrando espaço debaixo das cobertas, pude perceber que ela estava ali.
- "O som da Paixão?" Você já leu isso tantas vezes!
"Tantas vezes" era o equivalente a uma vida que não presenciei. Mesmo assim, sorri de lado, concordando.
- Eu gosto desse. - E não estava mentindo. A protagonista, Suri, era fofa demais.
- Esse não é aquele mangá que a protagonista fica com o melhor amigo?
Eu tinha recebido um spoiler. Um spoiler que estava amargando o meu peito por não ter descoberto isso lendo, mas por outro lado, estava com uma pontada de felicidade por saber que a Suri faria a escolha certa. O namorado atual dela é a verdadeira personificação do conceito de pessoa tóxica e é de consenso que ela combine muito mais com o melhor amigo.
- Uhum. - Respondi, misturando alívio e tristeza na confirmação. - Eles combinam mesmo.
- Não sei não.. - Aninhada em meu corpo, Yuina bocejava. - Acho que a Suri não deveria ter terminado o namoro. - Tendo a minha completa atenção depois que fechei o mangá, minha irmã prosseguiu, desta vez com um tom de voz que indicava preocupação. - Mas eu não estou aqui para falar disso. A mãe tá preocupada porque você ficou calada durante o jantar.. Tá acontecendo alguma coisa?
À princípio, quis negar. Mas, pensando se a minha antecessora o faria, decidi que contaria tudo. Ouvindo, Yuina ficava com as bochechas vermelhas de raiva ao escutar sobre o acontecido no colégio, e quando terminei, recebi um abraço tão apertado, que tornava difícil a missão de não desabar na frente da minha irmã caçula.
- Eu queria tanto ir lá te defender.. - Secando meu rosto com carinho, Yuina parecia a materialização do que eu sempre quis. Imaginei Mirian e as noites de conversa que teríamos, as vezes em que ambas usaríamos o colo uma da outra para desabafar. Com esse pensamento, mais lágrimas saltavam dos meus olhos, deixando a menina de cabelos encaracolados preocupada. - Sabe que eu não gosto de ninguém mexendo com você.
Concordei, secando as lágrimas. Nunca imaginaria que um dia, estaria compartilhando segredos com alguém que era família. E aqui estava eu, chorando um oceano e sendo amparada pela minha irmã.
- Sua chata. Isso sou eu que devo falar. - De surpresa, a puxei para outro abraço apertado, sentindo o aroma doce que emanava dos cabelos compridos. Yuina era mais fisicamente parecida com a nossa mãe, mas às vezes eu conseguia ver muito do Richard nela, mesmo não o conhecendo. - E você? Como tá a escola?
Com o foco sendo passado para ela, Yuina retribuiu fazendo uma rápida careta. Mesmo sendo nova no quesito "irmã", sabia que aquilo não significava boa coisa.
- Ei, o que foi? Não tá sendo legal?
- Não, é só que.. - Retraindo-se, Yuina encolhia os ombros, o que só aumentava os meus níveis de preocupação. - Não é nada. Está tudo bem lá.
- Tem certeza? - Insisti. Eu tinha uma boa noção, apesar de precoce, de como era o ritmo colegial de pessoas da minha idade. Na idade de Yuina, não fazia ideia, mas sabia que toda a pressão era bem mais complicada. - Sabe que a sua irmã tá aqui para o que precisar, não é?
Assentindo, Yuina abriu os lábios em um sorriso que eu sabia significar mais do que era mostrado. Eu ainda tentaria saber mais, se não fosse a entrada de Hanako no quarto, não parecendo muito feliz em nos ver ainda acordadas.
- Até parece que as mocinhas não têm o que fazer amanhã, né? Depois, não poderão falar que estão cansadas. - Engolindo em seco, Yuina e eu assentimos, com a mais nova saindo às pressas da minha cama para se deitar na dela. Minutos depois, quando estávamos apenas nós duas novamente, caímos em uma risada contida, temendo que nossa mãe voltasse novamente.
- Boa noite, Yui. - Bocejei, fechando os olhos lentamente.
- Boa noite, Sô.
Ainda naquela noite, sonhei que estava deixando esse mundo. Senti a brisa gelada da morte, pairando naquele corpo sem vida no meio do salão real. Vi todos os meus desejos, planos e vontades partirem comigo para um plano de escuridão profunda. De longe, tinha acesso às imagens do retorno de Sophie, e sua vida ao lado de Kentin, Keiko e Kaori. Tentando alcançar inutilmente, vi os olhos oblíquos se voltarem para mim, raivosos. Nos lábios, antes que a minha existência virasse pó, ouvi as palavras proféticas, reverberando no ar.
"Você não pertence a esse mundo."
✿
Fazendo um caminho diferente do habitual, peguei um trem com destino à Ginza. No caminho, distribuí likes em fotos de gatinhos fofos e uma foto recente de Kaori, comentando uma chuva de corações. Dividindo a atenção com a janela, onde variados prédios apareciam na minha linha de visão, fiquei imaginando como seria a minha reação caso me dissessem que essas coisas existiam, sem que eu tivesse visto com meus próprios olhos. Mesmo a meses nesse mundo, ainda achava estranho o ato de pegar o celular e mandar uma mensagem, ou assistir a um vídeo engraçado no YouTube. Aquilo era louco, mágico e assustador.
- 2 minutos atrasada. - Batendo com o indicador na mesinha, Kimiko Perez olhava para o fundo da minha alma. Minutos depois, sua expressão se suavizou, abrindo um sorriso de saudação. - Eu não te disse que era urgente!?
- Foi mal. - Respondi, sem ter muito o que dizer. Não podia contar que o motivo do atraso se devia à minha mania de admirar a paisagem de todo lugar que eu ia. - Prometo chegar no horário da próxima vez.
- É bom mesmo. Garotas atrasadas não conseguem bons trabalhos. - Apontando para mim, Kimiko me chamava para mais perto. Na minha incursão à vida da antiga dona desse corpo, sabia que o momento de lidar com a dona da Pineapple Productions chegaria. Só não esperava que fosse tão rápido. - E você, querida, está com uma mina de ouro nas mãos.
Antes que eu pudesse indagar, dois braços me agarravam por trás, fechando-se ao redor da minha cintura. Segundos depois daquele susto, a dona dos braços surgia na minha frente, com um sorriso que mostrava todos os seus dentes brancos.
- Soso-chan!! Achei que não voltaria mais. Você tá tão magnífica hoje. Essa saia de babados é tão linda, eu quero muito saber onde você comprou.
Abrindo um sorriso nervoso, balançava a cabeça para a mulher, forçando as lembranças passadas a formarem um rosto. Olhando para Kimiko, esperava que ela entendesse o meu olhar de "socorro", e que finalmente completasse o que estava prestes a dizer. No entanto, a mulher seguiu por um caminho diferente, estreitando os olhos para a garota loira.
- Lya! - Pelo tom, não ia sair coisa boa. - Posso saber o que foi aquele escândalo no Twitter ontem?
- Ah, aquela briguinha? - Mexendo nas unhas, a garota parecia totalmente alheia à aura assassina de Kimiko. - Ué, eu tenho culpa se as pessoas vão no meu perfil falar merda?
- E é por isso que NÃO se responde hater. - Alisando as têmporas, Kimiko prosseguiu. - Você sabe que qualquer réplica vira uma catástrofe.
- Então.. talvez.. seja por isso que hoje eu acordei com 70 mil seguidores a menos?
- Você perdeu 70 mil seguidores!? - Com os olhos visualmente trêmulos, Kimiko tamborilava a mesa. Do meu lado, Lya percebia que disse algo que não devia, e agora estava em maus lençóis. - Você tem noção do que isso significa para o seu engajamento?
No meio de tudo aquilo, me sentia como um boneco de posto. Enquanto as duas discutiam, o assunto sendo debatido ficava cada vez mais claro para mim. Aparentemente, Lya tem um canal de jogos nacionalmente conhecido. Apelidada de "Lya-chan", a garota conta com milhões de views nas suas gameplays. Isso com certeza trás fama para a garota de mechas verdes, mas nos últimos meses, alguns fãs têm a perseguido fora do ambiente dos jogos. Um deles a fotografou enquanto saía com um amigo, e desde então, Lya vem sofrendo ataques de fanáticos que acham ter controle de sua vida pessoal.
- Lya, quando você entrou para esse mundo, sabia que seria assim. - Suspirando, Kimiko abaixava o tom de voz, apaziguando a situação. No entanto, ainda era possível sentir uma severidade na voz. - A mesma coisa vale para as idols, cosplayers, até mesmo para as que desejam modelar. Os fãs veem em vocês uma espécie de titularidade. Quando as vêem com outra pessoa, esse "acordo" é perdido.
- Mas não deveria ser assim! - Intervi, achando tudo aquilo muito absurdo. Em troca de views e likes, as pessoas não podiam controlar a própria vida!?
- Mas infelizmente é, Sophie. E você também tem que ter cuidado ao se expor publicamente com o seu namorado. Mesmo que você já tenha começado os seus trabalhos estando em um relacionamento, ainda tem pessoas que não vão ver essa relação com bons olhos.
- Mas se eles são fãs, não deveriam prezar pela nossa felicidade..? - Indaguei, mas não tive resposta. Abaixando o olhar, utilizei o silêncio da sala para pensar sobre o assunto. Havia muitos fãs legais, e participativos. Muitas pessoas que acompanham o trabalho de outras sem desrespeitar a vida pessoal, mais infelizmente, alguns esqueciam que existia uma pessoa atrás dos holofotes. Levantando o olhar, encontrei os punhos fechados e os lábios apertados de Lya, e tive vontade de abraçá-la.
- Faça uma publicação pedindo desculpas, Lya. E não volte a responder qualquer comentário negativo novamente.
Assentindo, a garota deixava a sala, me deixando sozinha com Kimiko novamente. Sem saber o que falar, esperei até que a mais velha quebrasse o silêncio; ato que não demorou muito.
- Você não têm atualizado suas redes sociais. - Voltando a olhar para o fundo da minha alma, a mulher continuou. - Ser ativa também conta como engajamento.
Balançando os pés, assenti, nervosa. Não podia dizer que aprendi as funcionalidades de um telefone a poucos meses. Nem que era extremamente constrangedor falar com uma câmera. Muito menos que eu não sabia falar, sorrir e conversar com um número de seguidores que nunca havia visto na vida. Mas, pelo o que pude perceber, era o que um influencer fazia.
- Uhum. - Concordei. - Vou atualizar. Mas.. Você ia me dizer uma coisa antes da Lya aparecer. O que era?
- Ah. - Parecendo retornar para o modo "coisa importante", Kimiko retirava uma pilha de papel de uma das gavetas ao seu lado. Empurrando na minha direção, ela esperava que eu lesse as primeiras linhas. Como estava demorando para fazer sentido, a mulher resumia, levando todo o ar dos meus pulmões embora. - Essas são as cláusulas do contrato com a Davenne. A partir de agora, você é a garota-propaganda deles.
Encontrando uma cadeira, me sentei, empalidecida. A Sophie de antes certamente ficaria ensandecida com essa notícia, mas no meu caso, servia para o aumento do meu pânico. Sim, eu sabia que modelar e ensaiar para fotos estava no currículo de "coisas que definem a vida de Ichikawa Sophie", mas caramba! Era querer demais que eu assumisse um papel que significava tanto para ela, sem o risco de fazer cagada como todas as coisas que estavam acontecendo. Diante do meu mini-surto, Kimiko erguia uma sobrancelha, quase como se estivesse diante de um ganhador da Mega, que rasgava o bilhete recusando o prêmio.
- Você não ficou feliz? Eu sabia que você só estava esperando uma oportunidade. Devido ao acidente.. os planos na Court ficaram para trás. Mas agora.. Se você ainda não estiver preparada, eu vou entender.
- Não, eu.. - Encontrando as palavras, uni uma mão na outra, sentindo o suor escorrer por ambas as palmas. - Eu quero muito! É só que.. Por quê eu?
- Hmmm.. - Com cara de quem não estava esperando por essa pergunta, Kimiko coçava a testa. - É o mesmo de sempre. Eles querem inovar e modernizar a marca, trazendo diversidade entre as modelos.. Aquele mesmo discurso que eles usam para falar que saíram do padrão.
Assenti, sentindo uma pontada de culpa irradiar do peito. Aquilo era o que a minha antecessora sempre quis. Estrear em uma sessão de fotos, ter o rosto em revistas e sites on-line. E aqui estava eu, tomando o seu lugar, roubando um momento que lhe pertencia. Depois daquela notícia, não escutei mais nada do que era dito por Kimiko e diferente da ida alegre, a volta para casa era vazia e silenciosa, sem fotos de gatinhos e admirações.
No dia seguinte, a quadra estava repleta de bolas sendo arremessadas de um lado para o outro. Estava acontecendo simultaneamente os treinos de vôlei para o time feminino e masculino, e no saque, eu colocava todo o esforço possível para valer a minha altura de 1,77cm.
Sendo a mais alta das garotas da turma, era claro que elas contavam comigo para levar o time à vitória. Na última hora, acertei 3 saques de 6 lançados, o que significava estar na média. Mas isso não bastava para o grupo de garotas sedentas pela vitória.
- Ichikawa, você tem que abaixar mais o corpo!
- Ichikawa, ergue as mãos um pouco mais para cima!
- Ichikawa, não lance a bola com tanta força!
- Ichikawa! -
Ensopada de suor dos pés a cabeça, assentia para os gritos desesperados, repetindo mentalmente as dicas como um mantra. Com o soar do apito, nunca fiquei tão agradecida pelo fim do tempo de Educação Física. No entanto, com o término de um jogo, começava outro. E nesse, eu teria que fazer o possível e o impossível para vencer.
Troquei um olhar com Kaori, que olhava para mim e para Keiko com avidez. Em seguida, pegando uma bola, a garota seguia na direção de Kobayashi, incitando-a. Kaori era muito boa no quesito irritar as pessoas, e quando ela disse que a atuação da garota nos treinos era deprimente, não deu em outra.
Deixando-as para trás, segui para o banheiro, me limpando. Em seguida, esperei que cada garota deixasse o ambiente, confirmando com Keiko assim que a última garota saiu. Minutos depois, os cabelos esvoaçantes de Kobayashi denunciavam a sua chegada. Gelada, mas decidida, segui até a porta, fechando-a com um baque. A partir dali, comigo parada em frente a saída, ela não poderia fugir mais.
- Agora que estamos sozinhas, podemos conversar de igual para igual. - Comecei, cruzando os braços. - Eu sei que foi você que escreveu aquelas coisas sobre o Aono e a família dele. Você não vai fugir da confissão agora, não é? - Abrindo um sorrisinho de lado, reuni forças internas para parecer o mais cínica possível. Encontrando o olhar indescritível da garota, encarando-me do espelho, sentia o meu coração palpitar, misturando ansiedade, medo e preocupação.
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MINHAS CEREJAS!! que saudade que eu tava de conversar com vocês! Foi longo esse tempo de recesso, né? Mas a espera acabou e já estamos de volta entregando muita confusão e uma difícil tarefa para a Emilli. Muitas coisas aconteceram nesse capítulo que eu posso até dizer que nossa ex-coadjuvante viveu 100 anos em uma semana kkkkkkk e um pequeno spoiler: vem mais por aí! Não deixem de acompanhar os próximos capítulos que estão pegando fogo igual o tempo aqui no RJ (sofrendo). Um xêro bem apertado pra matar a saudade de todos vcs! sz
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