Ian

No dia seguinte, quando acordei e passei a mão ao meu lado da cama estreita, não encontrei Angie ao meu lado, o que acabou me deixando um pouco preocupado. Onde ela poderia ter ido?

Minutos depois me lembrei de que ela também trabalha, sendo assim, tem mais coisas para fazer e não deve apenas ficar trancada aqui dentro comigo.

Antes de eu chegar a algo, meus pensamentos foram interrompidos por Steven, que acabou de chegar, trazendo uma mochila consigo.

— Bom dia, bela adormecida — ele disse ao entrar, me deixando confuso. — Já viu que horas são?

— Bom dia, e não, eu não vi — eu respondi, me esticando para pegar meu celular ao meu lado na cômoda.

Ao ver que horas são, meus olhos quase pularam para fora da órbita. São exatamente 13:30 horas. Como caralho eu consegui dormir por tudo isso de tempo?

— Parece que a Angie faz milagres, nunca vi você dormir tanto.

— Pois é, eu mesmo também nunca me vi dormir tanto, e a gente não foi dormir tarde ontem. A propósito, sabe onde ela foi? — não deixei de externar minha dúvida.

— Foi na empresa, ela disse que vai conversar com o chefe dela. Eu acho que o Robert vai deixar ela passar esses dias aqui, ele é um cara legal — ele disse, deixando a mochila em cima da cama. — Aqui, tem coisas suas, inclusive sua escova de dentes.

— Como você sabe o nome dele? — eu perguntei, revirando a mochila em busca de algumas coisas. — E por que tem camisinha aqui? — eu perguntei indignado, erguendo os pacotinhos de camisinha.

— Robert e eu conversamos naquele dia que todos nos encontramos naquele restaurante, no dia em que você e Angie terminaram. E as camisinhas, nunca se sabe quando você vai precisar.

— Nós não vamos transar aqui! — eu lhe disse, ainda indignado.

— Tem certeza?

No momento em que eu iria rebater dizendo que não, não iríamos transar em um hospital, a cena de Angie entrando em meu quarto vestindo aquelas roupas de enfermeiras super sexys, com possivelmente uma lingerie branca por baixo, me veio em mente. Apenas com essa visão, posso sentir meu corpo ficar mais quente.

Ian, se concentra, pelo amor de Deus.

— Quando foi que você teve tempo de conversar com Robert? — eu perguntei, só jogando as camisinhas dentro da bolsa novamente. Ele sorriu ao ver que eu não iria reclamar mais.

— Você e Angie estavam tão ocupados em não prestar atenção em nada à volta de vocês que nem perceberam que todos nós estávamos conversando — bom, eu realmente não prestei atenção em nada.

Mais algumas horas se passaram, eu já havia feito todas as minhas higienes necessárias, finalmente pude tirar aquela roupa de hospital horrível e vestir uma de minhas confortáveis roupas de ficar em casa. Agora, eu estou deitado em minha cama, lendo um livro qualquer. Steven já foi trabalhar, então eu fiquei aqui praticamente sozinho, com exceção das enfermeiras que entravam e saíam de vez em quando.

— Olá! — Angie disse, assim que entrou no quarto, logo se aproximando.

— Olá — eu respondi sorrindo, logo deixando o livro de lado.

— Como está se sentindo? — ela perguntou, me dando um selinho.

— Muito bem, e muito melhor agora que você está comigo — eu retribuo o selinho e lhe dou mais um, arrancando um sorriso seu.

— Eu falei com o médico, ele disse que se você se recuperar bem vai poder ir para casa essa semana ainda.

— Que bom, fico muito feliz em saber disso — eu respondi, ainda sorrindo por a ter aqui.

Angie e eu conversamos por bastante tempo, onde ela me contou que seu chefe permitiu que ela trabalhasse apenas meio período para que pudesse ficar comigo, o que eu disse que não era necessário, mas ela insistiu e disse que não se importava com isso e que cuidaria de mim.

⚫🖤⚫

Uma semana se passou após todos os acontecimentos, eu finalmente pude voltar para casa, mas ainda não pude voltar a trabalhar até a próxima semana. Felizmente, Angie vem me ver com frequência, e faz questão de se certificar de que eu vou comer bem. Claro, eu acredito que isso tudo não seja necessário, principalmente o tempo em que tenho que passar longe do trabalho. Mesmo assim, tendo Angie sempre comigo, quem sou eu para contestar a decisão do médico, não é?

Hoje, Angie vem me ver novamente. Ela trabalhou durante a manhã e agora está livre para poder ficar comigo. Depois de ela ter dito que me perdoou, eu consigo sentir que no fundo ela realmente me perdoou, e sei que ela não disse apenas da boca para fora. Angie é mais transparente do que ela gostaria.

Eu havia acabado de sair do banho quando a campainha tocou, indicando que alguém estava à minha espera, e o fato de o porteiro não ter interfonado significa que provavelmente seja Angie. Acabei com minhas suspeitas assim que abri a porta e a encontrei ali, linda como sempre foi.

— Boa tarde! — ela me cumprimentou animada, me dando um beijo antes de entrar.

— Como você está? — perguntei, a prendendo em meus braços para poder lhe dar mais um beijo. — Eu estava com saudades.

— Eu estou bem, e também estava com saudades — ela responde, retribuindo meu beijo. — Já comeu? — eu assenti, revirando os olhos. É sempre uma das primeiras coisas que ela me pergunta. — Hum, o que quer fazer hoje?

Eu parei para pensar um pouco, e me lembrei de algo que estou com saudades de fazer com ela, algo que era quase rotina quando nos víamos. Não, eu não estou falando de sexo, mesmo que eu esteja com saudades de fazer isso com ela também.

— Quero cuidar de você — eu respondi, olhando no fundo de seus olhos. — Sinto falta das vezes em que eu cuidava de você — eu ainda não havia soltado ela, ainda estávamos abraçados.

— Certo, tuudo bem.

Antes de seguirmos para algum lugar do apartamento, eu lembrei de uma coisa que nunca havia feito, e fui rápido em externar meu desejo.

— Posso lavar seu cabelo? — sei que já tomei banho, mas não me importo de tomar outro, se for para tê-la comigo.

— Está falando sério? — ela perguntou, meio confusa.

— Estou sim, eu nunca fiz isso, e queria fazer.

— Tudo bem, então — ela respondeu, sorrindo.

Em seguida, nós fomos até meu quarto. Segui até meu closet para pegar uma roupa para nós dois, já que obviamente iríamos nos molhar. Quando voltei, encontrei Angie olhando para o armário onde guardo todos os meus objetos de prática BDSM.

— Sentiu falta? — perguntei, vendo ela se assustar.

— Não. Quero dizer, sim. Ai, meu Deus. Não é isso, é que eu só estava curiosa — observei ela se enrolar com as palavras, a vendo nervosa. Me aproximei dela.

— Curiosa com o que? — perguntei baixo, com um tom sensual.

— Ah, é... Ele não estava no outro apartamento? — ela perguntou, se referindo ao armário.

— Estava sim, mas mandei trazer para cá, já que é aqui onde eu realmente moro. Como sabe, eu estava lá antes por causa da reforma deste apartamento. E também, agora que voltei para cá, já aluguei aquele lá.

Sem mais palavras, a puxei para o banheiro que tenho em meu quarto. Quando entramos eu liguei a torneira da banheira, fazendo com que Angie se sentasse sobre a tampa do vaso, até que a banheira terminasse de encher. Depois, quando finalmente encheu, tirei minhas roupas e entrei na banheira, vendo Angie me olhar tímida.

— Quer que eu feche os olhos? — eu sei que já fizemos mais que isso, mas sei bem o quando ela é tímida.

— Não precisa — ela respondeu baixo, já começando a tirar suas roupas.

Para deixar que ela ficasse mais confortável, desviei meu olhar para algum lugar qualquer. Voltei meu olhar para si novamente apenas quando a senti se sentar na banheira, de costas para mim, com os cabelos soltos.

E dentre todos os banhos que já tomei, com toda certeza, aquele é um dos meus favoritos.