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Capítulo 1

— Você perdeu um portfólio inteiro? — Susan disse enquanto eu limpava a geladeira.

Aquele era um dia excepcional em que Susan resolveu participar da faxina. Na maioria dos dias ela nem estava em casa. Eu até tinha me acostumado em ter uma colega de casa estranha como ela, uma garota totalmente alternativa e sem nenhum senso de direção.

— Eu já estou me julgando o suficiente — falei distraída. — Mas o tal William me enviou uma mensagem ontem dizendo que vai me devolver.

— No final das contas você tem sorte — murmurou já se sentando.

Lancei uma careta para ela em ver todas as panelas ainda jogadas sobre a mesa e o armário mais desarrumado do que quando começamos a faxina.

Eu tentava não reclamar muito. Minha colega de casa era uma garota totalmente desorganizada e novidade era quando ela arrumava seu cabelo. Susan era bonita, mesmo desarrumada ela conseguia chamar um pouco de atenção por onde passava. A gente não discutia muito sobre o emaranhado de cabelos crespos em sua cabeça, e que seria melhor se ela os lavasse com mais frequência, mas seu rosto era quase simétrico, com maçãs do rosto marcadas, e eu poderia compará-la com a Angelina Jolie se ela não fosse tão desarrumada.

— Arrumo mais rápido quando você não está aqui! — reclamei e recebi um sorriso travesso.

— Você é muito certinha, Helen! Deve ser porque tem esse gene oriental — brincou com a minha cara. — Dizem que os chineses são muito agressivos, por isso relevo seu jeito.

— Sou descendente de japonês — corrigi cruzando os braços. — E sou totalmente europeia, uma vez que nasci aqui e vivi toda minha vida.

— É, mas seu olhinho ainda é puxado — riu.

Resmunguei um pouco e comecei a organizar a bagunça que ela deixou.

— Ah, ia até te perguntar! — Susan falou chamando minha atenção. — Aquele garoto te deixou em paz?

Neguei com a cabeça e soltei um suspiro ansioso.

— E ele fez alguma coisa recentemente? — insistiu.

— Só as brincadeiras de sempre.

— Você deveria andar armada, viu? Cuidado com ele!

— Tenho cuidado.

— Me liga se achar que está em apuros.

— Seria ótimo se você atendesse alguma das minhas ligações, Susan! — reclamei, o que a fez gargalhar de repente. — Seria ótimo se avisasse quando fosse dormir fora de casa também.

— Vou tentar lembrar da próxima vez — continuou rindo. — Você tem trabalho hoje ainda, não é?

— Sim, e uma aula no primeiro horário à noite — murmurei concentrada em organizar os utensílios. — Mas não devo chegar tão tarde. Vou pegar meu portfólio hoje a noite.

Terminei a faxina sozinha e me arrumei para o trabalho da tarde. Todo semestre eu tinha um emprego novo, um que se adequasse aos meus horários na universidade. Sobre todas as dificuldades da minha vida, meu curso com certeza não era uma delas, embora tudo em volta fosse. Já era considerada louca por ter escolhido estudar Artes Visuais a qualquer curso que fosse capaz de propor uma vida estável. Meus pais desistiram de mim quando apenas falei que iria ser artista, e eu dei meu jeito de ir para Londres e realizar meu sonho.

O trabalho da temporada era cafés e lanchonetes, mas eu fazia de tudo, de vender sapatos a entregar panfletos. Eu não tinha medo de trabalhar.

Corri para a universidade depois do meu turno e chequei meu celular algumas vezes. Não havia nenhuma mensagem de confirmação do William, e fiquei ansiosa, porque queria meu caderno de volta. Algumas vezes eu me preocupava com coisas pequenas e momentos que para outras pessoas poderiam ser banais. Eu me incomodava com o fluxo seguido pela lista de presença durante as aulas, ficava ansiosa com as filas em caixa eletrônicos, me incomodava com desencontros bobos, e me tornava ansiosa quando alguém estava com algo meu que eu considerava importante.

Durante a aula de História da Arte, eu mesma enviei uma mensagem para o desconhecido.

Will: Estou em Londres. Te encontro daqui 1 hora.

— Helen Nakamura — o professor disse de repente e eu sorri sem jeito até perceber que era apenas a chamada.

Jessica riu da minha cara e se aproximou para sussurrar — Qual a distração da vez?

— Perdi um dos meus cadernos e um estranho vai me entregar hoje — sussurrei de volta.

Ela murmurou alguma coisa que não ouvi. Jéssica era tecnicamente minha única amiga no curso. Éramos opostas, mas nossa relação dava certo. Jéssica era loira e atraente, tanto que tinha um namorado novo a cada mês. Enquanto eu poderia ser considerada a asiática mal humorada. Jessica sempre usava vestidos e mini saias, eu sempre estava de bermudas, macacões e calças.

Mas era eu o alvo de Jonathan. Nunca entendi bem o motivo do garoto de ficar fissurado com a minha cara, e o que parecia uma brincadeira nas primeiras semanas do curso, se tornou uma psicose estranha. Jonathan passou a me perseguir e algumas vezes me senti ameaçada pelo seu "desejo" incompreendido.

— E como está indo o trabalho com a equipe de Literatura? — Jess sussurrou outra vez entre os slides da aula.

— Não está indo — murmurei. — Parece que não tive sorte com a dupla. — E você?

— Está indo... Eu diria que a garota de Literatura que está trabalhando comigo é muito fissurada em romances do século XVIII. Acho que vai sair algo bem dramático desse trabalho.

— Pelo menos o seu tem alguma coisa. O garoto que ficou de fazer comigo disse que o foco dele não é escrever, e só está pegando a disciplina para compor carga horária — suspirei e me senti irritada por ter lembrado do trabalho.

Havia uma disciplina interessante, onde alunos de Literatura e Artes Visuais trabalhavam juntos, num projeto de escritores e ilustradores. Mas eu não tive muita sorte com o "escritor" que foi escolhido para trabalhar comigo, e não fazia ideia de que trabalho iria apresentar ao final do semestre.

Estava um pouco distraída com a aula e acabei gastando a tinta de uma das minhas canetas nanquim rabiscando algo em meu pulso, e o que seria apenas uma rosa, tornou-se uma roseira confusa e mal desenhada.

Segurei meu celular com força quando ele emitiu o som de uma notificação. O professor pareceu não perceber e continuou falando sobre a figura projetada no slide. O garoto havia avisado que havia chegado, então saí de fininho durante a aula para pegar meu caderno e terminar de uma vez com aquela agonia.

Procurei pelo garoto da foto do perfil assim que cheguei na entrada do Departamento de Artes. Embora a foto estivesse em preto e branco e mostrava apenas metade de um rosto, consegui identificá-lo. William estava sentado nos degraus da entrada, sugando a bebida cor de chocolate enquanto olhava meu portfólio. A noite estava um pouco estrelada e abotoei meu cardigã azul por cima da minha camisa preta, ficaria com frio se ficasse muito tempo do lado de fora.

— William? — falei chamando sua atenção. Ele levantou o olhar ainda com o canudo na boca. — Sou a Helen!

— Você não tem cara de artista — disse depois de engolir. Espremi os olhos. — É brincadeira! — sorriu.

Por um segundo tive a impressão de que conhecia aquele sorriso. William tinha cabelo liso castanho, o qual estava jogado sobre a testa quase cobrindo as sobrancelhas. Ele tinha olhos grandes, redondos e impetuosos.

— Obrigada por ter vindo até aqui! — sorri um pouco, ansiosa para que ele me passasse meu caderno.

— Deixa só eu olhar mais um pouquinho — pediu abaixando a cabeça outra vez e encarou os rabiscos.

— Por quê? — fixei o olhar no desenho que ele estava olhando. Era uma cabana que havia feito num acampamento de férias quando criança. As pessoas diziam que eu levava jeito para desenho desde cedo, mas eu vivia com meus complexos sobre mostrar meus rabiscos antigos.

— Isso é uma cabana do acampamento em Derbyshire — ele sorriu e me senti chocada por ele ter acertado só pelo meu desenho.

— Você já esteve lá? Imagino que as coisas estejam diferentes agora — murmurei analisando meus traços sobre o papel e acabei sentando ao seu lado.

— Você não lembra mesmo de mim, não é?

— Como assim? — encarei-o desconfiada.

— Sou o Will! — sorriu mostrando os dentes. — Nos encontramos em Derbyshire no verão.

— Fui lá apenas uma vez... — murmurei pensativa e boom! — Aaaaah!

Encarei novamente o rapaz e ele sorriu novamente como se estivesse tentando ajudar a minha memória.

— Você era o menino que vivia chorando nos cantos! — estalei os dedos, feliz pela memória recordar.

William tornou-se sério de repente e até dei risada da sua reação. Certamente não era disse que ele queria que eu lembrasse, mas eu não seria tão romântica assim.

— Que engraçado você encontrar logo esse caderno — brinquei e ele assentiu com a cabeça. — Você cresceu, William!

— Você também — me observou rapidamente.

E ficamos sem assunto no segundo seguinte. Eu me lembrava vagamente do verão inusitado que passei em Derbyshire quando tinha 13 anos, e William era realmente a única pessoa de quem eu lembrava.

— Você deveria me pagar uma bebida por ter encontrado seu caderno! — ele disse de repente e me mostrou seu copo vazio.

— Eu deveria, não é? — sorri um pouco. — Mas estou em aula agora. Preciso voltar!

— Pode me pagar outro dia...

— Você continua chato — brinquei, o que o fez rir. Ele tinha o mesmo sorriso infantil, embora agora seu maxilar fosse mais marcado, William não havia mudado tanto. Eu deveria ter sido capaz de lembrar antes de ele falar.

— Ah, qual é? Estou feliz de ter reencontrado minha ex-namorada.

Estreitei meus olhos em sua direção e não cedi a vontade de rir, mesmo que tenha formado um sorriso debochado em seus lábios rosados.

— Eu não me lembro de ter aceitado ser sua namorada — sibilei séria, o que o fez rir ainda mais.

— Você não se lembra? Até chorou quando terminamos! —continuou me testando.

— Sua versão está distorcida, viu? Quem chorou foi você quando acabou o verão — cutuquei seu ombro, e acabei rindo da situação.

— O que é isso no seu braço? — apontou para meu pulso. — É uma tatuagem?

— É o significado do meu tédio a aula — esfreguei tentando tirar. — Está horrível.

— Achei bonito! — ele comentou. — Bem sexy!

Não consegui esconder minha careta, mas ele acabou rindo da minha reação.

— Olha só, o pequeno Will virou um cara atrevido!

— Eu acho bem atraente garotas com um lado artístico — disse e não consegui olhar diretamente para seu rosto.

— Hum... Você só não sabe que a pequena Helen se tornou uma garota ainda mais malvada — coloquei o cabelo atrás da orelha, mas minha brincadeira só fez o garoto me encarar com mais atenção.

— Ainda mais? — fingiu estar horrorizado, e aquilo me fez rir.

Acabei me sentindo inibida quando me toquei que Jonathan estava próximo a nós, e me encarando diretamente.

— Seu namorado? — William murmurou e olhar para seu rosto pálido chegou a me acalmar.

— Não. Um daqueles psicopatas que não entendem o significado de um "não" — suspirei, mas logo sorri sem jeito por ter dito aquilo.

William olhou mais uma vez para Jonathan, que continuou no mesmo lugar.

— Isso parece ser perigoso! — ele falou com o semblante tenso.

— Não se preocupe, sei me cuidar! Obrigada por ter devolvido meu caderno!

Levantei do degrau e William fez o mesmo, me apresentando o quão alto tinha ficado. Minha cabeça dava na altura de seu ombro.

— Tudo bem! — sorriu.

Nos despedimos rápido e me senti aliviada quando Jessica me ofereceu uma carona. O trajeto que ela fazia para casa acabava sendo bom para mim, porque passava pelo prédio onde eu morava.

Mais tarde, já deitada em minha cama, recebi uma mensagem do William, o que me fez rir e ter dificuldade para pegar no sono. Se tratava de um foto de nós dois com 13 anos, e eu estava ridícula, com os olhos ainda mais fechados por causa do sol e William com as bochechas bem avermelhadas de não usar protetor solar.

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