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Pensamentos Confusos

🌻Brunna Gonçalves🌻

Brunna:Oh... à propósito, vesti uma de suas cuecas. — Dou para ela um pequeno sorriso e puxo o elástico de sua cueca para que ela veja. Ludmilla abre a boca, surpresa. O que é uma grande reação. Meu humor muda imediatamente, eu escorrego para dentro de casa, uma parte de mim querendo pular e dar socos no ar.


Larissa está na sala de estar, colocando seus livros em caixas.

Larissa:Você voltou. Onde está Ludmilla? Como você está? — pergunta-me em tom febril, nervoso. Vem para mim, agarra-me pelos ombros e examina minuciosamente meu rosto antes mesmo de me dizer olá.

Merda... Tenho que lutar com a insistência e a tenacidade de Larissa, e tenho na bolsa um documento legal assinado, que diz que não posso falar. Não é uma saudável combinação.

Larissa:Bem, como foi? Não deixei que pensar em ti por um momento, depois que Yuri partiu, claro. — Ela sorri maliciosamente. Não posso evitar sorrir por sua preocupação e sua ardente
curiosidade, mas de repente, me dá vergonha.

Eu ruborizo. O que aconteceu foi muito íntimo. Tudo isso. Ver e saber o que Ludmilla esconde. Mas tenho que lhe dar alguns detalhes, porque se não, não vai deixar-me em paz.

Brunna:Está tudo bem, Larissa. Muito bem, eu penso, — digo-lhe em tom tranquilo, tentando ocultar meu sorriso.

Larissa:Você pensa?

Brunna: Não tenho nada com o que comparar, não é? — digo-lhe, encolhendo de ombros apologeticamente.

Larissa:Ela fez você gozar? — Caramba, como ela é direta. Eu fico vermelha.

Brunna:Sim, — eu murmuro, exasperada. Larissa me empurra até o sofá e nos sentamos. Ela agarra as minhas mãos.

Larissa:Isso é bom. — Olha-me como se não acreditasse. — Foi sua primeira vez. Uau, Ludmilla deve saber o que se faz. — Oh, Larissa, se você soubesse... — Minha primeira vez foi terrível, — ela continua, fazendo uma cara triste e engraçada.

Brunna:Anh? — Isso me interessa, era algo que ela nunca tinha me contado antes.

Larissa:Sim. Steve Parle. No segundo grau. Um atleta babaca. — Encolhe os ombros. — Foi muito brusco, e eu não estava preparada. Estávamos os dois bêbados. Já sabe... o típico desastre adolescente, depois da festa de formatura. Ugh, demorei meses para me decidir a voltar a tentar. E não com aquele inútil. Eu era muito jovem. Você fez bem em esperar.

Brunna: Lari, isso parece horrível. —Larissa parece melancólica.

Larissa:Sim, demorei quase um ano para ter meu primeiro orgasmo com penetração, e aí está você... na primeira vez. — Concordo envergonhada. - Alegro-me de que tenha perdido a virgindade com uma mulher que sabe o que se faz. — Ela pisca para mim com um olho. — E quando volta a vê-la de novo?

Brunna:Quarta-feira. Vamos jantar.

Larissa:Então você ainda gosta dela?

Brunna:Sim, mas não sei o que vai acontecer... no futuro.

Larissa:Por quê?

Brunna:É complicado, Lari. Você sabe... seu mundo é totalmente diferente do meu.
Boa desculpa. Aceitável também. Muito melhor que... ela tem um Quarto Vermelho da Dor e quer me converter em sua escrava sexual.

Larissa:Oh por favor, não permita que o dinheiro seja um problema, Bru. Yuri me disse que é muito estranho que Ludmilla saia com uma garota.

Brunna:Será que ela...? — pergunto-lhe, minha voz estava várias oitavas mais aguda.
Tão obvio, Gonçalves! Meu subconsciente me olha movendo seu comprido dedo e logo se transforma na balança da justiça para me lembrar que Ludmilla poderia me processar se eu revelasse demais.

Ah... O que pode fazer? Ficar com todo meu dinheiro? Tenho que me lembrar
de procurar no Google "pena por descumprir um acordo de confidencialidade" quando fizer minha "pesquisa". É como se ela me tivesse me passado lição de casa. Talvez eu possa ganhar um diploma. Ruborizo me lembrando do meu A, esta manhã, no meu experimento na banheira.

Larissa: Bru, o que foi?

Brunna: Estava me lembrando de algo que Ludmilla me disse.

Larissa:Você parece diferente, — Larissa me diz com carinho.

Brunna:Eu estou diferente. Dolorida, — confesso-lhe.

Larissa:Dolorida?

Brunna: Um pouco. — Ruborizo-me.

Larissa:Eu também. — ela diz com uma careta de desgosto. — São como animais. — Nós duas começamos a rir.

Brunna:Você também está dolorida? —pergunto-lhe surpreendida.

Larissa:Sim... excesso de uso. - Eu começo a rir.

Brunna: Fale-me mais sobre Yuri e seu excesso de uso, — pergunto-lhe quando paro por fim. Eu posso sentir que estou relaxando, pela primeira vez, desde que estava fazendo fila no banheiro do bar... antes da chamada de telefone que começou tudo isto... quando admirava a senhora Oliveira à distância. Dias felizes e sem complicações. Larissa se ruboriza.

Oh, meu deus... Larissa Carvalho se converte em Brunna Gonçalves. Lança-me um olhar ingênuo. Nunca antes a tinha visto reagir assim por um homem. Meu queixo cai tanto que chega ao chão. Onde está Larissa? O que fizeram com ela.

Larissa:Oh, Bru.. — ela me diz entusiasmada. — Ele é tão... tão... tudo. E quando nós... Oh... é fantástico. — Ela está tão alterada que logo não pode completar uma frase.

Brunna:Eu penso que você está tentando me dizer que você gosta dele. — Ela concorda com a cabeça, rindo como uma lunática.

Larissa:E vou vê-lo no sábado. Vai nos ajudar com a mudança. — Junta as mãos, levanta do sofá e se dirige à janela fazendo piruetas. A mudança. Merda, eu tinha esquecido disso, apesar de haver caixas por toda parte.

Brunna:Muito amável de sua parte, — digo-lhe. Assim o conhecerei também. Possivelmente possa me dar mais pistas sobre sua estranha e inquietante irmã. - Então, o que fizeram ontem à noite? — pergunto-lhe. Ela inclina a cabeça para mim e levanta as sobrancelhas em um gesto que deve dizer: "O que te parece que fizemos, idiota?".

Larissa:Mais ou menos o mesmo que vocês fizeram, mas nós jantamos antes. — Ela sorri para mim. — Você realmente está bem? Parece um pouco sobrecarregada.

Brunna:Estou sobrecarregada. Ludmilla é muito intensa.

Larissa:Sim, já faço uma ideia. Mas ela foi boa para você?

Brunna:Sim, — tranquilizo-a. — Estou morta de fome. Quer que prepare algo? — Ela concorda e coloca um par de livros em uma caixa.

Larissa:O que quer fazer com os livros de quatorze mil dólares? — pergunta-me.

Brunna:Vou devolvê-los.

Larissa:Realmente?

Brunna:É um presente exagerado. Não posso aceitá-lo, especialmente agora. — Sorrio, e Larissa concorda com a cabeça.

Larissa:Eu entendo você. Chegou um par de cartas para você, e Matheus não deixou de ligar. Parecia desesperado.

Brunna:Vou ligar para ele, — murmuro evasiva. Se contar para Larissa sobre Matheus, ela vai querer ele para o café da manhã. Recolho as cartas da mesa.

O telefone me tira de meu devaneio.

Brunna:Deve ser Matheus. — Suspiro. Sei que tenho que falar com ele. Levanto o telefone.— Alô.

Matheus:você voltou? — exclama Matheus aliviado.

Brunna:Obviamente. — Respondo-lhe com certo sarcasmo e rolo os olhos para o telefone. Ele fica em silencio por um momento.

Matheus:Posso ver você? Sinto muito sobre sexta-feira. Eu achava que você e eu iria rolar algo. Me perdoa.

Brunna:Claro que te perdoo, Matheus. Mas não repita isso de novo, não vai rolar mais nada entre nós dois. — Ele suspira profundamente, com tristeza.

Matheus: Eu sei, Bru. Mas pensei que se beijasse você, possivelmente seus sentimentos mudassem.

Brunna: Olha Matheus, você é um cara legal, e eu estou gostando de outra pessoa.— Eu sei que o estou magoando, mas é a verdade.

Matheus:Então, você saiu com aquela moça? — pergunta-me com desdém.

Brunna: Matheus, não sai com ninguém.

Matheus:Mas você passou a noite com ela.

Brunna:Não é da sua conta!

Matheus:É pelo dinheiro?

Brunna: Matheus Como se atreve? — grito-lhe, atônita por seu atrevimento.

Matheus: Bru— ele diz com voz queixosa, em tom de desculpa. Eu não estou disposta a aguentar seus ciúmes mesquinhos. Sei que está machucado, mas já tenho bastante lutando com Ludmilla Oliveira.

Brunna:Talvez possamos tomar um café amanhã. Ligarei para você. — digo-lhe em tom conciliador. Ele é um cara legal e divertido, talvez possamos ser só amigos, mesmo eu não precisando nesse momento.

Matheus:Amanhã, então. Você me liga? — Sua voz esperançosa me comove.

Brunna:Sim... boa noite, Matheus. — Desligo, sem esperar sua resposta.

Lari:O que foi tudo isto? — Larissa pergunta-me com as mãos nos quadris. Eu decido que o melhor quer dizer a verdade. Parece mais obstinada que nunca.

Brunna:Ele me beijou sexta-feira lá na sala de dança e Ludmilla viu.

Larissa: Matheus? E Ludmilla Oliveira? Bru, seus feromônios devem estar fazendo horas extras. Escolhe quem você quer mulher— Ela sacode a cabeça e segue empacotando. Quarenta e cinco minutos mais tarde, fizemos uma pausa para degustar a especialidade da casa, minha lasanha.

Larissa abre uma garrafa de vinho e nos sentamos para comer entre as caixas, bebendo vinho tinto barato e vendo porcarias na televisão. Essa é a
normalidade. É bem recebida e tranquilizadora depois das últimas quarenta e oito horas de... loucura. É minha primeira comida, em dois dias, sem preocupações, sem que insistam e em paz.

Qual o problema que Ludmilla tem com a comida?

Larissa recolhe os pratos enquanto eu acabo de empacotar o que fica na sala de estar. Só deixamos o sofá, a televisão e a mesa. O que mais poderíamos necessitar? Só falta empacotar o conteúdo de nossos quartos e a cozinha, e temos toda a semana pela frente. Resultado!O telefone volta a tocar. É Yuri. Larissa me pisca um olho e vai para o seu quarto, saltitando como se tivesse quatorze anos.

Sei que deveria estar escrevendo seu discurso oficial, mas parece que Yuri é mais importante. O que acontece com os Oliveiras? O que os faz tão absorventes, tão devoradores e tão irresistíveis? Tomo outro gole de vinho. Faço uma rápida busca por algum programa de TV, mas no fundo sei que estou me demorando de propósito. O contrato está queimando dentro de minha bolsa. Terei forças para lê-lo esta noite?

Apoio à cabeça nas mãos. Tanto Matheus como Ludmilla querem algo de mim. Com Matheus é fácil. Mas Ludmilla ... Ludmilla tem um campeonato totalmente diferente, de manipulação, de entendimento. Uma parte de mim quer sair correndo e se esconder. O que vou fazer? Penso em seus ardentes olhos castanhos, em seu intenso e provocador olhar e fico tensa.

Ela nem está aqui, e eu estou ligada. Isso não pode ser só sobre sexo, pode? Lembro de sua conversa suave, esta manhã no café da manhã, a sua alegria com o meu prazer com o passeio de helicóptero, ela tocando piano, essa música tão triste, doce e comovedora...

Ela é uma pessoa muito complicada. E agora comecei a entender por que. Uma menina privada de adolescência, sexualmente abusada por uma malvada senhora... não é estranho que pareça mais velha do que é. Meu coração se enche de tristeza ao pensar no que no que ela deve ter passado. Sou muito ingênua para saber exatamente do que se trata, mas a pesquisa deve me dar um pouco de luz. Embora de verdade, quero saber? Quero explorar esse mundo do qual não sei nada?

É um passo muito importante. Se não o tivesse conhecido, seguiria tão feliz, alheia a tudo isto. Minha mente se translada para a noite de ontem e a esta manhã... a incrível e sensual sexualidade que experimentei. Quero dizer adeus a isso? Não! exclama meu subconsciente... Minha deusa interior concorda em um silêncio zen, para mostrar que está de acordo com ele.

Lari volta para a sala de estar, sorrindo de orelha a orelha. Talvez ela esteja apaixonada. Eu olho para ela, boquiaberta. Nunca se comportou
assim.

Larissa: Bru, vou para cama. Estou muito cansada.

Brunna:Eu também, Lari. — Ela me abraça.

Larissa:Alegro-me que tenha voltado sã e salva. Há algo estranho em Ludmilla, — ela acrescenta em voz baixa, em tom de desculpa. Eu sorrio para tranquilizá-la, embora pense... Como diabos ela sabe? Por isso ela será uma jornalista tão boa, por sua infalível intuição.

Pego a minha bolsa, vou para o meu quarto com passo desinteressado. Os esforços sexuais das últimas horas e o total e absoluto dilema que me enfrento me deixaram esgotada. Sento-me na cama, tiro da bolsa com cautela, o envelope de papel pardo e dou voltas com ele entre as mãos. Estou segura de que quero saber até onde chega à depravação de Ludmilla? É tão assustador. Respiro fundo e com o coração na garganta, eu abro o envelope.

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