021
Algumas horas atrás eu estava no enterro, mesmo que metade daquela ilha foi.
Nunca estive em um antes, mas com certeza o clima é muito chato e entediante, então só preferi ir embora mesmo.
Aproveitei que todos estavam no enterro da xerife Peterkin, exceto a Sarah, para poder ir na mansão dos Cameron conversar com a Sarah e realmente saber se ela ainda estaria disposta a ajudar os pogues a incriminar o pai dela e pegar o ouro de volta.
Subi no telhado pela árvore que estava ao lado da janela do quarto dela e bati três vezes vendo a mesma sair do banheiro com curiosidade, ela suspirou fundo ao me ver e sem perder tempo se aproximou abrindo a janela.
── O que esta fazendo aqui? - A garota questionou me observando entrar
── Não queria ver sua família fingindo que está tudo bem depois de tirarem uma vida, então resolvi vir quando não estivesse ninguém. - Falei vendo sua expressão se entristecer
── Não consigo parar de pensar, nem acredito que meu próprio pai fez isso. - Murmurou se sentando na cama com seu olhar baixo
── Não que seja culpa sua, pelo menos você não está envolvida e se forem presos, você não vai junto. - Tentei a confortar ── Só o seu pai e o seu irmão por serem cúmplices, mas pelo menos você vai ter a wheezie.
── Como a minha família pode ter se tornado isso do dia pra noite? - Uma lágrima escorreu pelo seu rosto mesmo que ela tentasse segurar a todo custo
── Olha, eu não sei muito bem o que dizer, mas vou ficar do seu lado. - Me aproximei segurando a mão da loira que me olhou com um sorriso fraco em seu rosto
── Queria ser igual você. - Sarah disse ── Você nem chorou quando seu pai foi embora, e não se importa muito com o que acontece ao redor.
── Bom, talvez isso não seja uma dádiva muito boa de se ter. - Comentei, mas por um outro lado, para mim era.
── Eu vou ajudar os pogues. - Ela enxugou mais uma lágrima escorrida em suas bochechas e me olhou acenando positivamente ── Vou ajudar vocês a fazer isso.
── Primeiro, você tem que arranjar um jeito de sair daqui. - Suspirei pensativa
── Eu vou. - Assentiu ── Já arrumei as minhas coisas, só não tem lugar pra ir.
── Provavelmente você fique na casa do namorado que não me disse ter.
── Foi mal, o John b disse que era segredo. - Ela sorriu sem jeito ── O que eu deveria ter contado do mesmo jeito porque você é a minha melhor amiga.
── Não vamos falar disso agora, depois eu discuto sua traição. - Ironizei ── Mas fica com isso. - entreguei o celular da Kiara
── Como convenceu a Kiara de me emprestar isso? - Sarah indagou soltando um riso
── Ah, ela não sabe. - Ri de volta ── Eu disse que iria ficar e o meu seria pra você, mas ainda preciso dos meus contatos.
── Beleza então, eu não conto pra ela.
No momento seguinte, paramos a conversa por ouvir um barulho emitido na frente da casa e isso me faz levantar em quase um pulo para olhar pela janela, vejo o carro preto estacionar na frente e logo os quatro descerem.
── Merda! Eles chegaram! Tô fodida. - Corri de um lado para o outro indecisa se vou pela porta dos fundos ou pulo a janela mesmo
── Vamos pros fundos. - Sarah segurou minha mão me puxando para fora do quarto, assim descemos as escadas e fomos para a cozinha saindo para o quintal dos fundos
Enquanto todos entram pela porta principal, eu e ela corremos pelo quintal até chegar onde deixei a minha bicicleta jogada. Eu subi na mesma e dei uma última olhada para ver Sarah parada ali me observando ir, então apressei indo mais rápido
Mas a imagem de quase dois metros que aparece na minha frente me faz querer frear e quase cair no chão, se não fosse pelo mesmo segurando a bicicleta e a fazendo parar e me dar tempo de apoiar os pés no chão.
── Cara, "Cê é algum tipo de assombração maligna? - Questionei ao sentir meu coração disparar pelo susto ── Juro que você estava dentro da casa.
── Porque você veio aqui? - Rafe ignorou todas as minhas palavras para me perguntar isso
── Ver a minha amiga que está em cárcere privado. - ironizei descendo da bicicleta e a puxando do Cameron
── Eu te mandei milhões de mensagens e você não me respondeu nenhuma.
── Não tenho nada para falar com você e o seu pai assassino, herdou isso dele? - Implico fazendo sua expressão escurecer
── Olha, eu sei que parece ser demais pra você, mas não tive escolhas. - Tentou explicar como se realmente houvesse uma explicação
── Não quero te ouvir, e olha, eu nem preciso porque o nosso contrato acabou. - Segurei firme a bicicleta para tentar passar, mas o Cameron me impediu mais uma vez
── Amber. - Empurrei o maior com o medo da reação dele logo a seguir, mas o mesmo não fez nada, ele apenas se afastou colocando suas mãos para cima
── Na verdade, Rafe, não fiquei chateada por ter feito aquilo porque não me importo o suficiente com ninguém. - Disse, me aproximando mais um pouco do Cameron que me olhou curioso, sobrancelhas franzidas e em silêncio ── Eu tô é com raiva por você ter mentido pra mim.
Não lhe dei mais chances de dizer nada, comecei a me afastar enquanto empurrava a bicicleta deixando o Cameron para trás. Dei uma última olhada para trás e vi Rafe ainda ali parado feito um poste, e subi começando a pedalar.
Aproveitei o caminho para passar em uma lojinha que vendia comida, bebidas e o dono ainda sabia arrumar aparelhos eletrônicos. Entro sendo recebida pelos sinos que acima da porta que alarmam a minha entrada, e os olhos atentos do Homem logo voam em minha direção para saber quem era.
── O que a senhorita deseja?
── O meu celular caiu no xixi, seja que consegue consertar ele essa semana ainda? - Tirei o mesmo do bolso do meu celular e coloquei em cima do balcão
── Que tipo de xixi? - Ele olhou o aparelho sem coragem para tocar enquanto suas mãos paravam no ar e sua expressão era enojada
── Sei lá, Faz diferença pras peças do celular o tipo do mijo?
── Não, mas para mim.. - Murmurou colocando uma luva na mão
── Vai conseguir arrumar? - Lhe mostrei o meu sorriso mais gentil
── Vou tentar.
── Isso quer dizer que vai conseguir, né? - Perguntei
── Isso quer dizer que vou tentar arrumar. - Ele me olhou com aqueles olhos grandes ainda mais arregalados
── Mas eu preciso que consiga arrumar. - Insisti
── Ok! Garota chata, eu vou conseguir arrumar essa droga. - Disse, bem gentil.
── Não precisa se descontrolar senhor. - Ironizei o encarando espantada ── Vou trazer o pagamento só quando vir buscar.
── E você que decide agora?
── É que meu namorado Rafe Cameron vai me emprestar uma grana. - Menti
── Até parece que aquele cara vai namorar uma pobre lascada igual você. - Debochou guardando o celular em uma gaveta
── Acha que estou mentindo? Olha na tela de bloqueio quando conseguir consertar o meu celular então.
A foto eu tenho que coloquei para enciumar o Maybank, mas agora que terminamos o nosso namoro falso e contrato, eu não consigo mudar por estar queimado.
── Hum. - Ele me olhou desconfiado, mas ao mesmo tempo concordou ── Então tudo bem, pode trazer o dinheiro que seu namorado vai te dar de esmola quando vir buscar o aparelho.
── Velho ousado. - Murmurei
── Falou o que?
── Nada senhor. Eu só disse; sim, boa tarde. - Sorei falso e me virei para sair da loja
Subi na minha bicicleta e sem prestar tanta atenção atravessei a rua pedalando rápido, que não vi o carro avançar e só olhei para o lado para ver o mesmo bater em mim e me derrubar no chão.
── Ai meu pai amado! Eu atropelei uma criança. - Ouço uma voz e abri os olhos com minha visão ainda meio turva
── Ela precisa ir para o hospital. - Outra voz agora masculina disse
── Não. Hospital não! - Agora me sentei depressa e minha cabeça doeu me fazendo apertar os olhos, mas até que a visão voltou ao normal
── Quase te deixei paralítica. - Uma garota de pele escura e cabelos cheios de tranças me encarou com preocupação
── E agora eu to no céu? Porque você não parece real de tão bonita. - Sorri, mesmo quase morrendo não pude perder a oportunidade
── Valeu. - Ela sorriu e conseguiu ficar ainda mais bonita do que já é ── Mas eu quase te matei atropelada, e você está dando em cima de mim?
── Relaxa. Só foi um arranhãozinho. - Apoiei minhas mãos no chão para tentar levantar, mas assim que meus pés pisaram no chão eu senti minhas pernas bambas e quase caí se não fosse pelas mãos da garota me segurando
── Deixa que eu te ajudo. - Ela me ajudou a me manter em pé
── Relaxa, eu vou ficar bem. - Falei me afastando da garota que ainda parecia preocupada com o meu estado ── Preciso mesmo ir agora, mas adorei te conhecer.
── Nessas circunstâncias? - Questionou me vendo começar a sair e sorriu, o que eu retribui brevemente antes de me virar
── Pelo menos não quebrou a bicicleta. - Levantei a mesma do chão e comecei a empurrar junto comigo ── Nós vemos por aí, e da próxima sem passar o carro por cima de mim.
── Quem sabe. - Disse de volta, agora voltando para o carro
── Ah, e qual o seu nome? - Parei de caminhar
── Cleo.
── Ta bom, Cleo. - Sorri me virando para finalmente ir embora
Voltei para o cut, diretamente para o lado mais escondido onde estava procurando por uma pessoa em específico. Depois que larguei o trabalho e passei a estar mais com o Rafe, não tive mais tempo de vir até aqui.
Subi as escadas e bati na porta do trailer, mas não foi aberto, então eu mesma segurei a maçaneta e empurrei a porta por estar destrancada. Ao entrar no local, sinto o cheiro de maconha sendo inalado pelas minhas narinas, daqui a pouca eu mesma ficaria chapada só de estar naquele ambiente.
── Barry! - Chamei o mesmo enquanto caminhava da sala para a cozinha
── Eu to aqui. - Vejo ele pendurado na barra que há na porta da cozinha
── Barry, Nós precisamos ter uma conversa bem seria. - Me joguei no sofá da casa dele, vendo o mesmo parar as flexões para se sentar em cima do balcão que divide a sala da cozinha
── O que você quer? Sumiu depois de me deixar na mão e só avisar que encontrou um serviço melhor. - Comentou acendendo um cigarro e voltou a me olhar, soltando um riso nasal ── O que aconteceu, berzinha ? Perdeu o serviço melhor?
── Meio que sim. Mas tem coisa melhor, nós vamos roubar o ouro do Ward. - Disse e o homem desviou o olhar pensativo
── Você por acaso roubou as cocaínas do Rafe e colocou todas elas no seu organismo de uma vez só? - Zombou rindo
── Não. - Respondi franzindo as sobrancelhas
── Porque esse papo de ouro e tesouro me faz pensar que sim. - Barry deu uma tragada no cigarro e soltou lentamente
── Não! Eu vi com os meus próprios olhos e tenho o endereço pra onde foram mandados. - Insisti, me endireitando ── E sei que você mais do que ninguém odeia o ward pela surra que ele te deu como se você fosse um cachorro de rua.
── Ele e toda a família dele. - Murmurou fazendo uma expressão irritada só de ouvir a pronúncia daquele nome
── Então vai me ajudar com o meu plano? - Um sorriso ladino se formou em meu rosto
── Qual o seu plano? - Me olhou com atenção
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