Querido vazio,

Peço que esta carta seja lida no meu enterro pois sinto que tenho que ser ouvida. Por favor respeitem pelo menos essa minha vontade.
Então vamos começar… Se isto está sendo lido provavelmente eu tô morta, se eu me matei sinto muito mas eu tô morta de qualquer maneira, ninguém tem culpa de nada, até porque fui eu quem o fiz, se não fui eu quem me matei peço também que relevem levando em conta que  eu já queria morrer mesmo.
Não quero que todos fiquem tristes, peço que pensem nisso não como no fim de uma vida, mas sim como se fosse o fim de um ciclo e blá blá blá. A única certeza que temos ao nascer é que um dia iremos morrer, isso é fato e eu penso assim,ou pensava, não dá pra saber o que há depois e não dá pra ver o que há dentro de minha cabeça.
Celebrem essa bosta que eu chamei de vida, imprima meus poemas e cole em lugares aleatórios desse Brasil e do mundo, completem meu sonho de conhecer lugares e  de ter reconhecimento caso eu não tenha conseguido; faça uma festa com as músicas que eu gostava e finja que eu estou ali no canto mexendo no celular e observando todo mundo, pois é ali que eu estaria se estivesse viva.
Dê comida aos mendigos pois esse é um dos meus sonhos mais bondosos, e eu me orgulho de um dia ter tido esse desejo.
Eu lhes digo que amei, não uma pessoa real ou algo assim, mas eu amei pedaços de mim que minha imaginação criou usando partes de todos vocês, eu amei a Flor, amei o Jeffrey, amei o Jimmy, a d.j e muitos outros dos quais eu não lembro agora, e parte desse sentimento está escrito em algum lugar na nuvem assim como todos meus até então 16 anos de lamentações amores e raros momentos de felicidade.
Não chorem por mim, quando sentirem falta vocês podem olhar para uma árvore morta e ver nela a mesma beleza que irão ver no meu túmulo algum dia,  pois em ambos a vida um dia prosperou mas agora já não é mais assim, agora a beleza da natureza morta domina e eu peço que vocês a vejam.
  Agora vem a parte clichê da coisa, talvez um dia apareça uma lagarta amarela que mais parece um poquemon no seu braço do nada, não mata essa praga pois serei eu, Ah e um último pedido: não matem os animais.
   Dependendo da sua crença sobre o que acontece após a morte talvez um dia nós nos encontremos novamente, a não ser que depois haja somente o vazio. Se esse for o caso digo adeus. Mas se não for...

Até mais,
Lola.