Capítulo 11
Meg Hamilton
A viagem foi bem silenciosa. Nós praticamente não nos falámos. O Peter ainda tentou falar comigo, mas eu não estava com muita vontade para conversar. Depois do que passei, depois de quase perder o meu irmão, ele vem com um beijo que eu não sei mais o que significou para mim. Ele diz que significou muito para ele. Mas olhando para os factos, a gente acabou de se conhecer, não estou psicologicamente preparada para começar uma relação amorosa com alguém. Além do mais eu nem o conheço realmente. Eu nem sei se temos coisas em comum. Ai Meg! Você está dizendo isso, mas nem tenta conversar. Cala a boca. Eu não acho que agora seja a altura certa. Eu vou conhecer meus pais e depois de eu os conhecer a gente pode falar. Ok? Tá mas depois não vem chorar que perdeu o homem dos seus sonhos. Odeio o meu subconsciente.
O ônibus para. O Milo e a Lilith saem primeiro, depois a Violeta e o James, e, por último, eu e o Peter. O Milo me olha e vem ter comigo.
- Você está preparada para conhecer nossos pais?- será que ele ainda tem esperança que eu desista da ideia?
- Sim. - digo sem pensar duas vezes.
- E se eles.... Você sabe, não gostarem mais de nós. Afinal eu que fugi com você.- ele está se culpando por me ter levado. Ele não pode ir abaixo, não nesse momento.
- Eles vão gostar. São nossos pais, não importa o que houve no passado eles vão sempre nos amar. Precisa de pensar positivo e vamos logo que eu estou ansiosa.
- Hora de transformar.- ele me diz e se vira para a Violeta, para o James e para a Lilith.- Vi, você sabe onde fica nossa casa, certo?- ela assentiu.- Então vão para lá.
- Você está de brincadeira, né?! Depois do que aconteceu a gente não vai se separar.- a Violeta fala.
- Concordo com a Vi.- o Peter avança.- A gente não pode fazer sempre o que vocês querem. Começámos esta viagem juntos e vamos acabar juntos, e não há nada que possam dizer que nos vai fazer mudar de ideias. Além de que com tudo o que tem acontecido é perigoso ficarmos separados. Juntos somos mais fortes.- ele se vira para os outros.- Certo pessoal?
- Certo.- eles concordam. O Peter seria um bom líder, ele tem pulso e estofo para isso.
- Tá bom.- o Milo revira os olhos.- Vocês podem vir, mas não vão interromper quando estivermos com nossos pais.
- Tá bom é justo.- eles falam e seguimos.
Vejo que o Peter está conversando com o James. Afinal eles ainda não se falaram desde que salvámos o James. A Violeta está com o Milo, então para eu não ir sozinha vou com a Lilith. Não que eu queira, mas... tem de ser, eu não quero ir sozinha e acho que ela também não. Ela olha para o Milo e a Violeta, e vejo seu semblante triste.
- O que você tem?- pergunto.
- Nada.- ela responde.- Você tem muita sorte.
- Em quê?- pergunto sem perceber.
- Você tem o melhor irmão do mundo. Eu...- ela suspira.- Eu nem o amor dos meus pais tenho direito. Eles me obrigavam a fazer coisas que eu não queria. O Milo fez com que eu mudasse. Eu percebi logo no dia que o conheci. Aquele olhar...- ela suspira de novo.- Eu me perdi nele, eu senti algo, um calor que tomou conta de mim, eu não sei ao certo o que sinto pelo Milo, mas eu não consigo ver ele com a Violeta. Sinto que ele não lembra de mim e me põe de lado. É estranho, pensei nunca mais sentir algo assim por alguém. Conheci muitos rapazes, mas apenas um conquistou o meu coração.- ela suspira. Aposto que ela se está recordando do tal cara.- Não sei o que passa comigo. Sempre que estou perto dele ajo feito idiota.
- Então, você gosta dele?- foi uma pergunta retórica mas ainda tenho esperança que a resposta seja outra.
- Acho que sim.- ela ri fraco.- Nunca pensei me abrir assim a alguém. Só meus pais. O mais estranho é que estou me abrindo à irmã do rapaz que acho que gosto.- ela me olha ainda com o semblante triste.- Pode não contar pra ele a nossa conversa? Eu gostava que isso permanecesse em segredo. Espalhar sentimentos não é uma coisa que eu goste de fazer.- ela sorri fraco.- Ainda para mais quando não são correspondidos.
- Prometo.- sorrio fraco para ela também.
- E qual é seu lance com aquele cara?- ela aponta para o Peter.
- Nada. A gente não tem nada.- olho para o chão triste.- Eu conheci ele à mesmo pouco tempo e digo uma coisa para você, eu não acredito em amor à primeira vista. Não sei, eu me sinto segura com ele, uma segurança que nunca tive com ninguém, nem mesmo o meu irmão. Isso é bastante estranho.- o que eu estou fazendo? Estou me abrindo a uma completa estranha. Quer saber, ela também se abriu comigo. Porque não me irei abrir com ela?- É só isso.
- Tá. Mas sabe, ele é um gato.- ela ri baixo e a acompanho porque é verdade.
- Sim ele é.- admito.- Isso não posso negar.
- Sabe o que eu acho?- a olho com um misto de ansiedade e preocupação. A ansiedade deve-se à curiosidade de saber o que ela acha, a preocupação deve-se ao que ela pensa de mim ser errado.
- Não, você não me disse.- tento falar o mais descontraída possível.
- Eu acho que o cara gosta de você, você é que não está enxergando direito.- o que ela está falando?
- O quê? Você acha mesmo que o Peter gosta de mim?- estou espantada.
- Eu acho. Pode perguntar pra ele.- ela fala com se ele tivesse contado pra ela.
No fundo, mas mesmo no fundo, eu sinto que o Peter gosta de mim. Mas aí a maioria vence e diz que não, ou seja, cerca de 10% do meu coração diz que ele gosta de mim e os outros 90% dizem que não.
Passo o resto da viagem calada. A Lilith decide ir ter com o James para pedir desculpa pelo o que os pais fizeram com ele. O que faz com que o Peter venha ter comigo. Ele vai dizer alguma coisa, mas aí o Milo me chama. Vou ter com ele agradecendo mentalmente por me ter livrado de uma conversa que eu concerteza não iria querer ter. A Violeta vai para perto dos outros. Eu olho o Milo e decido falar:
- Então. Já chegámos?- pergunto.
- Estamos relativamente perto.- ele responde com calma.
- Como você está? E sua magia? Diz que ainda me pode ensinar.- faço beicinho nesta última parte.
- Eu estou bem e me sinto mais recuperado. Não sei se vou conseguir reaver os meus poderes. Acho que quando uma vez que os tiram de você, você não os consegue pegar de volta.
- Então você não consegue me ensinar.- olho para o chão triste. Tinha esperança que ele não tivesse perdido os seus poderes.
- Eu não disse que não.- olho para ele sorrindo sem mostrar os dentes.- Espera.- ele para abruptamente colocando a mão esquerda na minha frente me impedindo de avançar.- Chegámos.- os outros param um pouco atrás. O Milo se vira e acena para a Violeta que acena de volta. Ele vira-se para mim.- Ok, é agora. Você fica escondida aqui nesses arbustos enquanto eu vou lá. Quando estiver limpo eu te chamo.- assinto e ele avança.
Ele vai até à porta da pequena casa. A casa parece ser acolhedora. Não é muito pequena nem muito grande. Não é como a mansão que eu vivi a vida toda. Observo o Milo. São cerca de 4h da manhã, nossos pais devem estar dormindo. Vejo uma janela entreaberta. O Milo é grande demais para passar por lá. Quando eu penso nisso ele se transforma num pequeno vagalume e atravessa para o interior da casa. Quando ele entra volta logo à forma humana. Vejo que ele ofegante. A falta de poderes não deve permitir que ele se transforme noutras coisas durante muito tempo. Ele sobe umas escadas para o andar de cima.
Passado algum tempo ele desce na forma de lobo com uma garotinha no dorso. Ela está em camisa de dormir, mas bem acordada. Ele a traz para o jardim e ela desce do seu dorso. Agora a consigo ver melhor. Ela é uma garotinha muito parecida comigo, ela tem cabelos loiros e olhos verdes como eu. Será que ela é minha irmã? Ela afaga o focinho do Milo. Parece que eles se conhecem, mas quem é ela? Ela volta para dentro, acho que foi buscar algo. O Milo se transforma de volta e vem até mim.
- Quem é ela?- pergunto.- Dúvido que seja nossa mãe.- falo de forma irónica.
- Não ela não é. Eu pedi para ela chamar os pais.
- Como você pediu? Uivou para ela.- ele riu baixo.
- Não. Ela consegue falar com animais, assim como nós nos transformamos em animais, ela fala comigo assim.
- Você já a conhece?!- falo intrigada.
- Sim. Ela é nossa irmã.
- O quê?!- digo chocada.
Antes que ele responda vejo dois adultos ensonados descerem as escadas e virem para a rua. O Milo se transforma em lobo novamente e se aproxima. Eles parecem assustados e afastam a menina se pondo na frente. O homem pega um pau e o aponta para o Milo. O Milo volta logo à forma humana e levanta as mãos em rendição.
- Hey! Não precisa fazer isso. Eu pensava que vocês iriam me receber melhor. Quer dizer, afinal sou seu filho à muito perdido.- eles ficam espantados com suas palavras.
- Não pode ser.- o homem fala na defensiva.- Ele morreu à muitos anos atrás juntamente com nossa filha na floresta.
- Isso é mentira. Eu estou aqui.- ele olha para os arbustos onde estou.- Meg pode vir.- eu saio do meu esconderijo. A mulher fica ainda mais espantada. O Milo se vira para eles e continua.- A vossa filha também. Eu só vim porque ela queria conhecer vocês e é assim que nos tratam? Com horror?! Como se fôssemos aberrações?!- ele está mesmo revoltado.
- M...M...M...Milo?- a mulher fala.
- Sim mãe.- o Milo fala com calma para ela.
- O meu menino.- ela vai em direção a ele e o abraça.- Porque você foi embora? Nós te procurámos por todo o lado, te julgávamos morto.- ela chora enquanto o abraça.
- Desculpa mãe. Eu pensava que não gostavam mais de nós por sermos o que somos e de não termos controle.
- Você podia não ter controle mas nós não íamos desistir de vocês. Certo Charles?- ela fala para o homem.
- Certo Maya.- o homem vem e abraça o Milo que retribui. A mulher vem na minha direção e me olha, eu a olho.
- A minha pequena. Eu nunca tive oportunidade de te conhecer, de te abraçar, de ver seus primeiros passos, suas primeiras palavras,....- ela suspira e me abraça, não sei como reagir, ela é uma completa estranha para mim, mas não deixa de ser minha mãe. Retribuo o abraço.- Desculpa não ter estado presente.
- A culpa não é sua.- é verdade a culpa não é deles.- Eu só não vim antes porque não sabia.
- Não faz mal. Agora está aqui.- ela rompe o abraço. A garotinha vai para junto dela e lhe dá a mão. Ela a olha e depois para mim.- Essa é sua irmã Anne. Nós pensámos em começar de novo.- ela para por um momento.- Agora que vejo, vocês são bem parecidas.- ela ora olha para mim ora olha para a Anne. Nós sorrimos envergonhadas enquanto nos entre olhamos.- Até têm o mesmo sorriso.- Maya diz.
É verdade. Ela me faz lembrar eu, quando era mais nova.
Ouço um grito feminino e vejo o Peter vir na nossa direção com o James.
- Eles as pegaram. Eles as pegaram.- o Peter fala exaltado.
- Hey calma Peter. Quem as levou?- pergunto.
- Dois caras, mas não eram os que querem nossa magia.- o James fala.
- Pelo o contrário. Eles eram vampiros.- o Peter fala.
- Vampiros?- um arrepio vem na minha espinha quando falo.
- Sim vampiros, eles mostraram as presas.- o Peter responde.
- Como isso foi acontecer?- o Milo pergunta.
- Não sei. Uma hora a gente estava olhando para vocês, outra hora os vampiros já lá estavam.- o James explica.
- O que está acontecendo aqui?- o Charles fala, ainda não tenho confiança para chamar ele de pai.
- Quem são eles?- a Maya pergunta apontando para o Peter e o James.
- Oblivios mentus.- o James fala apontando para eles e para a Anne, os fazendo cair no chão inconscientes.
- O que você fez?- falo desesperada, olhando para os corpos deles no chão.
- Relaxa eu só apaguei a memória deles. Eles não vão lembrar da nossa conversa. Só isso.- fico mais aliviada.
- Temos que as ir salvar.- o Milo fala.- Se calhar ainda lhes apanhamos o cheiro.
- Temos que ir rápido.- afirmo.
Assim vamos diretos a mais um lugar desconhecido. Não sei o que vai rolar mais não vai ser nada bom.
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