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02 | O EXERCÍCIO DO BEIJO

Alexia acordou mais cedo do que o normal, seu corpo naturalmente se mexendo na luz da manhã que filtrou pela cortina que ela havia deixado aberta. Ela piscou, gemendo levemente ao registrar que não havia descansado tanto quanto deveria. Ela não tinha bebido nada, nem de longe, mas o tempo lá fora tinha sido mais do que suficiente para tirar algumas horas do sono que ela geralmente tentava proteger como um recurso precioso. Oito, nove horas — idealmente nove — era seu ponto ideal, mas ela podia dizer pela maneira como seu corpo se sentia enquanto se espreguiçava que não havia atingido seu ideal dessa vez.

Ela se sentou, esfregando os olhos e tentando ignorar os pensamentos que estavam pairando no fundo de sua mente desde que ela e Tashi saíram do bar na noite anterior. Ela disse a si mesma que estava bem. Ela disse a si mesma que não era grande coisa. Mas ainda assim, havia algo no jeito como Tashi estava olhando para ela, algo na brincadeira delas e na maneira como o ar parecia estalar um pouco mais do que o normal entre elas que fez Alexia se sentir mais instável. Alexia sentiu isso. E isso a incomodou.

Não porque fosse ruim, necessariamente, mas porque era inesperado. Indesejado, até. Alexia sempre foi boa em compartimentar, em manter as pessoas com quem se importava escondidas em sua cabeça. Mas Tashi... Tashi era diferente. Ela era mais jovem, ainda descobrindo as coisas, ainda descobrindo a si mesma. E Alexia sempre tentou manter distância quando se tratava disso, tentou não cruzar linhas que não conseguiria descruzar.

Ela suspirou, balançando as pernas para o lado da cama e andando pelo chão frio, saindo do quarto e indo para a cozinha. Ela pegou a chaleira, a enchendo e colocando-a para ferver para o café. A rotina simples deveria a acalmar, como sempre fazia. Mas hoje, nem mesmo a cafeína parecia ser capaz de abalar completamente seus pensamentos.

Ela gostava de Tashi. Ela sempre gostou — pelo menos desde que a conheceu. Para Alexia, ela contou a primeira vez como quando elas se enfrentaram na final da Champions em Gotemburgo, embora elas tivessem se visto na SheBelieves Cup um ano antes. Então Alexia gostava de Tashi. Mas era o tipo de "gostar" que ela tinha escondido em cantos separados de sua mente, em algum lugar abaixo de "colega de equipe protetora" e "figura de irmã mais velha para a garota que estava em um país novo". A garota que estava entrando em uma nova fase de sua vida. E ela se convenceu de que não era nada mais do que isso. Tashi era tão... jovem. Não do jeito óbvio — não do jeito de alguém que não sabia o que queria — mas jovem daquele jeito que fez Alexia pensar duas vezes. Ela era nova em tudo isso. No mundo em que Alexia estava nadando há anos, Tashi ainda tinha aquelas arestas incertas, e Alexia sentiu que não era seu lugar complicar as coisas para ela.

A chaleira desligou, e Alexia despejou a água quente sobre o pó de café instantâneo, observando o vapor subir enquanto ela distraidamente mexia. Definitivamente não era a melhor opção, mas ela não estava motivada o suficiente para usar a prensa francesa. Isso porque ela não conseguia parar de lembrar do jeito que Tashi sorriu para ela na noite anterior, do jeito que ela se inclinou, sua voz mais baixa, com aquele sotaque que era estranhamente bonito apenas nela, seus olhos sérios. No começo, tinha sido quase uma brincadeira, apenas um pouco de diversão para aliviar o clima e deixar Tashi se sentir mais confortável para começar uma conversa, mas então... então o momento se estendeu por muito tempo, e Alexia sentiu seu peito apertar com o tipo de sentimento que não estava sendo bem-vindo.

Ela se sentou no sofá, seu café na mão, e olhou para a televisão. Estava desligada, a tela apagada refletindo seu próprio rosto cansado de volta para ela, mas ela realmente não queria ligá-la. Ela não estava com vontade de assistir nada de qualquer maneira. Ela só precisava sentar, respirar, pensar.

A verdade era que ela não queria admitir o quanto se importava com Tashi. Ela era mais velha, mais experiente e sempre disse a si mesma que nunca borraria certos limites. Mas não era como se Tashi fosse apenas uma garota sem ideia de nada. Ela era inteligente, engraçada e — bem, se Alexia fosse honesta consigo mesma — Tashi tinha um jeito de olhar para ela que a fazia se sentir muito mais importante do que provavelmente deveria. Como se ela importasse de uma forma que ninguém mais importava.

Isso a assustou. Porque não era apenas uma coisa passageira. Era algo que vinha se formando há um tempo, muito lentamente, até a noite passada, quando tudo desabou no bar. O flerte casual disfarçado de brincadeira, a risada que parecia muito fácil e confortável — tudo sobre isso era tão natural, e ainda assim não parecia muito certo.

A questão era que Tashi não era realmente tão jovem, mas ainda era muito jovem. Não era como se ela fosse uma adolescente. Mas Alexia não conseguia se livrar da sensação de que era muito mais velha e muito mais experiente para se envolver com alguém como Tashi. Ela tinha visto muita coisa, passado por muita coisa. Ela tinha uma história que era impossível ignorar. E Tashi, ela merecia algo mais limpo, algo que não viesse com bagagem e sentimentos complicados.

Mas apesar de tudo isso, apesar das racionalizações que Alexia continuou jogando em si mesma, ela não conseguiu negar a forma como sua pele tinha formigado com calor quando Tashi tinha deixado um sorriso se abrir, falando uma coisa ou outra e se inclinando em sua direção. E ela definitivamente não conseguiu esquecer a forma como sua própria mente a tinha traído naqueles momentos, sussurrando coisas que ela não queria ouvir.

Alexia suspirou, se afundando ainda mais no sofá, olhando para o café em suas mãos. Talvez essa fosse apenas uma daquelas coisas que ela tinha que deixar de lado. Talvez ela tivesse que continuar fingindo que não se sentia assim, que era apenas um pensamento breve.

*

Tashi saiu do Cupra Terramar grafite e cobriu os olhos contra o sol forte da tarde, que estava alto no céu do início de fevereiro. O ar ainda estava carregando o frio do inverno, mas o céu aberto tinha se aproximado com tudo. Parte disso era reconfortante. Tashi colocou a bolsa no ombro e foi em direção ao centro de treinamento do Barcelona, ​​fazendo o mesmo caminho de sempre.

Normalmente, ela chegaria com Alexia, as duas dividindo o trajeto, falando sobre tudo e qualquer coisa. Mas hoje, Alexia tinha saído cedo. Seu primeiro dia de volta treinando na grama. Ela tinha que estar lá cedo e avisou Tashi sobre isso no dia anterior.

A garota entrou no prédio, ainda com fones no ouvido e o EP de uma banda indie de Bilbao tocando mais baixo. Ela estava se forçando um pouco a escutar mais músicas em espanhol. Tashi seguiu para o vestiário e o lugar parecia mais silencioso do que o normal, talvez porque ela tivesse chegado um pouco atrasada — não o suficiente para a render uma bronca. A maior parte do time provavelmente já estava do lado de fora, se aquecendo, enquanto ela estava apenas começando. Tashi fez os movimentos de se preparar — trocando de roupa, prendendo o cabelo em um rabo de cavalo e ajeitando a fita da nike para o manter no lugar, amarrando as chuteiras — tudo sem pensar muito.

Tashi fechou sua bolsa antes de sair do vestiário, indo em direção ao campo. O sol voltou a atingir seu rosto assim que ela saiu. Ela piscou, se ajustando à clareza, e então a viu.

Alexia estava parada no canto do campo, sua postura mais relaxada, mas ouvindo atentamente enquanto um dos treinadores falava com as outras garotas. Ela estava usando seu kit de treinamento, a cor ciano do kit envolveu ela estranhamente bem. Mesmo que fosse apenas mais um dia de exercícios leves para ela, Tashi pôde ver o quanto ela estava animada. Alexia estava esperando por aquilo desde que tudo tinha acontecido no início de julho — a lesão. Ela estava voltando a treinar na grama, finalmente, porque aquilo parecia ter se estendido por uma eternidade. Ela tinha dito que não estava se apressando em nada, e a recuperação caminhou bem, mas a frustrou com alguns atrasos. Dias ruins e bons, nada como o que Alexia não tenha conseguido lidar, admitindo que tinha feito aquilo com ajuda.

Ao ver Tashi caminhar para o campo, Alexia se virou, chamando a atenção dela, e então sorriu, apenas um pequeno sorriso, mas foi o suficiente. Era sempre o suficiente. Tashi estava caminhando em sua direção um segundo depois.

— Ei — disse Tashi, se inclinando para deixar um beijo no rosto de Alexia antes de se colocar ao lado dela, de braços cruzados — Como você está?

— Como se eu não tivesse passado sete meses longe disso aqui — Alexia deu de ombros.

— Nervosa?

Alexia olhou para ela por um segundo, mas logo voltou sua atenção para um dos treinadores, que estava gesticulando na direção ao grupo de jogadoras do outro lado do campo.

— Não realmente — disse Alexia, um pequeno sorriso puxando o canto de sua boca novamente. — Estou mais ansiosa.

Tashi assentiu, aceitando isso.

— Boa sorte com o trabalho mais leve — Tashi provocou, cutucando-a gentilmente antes de se virar e começar a caminhar de costas, encarando Alexia. — Mas sério, não seja tão dura consigo mesma.

— Obrigada, cariño — Alexia riu, acenando com a cabeça. — Vou tentar não ser.

Antes que ela realmente pudesse se afastar de vez, um dos treinadores assistentes se aproximou, dando a Alexia um rápido aceno antes de levá-la para uma seção menor do campo onde ela começaria seus exercícios. Tashi pegou as deia ali e deu a volta acelerando o passo até estar se aproximando do restante das garotas.

Ao se aproximar do grupo, Tashi avistou Mapi e, sem pensar, pulou em suas costas de surpresa. Mapi, rápida o bastante para reagir, a agarrou pelas pernas, e riu, apesar do susto.

— Meu Deus, Tashi — ela murmurou, tentando a manter firme. — Você está tentando me matar?

— Nah — Tashi riu, deslizando de suas costas e pousando levemente na grama. — Só mantendo você alerta.

Elas se juntaram para o próximo conjunto de exercícios, e Tashi se viu emparelhada com Ingrid para o treino. Ingrid lançou um sorriso enquanto trabalhava em juntas, depois que elas conversaram sobre tudo o que puderam nos primeiros minutos.

— Então — a mais velha começou, curiosa o bastante e sem tentar disfarçar. — Ouvi algo da Carla hoje.

— O que você ouviu? — Tashi levantou uma sobrancelha.

— Que aparentemente a Jess te chamou para sair.

— Ugh — Tashi gemeu baixo, seu rosto ficando levemente mais quente com a menção disso. — Por que a Carla te contou isso?

— Acho que porque Jess realmente ficou mal em ter te deixado desconfortável. Pelo menos foi como ela contou — Ingrid deixou passar a bola de volta para Tashi durante um dos exercícios que minutos antes elas viram um dos assistentes explicando. — O que aconteceu?

— Ela me chamou para sair, mas fiquei nervosa e acabei recusando. Ela ficou mal?

— Ela vai superar — Ingrid inclinou a cabeça. — Mas você ficou nervosa?

— Eu não tinha ideia do que dizer. E também... não sei se estou pronta pra qualquer coisa assim.

Tashi deu de ombros, sentindo-se um pouco estranha sob o olhar atento de Ingrid. Não era como se ela não tivesse pensado nisso. A ideia de conhecer alguém, de talvez se expor mais, estava na sua cabeça. Ela tinha pedido a ajuda de Alexia para isso. E também, ela via exemplos como o de Ingrid e Mapi e apenas pensava que queria aquele tipo de relação. Era apenas complicado demais.

— Mas você quer algo assim?

— Na verdade... apenas não sei — disse Tashi. — Ok, veja... estou aberta a isso. Mas não estou apressando nada.

— Bem, o que quer que você decida. Mas sabe, Jess é uma garota legal.

Tashi assentiu, quase grata pela maneira como Ingrid não foi para mais fundo do que aquilo. Mas era a cara dela, não ultrapassar limite algum. Em partes, era por isso que ela era tão fácil de estar perto.

*

Para Tashi, aplicativos de namoro eram estranhos, quase artificiais, porque no geral era como fazer compras em um supermercado, mas em vez de cereal, suco ou seu biscoito preferido, você está escolhendo pessoas em potencial para se apaixonar — ou pelo menos sair. Deslizando para a esquerda e para a direita, analisando alguém com base em uma bio meio idiota, uma foto, uma frase tentando ser inteligente, mas soando completamente sem inspiração. Era para ser fácil. Não era.

Bem, pelo menos não foi até que Tashi deu match com uma garota que parecia mesmo diferente.

O nome dela era Ana. Cabelo castanho e longo, sorriso bonito, olhos escuros. Ela era de Madrid, mas estava trabalhando em Barcelona. Seis anos mais velha que Tashi, mas isso não parecia um problema. Ela mandou uma mensagem para Tashi primeiro. A conversa partiu dela.

Tashi teria entrado em pânico, mas Ana era fácil de conversar, ainda mais estando a uma tela de distância. Elas trocaram mensagens ao longo de alguns dias, principalmente coisas leves — tentando se conhecer. Ana comentou que gostava de escrever, e que estava pensando finalmente em terminar um livro que tinha começado anos antes, e Tashi, por algum motivo, admitiu que nunca tinha lido um romance inteiro de uma só vez sem realmente se forçar a isso, a menos que fosse para a escola, anos atrás. Ana a provocou por isso, e em vez de se sentir envergonhada, Tashi riu junto com a garota. Ela gostou disso. Ana não estava se esforçando muito. Ela estava lá, no momento, falando com Tashi como se elas se conhecessem há mais do que apenas alguns dias.

E então Ana deu o passo seguinte e óbvio: chamar Tashi para sair.

Tashi olhou para a mensagem por uma eternidade, mas digitou sim para a pergunta e apertou "enviar" antes que pudesse mudar de ideia.

Menos de uma hora depois, ela estava do lado de fora da porta do apartamento de Alexia, transferindo seu peso de um pé para o outro enquanto olhava para o horário no celular. Era o começo da noite. Ela deveria mesmo ter uma chave para o apartamento de Alexia — a mais velha tinha um para o dela. Sua mão havia tocado na superfície da porta um segundo antes, o som ecoando no corredor silencioso. O único outro apartamento naquele andar era justamente o de Tashi. Ela deu literalmente oito passos saindo de seu apartamento até bater no de Alexia.

E fosse lá o que Alexia estava fazendo, ela demorou a abrir a porta, mas quando fez isso, estava lá, o cabelo molhado e um moletom preto no corpo. Ela parecia confortável.

— Você chegou cedo — ela disse. As duas normalmente jantavam juntas. Olhando para o horário, Tashi pensou que estava na verdade atrasada.

— Cheguei? Achei que estava atrasada — ela murmurou, caminhando para dentro e escutando Alexia fechar a porta atrás de si.

— Bem, de qualquer forma, você está aqui agora — Alexia disse. — Você me enviou aquela mensagem dizendo que precisávamos conversar. Era sobre o quê?

Tashi fez seu caminho até a sala de estar aberta, e se acomodou na poltrona ao lado esquerdo, vendo Alexia fazer o mesmo no sofá, juntando os pés em cima dela.

— Eu — Tashi respirou fundo, tentando reunir seus pensamentos, que obviamente estavam todos colidindo ao mesmo tempo. — Tenho um encontro.

Por um segundo, Alexia não disse nada, sua expressão cuidadosamente vazia. Então ela piscou, como se estivesse tentando analisar a informação. Aquilo deveria ser positivo, mas por algum motivo não era.

— Um encontro? — ela repetiu, com calma.

— Sim — disse Tashi, balançando a cabeça positivamente. — Esta sexta-feira. Eu a conheci neste... aplicativo. Nós estamos conversando há poucos dias, mas ela parece... muito interessante.

— Isso não é perigoso? — Alexia se inclinou progressivamente para trás, seus braços cruzados frouxamente sobre o peito.

— Na verdade não — Tashi deu de ombros. — Eu acho.

— Ok, então... você tem um encontro.

— Foi o que eu disse — ela falou. — Enfim, a mensagem.

— Claro. A mensagem.

— Eu queria falar com você porque, eu realmente não sei o que estou fazendo, sabe? Tipo... como estar com uma garota. É uma primeira vez. Não estou dizendo que algo vai acontecer, até porque é só um primeiro encontro, mas-

No momento em que as palavras saíram de sua boca, a expressão de Alexia mudou. Tashi parecia envergonhada demais para dizer realmente o que queria, então a ideia geral saiu em meias palavras.

— Você vai ficar bem — Alexia disse. — Apenas lembre-se do que conversamos sobre como manter o assunto fluindo. Quanto ao resto... bem, se algo acontecer, acho que tudo é muito mais instintivo do que qualquer outra coisa.

— Mas e se eu não souber como agir? — ela disse baixinho. — Você diz que é instintivo, mas e se... eu não tiver ideia do que fazer? E se eu estragar tudo porque eu nem sei como... beijá-la direito?

Isso pareceu pegar Alexia desprevenida. Seus olhos se desviaram dos de de Tashi por um momento, e por uma fração de segundo, Tashi quis abrir a boca e falar que não deveria ter começado aquela conversa. Ela chegou a abrir a boca para dizer algo, mas nenhuma palavra saiu a princípio. Alexia aproveitou isso, limpou a garganta, seu olhar se moveu rapidamente para o rosto da garota antes que ela finalmente falasse.

— Ok. Então nós... passamos para o segundo passo das suas 'lições'.

— Segundo passo?

— É — disse Alexia. — Eu não achei que deveríamos fazer isso, mas você precisa ter certeza de que beija bem, certo? Não que exista um jeito certo de fazer isso também, mas... bem, eu posso ajudar com isso.

— Espera- — Tashi praticamente se interrompeu. — O quê? Você-você quer...?

— É — Alexia deu de ombros, tentando fingir que não era nada demais. Ela estava fazendo aquilo como um favor. Não era mais que isso. — É só prático. Nada demais.

Mas parecia algo demais. Parecia o maior negócio do mundo, na verdade.

Tashi engoliu em seco e não soube como responder imediatamente. Ela não sabia se deveria sequer se deixar pensar no que Alexia estava oferecendo.

— Então... você está dizendo que vai... me ensinar? — Tashi disse, e ela quis revirar os olhos porque sentiu que sua voz saiu um pouco mais desconcertada, mas nem isso ela sabia se era real ou coisa de sua cabeça.

— A ideia era essa, não? — Alexia disse suavemente. — Você me pediu.

Tashi não soube como responder, e ela imaginou a maneira como seu corpo inteiro poderia estar se inclinando em direção a Alexia de maneiras que não faziam sentido se ela estivesse mais perto.

Alexia parece ter pensado algo parecido, porque ela se levantou e se moveu, ficando em frente à poltrona, seus olhos passando rapidamente entre os de Tashi, o silêncio se estendendo entre elas com a respiração presa. Então, lentamente, mas deliberadamente, ela estendeu a mão apenas para que Tashi a segurasse. Ela fez isso, e Alexia a puxou para si com cuidado, a ajudando a se levantar. Não foi apressado, ou estranho, ou nada parecido com o que Tashi imaginava naqueles momentos de curiosidade que tomavam ela muito tarde na noite. Foi mais Lento. A mão de Alexia tocou o rosto de Tashi, e antes que ela pudesse processar, seus lábios estavam se encontrando.

Não houve urgência, mas também não houve hesitação. Os lábios de Alexia se encaixaram perfeitamente contra os de Tashi, e a garota achou que talvez fosse assim que sempre deveria ser. Ela não tinha sentido aquilo antes. Por um momento, pareceu real demais. Nenhuma lição, nenhuma prática, nenhum fingimento. Apenas um momento entre elas.

Quando Alexia se afastou, seu rosto parou a centímetros do de Tashi e, por um segundo, nenhuma delas disse nada, ambas recuperando o fôlego. Os olhos de Alexia encontraram os dela e, pela primeira vez, Tashi não se sentiu nervosa. Apenas presente.

— Bem... — Alexia começou, claramente tentando aliviar o clima, ela educadamente preencheu o silêncio com uma risada suave. — Você não é terrível nisso.

— Oh — Tashi piscou, sua mente alcançando seu corpo. — Uh... obrigada?

— De nada — Alexia sorriu, dando um passo para trás e esfregando a nuca sem jeito. — Mas foi por pouco.

— Você é ridícula — Tashi soltou um suspiro que não percebeu que estava segurando, rindo suavemente.

— Eu sou boa nessa coisa de ensinar, no entanto — ela brincou. — E ainda acho que você vai precisar de mais aulas.

— Alexia — Tashi revirou os olhos, mas riu.

Alexia deu meio passo para mais perto, trazendo o espaço para nada novamente.

— Não, estou falando sério. Quer dizer, eu posso ser incrível, mas nem eu consigo fazer milagres em uma só sessão — seu tom era leve, mas seus olhos caíram nos lábios de Tashi, como se fosse difícil não direcionar a atenção para eles.

Tashi reparou, e ela levantou as sobrancelhas, tentando igualar o tom de Alexia com o seu.

— Então eu ainda sou um trabalho em andamento?

— Essa é uma maneira de dizer — Alexia comentou, inclinando a cabeça um pouco para o lado, e mordendo o lábio inferior, parecendo estar pesando suas próximas palavras. — Acho que você precisa de mais alguns testes rápidos.

Antes que Tashi pudesse responder, Alexia fechouo espaço novamente, seus lábios pressionam contra os de Tashi. Não foi como o primeiro beijo — dessa vez, havia uma confiança maior nele. A mão de Alexia encontrou seu caminho para o maxilar de Tashi, sua mão traçando levemente sua pele enquanto seus lábios se moviam juntos.

Quando elas finalmente se separaram, as duas sorriram, e sem pressa alguma de se afastarem. A testa de Alexia descansou gentilmente contra a de Tashi, seus narizes quase se tocando. Pareceu gentil demais, mas nenhuma das duas se importou.

— Acho que estou começando a pegar o jeito — Tashi riu, sentindo seu rosto quente. Ela não estava controlando aquilo, e logo estava realmente envergonhada.

Alexia a acompanhou, seus dedos ainda correndo levemente o espaço ao longo do rosto de Tashi. Ela se afastou apenas um pouco.

— Eu acho que estou concordando com isso — disse Alexia. Então, com um sorriso que era de alguma forma casual demais e íntimo o bastante, ela deu alguns passos para o lado e se deixou cair de volta no sofá, agarrando Tashi pelo pulso e a puxando para baixo com ela.

Tashi soltou uma risada surpresa ao lado de Alexia, seus corpos próximos, mas não desconfortável, e Alexia envolveu seus braços ao redor dela, puxando-a para um abraço solto e fácil. Ela estava tentando fingir que o que tinha acabado de acontecer não era grande coisa, mas também sem acreditar muito nisso.

— O que estamos pensando? — Tashi disse depois de um tempo, com o silêncio tendo abraçado o espaço por tempo o bastante.

— Hm, jantar? — Alexia disse, o tom de voz propositalmente leve, como se beijar sua amiga fosse apenas uma parte normal da rotina noturna dela. Não era. Mas ela pensou muito sobre como gostaria que fosse.

*

Tashi entrou no refeitório com o cheiro de café no ambiente. Enquanto pegava uma bandeja, ela acabou empilhando um pote com uma porção de frutas variadas bem cortadas, com um pouco de chia e iogurte, além de um sanduíche de pão de forma com ovos mexidos, cenoura ralada, tomate, azeite e um copo cheio de café do lado.

Ela avistou a única mesa com lugar sobrando no canto e agradeceu silenciosamente porque quem estava procurando estava ali. Mapi, junto com Ingrid, Alexia e Rolfo. Eles estavam no meio de uma conversa, algo meio sério e meio ridículo, a julgar pela maneira como Mapi gesticulava com as mãos como se estivesse explicando algo complexo o bastante.

Tashi achou seu espaço e se sentou ao lado de Mapi, entre ela e Alexia.

— Bom dia — ela disse, baixo o suficiente para não atrapalhar muito a conversa, mas alto o suficiente para chamar a atenção da mesa.

— Ah — Mapi se virou e sorriu para ela. — Olha quem decidiu aparecer.

— Onde você estava? — Alexia perguntou.

— Falando com a minha irmã. Ela me ligou e eu perdi um pouco a noção do tempo — Tashi respondeu, alcançando o copo de café e sorvendo parte do líquido. Ela arrastou o olhar para Mapi assim que voltou o copo para a mesa. — Eu queria falar com você

— Ah não — Mapi gemeu num drama falso, deixando a cabeça cair na mesa por um momento, mas ela a levantou logo em seguida, olhando para Tashi. — O que você quer?

— Um favor, na verdade.

— Isso vai me custar caro, não é?

— Definitivamente não — Tashi falou gentilmente. — Seu amigo é dono do Viana, você comentou isso.

— Você está pensando em um jantar sem a gente? — Mapi estreitou os olhos com desconfiança, mas ela estava mais brincando do que qualquer outra coisa.

— Não, não — disse Tashi. — Sem brincadeiras. Eu só queria saber se você poderia me ajudar a fazer uma reserva para sexta-feira. Eu tenho um encontro.

— Tudo bem, o Viana? — Rolfo disse — É impossível entrar naquele lugar sem pelo menos uma reserva com três semanas de antecedência.

— Eu sei — Tashi suspirou. — É por isso que estou perguntando a Mapi se ela pode me ajudar com isso. Eu não conheço nenhum outro lugar que seja realmente bom. E fomos jantar lá meses atrás. Eu gostei.

— Então... — Mapi parou por um momento. — Deixa eu ver se entendi... você quer que eu consiga uma reserva no restaurante do Miguel, para uma sexta-feira à noite, que por sinal é o dia mais movimentado do lugar?

— Parece impossível com você falando assim, mas é — Tashi assentiu, um pequeno sorriso nos lábios. — É isso aí, sim.

— Eu não sei... você está pedindo muito aqui. O que eu ganho com isso?

— O que você quer? Primeiro- — Tashi pontuou. — Eu não vou te dar dinheiro.

— Ok, não, não é isso — Mapi acenou para ela. — Talvez só você do meu lado no próximo jogo de cinco contra cinco. Você sempre acaba indo com a Aita, e nunca é justo.

— Tudo bem, combinado — Tashi disse rapidamente, revirando os olhos.

— Perfeito — Mapi sorriu. — Vou ver o que posso fazer, mas sem promessas. O Miguel está em Girona, então eu preciso ligar para ele e dar um jeito nisso, mas eu vou tentar.

Alexia, que estava observando a troca em silêncio, se mexeu no próprio lugar.

— É só uma reserva — ela falou.

— Você não está ajudando — Tashi comentou, e Alexia levantou uma sobrancelha. — Não é só uma reserva.

— É meio que só uma reserva — ela continuou. — Eu conheço bons lugares na cidade, se você quiser-

— Não estrague isso, Ale — Mapi a interrompeu. — Eu vou conseguir uma reserva.

— Obrigada — Tashi falou. — Mesmo.

Alexia escutou Mapi respondendo Tashi, mas ela não se focou tanto nisso. Ela não estava realmente ouvindo. Tashi tinha um encontro e Alexia sabia antes de todo mundo, e ela estava bem com isso — em seus próprios termos — até ter a beijado. Aquilo não deveria importar, mas importava.

Importava mais do que Alexia queria admitir.

Ela não era o tipo de pessoa que sentia ciúmes. Era composta e prática demais. Tão prática que Jenni, sua ex-namorada, e ainda uma amiga, reclamava sobre isso. Ela sabia que não devia deixar seu pensamento a prender em coisas que não lhe pertenciam. Então ela não disse nada, não disse como o beijo pareceu mais do que deveria ser, ou como a ideia de Tashi sentada em algum restaurante chique com outra pessoa era inquietante. Ela não admitiu que talvez, apenas talvez, ela não quisesse ser apenas a pessoa que estava a ajudando.

Em vez disso, ela ficou sentada lá, ouvindo Tashi conversar com Mapi, Ingrid e Rolfo, sua risada ainda vindo quando necessário, fingindo prestar atenção. Ela até olhou para Tashi, que estava prestando atenção no que Rolfo estava dizendo, completamente inconsciente da mudança no mundo de Alexia. E talvez fosse o melhor, porque Alexia não estava pronta para falar, ou sequer se permitir pensar tanto sobre. Ainda não.

Talvez nunca.

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