Meu celular continuou vibrando sem parar. E isso foi suficiente para fazer a minha única ideia em semanas desaparecer da minha mente com um adeus definitivo. Eu me negava a me dar por vencida, e custava a aceitar que aquele momento de bloqueio seria minha ruína na minha tão amada arte.

Peguei meu celular entre suspiros e ergui minhas sobrancelhas ao me deparar com a mensagem de um estranho na minha rede social. Tudo bem que meus desenhos faziam um pouco de sucesso na internet e eventualmente eu recebia mensagens de alguns estranhos me parabenizando pelo trabalho e pedindo dicas e desenhos de graça. Mas aquela mensagem era diferente.

Will: Encontrei um caderno seu na estação de metrô ontem.

Will: Parece ser importante.

Will: Vai querer de volta? Se não quiser, posso ficar com ele?

Revivi meu dia anterior tentando imaginar que caderno poderia ter esquecido na estação de metrô. Comecei a vasculhar minhas coisas e putz!

Helen: Boa noite! Acabei de conferir meu material e parece que realmente esqueci algo ontem. De qualquer forma, me envie uma foto do caderno, por favor.

Alguns minutos depois surgiu uma foto no chat do caderno mais esquisito e esbagaçado que eu tinha. Era uma coisa de infância na verdade. O professor pediu que tirássemos um tempo para avaliar nossa evolução e eu decidi levar um dos primeiros esboços da minha vida. O amaldiçoado resolveu ser esquecido no metrô.

Por sorte eu sempre preenchi com muito cuidado as etiquetas de informações para caso perdesse alguma coisa minha e até os materiais mais antigos eu me dei o trabalho de identificar, podia ser mero materialismo, mas eu não gostava da ideia de perder as minhas coisas, principalmente se essas coisas fossem minha arte.

Helen: É esse mesmo. Agradeço por entrar em contato! Como posso pegá-lo de volta?

Will: Onde posso te encontrar? Se for possível, eu levo para você.

Helen: Se não for incômodo, pode entregar na minha universidade? A Royal Holloway. Sou a Helen, do curso de Artes Visuais.

Will: Ok! Sou o William!