Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

O começo

          Ligou a webcam e se preparou para a live. Assim que conectou, ajustou a imagem de modo que aparecesse ele e a mulher sentada ao lado.

           — Olá pessoal! Eu sou Guto Gibli e você está no meu canal. Como amanhã é o dia das mães, resolvi fazer um vídeo diferente. É. Nada de investigação, ufologia ou política. Hoje, vou contar uma história. A minha história e de dessa pessoa, que amo tanto.

           A mulher tímida olhou para a câmera e acenou brevemente, depois abaixou a cabeça para esconder o sorriso desconcertado. O garoto entrou no foco da câmera deixando a mulher mais ao fundo. Respirou fundo e começou seu relato.

           "Dez de maio, dia das mães há quatro anos. Chovia como se o mundo fosse acabar com um novo dilúvio. Meus sapatos que antes brilhavam de tão bem engraxados, estavam cobertos de respingos de lama. Eu os encarava porque não queria ver o que estava à minha frente. A chuva caía sobre os guarda-chuvas criando uma enfadonha sinfonia de uma nota só. Ouvia o padre ler as palavras da bíblia e verborragicamente proferir seu discurso ensaiado sobre vida eterna e meios de salvação.

           Nada fazia o menor sentido para mim. Minha mãe deixou explicitado que seu enterro deveria ser no naipe americano, tal qual via nos filmes. Meus olhos vertiam lágrimas quentes que escorriam sobre meu rosto álgido, meu corpo tremia de frio e medo, minha cabeça parecia inchada a ponto de estourar e tudo o que eu queria, era que tudo acabasse logo para eu ir para casa.

           Todos disseram 'amém' em uníssono, não me lembro se disse também. Mas depois disso o caixão começou descer, inevitavelmente eu olhei e fui tomado por uma sensação estranha, um vazio enorme que consumia minha consciência e minha vontade de viver, queria descer com ela, mas havia mãos em meus ombros, mãos fortes de um velho determinado a me manter ali.

           Caminhamos para o carro que tinha o estofado forrado com um plástico branco, coisa do velho esdrúxulo. Colei a testa no vidro e observei a chuva cair até chegar em casa. O velho, meu avô, pediu para uma funcionária dele ficar comigo até a manhã seguinte. Disse ele que voltaria no outro dia para falar comigo.

           Assim que entramos, Samanta, a funcionária do vô Beto, foi à cozinha me preparar um chá e fui direto para o banho. A água morna da banheira aquecia e relaxava meu corpo frio e trêmulo. Via o vapor subir e preencher o ar, depois disso... Lembro-me de Samanta gritando desesperada e me enrolando com uma toalha, mas tudo estava enevoado e os sons eram abafados e incompreensíveis. Quando acordei naquela noite, vi Samanta dormindo ao meu lado com o celular nas mãos. Tentei levantar sem incomodá-la, mas não deu muito certo, ela despertou assustada. Conversamos um pouco, foi a única pessoa com quem falei desde que levaram minha mãe de casa. Ela não me perguntou como me sentia, só se eu estava melhor, se estava com fome, com sede, frio, medo... Ela temia tocar no assunto e me machucar. Fiquei contente em ter uma conversa sobre a chuva, sobre os trovões, sobre a tempestade de Júpiter que começou se desfazer e até sobre as animações japonesas que decoravam meu quarto.

          Ela disse que ficou preocupada porque eu estava demorando muito e quando arrombou a porta do banheiro eu estava mergulhado na banheira ensanguentada. Só então reparei nos curativos que ela fez em meus punhos. Me senti um completo inútil que não conseguia nem se matar. Mas esse sentimento durou pouco, pois, quando vi no rosto daquela mulher a preocupação genuína, lembrei-me da mamãe e pus-me a chorar em seus braços incontrolavelmente.

           A noite foi longa. Contei a ela sobre muitas memórias boas que guardava da mamãe, e ela contou sobre a mãe dela, que vivia no interior do Ceará, numa região de lavouras, mas que ela não a via há mais de vinte anos. Aquilo me abalou por dentro, pois, vinte anos não são nada se comparado à eternidade. Por fim, eu consegui dormir.

           Acordei com batidas firmes na porta do meu quarto. Era o vô Beto, vestido em seu belo traje militar. Ele caminhou até a beira da cama e mantendo-se ereto e introspectivo me disse que eu deveria arrumar minhas malas e partir. De certa forma eu esperava por aquele golpe. Minha mãe Larissa era a única pessoa que me apoiava, que me entendia e que me amava.

           'Você tem um pai e ele tem obrigação de te criar, não eu.' O velho cuspiu as palavras sem a menor cerimônia. Disse que a casa era dele e que não ia acoitar vagabundo e filho de pervertido. Não tentei argumentar, nem me defender, afinal... Para mim, era mesmo tudo verdade. Qual é o militar que não odeia um jovem metido a anarquista? Ele sacou do bolso um envelope contendo uma passagem de avião e oitocentos reais. Depois disse que eu tinha até o fim da tarde pra estar pronto, pois ele viria para me dar uma carona até o aeroporto.

           Eu sei o que vocês devem estar pensando... E sim, é exatamente a definição desse cara. Samanta me ajudou com as malas e chorava mais que eu. Ela não conseguia acreditar em tamanha crueldade, não aceitava o fato de ter que trabalhar para uma pessoa como o Tenente Alberto. Tive dó dela, muito mesmo, ainda mais quando ela com toda sua empatia, me deu o número de seu telefone e me disse para ligar se precisasse de algo. Mas não podia fazer nada, minha vida estava se esfacelando na minha frente como uma nuvem de areia.

           Não peguei muita coisa, nem malas eu tinha. Coloquei o essencial: umas camisetas de animes, minha jaqueta do Yamato, minhas parangas escondidas nas bonecas de porcelana e para disfarçar, ungi as roupas e a mala com aquele perfume Cannabis flower que mamãe me trouxe dos States. Eu sabia que seria uma afronta enorme ao senhor certinho, mas àquela altura, eu não tinha mais nada a perder.

            Tudo ocorreu como o desgraçado havia planejado. Eu nem mesmo sabia onde encontrar meu pai, mas o milico sim. Depois que chamaram para o embarque ele me entregou um papel timbrado do exército com um endereço anotado. Era tudo o que tinha para achar meu pai, que foi embora quando eu tinha só dois anos. Tudo parecia estar realmente melhorando. Sim, sim. Fui sarcástico. Fiz a única coisa que tinha para fazer, sentar na poltrona e esperar pela decolagem.

           É impressionante, como você percebe tudo aquilo que tem, só quando perde."

     ......................................................................................................................

Olá pessoas lindas!

Estou aqui novamente trazendo uma história curta para vocês.

Espero que tenham curtido esse primeiro capítulo e que gostem muito da história.

Beijos e abraços da Pri!

xoxo

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro