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Psicopata?! Espero que não

Entrei na sala da aula teórica de Topografia já sentindo calor apesar de nem ser oito horas da manhã ainda. Era fevereiro, início do semestre letivo, e o verão estava muito quente, o pior de todos os anos.

Me sentei no mesmo lugar de sempre, no canto, perto da janela. Peguei meu relatório e dei mais uma olhada antes que o professor chegasse.

Entre minha mesa e a parede havia um papelzinho encaixado. Puxei, sentindo meu coração acelerado e olhei em volta. Não havia tantas garotas na turma de Topografia. Algumas estavam sozinhas lendo alguma coisa, e as que estavam juntas não paravam de rir, ninguém me observando. Fiquei tão ansioso que abri rapidamente o papel.

"Oi João Pedro!

Ontem mordi um pedaço de limão antes de dormir. Fiquei espantada com minha careta.

Ah, sabe uma coisa engraçada? Passei numa confeitaria ontem e lembrei de você, lembro que você tem cheirinho de torta, daquelas bem doces com glacês ornamentais. Eu gosto de torta.

Só queria desejar um bom dia hoje!

De sua Admiradora Secreta"

Encostei minha cabeça na parede com um sorriso bobo. Como ela poderia conhecer meu cheiro? Nem perfume eu usava, tinha medo que tudo que ela pudesse sentir fosse o odor de suor de toda correria que eu vivia. Argh! E aquele verão estava sendo castigante, eu vivia suado. Cheirei meus pulsos, intrigado, mas não senti cheiro de doce em mim. Será que era algum tipo de metáfora? Sinceramente, não era muito bom com poemas e metáforas, e talvez por isso que eu estivesse no campo das exatas e tecnologia. Mas minha admiradora era poética e intelectual, o que me fazia admirá-la.

Apenas me ajeitei na cadeira quando o professor entrou na sala e Jean se jogou no assento ao meu lado. Guardei o bilhete em minha mochila e observei o garoto bocejando.

— Virei a noite — resmungou coçando os olhos.

— Não vai dormir na aula! — dei um soco em seu braço, divertido.

Desviei do seu tapa e parei de rir quando o professor começou a aula. Depois de recolher os relatórios, assistimos a uma aula sobre levantamento planialtimétrico e o professor disse que faríamos um trabalho em grupo sobre. Mas o horário da aula acabou e a explicação do trabalho ficou para depois.

Transferi o dinheiro para a conta da minha mãe no intervalo das aulas e esperava que aquilo fosse suficiente para eles até o próximo mês. Fiz algumas contas sobre as coisas que precisaria cortar naquele mês para sobreviver. Será que dava para conseguir outro emprego?

— João Pedro, conseguiu o limão? — dona Ana abaixou os óculos quando me aproximei da recepção da biblioteca. Sorri e concordei com a cabeça. — Você parece mais disposto hoje.

— Eu dormi bem — confessei deslizando a alça da mochila pelo meu ombro.

— Os alunos deixaram vários livros espalhados pelas mesas.

Depois de guardar minha mochila e dar mais uma checada em meu armário, fui trabalhar. Minha admiradora secreta havia deixado uma mensagem na sala de aula. Maior parte do tempo eu ficava pensando que tipo de pessoa ela seria, e me pegava olhando as garotas do campus tentando visualizá-la, porém nunca dava certo.

Sei que pode parecer assustador, e no início temi que fosse alguma psicopata atrás de uma vítima. E talvez fosse. Mas queria acreditar que não, que uma psicopata não se daria ao trabalho de mexer com um homem tão ocupado e esquisito como eu, embora eu realmente pudesse parecer a vítima perfeita que ninguém daria falta... Mas ela era tão romântica, gentil e inspiradora, que foi me convencendo com o tempo.

Comecei a guardar os livros entre as prateleiras. Naqueles momentos eu acabava descobrindo o segredo de várias pessoas, porque elas cochichavam ali, e eu apenas continuava colocando os livros em seus devidos lugares.

Sorri em silêncio quando ouvi duas garotas na prateleira de trás cochichando. Elas pareciam estar discutindo, e eu não precisava me esforçar para escutar.

— Ele está bem ali — uma delas sussurrou.

A outra garota apenas suspirou e não disse nada.

— Eu vou falar com ele — ela continuou sua discussão solitária. — Seja gentil. Vamos resolver logo isso.

— Eu sempre sou gentil — a outra respondeu num tom de lamento. — Você que está nervosa, não eu.

— Não estou nervosa — soltou o ar pela boca. — Mas vocês não estão me ajudando.

— Estou ocupada. Vou estudar.

Acabei rindo um pouco, mas fiquei estático quando olhei para o lado e vi uma colega me encarando, na verdade a menina que estava discutindo deu a volta na prateleira e me encontrou. Era a Ingrid, uma colega de curso. Sorri, precisava fingir que não estava escutando sobre ela e sua amiga irem falar com um garoto.

— Oi — ela sorriu, se aproximando. — João Pedro, posso falar com você rapidinho?

Pisquei um pouco. O garoto era eu?

Assenti com a cabeça. Ingrid estava sozinha e limpou a garganta antes de começar a falar.

— É sobre o trabalho de Topografia — concordei quando ela disse. — O professor pediu que separássemos os grupos, e parece que só tem o Jean e você sobrando, e nosso grupo está incompleto. Vocês querem fazer o trabalho com a gente?

Ingrid olhou para trás e revirou os olhos quando contemplou o vazio. A outra garota não estava com ela.

— As outras integrantes estão ocupadas com uma prova que vai ter amanhã. — ela explicou. — O grupo é composto por mim, pela Cecília e a Natália.

— Ah sim! — assenti. — Tudo bem!

— Combinado então! — Ingrid fechou o punho esperando que trocássemos algum tipo de cumprimento. Respondi seu pequeno soco, e ela riu um pouco com aquilo. — A gente se vê na aula, JP!

Precisava lembrar-me de avisar ao Jean que daquela vez não seria apenas nós dois. Eu conhecia pouco meus colegas, porque nunca estava tendo tempo livre no campus para conversar com as pessoas, e nunca conseguia ir às confraternizações.

Dona Ana estava atendendo algumas pessoas na recepção, e me sentei ao seu lado depois de terminar minha tarefa. Dali consegui ver a Ingrid conversando com as outras duas meninas que andavam com ela. As três eram um grande contraste. Ingrid era uma garota preta, as maçãs do seu rosto eram altas, ela vivia mudando de penteado, naquele dia estava com tranças compridas, muitas vezes nem a reconhecia por tantas mudanças. Cecília era descendente de asiático, não sei se japonês, coreano ou chinês; ela era baixinha, tinha olhos pequenos, cabelos curtos e bochechas redondas. Natália era como uma modelo, alta, magra, com longos cabelos cacheados loiros e olhos azuis.

***

Estava tendo dias bem cansativos e só queria que o tempo passasse mais rápido. O trabalho de entrega de pizza era o mais desgastante. Acredita que meu chefe descontou mesmo o preço do limão? Setenta centavos.

Quando cheguei no dormitório naquela noite, Sandro ainda estava acordado e parecia estar estudando em sua escrivaninha. Ele olhou rapidamente para mim e voltou a se concentrar.

— Você deixou a toalha no banheiro — ele disse sem me encarar e sorri sem graça.

— Desculpe — respondi pegando uma roupa que estava jogada sobre a cama. — Você tem prova?

— Sim. Faça silêncio.

Fui para o banheiro e soltei um suspiro de cansaço. Na maioria das vezes eu só queria poder relaxar de verdade, mas parecia que minha cabeça vivia em alerta. Havia desistido de ser amigo dele, parecia que não importava o que eu fizesse para chamar sua atenção, meu colega de quarto não queria conta comigo.

Depois do banho me sentei na cama e peguei meu celular, o qual estava recebendo muitas mensagens do Jean, falando idiotices e contando sobre uma garota de Biologia que ele estava interessado. Jean vivia dizendo que eu não parecia interessado em garotas, mas na verdade eu vivia concentrado em encontrar uma garota. Rolei na cama, mas senti aquela velha culpa de não estar fazendo algo útil, sabendo eu que não teria tempo sobrando para fazer depois.

Fui para minha escrivaninha e resolvi tentar responder algumas questões da lista de Cálculo Diferencial. Achei estranho quando vi a pontinha de um papel num bolso lateral da minha mochila. Meu coração até acelerou quando vi que era uma mensagem num papelzinho dobrado.

"Hoje me senti patética.

No ônibus vi uma frase de um livro que uma moça estava lendo ao meu lado. Fiquei pensando naquilo durante todo percurso, e até digitei a frase no Google, é de William Shakespeare.

Ele diz assim: Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar.

É sobre o que sinto por você.

Só queria dizer que te admiro. Você sempre está enfrentando a vida de frente e fazendo coisas que nenhuma das pessoas próximas a você conseguiria com tanta força de vontade. Me sinto patética perto de você. Fico com medo até de pensar sobre o quanto você me acha idiota.

E se um dia eu te contar sobre quem sou, será que se apaixonaria por mim também? Será que pensa que sou uma psicopata louca que vive te seguindo e tem fetiches esquisitos? Mas sabe, se você ainda não me encontrou talvez seja porque não quer, ou não me enxerga mesmo... E isso me faz ainda mais patética, não é?

Espero que lembre de dormir pelo menos, no pior dos dias, 5 horas de sono. Que se alimente bem, e coma torta de vez em quando, me anima. Se cuide, João Pedro!

De sua Admiradora Secreta"

— Se eu pudesse responder, se houvesse uma forma de você saber sobre o que penso... — sussurrei passando o dedo pelas palavras. — Não estaria se sentindo assim.

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