O recomeço
"Quando meu pai chegou, eu estava sentado no meio-fio e os dois palhaços estavam um de cada lado.
'O que aconteceu?' Meu pai olhando para mim percebendo os machucados, meio que encarou os dois brutamontes.
'Aí... Tu num é aquele travecão que dança lá na boate?'
'Pode crer é mesmo. É isso que dá... Taí, por isso que esse vagabundo é assim, olha o exemplo que têm.'
'Olha só... Vocês estão sendo bem preconceituosos e isso pode gerar problemas para vocês.' Meu pai soltou as palavras na lata, sem cerimônias. Nunca vi ninguém com aquela postura enfrentando dois PMs armados.
'E quem vai abrir o bico?' O cara se aproximou e deu um tapa no rosto do meu pai. Mano, o tapa foi monstro, foi tipo nocaute. Logo o desgraçado agarrou os cabelos dele e ergueu o rosto falando que ele ia ver o que acontece com quem enfrenta a policia. Puxou ele pra cima e empurrou até a parede da igrejinha, aproveitando-se do lugar deserto. Eu sabia o que aconteceria, sabia mesmo.
O outro cara me mandou ficar de pé e olhar bem pra aprender como é ser homem. O gambé que tava com meu pai pegou a arma e colocou nas costelas dele, com a outra mão começou a desabotoar as calças.
Sem pensar em nada eu dei uma cotovelada no nariz do PM que estava ao meu lado e peguei a arma. O outro virou assustado e mirou pra mim. O que tomou a cotovelada tentou me desarmar, só que eu fui mais rápido e soquei ele de novo. O outro disparou pra cima, eu disparei na direção dele, mas acertei a parede. Os tiros atraíram pessoas. Tão rápido quanto se pode imaginar o lugar estava fervendo de gente com celulares nas mãos, filmando e fotografando.
'Ninguém se mete com a minha mãe!' Eu gritei depois de jogar a arma longe. A galera ao redor começou a vaiar os PMs e percebendo que a situação havia ficado tensa, eles tentaram intimidar a multidão falando que se tratava de agressão contra eles, mas não rolou. A galera estava fechando o circulo em cima deles e juro que vi um cara com um trabuco. Aí não deu outra, pegaram as motos e zarparam.
Um cara me cumprimentou, disse que viu tudo e me chamou de herói. Na hora eu só sorri e balancei a cabeça. Depois disso fomos para casa.
Assim que entramos eu fui até a geladeira, peguei uns cubos de gelo, enrolei num papel toalha e corri até a sala. Coloquei o bolinha de gelo no rosto dela e perguntei:
'Tá doendo muito?'
'Não. Já tomei piores.'
'Desculpa! Foi culpa minha. Eu errei. Me envolvi num assalto idiota.'
'Tá... Tá tudo bem. Só me promete que não vai mais fazer isso.'
Olhei para ela, aqueles olhos brilhando com lágrimas, rosto pálido de alguém que viu a morte de perto, dava para perceber que estava apavorada, preocupada e nervosa. Eu segurei a mão dela entre as minhas e naquele momento senti algo que não sentia há muito tempo, uma conexão familiar forte, um vínculo afetivo que não se romperia nunca mais. Naquele momento eu a reconheci como minha mãe, para todo o sempre e disse:
'Prometo, mamãe!' Deitei no colo dela e comecei chorar, sem entender de onde vinha aquele pranto. Ela coçou meus cabelos e me perguntou:
'Posso te chamar de Guto?'
'Deve! Mas antes... Me conta como conheceu a mamãe Larissa."
Guto enxugou as lágrimas que escorriam velozmente pela face e levantou para abraçar a mulher que estivera ao seu lado durante todo o vídeo. Ambos se aproximam da webcam.
— Galera, essa é Nicole, minha mãe. E essa é a história de como a encontrei, depois de ter perdido minha outra mãe. — Ele beijou a face da mãe e voltou-se para a câmera. — Galera, pra terminar, queria deixar uma mensagem, um pensamento meio viajado, como só eu sei fazer. Seguinte... Família é quem te acolhe, não precisa ter seu sangue, nenhuma ligação genética mesmo. Se você tem uma pessoa assim ao seu lado, que te apoia, que te levanta, que te faz caminhar, que preza pelo seu sucesso, que não te julga por teus defeitos, mas trabalha com você para melhorá-lo enquanto ser humano, que te ama seja você o que ou quem for... essa pessoa é sua família. E família a gente não abandona, nunca, jamais. Demonstre aos seus familiares que você os ama, todos os dias... Não precisa de presentes, dinheiro, mensagens elaboradas ou atos heroicos... Basta um abraço, um beijo e três palavras; "eu te amo!" Por mais difícil que seja a convivência entre mãe e filho, ela será sempre mágica. Mãe é um conceito originado do amor, e filho é um conceito originado de mãe e estendido para eternidade. O amor dura para sempre, saca? Se você tem uma mãe... Pode ser biológica, adotiva, virtual, barriga de aluguel, de temporadas, ame-a, pois ela certamente te ama de volta. E posso dizer com certeza... Não existe nada, absolutamente nada, que uma mãe não faria para ver seu filho feliz. Desde enfrentar a labuta, a morte e as mudanças constantes de seus filhos.
Mais uma vez Guto abraçou Nicole e lhe beijou a face. Ela chorava copiosamente e tentava conter o pranto. Ambos sorriram e acenaram para a câmera.
— Galera, é isso... Espero que esse vídeo tenha servido de algo para vocês e lembrem-se, tudo o que precisamos é de amor, mas só vale enquanto estivermos aqui. Tchau e feliz dia das mães!
.........................................................................................................................
Olá pessoas lindas, tudo bem com vocês?
Chegamos ao fim, e aí o que vocês acharam desse conto?
Foi muito surpreende? Já viram algumas situações dessas por aí?
É isso, beijos e abraços da Pri!!!
xoxo
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro